terça-feira, 12 de maio de 2020

Semana do Tetra

"Amanhã, quarta-feira, fará três anos que conquistámos o inédito Tetra. Naquele final de tarde de 13 de maio de 2017, na penúltima jornada do campeonato, a nossa equipa obteve um brilhante triunfo ante o Vitória de Guimarães, por 5-0, consolidando, com muita classe e enorme competência, o percurso iniciado, quase quatro anos antes, de absoluto domínio do futebol português.
Este era um feito há muito desejado por todos os benfiquistas. Tratava-se da sexta tentativa desde a longínqua temporada 1938/39, a primeira em que o Benfica se apresentou com o estatuto de tricampeão nacional. Novas oportunidades surgiram em 1966, 1970, 1974 e 1978, mas em nenhuma delas conseguimos o tão almejado Tetra, até que, em 2017, finalmente quebrámos o enguiço.
Este feito não surgiu por acaso. Antes refletiu anos de política desportiva acertada e de recuperação económico-financeira, as quais permitiram títulos e, em simultâneo, o enquadramento ideal para a preconizada revolução do modelo estratégico do Clube, em que a formação passou a ser um dos seus pilares fundamentais. Foram muitos os atletas da formação lançados na primeira equipa ao longo das épocas do Tetra, grande parte deles essenciais para as nossas vitórias. Ao que se acrescenta o título da temporada passada, o da Reconquista, já com Bruno Lage no comando da equipa técnica e com a esmagadora maioria dos atletas que compõem o presente plantel.
Como não poderia deixar de ser, a BTV dedicará parte da sua programação ao Tetra já a partir de amanhã e até à próxima segunda-feira, dia de aniversário da Reconquista, na época passada. Todos os dias, a partir das 18 horas, a emissão será dedicada aos protagonistas destes feitos, através de reportagens, depoimentos e entrevistas. Serão várias as surpresas, estando reservada para amanhã, entre outras, a participação de Jonas, Luisão e Salvio.
Recomendamos vivamente a todos os benfiquistas que estejam atentos às emissões da BTV. Será uma excelente oportunidade para revivermos estas conquistas e, sobretudo, que nos sirvam de motivação para nos focarmos no principal, que é a conquista da vitória nas onze finais por disputar até ao final desta época e para festejarmos mais momentos como estes que a BTV agora assinalará.
Queremos muito ser bicampeões nacionais e ganhar mais uma Taça de Portugal. Conseguimos vencer 14 títulos e troféus nas últimas 26 competições nacionais disputadas, mas ambicionamos muito mais. Sempre!
#PeloBenfica"

Taarabt à frente de todos

"Pelo rendimento e pela estatística Corona, Teles, Pizzi e Vinícius eram os que mais cintilavam quando a Liga parou. Mas o marroquino tem dons raros e contrariou até o rótulo de craque arruinado

Taarabt nasceu há 30 anos e 'está a jogar o melhor futebol da sua vida', como se podia ler, há três meses, no 'The Guardian'. Quando, há uns anos, Redknapp o acusou de ter os sobrepeso correspondente a 'três pedras', o marroquino respondeu que não era jogador para andar a fazer 'tackles'. Mas no Benfica tem mostrado uma combatividade contagiante e os dados da GoalPoint dizem que é dos que mais colabora defensivamente, apresentando um dos valores mais altos nas recuperações de posse (8-1). Os números confirmam que raramente perde a bola e a fiabilidade no drible. Mostram também que não pára um minuto e que joga num raio de acção muito vasto. Por vezes, parece perder a posição, mas isso será mais um problema colectivo do que uma falha individual. Com a contratação de Weigl e a recuperação de Gabriel, vai ser muito interessante perceber como Lage vai montar o miolo...

Quando a Liga portuguesa foi descontinuada, no início de Março, Corona, Alex Teles, Pizzi e Vinícius eram, provavelmente, os principais candidatos a serem escolhidos como os melhores da época, até porque Bruno Fernandes já emigrara para Manchester. Pelo rendimento médio elevado e/ou pela proeminência dos números estatísticos, qualquer um seria uma escolha atinada e sábia, provavelmente com vantagem para o polivalente mexicano portista. Mas, sendo esta triagem relativamente consensual, devo reconhecer que o jogador que mais me vinha impressionando era Adel Taarabt.
Desde logo por ser o mais prodigioso. O marroquino, é ninguém duvide, uma daquelas raridades que jamais irão abdicar de cultivar a bola como uma orquídea de luxo (e terá sido essa casta de excelência que terá levado Rui Costa a impor a sua contratação em 2015). Mas também por ser um jogador raro, até na forma com, aos 30 anos, contrariou o rótulo de craque prematuramente arruinados e irrecuperável.
Noutras tertúlias ocupacionais, lembro-me de ter comentado com Hélder Postiga e Rui Malheiro que 'este marroquino tem algo de Zidane'. Não fosse a analogia soar demasiado descomedida, recordo-me de ter tido o cuidado de acrescentar que Taarabt era bem mais rústico e não tinha a simetria e a lindeza de movimentos que ajudaram Zidane a tornar-se um dos maiores de sempre.
Mas a adenda talvez nem se justificasse, porque a leitura 'de escritos antigos sobre Taarabt mostraram-me, entretanto, que não havia sido nada original na comparação. De facto, Taarabt, já havia sido assemelhado a Zidane quando se revelou no Lens e foi chamado às selecções francesas de sub-17 e sub-19. E o mesmo aconteceu após ter assinado pelo Tottenham em 2006, designadamente num comentário posterior do centro-campista inglês Jermain Jenas, que fazia parte do plantel: 'Acreditávamos que havíamos contratado o novo Zidane. Vi Taarabt fazer as coisas mais inverosímeis que vi num campo de futebol'. E, já após a regeneração que o marroquino conseguiu na Luz, o jornal 'Marca' dedicou-lhe, em Fevereiro, um artigo que tinha como título 'De novo Zidane a tardar 1694 dias a marcar pelo Benfica'.
Aquele texto foi um muitos que escreveram sobre a forma como Taarabt andou demasiado tempo a delapidar o seu talento. Relembram-se os episódios de indisciplina e falta de profissionalismo, a vida nocturna, os problemas de excesso de peso até uma conhecida frase de Harry Redknapp, quando o técnico inglês disse que Taarabt (que conhecera no QPR) 'era o pior profissional' que havia visto na carreira. De resto, até o marroquino assumiu as suas responsabilidades à 'Four Four Two': 'Não gosto de falar assim de mim, mas quando era jovem muita gente me disse que poderia jogar no Real Madrid ou no Barcelona. Até Luka Modric me disse isso. Não foi culpa dos outros: foi minha'.
À revista inglesa, Taarabt explicou como é que conseguiu impor-se num Benfica onde o presidente Luís Filipe Vieira garantira que ele nunca jogaria: 'Sempre fui bom rapaz, mas às vezes estive um pouco perdido. Acreditava que tinha sempre razão, mas fizeram-me perceber que estava equivocado e mudei em todos os sentidos: como pessoa e jogador'. Esta consciencialização foi mais determinante do que ter emagrecido mais de de 10 quilos, até porque esse adelgaçar já acontecera na Premier League e na Séria A, onde, no Génova, deu os primeiros sinais de que queria reabilitar-se.
É conhecido o papel que Bruno Lage teve na regeneração de Taarabt, iniciada quando se cruzaram na equipa B. 'Podes ser tudo o que quiseres no futebol', ter-lhe-á dito o treinador no início de 2019, ainda antes de o convencer a tornar-se num médio-centro laborioso. Mas a verdade é que o marroquino ultrapassou os próprios anseios. 'Não sabia que o meu corpo poderia responder tão bem aos esforços. Não me sinto com 30 anos... senti-me fresco. A transformação foi incrível. Estou chocado por correr 12/13 quilómetros por jogo', disse recentemente a um jornalsita do 'beIN Sports'.
(...)"

