segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Bruno Guimarães


"Poderá estar a chegar ao Benfica um dos médios de maior potencial de toda a América do Sul.
Aos vinte e dois anos, Bruno Guimarães é já um jogador de enorme rendimento. A qualidade técnica que se associa a forma como antecipa e vê tudo o que se passa ao seu redor fazem de Bruno um jogador distinto.
Características ofensivas de um clássico dez, num médio centro que parte de espaços mais recuados – E se é de trás que se começa a definir o ataque, Bruno é o tipo de jogador que traz fluidez ofensiva a toda uma equipa pela forma como alimenta o último terço.
Sem bola é agressivo e também sabe correr para recuperar, daí também o imenso sucesso na posição de médio centro no duplo pivot do Paranaense.
Percentagem de passe elevadíssima, quase ausência de erros técnicos e boas decisões, ter Bruno é dar passos para se contruir uma equipa com identidade dominadora.
As equipas não são apenas ofensivas ou defensivas porque os treinadores querem ou não querem, mas muito pelo que os seus jogadores são capazes de fazer, e com Weigl e Bruno em simultâneo o Benfica ganhará condições para produzir o futebol que em tempos lhe foi exigido sem ter recursos para tal."

Cadomblé do Vata (Alvalade...!!!)

"Mesmo considerando que estou a uns valentes 19 pontos de ser minimamente credível a matemática, fiz umas contas por alto e descobri que desde que iniciei a minha carreira de adepto do Glorioso, já festejei 15 vitórias do Benfica em Alvalade. Vi "comédia da boa" com o Beto a fazer um Celestino, vi daquelas caídas do céu como a "do" Sabry, sofrimentos sem necessidade quando Geovanni lá de longe, esfrangalhou uma equipa do Fernando Santos (que culminou em invasão de campo das sempre legais e bem comportadas claques lagartas), lembro-me de uma alegre digressão dos recém campeões em 1989, goleadas de prazer nos 4 do Souness e da temporada passada e tenho sempre presente no coração o Monumento em Alvalade de 1994.
Destro de uma lista tão diversa e gulosa, nunca contudo tive, como na sexta feira, aquela sensação que vou chamar de "Bayern de Munique a disputar a 1ª jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões na Luz": entrei para o jogo com receio histórico do derby, como nessa tarde bem expliquei a um salvador Lagarto (eternamente agradecido Zé), mas não precisei de mais de 45 minutos para me certificar que aquela gente nunca nos poderia ferir mortalmente. No máximo encarava a ténue hipótese de ser arranhado, mas sempre consciente que os "lerpavamos" logo que nos apetecesse. O primeiro tempo foi de tal forma revelador, que até os nossos jogadores se confundiram com tanta facilidade encontrada e a segunda parte apenas serviu para confirmar que nem com o Doumbia no lugar do Weigl saíamos dali sem os três pontos, deixando o adversário com uma errónea ideia de ter equilibrado a contenda, talvez apoiado na estatística da SportTV que ao intervalo obrigou o comentador de serviço a ler com embaraço "o Benfica teve... 1.... herrr... oportunidade...".
A história vai registar um dois a seco, mas quem viu sabe que há mais do que dois golos entre ambos os conjuntos, não sendo sequer necessário pegar na subjectividade da qualidade de jogo de cada um, nem lembrar que Odysseas está em Portugal há um ano e meio e já venceu mais Ligas Portuguesas do que todo o plantel sportinguista junto. Basta pegar na cábula das substituições: quando Bruno Lage quis acabar com o recreio verde e branco, lançou um internacional português, campeão europeu e da Liga das Nações, um internacional Suíço, melhor marcador da ultima Liga Portuguesa e um marroquino com pés de ouro e cabeça de batata destilada. Para conter o ímpeto vermelho e branco Silas agarrou-se ao Messi do Equador que joga nos Sub 23, ao Ibrahimovic de Alcochete craque dos Sub 23 e a Borja, que na selecção colombiana é um dos laterais esquerdos de Carlos Queiróz, com toda a carga histórica que tal condição acarreta a um derby."

Mais um para o 'poker' de ases da FPF

"Poucas pessoas, em todo o mundo, terão tanto conhecimento, multidisplinar, do fenómeno do futebol como José Couceiro

José Couceiro, 57 anos, vai integrar a Direcção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), mantendo funções como director técnico nacional. Esta é uma boa notícia para o futebol português, porque traduz o rumo certo em que este está a ser conduzido a partir da Cidade do Futebol. A maior demanda de qualquer empresa que queira afirma-se no contexto competitivo da terceira década do século XXI passa pela conquista dos mais capazes recursos humanos, pessoas com conhecimento e visão, que possam liderar projectos que rompam as baias da vulgaridade.
José Couceiro possui uma panóplia de saberes incomparáveis no âmbito nacional e de difícil superação na cena internacional. Num universo que muitas vezes privilegia valores menores, feitos de processos de aviário, que inevitavelmente conduzem ao fiasco anunciado, José Couceiro é the real thing: foi jogador profissional de futebol, presidiu ao Sindicato dos Jogadores, teve experiências como administrador e director-geral um vários clubes, foi treinador de sucesso e seleccionador nacional, candidatou-se à presidência do Sporting e teve colaborações com a comunicação social, de que destaco, pela enorme gratificado que sentimos, o período que passou como comentador-residente da Quinta da Bola, n'A Bola TV.
Quem pode dizer, pelo menos em Portugal (mas, mesmo lá fora, não vejo quem...), que possui um conhecimento tão vasto e pluridisciplinar, deste fenómeno complexo que muitos dizem perceber, mas que tão poucos, realmente, entendem na sua plenitude?
Em Couceiro, há a excelência que só os medíocres, por insegurança, podem recusar, há um cúmulo de saberes, teóricos e práticos, que só podem acrescentar às inúmeras mais-valias que jogam na equipa de Fernando Gomes.
Associar o crescimento multilateral da FPF apenas à conjuntura favorável que a Selecção Nacional A, é confundir a estrada da Beira com a beira da estrada, a obra prima do Mestre com a prima do mestre de obras. Na evolução exponencial da FPF de Fernando Gomes, sem que possa passar-se ao lado do nome de Tiago Craveiro, há uma visão apurada dos caminhos do futuro e uma segurança e uma serenidade que têm permitido juntar, sem medos ou complexos, recursos humanos de enorme valia, de que José Couceiro é apenas o exemplo mais recente.

Ás
Rúben Amorim
Três vitórias em três jogos - com um arraso ao B-SAD e um triunfo no Dragão - revelam, por um lado, um treinador com elevado potencial; porém, por outro, não podemos esquecer o faz de conta em que vivemos, em que é preciso certificação para treinar, mas é possível treinar sem certificação. Fecha-se a porta, abre-se a janela...

Ás
Rafa
Foi um cometa que iluminou, em tons de vermelho, a noite de Avalade. E restarão poucas dúvidas de que, no regime de mobilidade atacante imposto por Bruno Lage, Rafa é o melhor intérprete para jogar entre linhas, metendo velocidade nas acções, acompanhada por uma precisão cirúrgica, que tem desenvolvido.

Ás
Gonçalo M. Tavares
Sublime, o texto de Gonçalo M. Tavares ontem publicado em A Bola. E que privilégio é ter, nestas páginas, pinceladas geniais do autor que ainda há uma semana o Expresso apontou como um dos previsíveis expoentes da próxima década. Quem só sabe de futebol, nem de futebol sabe. E não é que Gonçalo também jogou futebol?

Os amigos da onça do 'hacker' Rui Pinto
«Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol - 'Hacked by Cyber Team'. PS: possuímos acesso a todas as federações portuguesas»
Cyber Team, em apelo a Rui Pinto
Numa alegada operação de apoio ao hacker Rui Pinto, acusado de mais de nove dezenas de crimes, a organização Cyber Team, numa acção de intimidade, entrou no site APAF e declarou ter acesso a todas as restantes federações desportivas portuguesas. Para, por medo, o sistema judicial recuar em relação a Rui Pinto? Quem fez isto é seu amigo? Amigos assim, só da onça...

