Lixívia 26


Tabela Anti-Lixívia
Benfica..... 61 (-8) = 69
Corruptos. 63 (+16) = 47
Sporting.. 46 (+11) = 35

Jornada calma, somente com um lance 'discutível': o penalty em Alvalade!
Sinceramente não percebo como depois de marcar penalty o árbitro 'aceita' a inversão da decisão, quando as imagens 'provam' que ele 'acertou' ao marcar penalty!!! Mais uma vez, o VAR a safar os Lagartos... mais uma vez António Nobre!!!
Existem duas faltas no lance: primeiro um agarrão na manga da camisola do avançado do Paços, no momento do remate, desequilibrando o Amaral...; segundo, depois da defesa do guarda-redes do Sporting, o João Amaral já em desequilíbrio, é abalroado pelo defesa do Sporting... não é premeditado, mas neste caso a intenção é secundária... e a intensidade relativa!!!

Os Corruptos voltaram a queixar-se em qualquer razão...

O Benfica auto-mutilou-se na 2.ª parte em Portimão, mas não posso de deixar de relevar a quantidade absurda de faltas ofensivas não existentes, assinaladas ao ataque do Benfica, principalmente nos lances onde o Vinícius ganha 'posição' em relação aos Centrais!!!

Anexos (I):
Benfica
1.ª-Paços de Ferreira(c), V(5-0), M. Oliveira (L. Ferreira), Prejudicados, (6-0), Sem influência
2.ª-B SAD(f), V(0-2), Veríssimo (Xistra), Prejudicados, (0-4), Sem influência
3.ª-Corruptos(c), D(0-2), Sousa (Almeida), Prejudicados, Impossível contabilizar
4.ª-Braga(f), V(0-4), Almeida (Rui Costa), Prejudicados, Beneficiados, (1-4), Sem influência
5.ª-Gil Vicente(c), V(2-0), Pinheiro (L. Ferreira), Nada a assinalar
6.ª-Moreirense(f), V(1-2), Soares Dias (Mota), Nada a assinalar
7.ª-Setúbal(c), V(1-0), Martins (Esteves), (2-0), Prejudicados, Sem influência
8.ª-Tondela(f), V(0-1), Hugo (Nobre), Nada a assinalar
9.ª-Portimonense(c), V(4-0), Mota (V. Ferreira), Nada a assinalar
10ª-Rio Ave(c), V(2-0), Xistra (Esteves), Prejudicados, Sem influência
11.ª-Santa Clara(f), V(1-2), Soares Dias (R. Oliveira), Prejudicados, (1-3), Sem influência
12.ª-Marítimo(c), V(4-0), Veríssimo (L. Ferreira), Nada a assinalar
13.ª-Boavista(f), V(1-4), Sousa (Malheiro), Prejudicados, (1-5), Sem influência
14.ª-Famalicão(c), V(4-0), Rui Costa (Narciso), Nada a assinalar
15.ª-Guimarães(f), V(0-1), Almeida (Rui Costa), Nada a assinalar
16.ª-Aves(c), V(2-1), Xistra (Nobre), Prejudicados, (3-1), Sem influência
17.ª-Sporting(f), V(0-2), Hugo (Sousa), Prejudicados, Sem influência
18.ª-Paços de Ferreira(f), V(0-2), M. Oliveira (Esteves), (0-3), Prejudicados, Sem influência
19.ª-B SAD(c), V(3-2), Almeida (R. Oliveira), (3-1) Prejudicados, Sem influência
20.ª-Corruptos(f), D(3-2), Soares Dias (Martins), Prejudicados, (-3 pontos)
21.ª-Braga(c), D(0-1), Hugo (Esteves), Prejudicados, (-1 ponto)
22.ª-Gil Vicente(f), V(0-1), Godinho (Pinheiro), Prejudicados, (0-3), Sem influência
23.ª-Moreirense(c), E(1-1), Veríssimo (V. Santos), Beneficiados, Prejudicados, (3-1), (-2 pontos)
24.ª-Setúbal(f), E(1-1), Pinheiro (Godinho), Prejudicados, (1-2), (-2 pontos)
25.ª-Tondela(c), E(0-0), Mota (Rui Costa), Nada a assinalar
26.ª-Portimonense(f), E(2-2), Xistra (Esteves), Nada a assinalar

Sporting
1.ª-Marítimo(f), E(1-1), Martins (Hugo), Beneficiados, (1-0), (+1 ponto)
2.ª-Braga(c), V(2-1), Godinho (Nobre), Beneficiados, (2-2), (+2 pontos)
3.ª-Portimonense(f), V(1-3), Xistra (V. Santos), Beneficiados, (2-3), Impossível contabilizar
4.ª-Rio Ave(c), D(2-3), Pinheiro (Narciso), Beneficiados, Prejudicados, (3-5), Sem influência
5.ª-Boavista(f), E(1-1), Sousa (V. Ferreira), Beneficiados, (2-1), (+1 ponto)
6.ª-Famalicão(c), D(1-2), Hugo (Nobre), Nada assinalar
7.ª-Aves(f), V(0-1), Xistra (Nobre), Nada a assinalar
8.ª-Guimarães(c), V(3-1), Soares Dias (Narciso), Nada a assinalar
9.ª-Paços de Ferreira(f), V(1-2), Rui Costa (Xistra), Beneficiados, Impossível contabilizar
10.ª-Tondela(f), D(1-0), Veríssimo (Mota), Nada a assinalar
11.ª-Belenenses(c), V(2-0), M. Oliveira (L. Ferreira), Nada a assinalar
12.ª-Gil Vicente(f), D(3-1), Hugo (Esteves), Beneficiados, Sem influência
13.ª-Moreirense(c), V(1-0), Soares Dias (V. Santos), Beneficiados, (0-1), (+3 pontos)
14.ª-Santa Clara(f), V(0-4), Mota (Nobre), Beneficiados, (1-4), Sem influência
15.ª-Corruptos(c), D(1-2), Sousa (Xistra), Prejudicados, (1-1), (-1 ponto)
16.ª-Setúbal(f), V(1-3), Martins (M. Oliveira), Prejudicados, (1-4), Sem influência
17.ª-Benfica(c), D(0-2), Hugo (Sousa), Beneficiados, Sem influência
18.ª-Marítimo(c), V(1-0), Rui Costa (Narciso), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
19.ª-Braga(f), D(1-0), Sousa (Esteves), Beneficiados, (2-0), Sem influência
20.ª-Portimonense(c), V(2-1), Hugo (Malheiro), Nada a assinalar
21.ª-Rio Ave(f), E(1-1), Veríssimo (Rui Costa), Beneficiados, (2-1), (+1 ponto)
22.ª-Boavista(c), V(2-0), Almeida (Narciso), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
23.ª-Famalicão(f), D(3-1), Godinho (Hugo), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
24.ª-Aves(c), V(2-0), M. Oliveira (L. Ferreira), Nada a assinalar
25.ª-Guimarães(f), E(2-2), Xistra (Esteves), Nada a assinalar
26.ª-Paços de Ferreira(c), V(1-0), Rui Costa (Nobre), Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)