Querem mesmo um campeão de secretaria?

"Talvez seja necessário recordar o óbvio: o campeonato vai recomeçar para que os clubes possam arrecadar as receitas dos direitos televisivos, evitando assim insolvências em catadupa. O futebol português viveria bem sem campeão, com decisões administrativas sobre a Europa, subidas e descidas. Sem dinheiro das operadoras, não só muitos clubes não resistiriam, como enfrentaríamos um longo período em que sustentabilidade da Liga ficaria em causa.
É por isso que tudo está a ser feito para retomar a competição, com um protocolo apertado com exigências que não encontraram paralelo noutras actividades. O dever de recolhimento domiciliário para atletas, avaliações clínicas diárias, autorizações para monitorização e rastreio de contactos e até o termo de responsabilidade que é assumido, correspondem a um quadro de excepcionalidade que, de facto, não é passível de ser replicado noutros sectores de actividade. Convém, aliás, ter presente que em poucas outras profissões a medicina no trabalho já era tão invasiva como no futebol.
Na altura em que escrevo, nove atletas testaram positivo e, suponho, todos eles estariam assintomáticos. Se considerarmos que no conjunto dos 18 clubes foram testados uns 550 jogadores, continua a ser uma percentagem muito baixa de positivos. Aliás, se a prevalência de Covid-19 que encontramos no futebol corresponder ao que se passa no país, estamos muito longe da imunidade de grupo e a ameaça de uma segunda vaga é alta - o que tornará, por exemplo, bastante improvável que a temporada de 2020/21 decorra com jogos à porta aberta.
Mas se com este protocolo o futebol tem condições para avançar com riscos (por imperiosa necessidade financeira!), talvez valha a pena considerar um plano b, para o caso de a situação sanitária se deteriorar e a temporada desportiva não se concluir ou nem sequer se reiniciar.
Se tal suceder, a atribuição do título é um aspecto irrelevante. Mas se o clube que for em primeiro quiser celebrar esta magnífica conquista, que faça bom proveito (como benfiquista, e se por acaso for o Benfica que estiver nessa situação, continuarei em busca do 38 na próxima temporada). A questão decisiva continuará a ser financeira. Se não me preocupa um título administrativo, terá, contudo, de ser promovido um mínimo de sustentabilidade financeira para a Liga. Uma solução razoável passará por dividir a receita do acesso à Champions e aos restantes lugares europeus pela conjunto dos clubes, com um sistema de rateio que premeie o mérito desportivo.
Sem jogos, sem bilhética e sem transmissões televisivas, o empobrecimento será inevitável, pelo que não redistribuir os recursos que sobrarão condenará o futebol português ao definhamento. Podemos ter um campeão de secretaria, mas dificilmente teremos competições disputadas nos próximos anos."

Cadomblé do Vata (Silêncio!!!)

"Quando um peão se aproxima da berma da estrada para a atravessar em zona de semáforos, encontra no poste do "luzinhas" um botão que, se premido, faz acender a lâmpada vermelha para os automóveis e em troca dá luz verde ao cidadão apeado, trocando assim a prioridade de passagem no alcatrão. Mesmo sabendo que 90% dos espécimes não funciona, a verdade é que a engenhoca inspirou os responsáveis do Porto Canal a implementarem um lá no sítio, servindo este para trocar o dono da estação televisiva, consoante a necessidade. Atentem pois nos exemplos:
Quando a PJ investigou os contratos do Porto Canal com o Turismo do Porto e Norte de Portugal, considerando-os "manhosos", o canal pertencia à cidade do Porto e aos portuenses. Por sua vez, caso algum clube da Invicta pretenda ter transmissão de jogos seus em qualquer modalidade ou escalão, tem como resposta "isto pertence ao FC Porto e a menos que estejam a jogar contra o FC Porto, ide-vos c'o caralho".
Inversamente, se o FC Porto pretender justificar a perda de um campeonato para o Benfica, mostra no canal "do Futebol Clube do Porto" tarjas dos Super Dragões com uma suposta equipa de responsáveis pelo título Glorioso, onde se incluí o Sr. Primeiro Ministro. Imaginando que porventura, António Costa precisa de falar ao povo portuense, que aparentemente não tem sinal da RTP, da SIC ou da TVI, é entrevistado no canal da Cidade do Porto, porque se fosse ao do FC Porto, poderia ficar um "ambiente estranho".
Foi pois neste limbo, que Marcelo Rebelo de Sousa recebeu Pinto da Costa, no âmbito das reuniões com os patrões da comunicação social devido ao Covid-19. Por um lado conversou com o presidente do conselho de administração da FC Porto Media, dona do canal da cidade do Porto. Por outro, dialogou com o Presidente do conselho de administração da FC Porto Media, dona do canal do FC Porto e administradora das redes sociais do clube. Esta ambiguidade patronal permite ao FC Porto estar acima de suspeitas audiovisuais, mas não chega para responder à questão: se o Primeiro Ministro fosse entrevistado na BTV e Luís Filipe Viera comparecesse a uma reunião com o Presidente da República, conseguiria a Tupperware produzir tigelas suficientes para amparar todas as lágrimas do choro portista?"

Código de Conduta - A DGS assustou-se...e fez asneira!