O espírito livre de André Villas Boas
O treinador português, a realizar obra de autor no limitado plantel do Marselha, fez um aviso solene à administração, lembrando que não está na vida para se curvar seja perante quem for. Quando se contrata um espírito livre (e economicamente independente) há riscos que são inerentes...

As tochas da vergonha
A tentativa de intimidação interna, canhestramente protagonizada pelos elementos das claques suspensas do Sporting, que fizeram chover dezenas de tochas e quejandos sobre a baliza de Luís Maximiano, após o reinício do dérbi, só deu força à tese que defende que o caminho para a erradicação do hooliganismo deve ser feito através da responsabilização individual e subsequente expulsão dos estádios. E nem é preciso inventar a pólvora para chegar a esta conclusão. Basta ver o que foi feito no tempo da senhora Thatcher."

José Manuel Delgado, in A Bola

Notícia falsa da CMTV

"A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD informa que é totalmente falsa a notícia divulgada pela CMTV de que existe uma negociação em curso com o Sporting Clube de Braga com vista à contratação do jogador Trincão por uma verba de 30 milhões de euros.
Mais, é falso que tenha existido ou exista qualquer conversa entre os Presidentes dos dois clubes sobre essa hipotética contratação, não deixando o Sport Lisboa e Benfica de lamentar as reiteradas notícias falsas do referido órgão de Comunicação Social sobre alegadas conversas, negociações e valores sem qualquer correspondência com a realidade."

Terá o Benfica deixado os adversários feitos num 38?

"O Benfica está muito bem encaminhado para conquistar o 38.º título de campeão nacional de futebol, e sexto em sete anos, após uma primeira volta quase perfeita, concluída sete pontos à frente do FC Porto. Num campeonato do qual cedo ‘desistiram’ Sporting (quarto, a 19 pontos) e Sporting de Braga (quinto, a 21), que tem no regressado Famalicão (terceiro, a 17) a grande sensação e no VAR uma constante fonte de controvérsias, os comandados de Bruno Lage ganharam 16 jogos e só perderam um

O desaire aconteceu precisamente face aos ‘azuis e brancos’, por 2-0, na Luz, mas essa foi, logo à terceira jornada, a excepção, num percurso pautado por vitórias em todos os jogos fora, incluído Alvalade (2-0), Braga (4-0) e Guimarães (1-0).
As ‘águias’, que na época passada recuperaram precisamente de sete pontos de atraso (à 15.ª ronda), sabem que nada está definido, mas também que possuem importante margem de erro e que, com Lage, em 36 jogos no campeonato, venceram 34 – mais um empate e um desaire -, para um total de 103 pontos, em 108 possíveis.

A Fórmula Perfeita
O balanço é, para já, imensamente positivo, também porque a equipa ‘encarnada’ soube ganhar jogando menos bem, ou mesmo mal, já que Bruno Lage demorou a descobrir a melhor fórmula para suprir a saída ‘milionária’ de João Félix.
Depois de muitas experiências, nomeadamente com Raúl de Tomás, que não mostrou credenciais e já saiu, o Benfica afirmou-se com Chiquinho nas costas de Vinícius, já com 11 golos, e um meio campo mais criativo, com Gabriel e Taarabt – e agora ainda chegou Weigl.
O médio Pizzi, surpreendente líder dos marcadores, com 12 tentos, foi a grande figura da primeira volta, num conjunto que ostenta o melhor ataque (42 golos marcados) e também a melhor defesa (seis sofridos), muito por culpa da consistência do guarda-redes Vlachodimos e do central Rúben Dias.
O lateral esquerdo espanhol Grimaldo também merece nota muito alta, tal como, à sua frente, o argentino Cervi, que parecia não contar e, aproveitando a lesão de Rafa, já de volta e em ‘grande’, passou a quase insubstituível e a ‘herói’ da Luz, pelo que luta.

Um adversário 'Sem Combustível'
Se ao Benfica tudo correu ‘sobre rodas’, excepto o jogo com o FC Porto, pelo contrário, os ‘dragões’ viveram precisamente o contrário, ou quase, pois só na Luz os comandados de Sérgio Conceição mostraram, verdadeiramente, credenciais.
O sucesso na Luz, que então permitiu ao FC Porto igualar os ‘encarnados’ e ‘anular’ o desaire a abrir em Barcelos, não teve, porém, sequência, com o FC Porto a nunca encantar a nível exibicional, a viver problemas extra relvado, e a perder mais sete pontos, para um total de 10.
Zé Luís entrou à ‘matador’, com seis golos nas primeiras seis rondas, mas depois ‘desapareceu’, num conjunto que teve no Dragão a sua fortaleza, até à 17.ª ronda, na qual sofreu os primeiros golos e o primeiro desaire, com o Sporting de Braga.
Ainda assim, e mesmo com a maior distância para o primeiro à ronda 17 na ‘era’ três pontos, o FC Porto é o único que ainda pode sonhar em ‘roubar’ o título ao Benfica, mas terá de ser praticamente perfeito na segunda volta e isso pode não chegar.

'Fora de Órbita'
De fora das contas do título, que lhe foge desde 2001/02, está o Sporting, que já ‘desbaratou’ 22 pontos, incluindo seis derrotas, num trajecto que começou com o holandês Marcel Keizer e passou pelas ‘mãos’ de Leonel Pontes na transição para Silas.
A classe de Bruno Fernandes, num constante “sai, fica, ou talvez não”, foi insuficiente para ‘tapar’ as grandes deficiências do colectivo, num clube em permanente sobressalto, a viver guerra sem tréguas entre presidente e claques.
O Sporting, que só uma vez ganhou três jogos seguidos, não foi sequer capaz de fechar a primeira volta no pódio, ficando atrás de um sensacional Famalicão, que, no regresso à I Liga, 25 anos depois, apostou forte e está no terceiro lugar.
A formação comandada por João Pedro Sousa, na qual tem sobressaído a classe de Fábio Martins e os golos de Anderson e Toni Martínez, continua a só ‘querer’ a manutenção, mas, secretamente, sonhará com a Europa.
O objectivo parece, porém, difícil de concretizar, pelo Sporting, mas também pelos minhotos Sporting de Braga e Vitória de Guimarães, que seguem apenas a quatro e seis pontos, respectivamente, do conjunto de Vila Nova de Famalicão.
Os ‘arsenalistas’, em ‘grande’ na Liga Europa, começaram muito mal o campeonato e só despertaram no final, com três vitórias em três jogos com Rúben Amorim, incluindo um 7-1 no Jamor e um 2-1 no Dragão, enquanto os vimaranenses, também em bom plano ‘lá fora’, têm vindo a melhorar, sob o comando de Ivo Vieira.
O Rio Ave, de Carlos Carvalhal, também fez uma boa primeira volta, está ‘colado’ ao Vitória e não pode ser descartado da luta, enquanto o restante contingente estará, sobretudo, preocupado em afastar-se dos dois últimos lugares, de despromoção.
Com uma boa parte final, com o espanhol Júlio Velázquez, e apesar ter jogado ‘doente’ com o Sporting, o Vitória de Setúbal já ganhou alguma margem, tal como o Gil Vicente, do ‘mago das subidas’ Vítor Oliveira.
Na parte inferior da tabela, Tondela, Boavista, Marítimo, Moreirense, Santa Clara, Paços de Ferreira, Belenenses SAD e Portimonense têm muito que ‘penar’, enquanto o Desportivo das Aves ‘vira’ com seis pontos de atraso."