Corruptos
1.ª-Gil Vicente(f), D(2-1), Almeida (Xistra), Nada a assinalar
2.ª-Setúbal(c), V(4-0), Mota (V. Santos), Nada a assinalar
3.ª-Benfica(f), V(0-2), Sousa (Almeida), Beneficiados, Impossível contabilizar
4.ª-Guimarães(c), V(3-0), Xistra (Nobre), Beneficiados, Prejudicados, (4-2), Impossível contabilizar
5.ª-Portimonense(f), V(2-3), Rui Costa (V. Santos), Beneficiados, (2-1), (+3 pontos)
6.ª-Santa Clara(c), V(2-0), Godinho (Rui Oliveira), Beneficiados, (2-1), Impossível contabilizar
7.ª-Rio Ave(f), V(0-1), Almeida (Sousa), Beneficiados, Impossível contabilizar
8.ª-Famalicão(c), V(3-0), Veríssimo (L. Ferreira), Nada a assinalar
9.ª-Marítimo(f), E(1-1), Sousa (Almeida), Beneficiados, (1-0), (+1 ponto)
10.ª-Aves(c), V(1-0), Malheiro (Rui Costa), Nada a assinalar
11.ª-Boavista(f), V(0-1), Almeida (V. Santos), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
12.ª-Paços de Ferreira(c), V(2-0), Martins (Nobre), Nada a assinalar
13.ª-Belenenses(f), E(1-1), Pinheiro (L. Ferreira), Nada a assinalar
14.ª-Tondela(c), V(3-0), M. Oliveira (V. Santos), Beneficiados, (3-1), Sem influência
15.ª-Sporting(f), V(1-2), Sousa (Xistra), Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
16.ª-Moreirense(f), V(2-4), Soares Dias (V. Santos), Beneficiados, (3-2), (+3 pontos)
17.ª-Braga(c), D(1-2), Xistra (Martins), Beneficiados, Sem influência
18.ª-Gil Vicente(c), V(2-1), R. Oliveira (V. Santos), Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
19.ª-Setúbal(f), V(0-4), Mota (M. Oliveira), Beneficiados, (1-3), Impossível contabilizar
20.ª-Benfica(c), V(3-2), Soares Dias (Martins), Beneficiados, (+3 pontos)
21.ª-Guimarães(f), V(1-2), Godinho (Almeida), Nada a assinalar
22.ª-Portimonense(c), V(1-0), Hugo (Esteves), Beneficiados, (1-1), (+ 2 pontos)
23.ª-Santa Clara(f), V(0-2), Xistra (Nobre), Beneficiados, Impossível contabilizar
24.ª-Rio Ave(c), E(1-1), Soares Dias (V. Santos), Prejudicados, (2-1), (-2 pontos)
25.ª-Famalicão(f), D(2-1), Almeida (L. Ferreira), Beneficiados, Prejudicados, (3-2), Sem influência no resultado
26.ª-Marítimo(c), V(1-0), Martins (M. Oliveira), Nada a assinalar

Anexos (II):
Árbitros:
Benfica
Almeida - 3
Soares Dias - 3
Hugo - 3
Veríssimo - 3
Xistra - 3
Sousa - 2
M. Oliveira - 2
Pinheiro - 2
Mota - 2
Martins - 1
Rui Costa - 1
Godinho - 1

Sporting
Hugo - 4
Sousa - 3
Xistra - 3
Rui Costa - 3
Soares Dias - 2
Martins - 2
Veríssimo - 2
Godinho - 2
M. Oliveira - 2
Pinheiro - 1
Mota - 1
Almeida - 1

Corruptos
Almeida - 4
Sousa - 3
Xistra - 3
Soares Dias - 3
Mota - 2
Godinho - 2
Martins - 2
Rui Costa - 1
Verissimo - 1
Malheiro - 1
Pinheiro - 1
M. Oliveira - 1
R. Oliveira - 1
Hugo - 1

VAR's:
Benfica
Esteves - 5
L. Ferreira - 3
Rui Costa - 3
Nobre - 2
R. Oliveira - 2
Xistra - 1
Almeida - 1
Mota - 1
V. Ferreira - 1
Malheiro - 1
Narciso - 1
Sousa - 1
Martins - 1
Pinheiro - 1
V. Santos - 1
Godinho - 1

Sporting
Nobre - 5
Narciso - 4
Esteves - 3
V. Santos - 2
Xistra - 2
Hugo - 2
L. Ferreira - 2
V. Ferreira - 1
Mota - 1
M. Oliveira - 1
Sousa - 1
Malheiro - 1
Rui Costa - 1

Corruptos
V. Santos - 7
Almeida - 3
Nobre - 3
L. Ferreira - 3
Xistra - 2
Martins - 2
M. Oliveira - 2
V. Santos - 1
Rui Oliveira - 1
Sousa - 1
Rui Costa - 1
Esteves - 1