"Já se entendeu que o futebol, leia-se Primeira Liga, tem de recomeçar. 
Seja em que condições for!
Porém, o Código de Conduta apresentado pela Direcção Geral de Saúde revela algo de estarrecedor! 
Uma mistura de totalitarismo com uma homenagem a Pôncio Pilatos, na nobre arte de lavar as mãos, tão necessária por estes dias!
Comecemos pelo segundo...uma figura tristemente histórica, mas, igualmente, visionária. Quem diria que 2000 anos depois iríamos todos a repetir o gesto que o fez entrar na história, após desresponsabilizar-se pelo morte de Jesus Cristo?
Ora, as normas apresentadas pela Direcção Geral de Saúde para o futebol poder avançar, começam a seguir esta filosofia no Ponto 1 do seu regulamento. Neste é afirmado que " A FPF, a Liga Portugal, os clubes participantes na Liga NOS e os atletas assumem, em todas as fases das competições e treinos, o risco existente de infecção por SARS-CoV-2 e de COVID-19, bem como a responsabilidade de todas as eventuais consequências clínicas da doença e do risco para a Saúde Pública." Ou seja, todos serão responsáveis, excepto o órgão que deu luz verde à pratica do jogo. Aliás, como se poderá responsabilizar o atleta se ficar infectado? Ou será que este, obrigado a exercer a sua prestação contratual, poderá recusar-se a tal?
Simplesmente, o sacudir o água do capote, numa espécie de "querem jogar, se acontecer algo entendam-se," Lembremo-nos que, apesar de estarmos a aludir a jovens no apogeu da sua forma física, falamos de uma doença nova, desconhecida, cujas sequelas ainda não são completamente conhecidas. Se acontecer algo a algum atleta, como será o futuro dele? Quem o assistirá? E se não assinar, estará a violar a sua obrigação de realização de prestação laboral sob as ordens do empregador? Justa causa de despedimento, visto a equipa estar em competição? Um verdadeiro limbo, em que a parte mais frágil não tem qualquer garantia!
Mencionemos, agora, o ponto 6. O totalitarismo digno de um estado policial. Passemos a transcrever: " Para este efeito, os membros do clube (que devem ser reduzidos ao mínimo indispensável) e os coabitantes dos atletas, equipas técnicas e árbitros ficam igualmente obrigados ao dever de recolhimento domiciliário imposto aos atletas." Ou seja, um recolher obrigatório imposto a Todos os familiares do atleta que com ele vivam! Ou seja, uma inadmissível extensão da restrição de liberdades aos próximos do jogador, apetecendo perguntar como se praticarão as sanções em casos de violação. Serão multados os transgressores? O jogador será afastado pelo inadimplemento de quem com ele vive? E se a mulher ou alguém que com ele viva trabalhar? Perderá o emprego, devido à profissão da pessoa que vive nas mesmas paredes? Uma medida imprópria, surreal e digna de uma sociedade anti-democrática.
Infelizmente, a DGS assustou-se... pressionada pelos barões do futebol para a Primeira Liga ser retomada a toda a força, quis salvaguardar-se! Quis evitar que, caso aconteça alguma calamidade, acusações das quais, atendendo à incapacidade de retórica dos seus componentes, não saberia defender-se! Quis proteger-se, como os fracos se protegem...reprimindo, proibindo, sacudindo a água para o capote dos outros!
Todos se revoltaram...não poderia ser de outro modo!"

A 'falta' de problemas !!!

"O director adjunto do “isento” Expresso pergunta: “Qual o problema de darem o caneco ao FC Porto?”.
Ser jornalista e não fazer trabalho de investigação é triste, muito mais de um jornal que outrora foi uma referência no nosso país.
Não vale a pena abordarmos os regulamentos novamente, já sabemos que nunca iria haver unanimidade neste tipo de decisão numa AG da Liga, mas importa desmascarar a teoria deste jornalista.
A forma ligeira como se questiona, como se estivesse numa qualquer conversa de café, sem fazer o mínimo trabalho de investigação, não deixa de ser interessante. No entanto, a melhor parte do texto é esta: “Como fazer então? Francamente só sei que não tenho certezas sobre o assunto. Mas já me chocou mais a adopção de uma solução como em França, em que o campeão foi decretado administrativamente. Era o clube que ia à frente quando tudo parou. Se for o caso, que se faça o mesmo em Portugal. Não me choca nada. Dêem a taça ao FC Porto.”
Ou seja, compara a situação do futebol francês onde o PSG tinha 12 pontos de vantagem com menos um 1 jogo (!) com a situação do futebol português e “esquece-se” o que foi decidido, por exemplo, na Holanda e no Luxemburgo. Já para nem falar que em França, como é óbvio, houve unanimidade na decisão da direcção da Liga.
Voltamos a apresentar um quadro actualizado com as decisões de todas as Federações em Portugal, com a decisão unânime de não haver Campeões. Seja no futebol, seja em todas as modalidades. 
Como é óbvio, não se jogando não irá haver Campeão. De qualquer das maneiras, gostávamos de perceber o interesse do jornalista Martim Silva, ignorando factos e omitindo outros, e fazemos a pergunta ao Expresso: “Qual o problema de não darem o caneco ao FC Porto?”."

Como sempre, querem que sejam os Contribuintes a pagar !!!

"O velho putanheiro e o Juca Magalhães, amigalhaço de Marcelo Rebelo de Sousa, foram hoje reunir com o Presidente da República para pedir para o Porto Canal (canal pertencente ao Calor da Noite) ser incluído na lista de canais a receber apoio do Governo. Sim, leram bem....um canal de um clube a receber apoio do Estado.
https://www.ojogo.pt/futebol/1a-liga/porto/noticias/uma-televisao-generalista-sediada-no-porto-ainda-tem-mais-dificuldades-12180775.html
O número mediático inventado pelo fugitivo de Vigo foi falar de campeões de secretaria e de Ministros que não gostam do azul, como se pode ver pelas primeiras pesquisas feitas no Google. 
Tudo isto pensado ao ínfimo pormenor. Para que não se falasse do assunto efectivo da reunião que é obviamente polémico: um canal de clube receber financiamento do Estado. Imaginem Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira a pedirem uma audição com o Presidente da República para reivindicar apoios para a BTV...Imaginem!
Entretanto, passou pelos pingos da chuva no lodo da Prostituição Social a entrevista do Primeiro Ministro a um canal de clube, olhem, curiosamente, outra vez o canal do Calor da Noite! Agora imaginem que o Primeiro Ministro ia fazer uma entrevista à BTV....
Podem continuar a fazer-nos de burros, cá estaremos sempre para desmascarar e denunciar os esquemas goebelianos em que o Calor da Noite é mestre.
O Calor da Noite, como sempre, está a jogar em 10 tabuleiros ao mesmo tempo. Cartilheiros, jogadores, jornaleiros...cada um passa uma mensagem diferente. É só cortinas de fumo. É o fedor nauseabundo do costume. São um clube desprezível."