A bola a meio da ponte

"Ninguém pode arriscar certezas absolutas sobre o que pode suceder na segunda metade do campeonato, até porque o passado recente já avisou para que se evitem prognósticos peremptórios. Ainda assim, o fecho da primeira volta da Liga portuguesa deixa várias indicações importantes. Estamos a meio da travessia da ponte, é certo, mas já dá para ver o que aí pode vir.
Sendo que, no que respeita ao mais relevante, confirmou aquilo que se percebera muito cedo : só há dois candidatos ao título.
Benfica - Uma primeira volta implacável, com um recorde de 48 pontos. Uma única derrota - ironicamente, na Luz frente ao FC Porto - e 16 triunfos. Nem sempre brilhou, mas demonstrou um grau de eficácia acima da média (42 golos) e uma consistência defensiva (só seis golos sofridos) que não têm paralelo com a concorrência, confirmando-se como o plantel mais forte e com mais alternativas da Liga, mas que, apesar disto, continua a reforçar-se. Está destacado na "pole position" para a segunda metade da prova e só depende de si próprio para ser campeão. A missão de Bruno Lage é não permitir que Sérgio Conceição lhe faça o que ele fez ao técnico portista na época passada. 
FC Porto - Não pensaria chegar aqui com sete pontos de atraso para as águias, principalmente depois da vitória na Luz, o ponto alto dos dragões na primeira volta. O problema é que o ponto mais baixo registou-se na última jornada, com um autêntico "suicídio desportivo" perante o Braga. Falhar dois penáltis é daquelas coisas que um grande não pode fazer em qualquer circunstância. Conclusão : se esta diferença se mantiver até ao FC Porto - Benfica, só a vitória nesse jogo serve os dragões. Qualquer outro desfecho significa o adeus ao título.
Sporting - Uma verdadeira via sacra, consequência de um plantel mal construído, mudanças de treinador e uma convulsão interna no clube que parece nunca mais acabar. É quarto classificado, atrás de Benfica e FC Porto - o que não espanta - mas também do Famalicão. E apenas com dois pontos de vantagem sobre o Braga. Mesmo trabalhando sobre um cenário negro, esperava-se um registo melhor. Resta-lhe tentar recuperar o terceiro lugar e, à margem do campeonato, jogar uma derradeira cartada na Taça da Liga, único título ainda possível nesta temporada.
Famalicão - O grande destaque logo a seguir aos grandes, precisamente porque com metade do campeonato já realizado está no meio deles : é terceiro. Mesmo a 17 pontos do líder e a dez do segundo, mas à frente dos outros 15(!) clubes. Impensável quando tudo isto começou, mas justíssimo por aquilo que tem feito. É um projecto muito profissional, longe de aventureirismos que marcaram outros clubes. João Pedro Sousa e os seus jogadores sabem muito bem o que fazem e a estrutura que os suporta também. Não por acaso estão igualmente nas meias finais da Taça de Portugal. E é um clube com adeptos, o que faz toda a diferença para outros com uma base social de apoio quase inexistente.
Europa - Entre os habituais clientes dos lugares para a UEFA, o Braga é o que acaba melhor colocado. Brilhante na Liga Europa, titubeante no campeonato, começou a recuperar e a avançar para uma posição que faz mais sentido com a sua qualidade. Se assim continuar, pode ser uma referência importante na segunda volta. Mas o mesmo poderá dizer-se do Vitória de Guimarães que é outra das equipas que melhor futebol tem apresentado, o que só ajuda a reforçar a ideia de que quem joga bem está mais perto de atingir os objectivos. Já agora, neste lote de possíveis candidatos a um lugar europeu, convém não excluir o Rio Ave. A ver vamos.
Permanência - Dois lutam pelo título, cinco lutam pela Europa e do oitavo lugar para baixo temos uma espécie de segundo campeonato dentro do campeonato. Entre o Gil Vicente e o primeiro acima da linha de água (Belenenses SAD) há sete pontos de diferença. E o penúltimo (Portimonense) está apenas a um dos azuis do Jamor. Na prática, mais de metade das equipas da tabela luta pelo pontinho que lhes garanta a sobrevivência. É uma outra maneira de ler a tão falada "competitividade" da nossa Liga.
VAR - Antes de aparecer era apontado como a "salvação" da verdade desportiva. Hoje, é um verdadeiro saco de boxe atingido por praticamente todos os clubes. Interessa-lhes pouco que 90 e tal por cento dos erros grosseiros tenham desaparecido, porque o problema está na restante percentagem que, de facto, regista asneiras incompreensíveis. O protocolo tem vários equívocos, mas a incapacidade evidente de alguns videoárbitros ainda ajuda mais a enterrar aquela que poderia ser uma boa ajuda. Mas voltarei ao assunto oportunamente, porque este tema não se despacha em meia dúzia de linhas.
Violência - O mais grave de tudo. Esta primeira volta encerra com mais uma chuva de tochas para o relvado e com mais um jogo obrigado a interrupção. Enquanto o poder político e os clubes - sim, tem de haver uma ação concertada - não agirem em conformidade vedando a entrada desta gente nos estádios de futebol, nada vai mudar. Aliás, a tendência é para piorar, porque os autores de tais barbaridades já perceberam que o campo de manobra de que dispõem até é maior do que eles próprios julgavam."

Mesa-redonda: a comunicação no futebol profissional

"Enquanto fenómeno social, o desporto impregna a vida quotidiana dos homens e das mulheres do século XXI. Divertimento aristocrático na origem, a prática desportiva conheceu, desde o século XIX, um crescimento prodigioso e continua a ser um dos fenómenos sociais mais marcantes da nossa época. A sua prática democratizou-se amplamente e envolve quase todos os indivíduos. O desporto é um tema importante nos meios de comunicação social e o espectáculo desportivo explica, em grande parte, o interesse que tem como um fato social. No âmbito da ReLeCo (comunidade de aprendizagem e de investigação) “Educação Desportiva, Corpo e Ética”, integrada no CeiED/ULHT, vamos organizar uma Mesa-Redonda, subordinada ao tema “Comunicação no Futebol Profissional”, no dia 10 de Fevereiro de 2020, pelas 17h30, no CeiED/ULHT, Edifício U, Sala U.0.8 (Avenida do Campo Grande). O Professor Doutor Manuel Antunes da Cunha, da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa – Braga, é o orador convidado, e a moderação estará a cargo do Professor Doutor Fernando Borges, do Instituto Jurídico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. A entrada é livre, mediante inscrição para vitor.rosa@ulusofona.pt. Contamos consigo neste evento."

Todos pelo Benfica

"“Um por todos, todos pelo Benfica”. Foi este o grito dado pela nossa equipa no balneário decorado com as nossas cores, em Alvalade, minutos antes do dérbi ter tido início.
Uma palavra de ordem, decalcada da divisa no nosso emblema, que encontrou eco no relvado, fruto da determinação, rigor tático, intensidade e competência dos nossos jogadores; no banco, cuja orientação da equipa foi sempre de encontro ao que o jogo pediu; e nas bancadas, onde estiveram presentes cerca de três mil benfiquistas a apoiarem incessante e entusiasticamente a equipa.
O 0-2 final reflectiu na perfeição o que se passou em campo e, mais importante do que isso, resultou na conquista de mais três pontos na caminhada que se deseja rumo ao 38. A derrota caseira do FC Porto não influiu em nada o desempenho da nossa equipa, pois esta sabe que, independentemente do que façam os seus adversários, é-lhe sempre exigida a vitória. Por todos os benfiquistas e também por ela própria, pois é para somar triunfos e conquistar títulos que trabalha empenhadamente desde o primeiro treino da temporada.
Agora que chegámos ao final da primeira volta, constatamos que temos uma vantagem de sete pontos sobre o segundo classificado. O percurso realizado, com 16 triunfos em 17 jornadas, tem sido extraordinário. Porém, de pouco valerá se, no final da temporada, não pudermos celebrar a conquista de mais um Campeonato.
Esta é uma regra básica das competições desportivas: os títulos ganham-se no fim. E nem sequer é necessário recuarmos a um passado longínquo para encontrarmos um exemplo que confirme a regra. 
Ainda há um ano estávamos a sete pontos de distância do líder e a ter de o visitar no seu campo. Passados uns meses, fomos Campeões, mesmo apesar de termos cedido dois pontos num empate na Luz. Ou seja, fizemos mais nove pontos que o nosso rival na luta pelo título, contrariando a assertividade com que grande parte dos analistas já sentenciavam o desfecho do Campeonato. 
Portanto, mais do que valorizar as tais 16 vitórias na primeira volta, importa realçar que faltam ainda 15 para que possamos festejar o Bicampeonato. Conforme afirmou o presidente Luís Filipe Vieira no rescaldo do jogo em Alvalade, “Não pensem que isto são favas contadas... Nada está ganho! Queremos ser Campeões, e para o sermos temos de continuar a fazer este caminho, jogo a jogo, treino a treino e, no final, fazemos as contas. É este o espírito de todos nós”."