Jogos Fora de Casa (árbitros + VAR's)
Benfica
Soares Dias - 3 + 0 = 3
Hugo - 2 + 0 = 2
Almeida - 2 + 0 = 2
Pinheiro - 1 + 1 = 2
Godinho - 1 + 1 = 2
Xistra - 1 + 1 = 2
Rui Costa - 0 + 2 = 2
Esteves - 0 + 2 = 2
Veríssimo - 1 + 0 = 1
M. Oliveira - 1 + 0 = 1
Godinho - 1 + 1 = 2
Mota - 0 + 1 = 1
Nobre - 0 + 1 = 1
R. Oliveira - 0 + 1 = 1
Sousa - 0 + 1 = 1
Martins - 0 + 1 = 1

Sporting
Xistra - 3 + 1 = 4
Hugo - 1 + 2 = 3
Esteves - 0 + 3 = 3
Martins - 2 + 0 = 2
Sousa - 2 + 0 = 2
Veríssimo - 2 + 0 = 2
Mota - 1 + 1 = 2
Nobre - 0 + 2 = 2
Soares Dias - 1 + 0 = 1
Godinho - 1 + 0 = 1
V. Santos - 0 + 1 = 1
V. Ferreira - 0 + 1 = 1
M. Oliveira - 0 + 1 = 1
Rui Costa - 0 + 1 = 1

Corruptos
Almeida - 4 + 3 = 7
Sousa - 3 + 1 = 4
Xistra - 1 + 2 = 3
V. Santos - 0 + 3 = 3
L. Ferreira - 0 + 2 = 2
Rui Costa - 1 + 0 = 1
Pinheiro - 1 + 0 = 1
Soares Dias - 1 + 0 = 1
Mota - 1 + 0 = 1
Godinho - 1 + 0 = 1
M. Oliveira - 0 + 1 = 1
Nobre + 0 + 1 = 1

Totais (árbitros + VAR's):
Benfica
Esteves - 0 + 5 = 5
Almeida - 3 + 1 = 4
Xistra - 3 + 1 = 4
Rui Costa - 1 + 3 = 4
Soares Dias - 3 + 0 = 3
Hugo - 3 + 0 = 3
Veríssimo - 3 + 0 = 3
Sousa - 2 + 1 = 3
Pinheiro - 2 + 1 = 3
Mota - 2 + 1 = 3
L. Ferreira - 0 + 3 = 3
M. Oliveira - 2 + 0 = 2
L. Ferreira - 0 + 2 = 2
Martins - 1 + 1 = 2
Godinho - 1 + 1 = 2
Nobre - 0 + 2 = 2
R. Oliveira - 0 + 2 = 2
V. Ferreira - 0 + 1 = 1
Malheiro - 0 + 1 = 1
Narciso - 0 + 1 = 1
V. Santos - 0 + 1 = 1

Sporting
Hugo - 4 + 2 = 6
Xistra - 3 + 2 = 5
Nobre - 0 + 5 = 5
Sousa - 3 + 1 = 4
Narciso - 0 + 4 = 4
Rui Costa - 3 + 0 = 3
M. Oliveira - 2 + 1 = 3
Esteves - 0 + 3 = 3
Soares Dias - 2 + 0 = 2
Martins - 2 + 0 = 2
Veríssimo - 2 + 0 = 2
Godinho - 2 + 0 = 2
Mota - 1 + 1 = 2
L. Ferreira - 0 + 2 = 2
Pinheiro - 1 + 0 = 1
Almeida - 1 + 0 = 1
V. Santos - 0 + 1 = 1
V. Ferreira - 0 + 1 = 1
Malheiro - 0 + 1 = 1
Rui Costa - 0 + 1 = 1

Corruptos
Almeida - 4 + 3 = 7
V. Santos - 0 + 7 = 7
Sousa - 3 + 1 = 4
Xistra - 3 + 1 = 4
Martins - 2 + 2 = 4
Soares Dias - 3 + 0 = 3
Rui Costa - 1 + 2 = 3
M. Oliveira - 1 + 2 = 3
Nobre - 0 + 3 = 3
L. Ferreira - 0 + 3 = 3
Mota - 2 + 0 = 2
Godinho - 2 + 0 = 2
Rui Oliveira - 1 + 1 = 2
Hugo - 1 + 0 = 1
Veríssimo - 1 + 0 = 1
Malheiro - 1 + 0 = 1
Pinheiro - 1 + 0 = 1
Esteves - 0 + 1 = 1

Jornadas Anteriores:
Jornada 1
Jornada 2
Jornada 3
Jornada 4
Jornada 5
Jornada 6
Jornada 7
Jornada 8
Jornada 9
Jornada 10
Jornada 11
Jornada 12
Jornada 13
Jornada 14
Jornada 15
Jornada 16
Jornada 17
Jornada 18
Jornada 19
Jornada 20
Jornada 21
Jornada 22
Jornada 23
Jornada 24
Jornada 25

Épocas anteriores:
2018-2019

Bruno Lage | 5 nomes para uma inevitável sucessão

"“Há muita especulação, mas o que posso garantir é que só pensamos em ser campeões e que vamos lutar por isso até à última. Independentemente disso, Bruno Lage será treinador do Benfica na próxima época”. Palavra do Senhor Luís Filipe Vieira. Palavra que se tem desvalorizado imensamente nos últimos anos, sobretudo após o “caso da luz” (não o estádio, nem a praia algarvia de onde desapareceu Maddie. Mas sim a “luz” que Vieira havia visto, calculo que imediatamente antes de avistar o Pai Natal num cavalo alado com a cara de Eusébio – o cavalo, não o Pai Natal-, quando manteve Rui Vitória).
Não conheço o grau de confiança com que o (ainda) presidente do Sport Lisboa e Benfica atirou a frase de abertura deste texto, mas tenho a máxima certeza de que essa confiança desceu a pique… e regista agora níveis mínimos históricos. Se assim não for, num momento em que a equipa encarnada soma apenas uma vitória em 10 jogos, algo está muito mal.
Assim, e apesar de acreditar que o mais provável é Bruno Lage demitir-se em vez de ser demitido, a saída do técnico setubalense é quase certa. Como tal, aceitei o risco de me precipitar e elaborei uma lista de cinco treinadores que gostava de que viessem a suceder a Bruno Lage.