O futebol luso, esse antro de patafúrdios

"«Por incrível que pareça
Por incrível que pareça
Não há nada, não há nada
Que não nos aconteça
Ó sorte malvada,
Que vida desgraçada!
Ai ai ai Ai ai ai»
O génio de Sérgio Godinho e a imaginação do encenador João Seara Cardoso criaram em meados dos anos 80 A Árvore dos Patafúrdios. Uma série infanto-juvenil, muito colorida, que tinha por protagonistas os Patafúrdios.
Quem eram os Patafúrdios? Eram 12 pássaros que viviam presos a uma árvore. De tão barrigudas, as simpáticas aves perderam a capacidade de voar, mas não de viver. Sem saírem do lugar, arranjavam sempre forma de encontrar problemas.
Era incrível, de facto, mas tudo lhes acontecia. Sempre no mesmo cenário. Um mundo pequeno, mas agitado.
Ao assistir da minha sala às últimas semanas do futebol português, tenho-me lembrado muito destas criaturas. Não há jogos, mas há sempre uma qualquer trama pronta a fazer as delícias dos maledicentes e dos jornais que embarcam nos seus jogos sujos.
Sem se mexer, a liga portuguesa tem a capacidade de entreter e polemizar, como se aqueles 90 minutos à flor da relva – ai que saudades! – não passasse de um mero detalhe, um pormenor ao canto de um quadro de pinturas berrantes, esdrúxulas e, não raras vezes, histéricas.
Eu, assumido romântico do futebol, apaixonado pela estatística e as histórias de vidas dos artistas, confesso a minha escassa paciência para a insensatez parva que rodeia o fenómeno.
Num dia ouço um deputado da nação, cujo ideário é o populismo racista e o aproveitamento nojento da tragédia alheia, a vociferar contra o posicionamento social de um internacional português. Ricardo Quaresma – já agora, aplausos, muitos aplausos para ti, Ricardo.
No outro, ligo a televisão e ouço um comentador a defender o cancelamento do campeonato e a entrega do título ao campeão da época anterior.
Antes, tive de assistir ao passeio da concórdia dos presidentes dos três grandes à casa da FPF, como se o nosso futebol não fosse mais do que um torneiozinho organizado pelos confrades Vieira, Varandas e Pinto da Costa. Sobre isto, o meu camarada Sérgio Pires já tudo escreveu.
Há mais. Na ARTV, escuto um dos ministros com mais responsabilidade e influência no governo a exclamar a sua aversão a uma determinada cor clubística. Não impenderá sobre esta gente a noção da isenção, imparcialidade e contenção, pelo menos em público?
Já chega? Não. Tenho dúvidas, muitas mesmo, que haja condições para a realização de jogos profissionais nas próximas semanas. Infelizmente, eu e toda a minha família mais próxima fomos afectados pela Covid-19. A agudização do quadro de sintomas do meu filho levou-nos ao hospital, falámos com infeciologistas e epidemiologistas e ouvimos várias vezes a mesma coisa: o teste de despiste à infecção tem uma percentagem de acerto a rondar os 63 por cento. Imaginem a quantidade de falsos negativos que andam por aí.
Tantos episódios e tanta patranha sem o futebol português ter de sair do lugar. Sem a bola saltar, sem o povo gritar golos. Não há nada que não nos aconteça, mas nós também nos pomos muito a jeito."

Reinventar o futebol

"É um desafio complicado, o de reinventar o desporto-espectáculo, sem público nas bancadas. Os que gostamos de ver futebol bem jogado, vamos ficar satisfeitos com o relato, em voz ou com as imagens, de um jogo sem a vibração do público? O divertimento não vai ficar escasso? Aquilo não vai parecer apenas um treino?

Um amante do futebol, grande fã do jogo do Barcelona no tempo de Guardiola, o britânico John Carlin, jornalista premiado, autor do livro “Invictus”, imortalizado no cinema pelo filme de Clint Eastwood que mostra como Mandela soube usar o râguebi para unir e reconciliar a África do Sul, também encontrou uma boa imagem para expressar a frustração que é bola num estádio vazio: “Futebol sem público é como sexo com máscara e luvas de látex”.
Sabemos que fomos neste ano apanhados por duas realidades. Duas urgências. Uma, sanitária com a pandemia que continua à solta e a tentar atacar-nos a todos, ao nosso menor descuido. A outra, económica, com tantas empresas de todas as dimensões em aflição, algumas já com a dúvida sobre se têm as condições necessárias para conseguir voltar.
A indústria do espectáculo desportivo, em especial a que vive do futebol, está, como toda a gente, impaciente pelo regresso. A impaciência costuma não ser boa conselheira.
Admito que os contactos entre jogadores, na disputa de lances, poderão não suscitar problema de contágio porque os clubes grandes, aqueles que estão a caminho do regresso ao campeonato já no fim do mês, têm estrutura para testarem diariamente toda a equipa, jogadores, técnicos e outros envolvidos directos. Se alguns dos clubes não tiverem essa estrutura, a Federação Portuguesa de Futebol, que é reconhecidamente eficiente, pode tratar de garantir esse cuidado ou de o promover juntamente com a Liga.
Mas quem e como vai assegurar que, apesar das bancadas fechadas, não há ajuntamentos massivos de claques e outros adeptos a abraçarem-se junto aos estádios quando a equipa preferida marcar um golo? O mesmo nos cafés com ecrã gigante para atrair clientes?
A prudência aconselharia esperar mais pela retoma do futebol. Acresce a dúvida sobre se o futebol sem a emoção das bancadas satisfaz o divertimento.
É um facto que há o risco de a espera se tornar interminável, muitos meses, até que a ameaça do vírus esteja domada. Todos também sabemos que nas contas desproporcionadas de grande parte das equipas há clubes desesperados pela crise de liquidez e em ânsia para receberem os direitos de transmissão dos jogos.
A lógica dos que nos clubes reclamam “the show must go on”, sem mais esperas, tem uma única motivação: o dinheiro.
Um homem do futebol, treinador, o argentino Marcelo Bielsa, conhecido pela alta exigência e frontalidade, há vários anos que se queixa do sistema do futebol, como fica claro no livro Los 11 caminos al gol: “O mundo do futebol parece-se cada vez menos com o adepto e cada vez mais com o empresário”. A actual crise pode vir a forçar uma mudança desejável, a do modelo que estrutura os clubes de futebol.
Voltando ao caso específico do regresso do futebol português já no final deste mês. O futebolista Francisco Geraldes, oportuno, dispara a atenção para o ponto 1 do catálogo de condições da DGS para essa retoma do campeonato: “A FPF, a Liga Portugal, os clubes participantes na Liga NOS e os atletas assumem, em todas as fases das competições e treinos, o risco existente de infecção por SARS-CoV-2 e de COVID-19, bem como a responsabilidade de todas as eventuais consequências clínicas da doença e do risco para a Saúde Pública. ”
Há eventual risco para a saúde pública? Assim sendo, há que eliminar o risco. A composição da equipa de especialistas definida pela FPF leva a confiar que a decisão final que vier a ser tomada vai ser a que acautela a saúde pública.
O futebol, por muito divertimento que possa propagar, é uma indústria que não pode ter carácter prioritário na complexa saída do confinamento. Dá prazer ver um bom desafio de futebol, mas se envolve algum risco para a saúde pública, então que o jogo espere. Para mais, quando o espectáculo não tem os ingredientes todos.
Simon Critchley, professor de filosofia na New School for Social Research, da Universidade de Essex, publicou em 2017, na Penguin Books, um interessante livro com o título “What we Think About When we Think About Soccer” em que retrata com precisão a atmosfera do espectáculo de futebol: “O canto colectivo e o som inebriante da multidão não apenas acompanham a bela actividade dos jogadores, são também a matriz sublime da qual o jogo emerge, o campo de força que impulsiona a acção, na forma de uma música. Competitiva”.
Parece consensual escrever que os adeptos nas bancadas são mais do que um elemento decorativo no estádio. A emoção colectiva do público, os cânticos e o fervor da assistência constituem parte essencial do espectáculo. Com essa ausência, a difusão do jogo de futebol fica desvalorizada para quem transmite e degradada para quem assiste. Futebol sem público fica um espectáculo que perde vida.
Mesmo tendo em conta que os encostos e abraços entre os jogadores em campo não serão problema, o melhor será esperar para que o futebol seja espectáculo completo no estádio. Se calhar, a demora vai implicar mudanças no modelo dos clubes, talvez menos dinheiro a rodar em negócios de transferência muitas vezes inexplicáveis, e possivelmente a oportunidade para revelação de novos talentos nas escolas dos clubes. Já agora: que no regresso do futebol jogado haja menos envenenamento no futebol falado.
(...)"