Quando duas equipas jogam um dérbi em casa, de pijama e pantufas

"Um dérbi a uma sexta-feira à noite é o ideal para os adeptos da equipa derrotada. O fim de semana serve de amortecedor para a frustração e na segunda-feira regressa-se ao trabalho como se o jogo tivesse sido disputado há cem anos. Quem ganha também perde a motivação, diluída no tédio da vida familiar, para fazer pouco do rival. Quarenta e oito horas chegam e sobram para nivelar a euforia e a depressão. Na segunda-feira de manhã depois de um dérbi à sexta-feira todos parecemos mais derrotados do que o habitual, mesmo aqueles que ganharam.
O problema é que este ambiente geral de desinteresse já se sentia antes do jogo. As televisões bem que falavam em “lotação esgotada”, na tentativa de criar um clima de expectativa e nervosismo, mas as primeiras imagens do estádio mostravam as cadeiras vazias de Alvalade na sua colorida tristeza. A diferença pontual para o Benfica, a qualidade de jogo da equipa e as tensões entre claques, adeptos comuns e direcção transformaram o estádio do Sporting numa espécie de mausoléu de uma ideia centenária. O estádio que outrora pegava fogo nestas ocasiões agora só fumegava, como um território calcinado após um violento incêndio.
Os adeptos do Benfica faziam-se ouvir, mas também eles sentiam falta de um rival assanhado, incómodo, que emprestasse àquele cantinho vermelho a aura de resistência sem a qual a bancada não se distingue do sofá. Ir a Alvalade apoiar o Benfica requeria disponibilidade física, coragem, uma certa dose de loucura. Agora só é preciso um bilhete e a disciplina militar mínima para marchar dois quilómetros sob orientação policial. Se as coisas não mudarem, estou em crer que, daqui a dois anos, em vez de excitadíssimos elementos das claques o Benfica enviará para as bancadas do eterno rival um batalhão de Águias de Ouro e um ou outro nonagenário dos que ainda se emocionam com a recordação dos feitos de um Cavém, de um Rogério Pipi, de um Espírito Santo.
O pior é que o jogo conseguiu ser mais descolorido, descafeinado e desvitalizado do que o ambiente nas bancadas. Não foi um jogo de solteiros contra casados, mas de viúvos contra viúvos. Em vez de tochas, as claques leoninas deviam ter atirado fumos negros e coroas de flores para o relvado. Ao intervalo, os jogadores deviam ter saído para os balneários ao som da marcha fúnebre de Chopin. Um espectáculo tão pobre não merecia transmissão televisiva, merecia o RSI, senhas do Banco Alimentar. Porém, devido às inúmeras paragens ainda tivemos direito a dez excruciantes minutos (ironicamente designados de compensação) que, da perspectiva do adepto benfiquista, só o golo de Rafa tornou mais suportáveis.
No meio de tanta pobreza, espantam-me as críticas ao treinador do Sporting. Para mim, Silas é um génio. Um treinador que põe uma equipa com Illori, Doumbia, Bolasie e Luiz Phellype a discutir o jogo e, em certos momentos, a dominar o adversário, está ao nível de um Rinus Michels. Já Bruno Lage comportou-se como a lebre da fábula. Comodamente sentado no banco, via a sua equipa a ser controlada por um esforçado, porém limitadíssimo, conjunto de jogadores, sem mexer uma palha. A primeira substituição, a entrada de Rafa aos 74 minutos para o lugar de um anónimo Chiquinho, foi tão tardia que só pode ser atribuída à compaixão de Lage pelo adversário e à vontade de não lhe infligir mais danos que os estritamente necessários para ganhar o jogo.
No final, além dos dois golos de Rafa e da vantagem cavada para o Futebol Clube do Porto, os benfiquistas encontraram o conforto que a exibição não lhes proporcionou nos cobertores da estatística. Em jogos para o campeonato o Benfica já tem mais vitórias em Alvalade do que o Sporting. Se não é um caso único numa rivalidade tão duradoura e tão intensa é certamente raro. E é capaz de explicar a dormência doméstica do dérbi de sexta-feira à noite: estavam todos a jogar em casa, de pijama e pantufas."

À beira do abismo

"Metia dó ouvir os adeptos sportinguistas à saída do Estádio de Alvalade após o Sporting-Benfica de sexta-feira passada. A equipa sportinguista até tinha jogado bem, batera-se de igual para igual com o adversário, mas não tivera a chamada “sorte do jogo”.

Nos jogos entre grandes, a sorte do jogo acaba quase sempre por decidir a vitória: é o momento de inspiração de um jogador, uma bola que bate na trave e não entra, uma entrada infeliz de um defesa que provoca penálti, etc. E assim aconteceu mais uma vez: o Sporting atirou um remate ao poste, o Benfica contou com dois momentos de inspiração de Rafa que fizeram o resultado.
Pois bem: os sportinguistas que saíam do estádio, em vez de valorizarem a exibição da sua equipa, em vez de elogiaram os seus jogadores que não se haviam mostrado inferiores aos do líder do campeonato, desmereciam a equipa, atacavam o presidente (o seu alvo favorito), alguns clamavam pelo regresso de Bruno de Carvalho. Como é possível desejar o regresso de um homem que prometeu muito mas acabou por deixar o clube em pantanas? Um homem que directa ou indirectamente esteve por detrás da invasão de Alcochete?
As cenas ocorridas dentro do estádio já prenunciavam o pior. No início da segunda parte, quando ficou mais perto da sua claque, a equipa leonina foi “apedrejada” com tochas durante cinco longos minutos, e nas bancadas viam-se focos de incêndio. É assim que os fanáticos sportinguistas apoiam os seus jogadores? Perante estas cenas, eles até foram uns heróis, impondo-se no segundo tempo ao adversário e fazendo um belo jogo. Deve ser muito difícil um profissional de futebol actuar num clube que tem adeptos destes.
Esta gente já pôs o Sporting à beira do abismo. É muito difícil um clube sobreviver a uma guerra como esta, que está a esfacelar-lhe as entranhas. Aplaudo com as duas mãos a coragem de Frederico Varandas ao decidir enfrentar as claques. Mas pergunto: terá ele condições para as vencer? Não estará a fazer o papel de D. Quixote? É que, como a História mostra com frequência, não basta ter razão para ganhar batalhas. É preciso ter força. E de que lado estará a força neste momento: do lado do presidente ou do lado das claques?
O Sporting tem de fazer uma profunda reflexão interna. E das duas uma: ou Varandas mostra força para submeter os rebeldes e os reconciliar com o clube, ou tem de abrir o diálogo com eles e chegar a um acordo. E, se ele não o quiser fazer, terá de ser outro a fazê-lo. Assim é que não é vida. O Sporting já não está muito forte. Se parte dos adeptos ainda se divorciam do clube e fazem guerra à outra parte, daqui para a frente, o clube irá sempre a cair. Até chegar a um ponto de não retorno."

Silêncio...!!!

"Já passaram mais de 48h e continuamos a aguardar a intervenção sempre pronta e energética de João Paulo Rebelo, secretário de Estado da Juventude e do Desporto.
Sabemos que não precisa de estar nos locais para ver as imagens lamentáveis, pelo que temos de questionar, se os acontecimentos de Alvalade não merecem ser condenáveis e puníveis? Ou será que isso só é relevante quando envolve adeptos do SL Benfica?
A julgar por todas as suas intervenções públicas, não temos dúvidas sobre isso.
Lamentamos que um assunto tão sério como violência no desporto seja constantemente secundado por agendas pessoais. É o que temos. Mais um peão completamente condicionado e instrumentalizado pela Torre das Antas, que diga-se, nunca enganou.
Agora que venha lá mais uma entrevista ao jornal O Jogo, a apontar baterias aos adeptos do SL Benfica..."