1. Leonardo Jardim Qualidade, profissionalismo, disponibilidade. Leonardo Jardim possui, comprovadamente, todas estas características. Revelou-as sempre nos clubes que representou, da AD Camacha à AS Monaco, apesar dos poucos títulos conquistados (quatro: Ligue 1, Liga Grega, Segunda Liga Portuguesa e Taça da Grécia).
Antes das cinco épocas e meia em que esteve ao serviço dos monegascos, Jardim representou, sempre por uma época, o SC Braga, o Olympiacos e o Sporting CP, levando os arsenalistas a um terceiro lugar, os gregos ao título e os leões ao segundo lugar no primeiro campeonato do tetra benfiquista. 
Em França, mostrou ser capaz de travar equipas poderosas, conquistando o campeonato em que habita o PSG e alcançando as meias-finais da Liga dos Campeões na mesma época (16/17), ao leme de uma equipa com uma média de idades de… 24 anos. Nessa temporada de sucesso, Leonardo Jardim apostou em Mbappé (18 anos), Lemar (21 anos), Bernardo Silva (22 anos), Mendy (22 anos), entre outros jovens.
Como tal, apostar na juventude e ainda assim mostrar resultados não é um problema para o técnico luso, que já em Portugal, ao serviço do Sporting CP, havia apostado em jovens como Eric Dier, Cédric Soares, Marcos Rojo, Carlos Mané, João Mário, entre outros.
Com 45 anos e desempregado, Jardim quererá por certo alterar essa situação. A idade vai alterá-la no primeiro dia de Agosto, quando lhe adicionar um ano. Quanto a um novo clube…

2. Jorge JesusNão há muito a dizer nesta página. No que respeita à decisão de contratar um treinador, há três grandes cenários: um tiro certeiro, um tiro no pé ou um tiro no escuro. Jorge Jesus seria clara e indubitavelmente um tiro certeiro. Nas seis épocas em que representou o SL Benfica, venceu três campeonatos, levou a equipa a duas consecutivas finais da Liga Europa e devolveu o futebol de qualidade, o prestígio e o reconhecimento ao clube, que, antes da “Era Jesus”, havia conquistado apenas duas ligas em 18 épocas e havia visto o FC Porto ser tetra e penta-campeão.
Na sua já longa carreira, Jorge Jesus disputou cinco finais internacionais: venceu a Taça Intertoto pelo SC Braga e a Copa Libertadores pelo CR Flamengo e perdeu duas Liga Europa pelo SL Benfica e o Mundial de Clubes pelo clube carioca. Soma 18 títulos e é sobejamente considerado um dos melhores do Mundo na sua profissão.
Num momento em que a aposta na formação parece estar em stand-by e a aposta no mercado externo parece ser a preferência dos encarnados (na última partida, as águias começaram com um jogador da formação e acabaram com três, sendo que os dois que entraram vieram substituir titulares lesionados), Jorge Jesus seria uma escolha fantástica para assumir a equipa.
Contudo, a recente renovação com o CR Flamengo dificulta o seu regresso às águias.
É por isso que a minha primeira escolha é…

3. Renato PaivaJaneiro de 2019. Rui Vitória não vence em Portimão num jogo em que o SL Benfica sofre dois golos, e abandona os encarnados no seguimento dessa partida. O então técnico da equipa B, Bruno Lage, assume de imediato o comando da equipa principal e estreia-se no jogo seguinte, frente ao Rio Ave FC. 
 Agora imaginem como o seguinte seria épico…
Junho de 2020. Bruno Lage não vence em Portimão num jogo em que o SL Benfica sofre dois golos, e abandona os encarnados no seguimento desse jogo. O então técnico da equipa B, Renato Paiva, assume de imediato o comando da equipa principal e estreia-se no jogo seguinte, frente ao Rio Ave FC.
Não, não queria Renato Paiva no comando técnico do SL Benfica só para efeitos de epopeia camoniana. Queria Renato Paiva ao leme da principal equipa por já ter demonstrado a sua qualidade. O albicastrense leva toda uma vida profissional ao serviço dos encarnados, grande parte dela passada a trabalhar com os juvenis (sub-17) do clube da Luz.
Nas seis épocas como técnico dos sub-17 A encarnados, Paiva conquistou três Nacionais de juvenis. As suas equipas revelaram sempre qualidade técnica e táctica, maturidade e mentalidade vencedora. Subjacente a tudo isso, está o trabalho notável do treinador de 50 anos, capaz de tornar grupos (diferentes de ano para ano) de jovens de 16/17 anos numa máquina bem oleada, elogiada em todos os torneios internacionais em que participava (em especial na Alkass International Cup 2018).
Ao serviço da equipa B, soma apenas 17 vitórias em 46 jogos. No entanto, creio que Renato Paiva já fez por merecer uma oportunidade. A médio/longo prazo, é difícil prever o que aconteceria, mas, a curto prazo, seria previsível que Paiva tivesse um impacto semelhante ao de Lage em janeiro de 2019, apostando mais em mais jovens e dando à equipa a tão discutida “ideia de jogo” de que está despojada.