A pouco e pouco

"Eis um bom exemplo que chega da Inglaterra e que entre nós foi completamente posto de lado, ou seja, ouvir os jogadores, que são peças fundamentais da existência do jogo.

Com o correr dos dias tudo vai ficando mais claro acerca da evolução do pré-futebol em outros países da Europa, sobretudo daqueles em que a modalidade tem um peso enorme, mas que até agora se têm mantido por entre dúvidas, algumas das quais ainda não totalmente desfeitas.
Da Inglaterra chegou ao fim da noite a informação mais recente: o primeiro-ministro Boris Johnson deu luz verde para o regresso da sempre festejada Premier League no dia 12 de Junho próximo, colocando porém algumas condições, nem todas elas difíceis de alcançar.
O líder do governo britânico exige que as nove jornadas em falta sejam disputadas em apenas um mês, e que haja centralização dos jogos, como aliás acontece em Portugal.
E se é verdade que a primeira premissa não enfrenta grande contestação, já a segunda está a causar alguma perturbação para que tudo avance o mais depressa possível.
Sobretudo os clubes da segunda metade da tabela não estão na disposição de realizar todos os jogos em estádios neutros, dando como razão o facto de essa circunstância acabar por inevitavelmente ferir a verdade desportiva.
Hoje irão decorrer mais negociações na tentativa de ultrapassar as dificuldades que ainda subsistem, mas rejeitando qualquer decisão final que não passe também pelo acordo com os dirigentes e com os jogadores.
Eis um bom exemplo que chega da Inglaterra e que entre nós foi completamente posto de lado, ou seja, ouvir os jogadores, que são peças fundamentais da existência do jogo.
Não estiveram representados na reunião de São Bento, e o seu Sindicato tem sido continuamente dispensado de participar em quaisquer negociações.
No entanto, não faltou gente a erguer a sua voz a condenando as posições assumidas por alguns desses jogadores, do FC Porto, do Sporting e do Marítimo, que se manifestaram discordantes relativamente a vários pontos do parecer da Direcção-Geral da Saúde relacionado com o recomeço da primeira Liga.
Há ainda pela frente três semanas para ajustar todas as peças desta complicada engrenagem.
Será bom que todos se entendam, chegando à conclusão de que mais do que voltar à disputa do campeonato é importante salvaguardar a saúde dos seus principais protagonistas."

E agora, SL Benfica?

"Cancelado o campeonato de Andebol1 e terminada, então, a época, chegou a altura de arrumar a casa e preparar a próxima época. O SL Benfica tem sido um dos clubes mais activos neste sentido e vamos tentar perceber o que o clube da Luz tem andado a fazer.
Começamos por analisar a época que terminou. Esta era, para muitos, a época decisiva para Carlos Resende, já que era a última do seu contrato e que os resultados nas épocas anteriores não estavam a ser positivos. Deste modo, durante o verão passado ocorreram várias mudanças no plantel, saindo jogadores que não conseguiram assumir um lugar na equipa, por várias razões, e que se encontravam a mais no plantel. De destacar a saída de Hugo Figueira (GR), em final de carreira, e de Alexandre Cavalcanti (LE), jovem promessa que partiu para França. As contratações foram interessantes, com destaque para René Toft Hansen (P) e para Petar Djordjic (LE).
Apesar de todas estas mudanças, a época não corria de feição internamente: na entrada para a Fase Final a equipa estava a cinco pontos do primeiro lugar (10 na Fase Regular) e o título era uma miragem; na Taça de Portugal eliminou o ABC nos dezasseis-avos de final e ia defrontar o Passos Manuel nos oitavos. Internacionalmente, a história era outra. O Benfica conseguiu apurar-se para a Fase de Grupos da Taça EHF, superando o RK Dubrava e o RK Nexe na fase de qualificação. E a verdade é que esta participação estava a ser um sucesso. Tendo calhado no grupo com o MT Melsungen (sétimo classificado na Liga Alemã), o Bjerringbro-Silkeborg (quarto classificado da Liga Dinamarquesa) e com o KPR Gwardia Opole (quinto classificado da Liga Polaca), o Benfica estava em primeiro com quatro vitórias em outros tantos jogos e apenas a uma vitória da qualificação para os Quartos de Final da Taça EHF, quando ainda faltavam dois jogos para a Fase de Grupos terminar. 
Este possível sucesso na Europa e a ainda possível conquista da Taça Portugal poderia ter mudado o destino de Carlos Resende, mas a verdade é que há dias foi anunciado que este não continuaria no comando do SL Benfica. Muitos, como eu, achavam que o histórico do Andebol Português iria conseguir voltar a guiar os “encarnados” ao título, mas o projeto falhou completamente, tendo apenas conquistado uma Taça de Portugal e uma Supertaça em três épocas.
A equipa do SL Benfica continua com graves problemas, em comparação, principalmente, com o FC Porto. Começamos, então, pelo posto de treinador, onde muitas notícias apontas que o treinador adjunto da Hungria, Chema Rodríguez, vá ser o eleito para suceder a Carlos Resende. Enquanto jogador, teve uma carreira de sucesso, passando pelo Atlético Valladolid, Ciudade Real e Veszprém, sendo que foi Campeão do Mundo em 2005 com a seleção Espanhola. Em 2017 mudou-se para França para jogar no Saran, clube da Segunda Divisão Francesa, onde se espera que termine a carreira este ano. Apesar da carreira de sucesso, tem pouca experiência enquanto treinador. É uma aposta arriscada, mas que segue a tendência dos rivais em contratar treinadores estrangeiros, o que pode vir a mudar o paradigma para os lados da Luz.
Em termos de saídas, o guarda-redes Borko Ristovski vai voltar ao Vardar, clube que enfrenta graves problemas financeiros. Provável também será a saída dos seguintes jogadores: Davide Carvalho (PD), Fábio Vidrago (PE), Ricardo Pesqueira (P), Nuno Grilo (LE) e Carlos Molina (LE). Os nomes mais sonantes são os de Fábio Vidrago, internacional português, Ricardo Pesqueira, pivôt que fez parte da equipa do ABC campeã com Carlos Resende, e Carlos Molina, especialista defensivo contratado o verão passado. Em relação a contratações, vários nomes têm sido apontados ao Benfica: Lazar Kukic (C) (Ciudad de Logrono), Mahmadou Keita (PE) (Ivry), Matic Suholeznik (P) (Dunkerque), Ole Rahmel (PD) (THW Kiel) e Lovro Jotic (LE) (Eurofarm Pelister).
Estes são os nomes que têm sido avançados pela imprensa, mas Mahmadou Keita e Matic Suholeznik já confirmaram a sua mudança nas redes sociais e pelo seu clube, respectivamente. Estes nomes demonstram que está mesmo a surgir uma mudança de visão e estratégia no SL Benfica e que a aposta agora vai ser para vencer imediatamente. Apesar das contratações estarem a ser “cirúrgicas” e em posições que ficaram desfalcadas com as saídas anunciadas anteriormente, está a surgir uma aposta nos jogadores estrangeiros, o que pode ser decisivo para ombrear com o FC Porto e com o Sporting CP, já que estes conseguiram nos últimos anos garantir os melhores jogadores, quer nacionais, quer internacionais.
O SL Benfica não é Campeão Nacional de Andebol há dez anos e algo tem de mudar, porque o que tem sido feito não tem resultado. Ao que parece, o investimento no FC Porto vai continuar, já que os resultados têm sido excelentes e históricos. Mas é a altura perfeita para tentar igualar ou superar o Sporting CP. Já no ano passado surgiram alguns problemas na construção do plantel dos “leões”, devido à falta de investimento, e no próximo ano tudo indica que Luís Frade rume a Barcelona, coincidindo com o último ano de Tierry Anti à frente do clube.
O clube da Luz está, finalmente, a tentar aproximar-se dos seus principais rivais. A próxima época será uma oportunidade perfeita para diminuir distâncias. Será que Chema Rodriguez, os reforços que tudo indica que vão surgir e, principalmente, a estrutura serão capazes de aproveitar essa oportunidade?"