Catar 2022

"Já não é a primeira vez que nestes artigos se refere o perigo para o futebol constituído pelos contentores de dinheiro que em cima dele são despejados por países, empresas e multimilionários (como os oligarcas russos por exemplo), que vêm para a modalidade com o fito exclusivo do negócio e sem qualquer interesse no seu desenvolvimento harmonioso.
Quem hoje olhar para alguns dos principais clubes mundiais, do Barcelona ao PSG, do Real Madrid ao Manchester City, do Arsenal ao Chelsea constata sem qualquer dificuldade a presença dessa abundância de dinheiro, proveniente dessas fontes inesgotáveis, e apercebe-se também de como isso está paulatinamente a desequilibrar alguns dos principais campeonatos europeus.
Se assim é com os clubes então que dizer das entidades UEFA e FIFA e da sua característica avidez por dinheiro que as levam a inventar provas, a fazerem tábua rasa do mérito desportivo (faz algum sentido a Liga dos Campeões poder ser ganha por um clube que tenha ficado em terceiro ou quarto lugar no respectivo campeonato?) a atribuírem prémios com base em critérios comerciais e não desportivos.
Na FIFA, que é o tema do artigo de hoje, essa tendência vem desde 1974 quando o seu presidente ao longo de treze anos -Sir Stanley Rous- um antigo futebolista amador e árbitro internacional perdeu as eleições para João Havelange muito por força dos votos da CAF a quem o dirigente brasileiro prometeu mais lugares nas fases finais dos mundiais.
E se é verdade que ao longo dos vinte a quatro anos em que presidiu à FIFA Havelange deu ao futebol uma dimensão global e um mediatismo que até então não tinha tido é igualmente verdade que foi no seu tempo que o futebol foi assaltado por negócios estranhos, jorros de dinheiro de proveniência suspeita e um conjunto de decisões que se desconfiam influenciadas pelo dinheiro e não por critérios desportivamente admissíveis. Nomeadamente muitas histórias em volta das escolhas de países para sediarem as fases finais dos mundiais.
Havelange deixou a FIFA em 1998 e sucedeu-lhe um pirata de muito razoável dimensão chamado Sepp Blatter que, não repetindo o que Havelange fizera de bom, agravou tudo que ele fizera de mau exponenciando até limites então insuspeitos todas as desconfianças em torno dos estranhos negócios da organização durante os desgraçados dezassete anos em que foi seu presidente. E assim chegamos à escolha do Catar para sede do Mundial 2022.
Um país com a dimensão do distrito de Beja, com uma população ligeiramente superior à área metropolitana de Lisboa (cerca de 75% são emigrantes) , sem qualquer tradição ou entusiasmo pelo futebol, sem um único jogador que alguma vez tenha tido notoriedade, com um campeonato sem qualquer interesse e, por último, mas muito importante, com um clima absolutamente impróprio para a prática da modalidade.
Mas é um dos países mais ricos do mundo! E, com base nessa riqueza, está a construir oito magníficos estádios - dos quais seis (!!!) em Doha a capital do país -, inúmeras estruturas nomeadamente uma linha de metropolitano que ligará todos esses recintos, estradas, autoestradas e inúmeros edifícios de apoio ao Mundial. Nesse aspecto o Mundial será seguramente um sucesso.
Mas foi também essa riqueza sem fim que se suspeita terá permitido ao Catar comprar os votos na FIFA que lhe garantiram ser a sede do Mundial de 2022! Fosse ou não assim o certo é que o Mundial será lá entre 21 de Novembro e 18 de Dezembro de 2022 e , contrariamente ao que sempre aconteceu, não se disputará no início do verão mas sim em pleno outono quase inverno por força do clima já referido que impossibilita que no verão se disputem desportos de alta competição ao ar livre face a temperaturas regularmente acima dos quarenta graus.
Sendo certo que embora a colossal riqueza tenha permitido que todos os oito estádios disponham de ar condicionado a realidade é que mesmo com esse luxo não é possível, sem grave risco para a saúde dos atletas, disputar jogos nessa época do ano. E foi assim que,em nome do negócio, e não do futebol, a FIFA decidiu que o Mundial se dispute nas datas referidas e não no final de época do futebol europeu como sempre aconteceu ao longo de sucessivos mundiais.
Terá a vantagem , única, dos jogadores estarem mais “frescos” com poucos jogos nas pernas ao contrário do que acontecia noutros mundiais em que os participantes que disputavam os principais campeonatos europeus chegavam ao mundial a pedir férias. Mas fora isso vai causar, penso eu, graves transtornos ao futebol europeu com consequências difíceis de prever a esta distância.
Vejamos: As selecções europeias, entre as quais Portugal, assim se espera, têm de ter um período de preparação que habitualmente anda entre três e quatro semanas, o que significa que todos os campeonatos com países apurados terão de ser suspensos no final de Outubro. Ou seja, os campeonatos começam como habitualmente em Agosto, a Liga dos Campeões e a Liga Europa também (mas nesses casos será menos difícil resolver), e depois no final de Outubro tudo tem de parar por causa do Mundial. Consoante o percurso de cada Selecção, é certo que aquelas que chegarem a fases mais adiantadas fazem os respectivos campeonatos correrem o risco de se reatarem apenas em Janeiro de 2023 por causa do período natalício.
Portanto, os clubes ficarão sem competir o mês de Novembro (nalguns casos também as primeiras semanas de dezembro) o que trará claros problemas de planificação da época porque não só terão menos um mês para disputa das competições internas e externas (para alguns), como também terão jogadores parados em termos de jogos oficiais.
A solução óbvia será necessariamente estender a época até finais de Junho de 2023 mas também isso terá impacto nas épocas seguintes como está bom de ver.
O Mundial de 2022 será não no final da época 2021/ 2022 como seria normal, mas já em plena época 2022/2023 o que significa que terminando a actual época 2019/2020 ainda haverá mais duas épocas completas antes daquela em que se disputará o Mundial. O que significa que há tempo para preparar devidamente as coisas de molde aos transtornos serem o mais minimizados quanto seja possível. E é bom que FPF e LPFP estejam bem atentas a essa realidade porque mais vale prevenir do que remediar."

O VAR que estraga a festa

"Uma equipa, que até pode ser aquela pela qual torcemos, marca um golo. Há um instante de celebração, mas a alegria é logo arrebatada pelo VAR, que tem a missão de verificar, como se numa prova científica, se o golo está 100% conforme. O preciosismo torna-se cruel.