4. Luís CastroO primeiro português da lista tem ligação contratual ao FC Shakhtar Donetsk e ligação histórica ao FC Porto, pelo que, eventualmente, seria complicado convencer Luís Castro a abandonar o projecto que abraçou na Ucrânia para voltar a Portugal e orientar o principal rival dos dragões.
Como comprovado pela eliminatória da Liga Europa, na qual as águias defrontaram os líderes do campeonato ucraniano, de momento, o FC Shakhtar Donetsk tem melhores condições desportivas e financeiras para oferecer ao técnico de 58 anos.
No entanto, caso a direcção liderada por Luís Filipe Vieira avançasse em força para a contratação do vila-realense, os argumentos históricos do clube da Luz, o tão badalado projecto e as opções que Luís Castro teria à disposição (no plantel e na formação) poderiam convencer o ex-Porto, ex-Rio Ave, ex-Chaves e ex-Vitória SC a assumir o leme do SL Benfica.
Num momento da história dos encarnados em que a formação é como a de poucos clubes no Mundo, seria certamente uma relação simbiótica de sucesso a estabelecida com Luís Castro. Isto relembrando que ele que foi coordenador da formação do FC Porto durante sete anos e treinador da equipa B portista por quatro épocas e meia, tendo mesmo conduzido os azuis-e-brancos à conquista da Segunda Liga.
Trata-se de uma hipótese algo remota, mas creio que seria uma aposta acertada. No entanto, três outros homens seguem na frente do meu field pessoal de apostas.

5. Laurent BlancO antigo internacional francês não conheceu, como treinador, outros ares que não os de França. Após uma carreira de “saltimbanco” como jogador, na qual passou por clubes como FC Barcelona, O. Marseille, FC Internazionale Milano e Manchester United FC, Laurent Blanc assentou praça em França e orientou o FC Girondins de Bordeaux, a seleção francesa e o Paris SG FC, sempre com relativo sucesso.
De sabática há quatro anos, o antigo defesa campeão europeu e mundial pela selecção gaulesa decidiu, por fim, contratar Jorge Mendes como seu agente, com o intuito de voltar ao activo. De acordo com notícias recentemente veiculadas, Franck Passi, que comandava o Chamois Niortais FC da Ligue 2, já comunicou a sua saída do clube gaulês, que, em comunicado, refere que “ele deu a sua palavra ao Laurent Blanc para o acompanhar num projecto ambicioso desportivamente no verão”.
Tudo indica, assim, que o treinador que somou 236 vitórias em 363 jogos como técnico principal (percentagem de vitórias de 65%) tem já delineado um projecto. Ainda assim, se as águias decidissem apostar todas as fichas na qualidade e na experiência de clube grande do técnico francês, a ligação do mesmo a Jorge Mendes poderia facilitar o processo.
Ainda que não seja apologista da contratação de treinadores estrangeiros, dada a qualidade dos técnicos lusos, a ligação a Jorge Mendes, o estatuto de treinador livre e os três anos de PSG são factores que poderiam pesar a favor da escolha de Blanc como sucessor de Lage.
Todavia, seria preferível adquirir um técnico nacional, daí que (SPOILER ALERT) os restantes quatro nomes desta lista partilhem a nacionalidade portuguesa."

Aposta para manter

"Numa altura em que foram já disputadas duas jornadas do Campeonato Nacional de futebol, queremos reiterar o nosso apoio e incentivo a todos os atletas que representam o Benfica nas mais diversas modalidades e escalões. À excepção do futebol profissional, não foi ainda possível reunir as condições, em Portugal, para se proceder ao regresso aos treinos colectivos das restantes modalidades.
Ao longo deste período, no qual salientamos que a acção preventiva do Sport Lisboa e Benfica antecedeu, inclusivamente, as recomendações da Direcção-Geral da Saúde e as decisões governamentais, temos procedido a uma série de iniciativas que visam dar visibilidade ao vasto conjunto de equipas que compõe o universo benfiquista, as quais tinham vindo a trabalhar arduamente desde o início da temporada para engrandecerem o nosso palmarés.
Várias edições desta newsletter divulgaram testemunhos de treinadores e capitães de equipa acerca da experiência pessoal durante o confinamento, assim como têm sido muitos os conteúdos protagonizados pelos nossos atletas e treinadores na BTV, sítio oficial, jornal, redes sociais e BPlay. 
O Sport Lisboa e Benfica fomenta o ecletismo, assumindo um papel promotor dos vários desportos no País, criando as condições para que milhares de jovens pratiquem desporto federado e, simultaneamente, para que as diversas modalidades, com maior ou menor notoriedade, beneficiem da participação do maior e mais popular clube português.
Asseguradas todas as condições aos nossos atletas, mantendo-se o compromisso da aposta contínua na competitividade das nossas equipas e na excelência transversal à nossa formação, estamos certos de que o Benfica está a prestar um excelente serviço ao desporto português e ao país.
Não se trata, porém, de uma questão limitada à responsabilidade social assumida sem reservas pelo Clube. É, também, uma questão de responsabilidade perante os benfiquistas, respeitando-se a nossa notável tradição ecléctica, cujos alicerces remontam aos primórdios da nossa magnífica história. 
Neste momento, enquanto os atletas continuam a cumprir planos de treino individuais e se perspectiva a retoma condicionada da actividade nos pavilhões amanhã, estamos apostados na preparação da próxima temporada, de acordo com a expectativa de que seja possível o regresso das competições em Setembro.
O cumprimento de todos os compromissos assumidos e a manutenção da elevada competitividade das nossas equipas norteiam a acção do Clube. Queremos continuar muito fortes em todas as modalidades e contribuir cada vez mais para a grandeza do Benfica. É esse desiderato que nos motiva diariamente, para honra e glória do Sport Lisboa e Benfica."

