"Tic...tac...tic...tac...15 horas!! Carrego no botão comprar no site do Benfica o mais rápido possível e avanço sem problemas ou lentidão. «Será possível? Assim tão fácil?». Coloco o nº de sócio e cartão de cidadão e oh...erro. Insisto e novamente erro. Mais 5 insistências e sempre a dar erro. À 6ª insistência? Uma mensagem a dizer que o nº de sócio não cumpre os requisitos para comprar o bilhete. «Como assim? Ainda ontem recebi email do Benfica a confirmar que tinha ido a todos os jogos desta época e que tinha prioridade para o derby». Depois de várias insistências, necessidade de dar um passo atrás e voltar ao botão 'comprar'. Mas claro, agora vamos para a agonizante fila de espera. E entretanto já passou meia-hora. Uma hora. Uma hora e meia. Já vou com 3 separadores abertos no computador e 2 no telemóvel quando um finalmente avança! E desta vez sem erros, compro o bilhete. Vou mais uma vez a Alvalade!
Dia de jogo, turno de trabalho trocado da noite para a manhã e o ponto de encontro é o Estádio da Luz. Para encontrar companheiros e beber uma(s). Sortes e azares: um conseguiu comprar bilhete em cima da hora, outro perdeu o bilhete e não o encontra! Nem quero imaginar o que é perder um bilhete destes. Vou ao bolso e confirmo: o meu está no envelope. Apanhamos um uber e saímos em Telheiras. Os últimos metros são feitos no meio da multidão sportinguista. Ajuda estarmos descaracterizados. Informada a polícia que temos bilhete para o sector visitante, juntamo-nos finalmente aos nossos. No acesso às bancadas vamos verificando o quanto já está em força a nova moda, a colagem de autocolantes: por todas as paredes, colunas e ferros são dezenas de autocolantes do Benfica que funcionários do Sporting terão que descolar no dia seguinte.
Já fui a Alvalade mais de dez vezes, mas sempre tenho a sensação de entrar num universo paralelo. Ali o Sporting é «a Maior Potência Desportiva Nacional», já venceu medalhas olímpicas, prémios de FIFA World Player e claro, tem 22 campeonatos. Até um pano coloca para o de 1937/38, quando foi o Benfica que o conquistou. Mas uma coisa estava diferente: o ambiente. Constato que é um clube triste, deprimido, em guerra. Muitas cadeiras à vista, bancada ultra praticamente vazia e pouca resistência aos nossos cânticos (logo eles que são, aqui sim, a maior potência assobiadora nacional). Em cima da hora, o estádio lá ganha ambiente de derby e começa o jogo. Entramos fortíssimos, com oportunidades de Chiquinho e Vinícius. Logo a seguir é Pizzi a ter um bom remate, mas do nada o Sporting atira ao poste. Ferro não anda bem, serão problemas físicos? O resto da 1ª parte é equilibrada, o que vai desgostando o sector campeão. Sabemos que somos mais fortes, sabemos que o FC Porto perdeu! Não podemos desperdiçar esta oportunidade! Já basta de dar a mão ao clube do Norte quando ele está caído, como fizemos na Luz na 3ª jornada.
Depois do espectáculo de fogo-de-artifício proporcionado pela Juve Leo, a verdade é que na 2ª parte a toada mantém-se: Eles parece que querem, mas não conseguem. Nós parecemos que conseguimos, mas não queremos. Lage demora nas substituições até ao limite da nossa paciência, mas finalmente joga o trunfo: o nosso Rafa está de regresso! O homem que nos primeiros 2 anos não acertava na baliza nem que a tivesse a um metro de distância, é agora um extremo com golo. E porventura o melhor jogador da nossa equipa e do campeonato. É óbvia a explosão de alegria quando marca o 1º golo, só ligeiramente atenuada por aquela interminável espera pela confirmação do VAR. É anti-emoção, é anti-sentimento, é anti-futebol! Sempre vou ser contra o VAR. Quanto ao 2º golo, o festejo pôde ser cheio e glorioso. Não havia dúvida nenhuma, Rafa bisava e o Benfica vencia mais uma vez em Alvalade. Dizem que já temos mais vitórias lá na História que o próprio clube da casa. Não me surpreende.
Depois foi a tradicional espera de uma hora até sair do estádio e o arranque do cortejo até ao Estádio da Luz. Sem grande euforia, que isto de ganhar ao Sporting já teve melhores dias. O ocasional «pró ano há mais, olhá cabeça» aos esporádicos sportinguistas com que nos cruzamos, mas nada de mais. Em tempos a claque do Real Madrid chegou a levantar uma tarja num jogo contra o Atlético de Madrid que dizia «Procura-se rival digno para derby decente». Em Portugal ainda não chegámos a tanto, mas é verdade que poucas vezes se viu Benfica e Sporting em patamares tão distantes.
Nota final: o Glorioso acaba de fazer a melhor primeira volta de sempre de um clube em Portugal, com uns incríveis 48 pontos em 51 possíveis e já vai com 7 de avanço para o FC Porto e 19 para o Sporting. É bom, é fantástico, mas nada de embandeirar em arco. Ainda o ano passado se provou que 7 pontos são recuperáveis."
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