O que nos seduz num espectáculo de futebol é o prazer de ver como jogadores e treinadores resolvem com inteligência e audácia o melhor modo para decidir, arriscar e fazer golo. O passatempo do futebol fica envolvente quando o jogo se torna uma ode à beleza. Os génios da bola são os que conseguem transformar o desafio numa espécie de sinfonia em que a orquestra articula os movimentos, estruturas e tempos de cada um dos artistas. Infelizmente, na maior parte dos jogos esse sentido estético é desprezado. Agora, o espectáculo, que tantas vezes é enfadonho, inclui episódios de tortura aos jogadores e aos adeptos: é o VAR (Video Assistant Refree).
Uma equipa, que até pode ser aquela pela qual torcemos, marca um golo. Há um instante de celebração, mas a alegria é logo arrebatada pelo VAR, que tem a missão de verificar, como se numa prova científica, se o golo está 100% conforme. O preciosismo torna-se cruel. Às vezes há que esperar minutos e minutos até que uns deuses do jogo, com o estatuto de VAR, lá longe, dentro de quatro paredes, decidam se algum dos comuns dos mortais no relvado violou alguma das regras de modo que faça invalidar o golo.
O VAR está a robotizar o jogo. É suposto que verifique, com geométrica precisão oftálmica, se naquele instante fugaz em que o passador serviu o marcador este tinha um pé uns escassos centímetros adiantado na linha imaginária fixada no ecrã, ou até se o futebolista que passou ao que passou tocou com o cotovelo na bola, e há que julgar se o fez ou não com intenção. Assim, a festa fica congelada até que o VAR decida e, depois, mesmo que o golo fique validado, a celebração já está semi-frustrada pelo tempo de espera.
Um dos atractivos do futebol, como o de muitos dos outros jogos de equipa, é o seu carácter humano. O futebol não cresceu para ser robotizado. Com o VAR a emoção fica frustrada, jogadores e público ficam em tempo suspenso sem saber se podem celebrar.
Ainda por cima o VAR, tal como os árbitros do antigo sistema, também está exposto a falhas que às vezes nos parecem evidentes. É impossível calibrar com precisão incontestável se há ou não alguma ínfima infracção às regras do jogo. A fiabilidade do VAR é questionável. Então, para quê esta engrenagem que em nome de uma suposta verdade desportiva prejudica a festa?
O golo é a grande festa do futebol. Na equipa que marca, é instantâneo os jogadores irrompem em euforia, abraçarem-se e partilharem com os adeptos nas bancadas. É a grande descompressão, antes do que as incertezas da intensidade do jogo possam trazer a seguir. Com o VAR, de repente, a dúvida corta a celebração. A festa fica interrompida – faz sentido?
Ouvimos e lemos ao longo de anos a reclamação de “verdade desportiva” no futebol. Que tentem controlar a verdade desportiva nos negócios em volta do futebol, isso parece bom esforço. Estragar aqueles momentos de euforia quando a bola entra na baliza adversária só para verificar, ao longo de minutos de exame, se algum pé estava um centímetro adiantado ou algum futebolista por um instante foi andebolista, parece absurdo.
O VAR não garante a perfeição para evitar injustiças. O futebol é apenas um jogo. O futebol é um jogo de pessoas. Tanta tecnologia, em vez de purificar o resultado prejudica a festa."

1.º curso nacional de juízes de atletismo

"Este Curso foi realizado de 24 a 28 de Fevereiro de 1969 nas instalações do Liceu Charles Lepierre na Avenida Duarte Pacheco na cidade de Lisboa.
Para que as organizações de Atletismo em Portugal não envergonhassem, perante idênticas manifestações além-fronteiras, era necessário que os juízes de Atletismo crescessem em número e qualidade.
Foi com esta intenção que a Comissão Central de Juízes de Atletismo (CCJA) com sede na Avenida da Liberdade, nº 236, 3º esquerdo em Lisboa, levou a efeito o seu 3º curso e o 1º a nível Nacional, conjugando ao mesmo tempo a necessidade de aumentar o número de elementos para o júri e o de promover a selecção dos já existentes.
A CCJA era a entidade que dirigia o corpo de juízes de Atletismo em todo o território nacional, sendo um organismo autónomo que funcionava directamente com a Direcção-Geral de Desportos. A sede da CCJA era obrigatoriamente na mesma localidade da Federação Portuguesa de Atletismo.
Como consequência imediata tinha em vista o reforço do quadro regional da Jurisdição de Lisboa e proporcionar a formação de juízes para servir a causa das várias Comissões Regionais, possibilitando ainda o recrutamento de júri estendido a todo o território para os encontros internacionais e grandes competições nacionais e ainda para fazer face a qualquer reforço de necessidade mútua entre as várias comissões regionais.
Pretendia o curso também uma procura intensa de melhorar os seus conhecimentos para que uma vez dentro do recinto desportivo, o júri pudesse ser, honesto e justo, sensato, disciplinado, disciplinador, humilde, alheio a interesses clubistas, flexível, mas firme nas suas decisões e educado. Quanto à finalidade primária do curso era basear-se em seleccionar os elementos do júri de maneira a que ficassem bem definidas, por aproveitamento prático e teórico, as aptidões de cada um, de maneira que a CCJA pudesse escolher juízes para determinadas funções em provas de certa responsabilidade. 
Assim, foram criadas três classes de juízes: Classe Nacional, Classe Regional e Estagiários.
A Classe Nacional seria formada por todos aqueles que já pertenciam há mais de 12 meses aos quadros da CCJA ou das Comissão Distrital de Juízes de Atletismo (CDJA), com provas práticas prestadas, e que tivesses feito a prova de exame escrito deste Curso Nacional, com aproveitamento mínimo de 80 por cento. A Classe Regional era para todos os juízes que pertencendo há mais de 12 meses aos quadros da CCJA ou das CDJA, tivessem conseguido no Curso Nacional aproveitamento inferior a 80 por cento e superior a 70 por cento, inclusive.
Os Estagiários era para os juízes que no Curso Nacional realizado, obtivessem aproveitamento superior a 70 por cento, inclusive e que ainda não tinham estagiado 12 meses ou uma época com aproveitamento prático, para ingressarem na Classe Nacional ou Regional e para todos os juízes que obtiveram pelo menos 70 por cento de aproveitamento.
Seriam eliminados dos quadros da CCJA ou das CDJA os Estagiários que reprovassem em dois cursos consecutivos. Para colmatar o esforço que se pedia aos juízes e para melhor definir a retribuição ao interesse e competência de cada um, foi apresentado um estudo por Armando Rocha, então Director-Geral dos Desportos (Maio de 1963 a Maio de 1973), para que os prémios de presença passassem a ser os seguintes: Juiz Estagiário, 40$00 (o equivalente a 0,20 €); Juiz Classe Regional, 50$00 (0,25 €); Juiz Classe Nacional, 60$00 (0,30 €). Estes prémios eram acrescidos de 20$00 (0,10 €) para as actuações fora da jurisdição da sua Comissão. Uma inscrição custava 30$00 (0,15 €) e a camisola 70$00 (0,35 €). O preço da inscrição manteve-se até ao ano de 1972, mas em 1973 já custava 50$00 (0,25 €). As novas tabelas de pagamentos começaram a vigorar no dia 1 de Abril de 1969. A partir de 1 de Janeiro de 1970, só podiam colaborar nos encontros internacionais e outras grandes competições nacionais, os juízes englobados na Classe Nacional, muito embora por motivos justificados possam vir a ser nomeados juízes da Classe Regional.
Como curiosidade o primeiro curso de Juiz-Árbitro foi realizado 21 anos depois deste curso, em 1990, mas já se falava nesta categoria, quando eram nomeados para as provas internacionais, ou grandes competições nacionais. Eram assim escolhidos os juízes que mais se tinham distinguido como juízes Nacionais, e que, tanto pelo conhecimento perfeito do regulamento como pela sua qualidade de organizador, se mostrassem credores de tal distinção.
O esquema do Curso tinha um Director, António José Veríssimo Baptista, assim como Monitores e Colaboradores, Eduardo Cunha, Gilberto Cardoso, Pereira Duarte, João António Silva, Jorge Arrais, José Fidalgo e Manuel Fialho.
O júri de classificação era composto por António José Veríssimo Baptista, Eduardo Cunha, José Fidalgo e Gilberto Cardoso. Durante os cinco dias do Curso as sessões teóricas começavam às 21:30 horas e acabavam pelas 0:30 horas. O exame escrito com 120 questões foi realizado no dia 8 de Março (Sábado) às 21:30 horas, ou em alternativa, às 9:30 horas do dia seguinte. A cronologia do Curso, foi apresentada aos candidatos a juízes de Atletismo e englobado no programa, no capítulo das considerações gerais, mencionava na alínea a) o seguinte: “Para que as organizações de Atletismo no nosso País não nos envergonhem perante idênticas manifestações além-fronteiras, é necessário que os juízes de Atletismo cresçam em número e qualidade”.
No dia 24 de Abril desse mesmo ano, através da circular nº 4/69, a mesma dava conhecimento dos interessados a classificação das provas de exame efectuadas no dia 8 de Março na zona da Comissão Distrital de Lisboa, bem como a classe a que cada juiz passou a pertencer. De notar que só demoraram 14 dias, para se conhecerem os resultados dos 123 juízes participantes no Curso.
Foram 29 os juízes classificados na Classe Nacional e 7 os juízes na Classe Regional. Com prestação de provas no curso, mas sem aproveitamento, foram 3 os juízes. Os juízes que não prestaram provas no curso foram 33 para 18 juízes ficarem como Estagiários. Juízes que passados 12 meses com aproveitamento prático passavam à Classe Regional, foram duas dezenas. Finalmente 13 juízes com menos de 12 meses de filiação não tiveram aproveitamento no curso. Qualquer reclamação sobre as classificações ou outro esclarecimento sobre o exame efectuado, deixa de ter qualquer validade a partir do dia 31 de Maio de 1969. Posteriormente foram realizados cursos nos anos de 1970, 1972, 1973, 1974, 1976 entre outros realizados até aos dias de hoje."