Lage, que foi ver o mar e ficou a ver navios, também já está a dormir com os peixes lá no fundo

"Quem vai ao mar, perde o lugar. Bruno Lage, cidadão sadino, deve conhecer o ditado, embora talvez não tenha sido com essa ideia no pensamento que relatou o idílico passeio com o presidente Vieira. “Falei com o presidente, fomos ver o mar, está tudo tranquilo, não há problema nenhum.” A frase, há que reconhecê-lo, tem um certo ritmo poético, contemplativo, como se o treinador do Benfica tivesse ido buscar os instantes que não viveu junto do mar. Com a sua voz nasalada, Lage quis transmitir uma onda serena de tranquilidade, não aos adeptos, mas a si mesmo. Pensamento positivo. Tranquilo. Não há de ser nada.
Pois é. O problema são os resultados e quando o resultado é mau e amargo não há sistema filosófico, não há edulcorante poético que o adoce. Afinal, o panorama é negro, a equipa não joga nada e o campeonato, que parecia ali à mão de semear, ameaça tornar-se uma miragem dolorosa. Está tudo bem? Está tudo tranquilo? Toda a gente vê que não. A começar pelos jogadores. Sibilino, André Almeida declarou no final do jogo: “Temos treinado bem, temos feito o que nos pedem.” Ah, a subtil arte da punhalada! Até tu, André?
Mesmo que os jogadores não estejam, como se costuma dizer, a fazer a cama ao treinador, surpreende a vontade de Lage em deitar-se nela. Dizer que a equipa se desestruturou com a saída de Jardel (ainda na primeira parte, lembro) foi uma bela punhalada em Ferro, ainda na época passada um símbolo da argúcia de Lage e do seu investimento na juventude e nos produtos de fabrico caseiro.
Agora é o próprio treinador quem lamenta a saída de Jardel, jogador de um profissionalismo exemplar, mas que já não é um jovem. Se o presente depende tanto de um jogador como o central brasileiro, então o futuro não se adivinha muito feliz. Está tudo tranquilo?
Não massacremos Lage, o artífice, mais ou menos acidental só o tempo o dirá, da conquista do 37.º campeonato. Quem não vibrou com a recuperação milagrosa, com as vitórias no Dragão e em Alvalade? Quem não detectou algo de uma sabedoria oriental, simples e profunda nas suas declarações sobre a programação do canal Panda? Quem não agradeceu as refrescantes conferências de imprensa sem o azedume programado de alguns adversários, a tentativa de, através de palavras de conciliação, transformar o futebol português num lugar mais aprazível e frequentável?
Porém, se Lage conhece bem os meandros do futebol sabe que nenhuma verdade é tão maleável e tão eterna como esta: o futebol é mesmo assim. Mudam os tempos, vêm as tempestades. Mudam os resultados e tudo o que foi alcançado no passado parece fruto do acaso, as parábolas infantis soam a banalidades, os esforços conciliatórios são vistos como falhas imperdoáveis de ingenuidade, o discurso de um pacifista debaixo de fogo inimigo. O futebol é mesmo, mesmo assim. Manda o resultado. E não há orador brilhante, reputado psicólogo de balneário, mago das conferências de imprensa, que resista ao crivo do resultado. E com estes resultados, não há volta a dar. Lage já era. 
Quanto tempo irá durar a agonia? Um jogo? Até ao final da época só para não desestabilizar mais o clube enquanto se reza a todos os santinhos para que o Porto entre em colapso ou que no Jamor a taça se transforme em tábua de salvação? Seja como for, os dados foram lançados e o destino do treinador está traçado.
Antes que o anúncio seja feito, deixem-me agradecer a Lage a montanha-russa emocional do ano passado, o seu estilo sereno de quem vê o futebol como uma grande família e não como um conjunto de facções terroristas apostadas na destruição mútua e até a confissão involuntária de fracasso e do desfecho que o aguarda com a história do passeio marítimo com o presidente.
Quando os mafiosos eliminavam um inimigo e mandavam o corpo ao mar, diziam que fulano já estava a dormir com os peixes. Lage, que foi ver o mar e ficou a ver navios, também já está a dormir com os peixes lá no fundo. E, lá no fundo, ele sabe que é assim. O futebol é mesmo assim. Cedo ou tarde, consoante a sentença do resultado, todo o treinador recebe uma chamada do presidente: “Anda, vamos ver o mar.”"

Cassete!!!

"Poderia ser o slogan da festa do Avante, mas não é. Poderia ser a Helena da Casa dos Segredos 6, mas também não é. Apresentamos-vos o certificado genuíno do Departamento de Comunicação do FC Porto."

Tem sentido ético a 'motricidade humana'?