EUA 4-0 Portugal. Viver o sonho americano, a sentir o meu coração a bater violentamente e a suar por todo o lado

"Poderia escolher inúmeros jogos, sejam eles vividos em frente a um ecrã - o Portugal 1-0 França na final do Euro 2016 - ou vividos na bancada - o Sporting 1-0 Man. City em 2012 -, mas vou escolher um que vivi dentro das quatro linhas a representar a nossa Selecção Nacional.
A 8 de Junho de 2017 entrava em campo pela primeira vez das sete que já levo com a camisola da Selecção Nacional A, depois das 26 vezes pela Selecção Nacional sub-19. Números modestos que me enchem de orgulho, mesmo assim. Dois anos e uns meses depois, no dia 29 de Agosto de 2019, voltava a entrar em campo para representar o nosso país. O que torna esse jogo tão diferente dos outros para o escolher para este relato?
Gosto de palavras, mas temo que tais palavras sejam uma banalidade injusta para tudo o que me encheu o coração nesse 29 de Agosto. Uns dias antes, quando saiu a convocatória para dois jogos de preparação nos Estados Unidos contra a selecção acabada de se sagrar campeã mundial, lembro-me vivamente de sentir tamanha felicidade que o meu peito ameaçava explodir. Ainda em tempo de pré-época nos clubes, no Sporting tínhamos oito jogadoras convocadas e no balneário costumávamos brincar umas com as outras, dizíamos: “Eu não disputo nenhuma bola!”. Ou: “Se me virem com a bola, deixem passar!”. Claro que mal começava o treino ninguém pensava nos Estados Unidos, mas no fundo havia sempre aquele receio de ter o sonho e deixá-lo fugir.
Desde que me lembro de ver jogos da selecção feminina dos Estados Unidos, na Eurosport, que tinha o sonho de um dia poder ver um desses jogos ao vivo e mal sabia eu que a miúda de 12 anos com sonhos iria, 10 anos, depois pisar solo americano para fazer parte da história do futebol feminino em Portugal, e não só. Havia a possibilidade de se bater o recorde de maior assistência num jogo particular de futebol feminino nos Estados Unidos e nós, um país à beira-mar com 11 milhões de pessoas, íamos fazer parte disso.
Antes da história vem o trabalho e ainda tínhamos o treino oficial no dia antes do jogo, a realizar no Lincoln Financial Field, casa dos campeões do Super Bowl de 2018, os Philadelphia Eagles, com capacidade para 69 mil espectadores. Foi o primeiro impacto do que é o desporto na América. Nunca antes tinha pisado um relvado e entrado num estádio com tamanha capacidade como aquele. Tínhamos 60 minutos de treino, mas os primeiros dois foram para olharmos à nossa volta e sentir o quão monstruoso era o estádio, ainda que sem adeptos. Depois, foi treinar com o empenho e a responsabilidade de sempre. Porque, apesar de ser um jogo particular, e para todos os norte-americanos ser um dia de festa onde poderiam ver as suas campeãs e a Taça, para nós seria muito mais que isso e queríamos mostrar o quão valioso e rico é o nosso futebol e, acima de tudo, queríamos preparar-nos para o apuramento.
Então, chegava o dia D, o dia em que íamos elevar o nosso país bem lá no alto novamente. O “prof” deu o mote para o jogo e eu estava tranquila, até que o meu nome aparece no 11 inicial. A partir daí, levantou-se uma barreira invisível à minha volta, o som não passava e eu só conseguia sentir o meu coração a bater violentamente, suava por todo o lado. Todo este processo de choque durou dois segundos, mas pareceram-me horas e horas. À medida que nos íamos aproximando do nosso destino, eram cada vez mais as pessoas na rua com camisolas da sua selecção, os estacionamentos iam-se enchendo e quando viam o nosso autocarro, levantavam-se das suas cadeiras de piquenique e acenavam com entusiasmo, como se fosse por nós que ali estavam. Ao chegar ao estádio, saímos do autocarro com inúmeras câmaras apontadas. Foi intimidante e ao mesmo tempo fez-me sentir super orgulhosa de todo o percurso que me levou àquele momento.
Em todo o balneário se fazia sentir tensão e nervosismo naturais, mas não se sobrepunham à confiança e união reinante. Não faltavam os gestos de incentivo entre o grupo: uma palmada nas costas, um “aconteça o que acontecer, estamos juntas” ou um abanão mais forte a quem precisasse. Cada uma se ia motivando e preparando como sabia. O meu processo é muito simples: meto os meus fones e ouço Mozart enquanto leio quatro ou cinco páginas de um livro. São 10 minutos de paz e serenidade que me levam a um mundo que não é meu, que me afasta de pensamentos e emoções negativas nos instantes que antecedem a entrada para o aquecimento, e por conseguinte, o primeiro contacto com os adeptos no estádio. Centenas de pessoas aplaudiram uma equipa de completas estranhas e no entanto gritavam como se fossemos parte deles. O meu nervosismo ia diminuindo com o tempo. Quando entrei dentro de campo, tudo o resto ficou para trás. O foco não estava na bancada ou no que estava a sentir, mas sim na forma como metia o pé à bola ou como pressionava. Depois do aquecimento, o balneário não tinha qualquer energia negativa, estávamos no nosso meio e é por aquilo que trabalhamos todos os dias. Queremos estádios cheios em Portugal. Queremos aquele ambiente ensurdecedor. Juntámo-nos e agarrámo-nos, demos o grito com toda a alma que tínhamos. Aquela era a hora.
Já no túnel, o barulho era cada vez mais enquanto íamos entrando no relvado… o fogo de artifício explodia por cima de nós no topo do estádio, pessoas gritavam e chamavam pelos seus ídolos e por um segundo, voltei a ter 12 anos e queria gritar com elas. A poucos metros de mim tinha a Carli Lloyd com a taça de campeãs do Mundo na mão. Mas acima de tudo, estava ali para fazer o meu trabalho, mantendo a concentração e o foco.
Durante o hino nacional não esperava emocionar-me tanto mas, no meio das 50 mil pessoas que batiam o tão esperado recorde, havia cachecóis e bandeiras portuguesas e, mesmo que tímido, estava o nosso hino a ser cantado na bancada. Naquele momento, senti tanto orgulho em representar um país tão grande em espírito. Tudo isto ficou gravado e guardado mas esquecido temporariamente durante os 90 minutos da partida. Agarrei-me ao trabalho incansável que fazemos todos os dias e quero acreditar que, apesar do resultado e dos ajustes que havíamos de fazer internamente, deixámos uma boa imagem e sinais muito positivos do que está a ser a evolução do nosso futebol.
Que me perdoem todas as outras memórias maravilhosas que tenho, mas aquele dia fez-me realmente perceber que é assim que quero jogar futebol. É aquele ambiente que quero. A evolução vai-se dando em Portugal. Estamos no bom caminho."