Sete...!!!

Benfica 7 - 0 Candoso

Regresso do campeonato, com uma vitória esperada... Na próxima ronda vamos a Alvalade, no jogo que pode decidir a classificação final da época regular!

Remontada falhada...!!!

Oliveirense 83 - 81 Benfica
21-13, 24-22, 13-20, 25-26

Voltámos a dar de 'avanço' a 1.ª parte, e quando a remontada parecia 'inevitável' - novamente -, acabámos por falhar o último lançamento (falta descarada sobre o Ireland não assinalada)!!!

Sem o Betinho e sem o Murry... já para não falar do Dows e do Barroso... são demasiadas ausências, num fim-de-semana, com dois jogos muito competitivos, ainda por cima com os prolongamentos de ontem!!! Mas independentemente destas circunstâncias, não podemos só ter a atitude certa, quando estamos 'apertados'!!!

100 minutos sem espinhas

"Tic...tac...tic...tac...15 horas!! Carrego no botão comprar no site do Benfica o mais rápido possível e avanço sem problemas ou lentidão. «Será possível? Assim tão fácil?». Coloco o nº de sócio e cartão de cidadão e oh...erro. Insisto e novamente erro. Mais 5 insistências e sempre a dar erro. À 6ª insistência? Uma mensagem a dizer que o nº de sócio não cumpre os requisitos para comprar o bilhete. «Como assim? Ainda ontem recebi email do Benfica a confirmar que tinha ido a todos os jogos desta época e que tinha prioridade para o derby». Depois de várias insistências, necessidade de dar um passo atrás e voltar ao botão 'comprar'. Mas claro, agora vamos para a agonizante fila de espera. E entretanto já passou meia-hora. Uma hora. Uma hora e meia. Já vou com 3 separadores abertos no computador e 2 no telemóvel quando um finalmente avança! E desta vez sem erros, compro o bilhete. Vou mais uma vez a Alvalade!
Dia de jogo, turno de trabalho trocado da noite para a manhã e o ponto de encontro é o Estádio da Luz. Para encontrar companheiros e beber uma(s). Sortes e azares: um conseguiu comprar bilhete em cima da hora, outro perdeu o bilhete e não o encontra! Nem quero imaginar o que é perder um bilhete destes. Vou ao bolso e confirmo: o meu está no envelope. Apanhamos um uber e saímos em Telheiras. Os últimos metros são feitos no meio da multidão sportinguista. Ajuda estarmos descaracterizados. Informada a polícia que temos bilhete para o sector visitante, juntamo-nos finalmente aos nossos. No acesso às bancadas vamos verificando o quanto já está em força a nova moda, a colagem de autocolantes: por todas as paredes, colunas e ferros são dezenas de autocolantes do Benfica que funcionários do Sporting terão que descolar no dia seguinte.
Já fui a Alvalade mais de dez vezes, mas sempre tenho a sensação de entrar num universo paralelo. Ali o Sporting é «a Maior Potência Desportiva Nacional», já venceu medalhas olímpicas, prémios de FIFA World Player e claro, tem 22 campeonatos. Até um pano coloca para o de 1937/38, quando foi o Benfica que o conquistou. Mas uma coisa estava diferente: o ambiente. Constato que é um clube triste, deprimido, em guerra. Muitas cadeiras à vista, bancada ultra praticamente vazia e pouca resistência aos nossos cânticos (logo eles que são, aqui sim, a maior potência assobiadora nacional). Em cima da hora, o estádio lá ganha ambiente de derby e começa o jogo. Entramos fortíssimos, com oportunidades de Chiquinho e Vinícius. Logo a seguir é Pizzi a ter um bom remate, mas do nada o Sporting atira ao poste. Ferro não anda bem, serão problemas físicos? O resto da 1ª parte é equilibrada, o que vai desgostando o sector campeão. Sabemos que somos mais fortes, sabemos que o FC Porto perdeu! Não podemos desperdiçar esta oportunidade! Já basta de dar a mão ao clube do Norte quando ele está caído, como fizemos na Luz na 3ª jornada.
Depois do espectáculo de fogo-de-artifício proporcionado pela Juve Leo, a verdade é que na 2ª parte a toada mantém-se: Eles parece que querem, mas não conseguem. Nós parecemos que conseguimos, mas não queremos. Lage demora nas substituições até ao limite da nossa paciência, mas finalmente joga o trunfo: o nosso Rafa está de regresso! O homem que nos primeiros 2 anos não acertava na baliza nem que a tivesse a um metro de distância, é agora um extremo com golo. E porventura o melhor jogador da nossa equipa e do campeonato. É óbvia a explosão de alegria quando marca o 1º golo, só ligeiramente atenuada por aquela interminável espera pela confirmação do VAR. É anti-emoção, é anti-sentimento, é anti-futebol! Sempre vou ser contra o VAR. Quanto ao 2º golo, o festejo pôde ser cheio e glorioso. Não havia dúvida nenhuma, Rafa bisava e o Benfica vencia mais uma vez em Alvalade. Dizem que já temos mais vitórias lá na História que o próprio clube da casa. Não me surpreende.
Depois foi a tradicional espera de uma hora até sair do estádio e o arranque do cortejo até ao Estádio da Luz. Sem grande euforia, que isto de ganhar ao Sporting já teve melhores dias. O ocasional «pró ano há mais, olhá cabeça» aos esporádicos sportinguistas com que nos cruzamos, mas nada de mais. Em tempos a claque do Real Madrid chegou a levantar uma tarja num jogo contra o Atlético de Madrid que dizia «Procura-se rival digno para derby decente». Em Portugal ainda não chegámos a tanto, mas é verdade que poucas vezes se viu Benfica e Sporting em patamares tão distantes.

Nota final: o Glorioso acaba de fazer a melhor primeira volta de sempre de um clube em Portugal, com uns incríveis 48 pontos em 51 possíveis e já vai com 7 de avanço para o FC Porto e 19 para o Sporting. É bom, é fantástico, mas nada de embandeirar em arco. Ainda o ano passado se provou que 7 pontos são recuperáveis."

Número sete

"No Benfica começamos a perceber, e bem, que Weigl é mesmo reforço e que Vlachodimos é essencial na baliza

1. Hoje são sete os pontos deste artigo. Como são desde a passada sexta-feira sete os pontos que distanciam o Futebol Clube de Porto do Benfica, o líder competente da Liga NOS. Como são sete os troféus que o Benfica, e o seu atractivo Museu Cosme Damião, detém da Taça da Liga. agora Allianz Cup, e que identifica no interessante marketing da Liga Portugal o classificado campeão de Inverno. Na verdade o número sete é um número que representa a totalidade, a consciência, a vontade, a perfeição. Perfeição que marca o trajecto na nossa Liga e, nos jogos fora da Luz, de Bruno Lage. E deste Benfica! 48 pontos num máximo de 51! Confirmados estes números com a vitória em Alvalade. Sete que é o número dos dias da semana, dos planetas que mais nos influenciam, dos pecados mortais ou das cores do arco íris. Sete que nos marcam desde a infância com a Branca de Neve e os sete anões e que a Bíblia nos ensina ao proclamar os «sete anos de fartura e de fome»! Sim de fartura e de fome! E sete que também nos leva ao nosso imortal Camões e a um poema delicioso como «sete anos de pastor Jacob servia»! E é este número, que a alquimia identifica com o mais poderoso, exige memória. Neste momento em que estamos a meio da nossa principal competição. Na época época passada o Benfica estava a sete pontos da liderança. Este ano tem sete pontos de avanço. Agora, naturalmente, nada está ganho ou conquistado. Na época passada o sonho e a ambição eram legítimas. Este ano a vontade contínua e a fé permanente são exigências jogo a jogo. Sabendo que é saboroso estar na frente e à frente. Reconhecendo que é estimulante cada ponto conquistado e, logo, cada ponto de distância para os directos competidores. E no próximo domingo em Paços de Ferreira há mais três pontos a conquistar. Numa nova final. E com a consciência que Fevereiro é um mês bem complexo. Liga NOS, Taça de Portugal e Liga Europa. Três competições importantes mas em que a hierarquia está bem definida. NOS e pontos.