"Fiz, no espaço de uma semana, três videoconferências. E todas comecei, com palavras do Padre Manuel Antunes, um dos mais perspicazes hermeneutas da cultura do nosso tempo: “Um simples olhar panorâmico pelo mundo de hoje divisa um universo em mutação, um horizonte móvel que, em cada dia, aparece outro. Teorias que se sucedem às teorias, descobertas que se sucedem às descobertas, quadros que se renovam em movimento incessante, técnicas que surgem a uma palpitação de vertigem, facilitando a vida, seduzindo a vista ansiosa desta criança eterna que é o homem. No entanto, neste universo em radical transformação, só ele - o homem – não mudou proporcionalmente” (Compreender o Mundo e Actualizar a Igreja, Gradiva, Lisboa, 2018, p. 158). Também, no âmbito da chamada Educação Física, já houve quem sustentasse que se tratava da “educação do físico” ou da “educação pelo físico”. Pensava-se, então, cartesianamente, que o corpo era físico tão-só, em oposição à alma, puro espírito, imaterial e eterno. Deu-se, depois, um passo em frente e a Educação Física passou a entender-se como educação corporal ou, como queria José María Cagigal, “educação do homem corporal” e referia-se que não se tratava unicamente do “corpo acrobático”, mas também do “corpo pensante” e do “corpo expressivo”. E afirmava-se, sem lugar para dúvidas, que reduzir a Educação Física à ginástica e ao desporto significava uma profunda ignorância, em relação às imensas virtualidades do corpo. Cito agora o livro La Educacion Fisica en la Educacion Basica de Benilde Vásquez (Gymnos Editorial, Madrid, 1989): “El cuerpo es el lugar morfológico-funcional de todas las estruturas psicoorgánicas, afirman los médicos; el cuerpo inaugura el mundo , en expresión de los filósofos existencialistas. El cuerpo es el primer medio de conocimiento y relación afirman los psicólogos infantiles. El cuerpo es um símbolo, dirán los sociólogos de la cultura” (p. 117). Adiantou-se, depois, a expressão “educação do movimento”, ou “educação pelo movimento”. Mas… de que movimento falavam os especialistas? A Educação Física passaria a ser “educação do movimento”, ou “educação pelo movimento”. Mas (repito-me) não é a palavra “movimento” demasiado vaga e abstrata, para transformar-se em paradigma científico de uma área do conhecimento?
Perante o amplo panorama de memórias, de evocações e de propostas, que a história da educação física e do desporto nos prodigaliza, fundamentado na fenomenologia (a última das escolas filosóficas, que estudei na minha licenciatura) compus um novo conceito de “motricidade”, para encontrar um paradigma, onde coubesse , com inéditas e arejadas perspectivas, o “corpo em ato”, quero eu dizer: o corpo no movimento intencional da transcendência. Em 1978, na revista Ludens (Vol. 3, nº 1, Outubro-Dezembro de 1978), há mais de 40 anos portanto, já eu deixei escrito: “O homem em movimento, nomeadamente em situação de jogo e desporto, é o objecto de uma ciência nova (…).O Homem passa a ter assim mais uma forma de conhecer e de conhecer-se e, como é óbvio, ao nível das ciências que sobre ele se debruçam, preferentemente: as Ciências do Homem!” E escrevi ainda que “o estatuto do corpo fundamenta a cientificidade desta disciplina”. E que “o Homem cria valores e significações e a sua motricidade revela-o. O Homem, ao transformar, transforma-se”. Nove anos depois, em documento que apresentei ao director da Faculdade de Educação Física da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas – Brasil), onde leccionei durante dois anos (1987 e 1988) já eu questionava: “Mas haverá lugar para a ciência da motricidade humana (CMH), no quadro geral das ciências? Se a consideramos um ramo da biologia, como pretendia Spencer em relação à psicologia, ela tem o seu lugar marcado entre as ciências da natureza; se a definirmos como a ciência que estuda a explicação e a compreensão das condutas motoras, ela cabe inteiramente entre as ciências do homem”. E, linhas adiante, escrevia que a motricidade supõe: 1. uma visão sistémica do Homem (que o mesmo é dizer: em termos de relação e de integração).2. A existência de um ser não especializado e carenciado, aberto ao mundo, aos outros e à transcendência. Lembrava mesmo a célebre frase de Pascal: “o homem excede infinitamente o homem”. 3. E, porque aberto ao mundo, aos outros e à transcendência e deles carente, um ser práxico, procurando encontrar e produzir o que, na complexidade, lhe permite unidade e realização. 4. E, porque ser práxico, com acesso a uma experiência englobante, agente e fautor de cultura, projecto originário de todo o sentido e “ser axiotrópico” (que persegue, apreende, cria e realiza valores).
E propunha, como objecto de estudo, a motricidade humana, tentando explicar o que essa opção significava, para mim: 1. Que a Educação Física não abrange todo o campo de acção dos seus profissionais. 2. Que a Educação Motora (que poderá substituir a expressão Educação Física) é, para mim, o ramo pedagógico da Ciência da Motricidade Humana (CMH). 3. Que as Faculdades de Educação Física ou de Desporto deverão passar a chamar-se Faculdades de Motricidade Humana. 4. Que a Motricidade Humana explica o absoluto do Sentido e o sentido do Absoluto, emergentes do movimento intencional, específico do ser carente, que persegue a superação (a transcendência) e o sonho. 5. Que desta forma, como ciência e consciência, a Motricidade Humana adquire lugar indiscutível entre os “curricula” universitários. 6. Que os “curricula” das Faculdades de Motricidade Humana hão-de acrescentar às disciplinas básicas de teor biológico e de teor técnico-desportivo, outras disciplinas de teor filosófico e cultural. 7. Que a Educação Física não morre, porque não morre nunca o que foi superado. 8. Que a área da Motricidade Humana tem a riqueza ontológica e a dignidade conceptual das restantes áreas científicas. 9. E, assim, como pela transcendência, ela é uma exploração ilimitada do possível, a CMH transforma-se, indiscutivelmente, em Ciência e Cultura. E assim terminava: “Não sei se todos os seres humanos coincidem em certos princípios éticos. Mas há valores, sem os quais impossível se torna viver humanamente”. E esses valores, pela transcendência, estão presentes na CMH. E, no meu entender, não têm Pátria. Os Lusíadas valem e valem para todo o mundo. Os Sonetos de Antero de Quental são tão compreendidos e admirados, em Portugal, como na Alemanha, na França e na Inglaterra. Afinal, como Verlaine tem irmãos em Portugal. A obra de José Saramago e a de António Lobo Antunes e de Gonçalo M. Tavares florescem em todas as culturas. Não esqueço o Padre Manuel Antunes, quando escreve: “Sim, as filosofias têm uma pátria. Porém, esta é, muito mais que um espaço geográfico, um espaço espiritual” (Do Espírito e do Tempo, p. 146).