O basquetebol português em versão intermitente

"No último sábado, a Federação Portuguesa de Basquetebol (FPB) deu a conhecer o seu plano para de 2020/2021, partindo do ponto em que se procedeu à suspensão da temporada 2019/2020, suscitando, desde logo, comentários nas redes sociais e diálogos entre as pessoas do basquetebol.
O documento referido como comunicado nº 151, infelizmente só no seu último ponto é que aborda a evolução do impacto do COVID-19 e uma possível interrupção da actividade.
Quantos aos factos eles são os seguintes.
1 – É proposto um torneio de apuramento para a subida de divisão, definindo as equipas elegíveis para a sua participação, nos diversos níveis de competição;
2 – Cada torneio será disputado em moldes a divulgar e dependente do número de equipas inscritas;
3 – O tempo de duração da competição, nunca será superior a dez dias;
4 – A inscrição do clube deverá ocorrer até 30 de Junho de 2020;
5 – As inscrições serão válidas para a época de 2020/2021;

A Liga Placard pode ter 15 equipas?
Na época de 2019/2020 a competição foi disputada por 14 equipas. O comunicado nº 143 dá o Terceira Basket como tendo perdido o direito desportivo e o Imortal ganho o mesmo direito, por via dos respectivos desempenhos na Liga Placard e Proliga, respectivamente, à data da suspensão da competição. Portanto mantinham-se as mesmas 14 equipas.
Com a realização de um torneio onde a FPB estabelece 3 equipas (CD Póvoa, Ginásio Olhanense e Académica de Coimbra), elegíveis para ocupar a última vaga, facilmente se chega à conclusão de que ela pode ser disputada por 15 equipas, o que será no mínimo um número estranho.
Vamos então ter um alargamento ou estará a FPB à espera de uma ou de várias desistências? Uma desistência nunca é um bom sinal para a vitalidade da modalidade e dos clubes, apesar dos tempos extraordinários em que vivemos.
A FPB tem investido muito dinheiro nas transmissões dos jogos em diversos canais da televisão, indo ao encontro da ansiedade dos clubes, mas é tempo de percebermos se essa foi uma boa aposta e se teve resultados dessa estratégia foram positivos.
Quantos novos patrocinadores vieram por via desse investimento? Qual o valor desses patrocínios? Quantas equipas beneficiaram disso? No caso da Liga Placard, coloco muitas reticências quanto à natureza, justiça e operacionalidade da decisão agora tomada. No que diz respeito ao número final de participantes na época de 2020/2021, devia-se ter começado por saber quais os clubes que querem, os que podem e os que têm condições para competir na Liga Placard, tal como referi num outro artigo. 
Porque infelizmente querer não é suficiente. É preciso realmente ter condições de puder disputar a competição, e isso exige capacidade organizacional, sustentabilidade financeira e recursos humanos, quer ao nível de jogadores portugueses quer ao nível de jogadores estrangeiros. Neste aspecto, é preciso relembrar que o tempo médio de jogo por equipa dos jogadores Portugueses na primeira volta da época agora terminada foi de 36%, o que torna a nossa competição demasiado dependente da contratação de jogadores estrangeiros.
Desta forma, interrogo-me se será viável e se é possível trazer cinco jogadores estrangeiros por equipa? Como todos sabemos as fronteiras estão encerradas, a EU aconselhou as pessoas a não fazerem voos intercontinentais, pelo que a eventual necessidade de os jogadores que chegam terem de fazer o período de quarentena pode ser uma realidade, levantando outro tipo de problemas para os quais os clubes e a FPB terão de encontrar respostas à medida.
Quanto aos outros níveis de competição se todas as equipas se inscreverem, coloca-se sérias dúvidas se o torneio pode ser disputado em dez dias. Sete equipas para uma vaga na Liga Feminina é algo difícil de concretizar. Doze equipas para duas vagas para o Campeonato nacional da 1ª divisão masculina, são só alguns dos exemplos.
Mas será justo um jogador disputar este torneio prévio e depois se a sua equipa não subir ficar sem possibilidades de sair para o nível que o atleta pretende realmente jogar? A janela de transferências é entre 15 a 31 de dezembro, desde haja acordo entre clubes. Será que um torneio de qualificação em Setembro é viável? Será justo em termos de verdade desportiva? E será seguro? Seguro por certo que não será.
Todos os especialistas do mundo dizem que a segurança só vai chegar quando houver uma vacina ou imunidade. Em Setembro por certo nenhuma destas situações se vai verificar. Assim pergunto qual o protocolo* que a FPB vai usar para levar a efeito tais torneios? Qual a sua responsabilidade se algo acontecer de prejudicial á saúde dos intervenientes? E dos clubes? Será que os jogadores estarão disponíveis para correr esse risco? E os juízes? Que luz o basquetebol nos mostra ao fundo do túnel? 

*Protocolo da Direção Geral de Saúde para o arranque do campeonato de futebol: A FPF, a Liga Portugal, os clubes participantes na Liga NOS e os atletas assumem, em todas as fases das competições e treinos, o risco existente de infecção por SARS-CoV-2 e de COVID-19, bem como a responsabilidade de todas as eventuais consequências clínicas da doença e do risco para a Saúde Pública."