2. O Benfica venceu o Sporting e venceu bem. Foi mais eficaz e teve em Rafa o seu trunfo. Foi mais uma vitória como visitante e frente a um Sporting que se vai concentrar, decerto, na Taça da Liga na semana que agora arranca e, em Fevereiro, na Liga Europa. Mas no Benfica, numa vitória que vale bem mais do que os três pontos, começamos a perceber, e bem, que Weigl é, de verdade, reforço e que Vlachodimos é essencial na baliza deste Benfica. E que um banco que tem Seferovic, Samaris, Jardel, Taarabt e Tomás Tavares - para além de Rafa! - é bem diferente daquele que estava próximo de Silas com Luís Neto, Eduardo, Battaglia, Borja, Gonzalo Plata ou, mesmo, Pedro Mendes, que acredito vai ser uma das revelações na futuro próximo do futebol leonino. E estas diferenças são cada vez mais importantes. O que fica de sexta-feira é que haverá um Sporting com Bruno Fernandes e outro sem Bruno Fernandes. E este desafio é, diga-o, se se concretizar a anunciada transferência, uma oportunidade. Para um Sporting que sabe que na próxima época desportiva os dois primeiros classificados da nossa Liga entram directamente na fase de grupos da Liga dos Campeões e o terceiro irá às pré-eliminatórias. E esta premissa é determinante em termos desportivos e essencial em termos de projecto financeiro. Mas o que fica de sexta-feira é, igualmente, a vitória do Braga no Dragão e o percurso vitorioso de Rúben Amorim no comando da equipa liderada por António Salvador.

3. A Taça da Liga nasce, recordo, por impulso do Sporting e do Boavista. A sua primeira edição foi conquistada pelo Vitória de Setúbal, que tem um novo Presidente após umas renhidas e bem concorridas eleições. Depois só Benfica (sete vezes), Sporting (duas vezes) e Braga e Moreirense por uma vez erguerem um troféu cujas finais se disputarem no Estádio do Algarve (quatro vezes), no Municipal de Coimbra (cinco vezes), no Municipal de Leiria (uma vez) e nas últimas duas edições no Municipal de Braga. Cidade que na próxima semana volta a receber, com a fidalguia de sempre e o empenho do Presidente Ricardo Rio, esta Allianz Cup. O Sporting vai tentar, acredito, o tri. Mas o Sporting de Braga tudo fará para marcar presença na final no seu estádio e na sua cidade. Tal como Futebol Clube do Porto e Vitória de Guimarães tentarão erguer pela primeira vez o troféu de campeão de inverno. Pedro Proença, e a sua equipa, vão proporcionar em Braga e a partir de Braga uma semana de promoção do futebol. E neste momento e perante as concretas e especificas circunstâncias o futebol, e o seu ambiente, merecem ser defendidos e preservados! Boa final four!

4. Permitam uma nota breve a um clube que regressou, por via da justiça, ao futebol de primeira e que fez, em Barcelos, uma primeira volta de primeira. Nunca perdeu em casa e defrontou, no seu bonito estádio, Futebol Clube do Porto, Sporting de Braga, os dois Vitórias, o Sporting, o Belenenses, o Boavista, o Marítimo e o Portimonense. E conquistou, sob a liderança de excelência, de múltiplas vivências e de enorme experiência de Vítor Oliveira, os três pontos frente ao Porto e ao Sporting. Para quem desconfiava do Gil Vicente os números aí estão. E hoje disputa mais uma final em Paços de Ferreira! Liderado por um jovem treinador que muito aprecio. Pepa!

5. Na quinta-feira acompanhei, com honra e gosto, a vitória do Académico de Viseu frente ao Canelas. Foi um jogo renhido, um autêntico jogo de Taça. O Académico - com a vitória ser dedicada justamente ao Presidente António Albino, a recuperar de um sério problema de saúde! - marca presença, pela primeira vez na sua longa história, nas meias-finais da prova rainha do futebol português. A cidade vai receber, logo na primeira terça-feira de Fevereiro, o Futebol Clube do Porto. Vai haver festa, rija e merecida, em Viseu. Festa de Taça e festa da Taça!


6. O andebol português joga hoje com a Islândia e acredito em mais uma vitória. Mas está a fazer um Europeu histórico. Que vai ficar na história da modalidade. E está a mostrar que há muita qualidade, enorme determinação, imensa vontade e uma fé inquebrantável na nossa selecção. O nome de Portugal, depois do hino desportivo que foi a estrondosa vitória face à forte Suécia, marca, pela positiva, este Europeu. Parabéns ao nosso andebol!


7. Esta abertura de mercado está a mostrar que há mercado real e mercado artificial. Há transferências anunciadas e nunca concretizadas. E outras negociadas em quase segredo e num instante concretizadas. O silêncio por vezes é de ouro. E a multiplicação de notícias - algumas são, também aqui, fake news! - por vezes gera desconfianças. E o mundo exige confiança. Com a consciência que o número sete é o número da totalidade e da vontade. E, assim, ficam os sete pontos. Bom domingo. Boa semana! Até daqui a sete dias!"

Fernando Seara, in A Bola

Diferenças...

"O campeonato ainda não está decidido. Só um louco se atreveria a dizer, a dizer, a 17 jornadas do fim, que o Benfica pode encomendar, já as faixas de campeão. Mas só um louco se atreveria, também, a dizer que as coisas não ficaram, na sexta-feira, muito bem encaminhadas para águia. Não só (mas também, claro...) pelos sete pontos de avanço para o FC Porto - em relação ao Sporting passaram a ser 19, mas convenhamos que em Alvalade já ninguém acreditava... - com que conjunto de Bruno Lage fechou a primeira metade da Liga, mas acima de tudo pelas evidências que esta última ronda da 1.ª volta deixou à vista.
Haverá, talvez, quem discorde, mas não restam dúvidas de que mora na Luz o plantel com mais soluções (a nível de qualidade) do nosso campeonato. Além de um onze fortíssimo, Lage tem, sentados ao seu lado no banco, jogadores com qualidade e mais do que suficiente para entrarem e fazerem a diferença. Algo de que Sérgio Conceição, como ficou evidente na partida com os bracarenses, não se pode gabar. Há, no Dragão, um onze forte, ninguém diz o contrário, mas não muito mais do que isso. E numa época tão longa esse pormenor, por muitos tantas vezes desvalorizado, faz a diferença. E o mercado de Janeiro, quase a fechar, serviu apenas para vincar mais as diferenças: num dragão em aflição financeira não chegou (nem chegará, a crer nas palavras do seu treinador... ) ninguém, numa águia em pujança a todos os níveis contratou-se um médio alemão por 20 milhões de euros. Tudo dito...

PS - Em Alvalade voltou a ficar à vista de todos o problema que representam as claques. O Sporting já se reuniu com o Governo, a Liga quer fazer o mesmo. Mas enquanto não perceberem que isto não se resolve com reuniões e palavras de circunstância não sairemos da cepa torta..."

Ricardo Quaresma, in A Bola