Se a motricidade humana tem sentido? Eu faço minha a lei da complexidade-consciência, de Teilhard de Chardin. Ao redor de cada um de nós, os corpos não são unicamente pequenos e grandes, ínfimos e imensos, mas também simples e complexos. Os polos desta imensa cadeia, que vai do múltiplo puro, vestíbulo do nada, até ao cérebro humano, com biliões e biliões de células nervosas, dão-nos a convicção de que o mundo da complexidade é tão maravilhosamente grande, tão espantosamente astronómico, como o mundo galáctico, ou supergalático. Para Teilhard de Chardin, a lei da complexidade-consciência torna possível uma leitura integral do homem e do universo. De facto, o universo não é uma ordem, mas um processo. O cosmos desponta, veemente, como cosmogénese e, portanto, é uma visão dinâmica, e não estática, o que ele nos proporciona. “O homem torna-se a flecha, o sentido da própria evolução, toda a realidade cósmica se vem condensar na personalidade humana” José Gomes Silvestre, Acção e Sentido em Teilhard de Chardin, Instituto Piaget, Lisboa, 2002, p. 150). É o próprio Teilhard de Chardin a dizê-lo: “antes de dar sentido ao mundo, o homem é o sentido do mundo” (I, p. 196). Para este cientista e filósofo, “o que, em última análise, conta em matéria de evolução é saber a quem cosmicamente cabe a última palavra, se à majestosa e universal corrente da entropia, se às forças ascensionais e convergentes da vitalização. Por outras palavras, saber se é em direção do inorgânico inconsciente (solução materialista) se na direcção do orgânico consciente (solução espiritualista) que o universo, em última análise, tomba” (José Gomes Silvestre, op. cit., p. 151). Desde a Cosmogénese à Cristogénese, passando pela Biogénese e pela Noogénese, toda a matéria se movimenta em direção ao espírito e do espírito a Cristo. Também para mim, à luz de Teilhard de Chardin, o ser humano é matéria que se faz espírito. E, segundo a teoria que rege a CMH, porque é bios e logos, pela transcendência, tende ao Absoluto. A transcendência não proporciona ao ser humano as últimas aquisições tecnocientíficas, mas oferece-lhe um “saber orientador” que lhe permite possa descobrir o sentido da existência, no processo evolutivo. O sentido da existência é, pela transcendência, Deus. É conhecida a invetiva de Nietzsche: “O homem é algo que deve ser superado”. Inteiramente de acordo – mas para ser mais homem! Reside aqui o sentido da motricidade humana! Por isso, o ainda denominado “professor de Educação Física”, mais do que ensinar a “durar” deve ensinar a “viver”…
O ser humano é um constante “tornar-se”, um constante “fazer-se”. Não deverá estranhar-se, portanto, que muitos vejam no Desporto uma “ética em movimento” – uma ética, ou seja, uma filosofia moral, uma reflexão filosófica sobre a moral, a qual poderá entender-se como “um conjunto de regras ou normas que regulam a conduta das pessoas e prescrevem o seu modo de actuar”. O problema do que fazer, em cada momento, em cada situação concreta, é sobre o mais um problema prático-moral. Demais, se o Desporto e o Jogo Desportivo deverão estudar-se como especialidades da Ciência da Motricidade Humana e se a Motricidade Humana assim a defino (“o movimento intencional e solidário da transcendência”) – a prática desportiva diz-nos que a pessoa, antes de ser um conceito jurídico, é um conceito ético, pois que a transcendência se situa, simultaneamente, ao nível do biológico e do espiritual, do empírico e do religioso, do individual e do sócio-político, enfim: da natureza e da cultura. Por isso, se bem penso, uma Filosofia do Desporto deverá completar-se com uma Teologia do Desporto, tendo até em conta os ritos religiosos dos atletas de alta competição, ao longo dos seus desempenhos. Mas… o que significa a transcendência, no âmbito da “motricidade humana”, ou seja, no Desporto, no Jogo Desportivo, na Dança, na Ergonomia e na Reabilitação, etc.? Que o ser humano não é objecto, mas sujeito recriador e construtor da História; que, pela transcendência, o desportista ensina a desfatalizar a História e o Futuro; que nenhuma realização histórica deve considerar-se a última e a definitiva; que o ser humano é sempre uma tarefa por realizar. Nasce assim, não só uma nova ciência hermenêutico-humana (não há jogos, há pessoas que jogam), mas também um novo humanismo – da pessoa com a natureza, da pessoa com a sociedade, da pessoa consigo mesma. A riqueza de um curso superior de Motricidade Humana, como encontro inédito entre a Ética e História, é tão grande que até dá pena quem não quer ver…
“Eis-nos no século XXI, à entrada do terceiro milénio, num universo que parece sem limites. Um torvelinho de ciência e de tecnologia deu-nos uma compreensão do mundo físico, muito além do século precedente, muito além da do século precedente. Mas isso não é tudo. Progressos espectaculares influenciam a nossa capacidade de agir sobre o nosso ambiente, próximo ou distante, nomeadamente os meios de transporte e de comunicação, os computadores e a Internet, a medicina e a cirurgia, a electrónica, a engenharia e a genética, sem esquecer, infelizmente, as armas. Todas estas inovações criaram uma nova civilização, ao biologismo? Simplesmente inconcebível há cem anos. Uma coisa perturba esta era em que todas as esperanças são possíveis. O elo mais fraco, temos de o admitir, somos nós, os humanos. Há milénios que a concepção do humano não evolui. Continuamos ainda, quase todos, a acreditar que o homem é feito de duas essências. Seríamos a única forma de vida constituída por uma parte material, o corpo, e outra imaterial, o espírito, a alma ou “the mind”, como lhe chamam os anglo-saxónicos”. Nunca ninguém provou esta lenda, mas trata-se de uma lenda resistente” (Pier Vincenzo Piazza, Homo Biologicus, Bertrand Editora, Lisboa, 2020, p. 17). Uma lenda? Mas um escritor de ideias, um cientista, um poeta, um escritor que bem sabe do seu ofício, um artista admirado com penhorante assiduidade – em tudo isto, não se desvenda mais do que biologia? O humano não é um excesso, em relação ao biologismo? Se o ser humano é um ser de projecto e de trancendência, a natureza moral dos nossos actos, enquanto expressão da liberdade, excede em muito tudo o que as ciências, ditas “exactas”, nos podem oferecer. Ninguém pode viver sem a tecnociência, mas é evidente que o seu objecto de estudo não é toda a realidade. O ser humano realiza-se, quando transcende e se transcende, porque nele há qualquer coisa que nenhuma ciência consegue definir. Recordo, neste momento, a frase de Pascal: “Não me procurarias se, antes, não me tivesses já encontrado”. A necessidade de Absoluto vive em nós muito antes de O procurarmos com os “metros” do conhecimento tecnocientífico. Esvaziamos de sentido a vida, sem o imparável desejo de perfeição que em nós habita e que, a partir de determinado momento, a ciência positiva e empírica já não abrange. Daí, tenha sentido ético a motricidade humana!"