Jogadores que Admiro #121 – Andreas Samaris

"Andreas Samaris é um jogador à SL Benfica. Chegou à Luz em 2014, proveniente do Olympiacos FC, por uma verba a rondar os dez milhões de euros e depressa se tornou numa figura importante no universo encarnado.
Em apenas seis meses tornou-se num dos jogadores mais queridos pelos adeptos, ao demonstrar uma enorme capacidade para aprender a língua de Camões, assim como uma grande vontade de mergulhar na cultura deste nosso pequeno país à beira mar plantado. E se fora de campo ia ganhando pontos junto dos benfiquistas, dentro de campo as coisas corriam-lhe igualmente bem.
Na sua época de estreia em Portugal somou 37 jogos ao serviço das “águias”, assumindo-se como o patrão do meio campo do SL Benfica bicampeão de Jorge Jesus.
No entanto, a situação do grego iria mudar drasticamente nas épocas seguintes. Com a entrada de Rui Vitória, o internacional helénico perdeu espaço no plano de jogo dos encarnados, sendo relegado para um papel secundário. Durante as três épocas e meia de Rui Vitória ao serviço do SL Benfica, Andreas somou apenas 5794 minutos de competição.
Apesar de não ser uma aposta regular para o técnico ribatejano, Samaris nunca perdeu o empenho e a sua atitude foi sempre elogiada pelos restantes colegas de equipa, tornando-se numa referência quer para os colegas, quer para os adeptos. Com a entrada de Bruno Lage na equipa, o grego ganhou um novo fôlego e, aos poucos, foi conquistando um lugar no onze encarnado, tendo sido uma peça fundamental para a conquista do 37º campeonato nacional, na temporada passada.
Na presente época, e após desperdiçar uma vantagem de sete pontos para o FC Porto, o grego voltou a mostrar a sua importância no núcleo das “águias”. Depois de não ser utilizado com regularidade na primeira metade da temporada, Bruno Lage chamou Samaris para as últimas partidas, numa tentativa de estabilizar o sector intermediário da equipa.
Apesar de não envergar a braçadeira de capitão, Andreas Samaris é uma das principais vozes de comando do SL Benfica. Numa altura em que o campeonato vai recomeçar, após dois meses de interrupção, devido à pandemia de COVID-19, a liderança do internacional helvético poderá ser fulcral para que as “águias” alcancem o 38º campeonato nacional e, porventura, a 27ª Taça de Portugal da sua história."

A morte antecipada da centralização dos direitos de TV

"A centralização dos direitos de televisão seria a solução adequada e salvadora para tornar o futebol português mais equilibrado e competitivo? Na competição interna, talvez. Na performance internacional dos principais players, muito pelo contrário.
É verdade que as receitas dos clubes mais pequenos tenderiam a sair reforçadas. Mas, em sentido contrário, ninguém consegue garantir que os ganhos dos clubes grandes que os ganhos dos clubes grandes - pelo menos do Benfica -viriam a aumentar. Nem sequer a manter-se.
O nosso mercado é limitado e assenta em três players principais que facturam perto de 80% do negócio. Se cada um dos grandes repartisse parte dessa riqueza própria, que resulta da sua dimensão social e económica, ou no coração e razão de sócios, accionistas, clientes e adeptos, perderia robustez financeira e dimensão comparativa internacional.
Os clubes grandes têm três fortes principais de receita: prémios da UEFA, direitos de TV e transacções de passes de atletas. Se não tiverem uma conjugação regular e positiva dessas fontes, perdem fulgor externo. Veja-se o caso do Sporting.
Por isso, o número de presenças do clubes portugueses na Champions, em cada ano, é crucial. Benfica e FC Porto conseguiram destacar-se dos restantes competidores, porque a sua dimensão e a capacidade competitiva internas lhes permitiram conquistar essas presenças regulares.
Se os participantes habituais na Champions (por vezes, único) dessem lugar a uma rotação resultante do upgrade interno da competição, a partilha rotativa dos prémios da Champions teria um impacto negativo na expressão externa das nossas maiores equipas.
O reforço da competição a nível interno seria sempre bem recebido - não há nenhuma contradição - desde que a valorização de uns não fosse feita à custa da desvalorização de outros.
É verdade que Portugal tem conseguido razoáveis presenças europeias ao nível de clubes, porque os prémios da UEFA, como factor diferenciador, tem sido conquistados pelos vencedores do costume, Benfica e FC Porto.
A questão central é que o nosso futebol teria uma enorme dificuldade para gerir, em simultâneo, uma mínima presença na Champions e uma elevada taxa de rotatividade dos campeões.
Por isso, a fragilização a nível europeu dos clubes portugueses mais competitivos em favor de um maior equilíbrio a nível nacional seria um erro difícil de emendar.
E sem uma certeza - contratualizada e quantificada - de um reforço das receitas via centralização, o Benfica nunca poderia deixar castrar o seu potencial e abdicar da sua legítima ambição europeia. Os sócios do clube e os accionistas da SAD nunca o aceitariam.
Em nenhuma circunstância os players dominadores de mercado têm obrigação de partilhar riqueza própria para reforçar e equilibrar quer concorrentes, quer a competição em que participam. Por isso, nunca poderiam renunciar e perder capacidade de competir internacionalmente.
Quanto mais o Benfica se envolvesse nas dinâmicas e na procura de equilíbrios na competição interna, partilhando recursos que são seus, mais se desvalorizaria e perderia capacidades na frente externa. Ou seja, o Benfica nunca poderia permitir que o reforço de competitividade interna fosse feito à sua custa.

Poderá dizer-se também que a centralização dos direitos de TV permitiria que o produto 'Liga Portuguesa' fosse vendido em pacote, com marca própria. É uma falácia!
Nem nos mercados de língua portuguesa a nossa liga tem potencial como marca-umbrella. Tal como não têm expressão comercial as ligas neerlandesa, belga, polaca ou grega. Não conseguem vender para lá de Ajax, PSV, Anderlecht ou Olympiakos. As pequenas ligas conseguem vender apenas os seus maiores clubes. As ligas inglesa, espanhola ou italiana geram equívocos quando servem de exemplo.

Sejamos realistas, no mercado internacional do futebol vende-se muito melhor isoladamente a marca Benfica, talvez o FC Porto, e cada vez menos o Sporting, do que uma marca nacional agregadora. Os defensores da centralização sabem-no muito bem.
Se a Liga Portuguesa construísse uma marca central única e tentasse comercializá-la nos mercados externos, o seu valor económico e a comunicação comercial estariam sempre assentes no Benfica, um pouco no FC Porto e talvez no Sporting. O Benfica nunca poderia participar nesse projecto 'benfiquitizado', pintado de bordeuax e verde.
É exactamente pelo facto de dois clubes, ou no máximo três, captarem historicamente as presenças na Champions que o futebol português consegue alguma notoriedade internacional ao nível de clubes.
As notícias sobre a morte do desejo de centralização dos direitos de TV não são nada exageradas.
Não minimizemos também que desde 2016 existe um acordo entre operadores de telecomunicações que obriga à partilha dos conteúdos desportivos , e dos respectivos custos, em função do número de subscritores.
Assim, nunca mais existirá concorrência. E, por isso, em futuras renovações de direitos de TV, os preços tenderão a baixar. O produto virou uma commodity.
A Liga nunca conseguiu desmontar esse acordo. Nem a FPF, nem a AdC, nem sequer o Governo. Assim, ninguém pode garantir que a receita global vai crescer. A única coisa que se pode garantir - isso, sim - é que o bolo será muito menor. E aí os grandes serão os principais prejudicados.
Ponto final na ambição de centralização dos direitos de TV. Cada um veste as suas calças."

Horácio Periquito, in O Benfica