segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

Pizzi, o homem que faz três posições

"Ao contrário do que normalmente se diz, o Benfica não tem um grande plantel. Tem até um plantel muito desequilibrado. A defesa é excelente, com André Almeida, Rúben Dias, Ferro e Grimaldo, tendo todos alternativas razoáveis. Mas do meio-campo para a frente começam os problemas.

, o Benfica tem um conjunto de jogadores razoáveis, mas não tem um grande jogador. Basta dizer que o melhor é Pizzi, que durante anos foi visto com cepticismo. E não abona muito a favor dos avançados o facto de o melhor marcador da equipa ser um médio…
Claro que isto também acontece porque Rafa, de longe o melhor avançado da Luz, está há muito tempo lesionado.
A falta de avançados de categoria reflecte-se nas dúvidas que o treinador tem tido lá na frente. Já jogaram Seferovic e De Tomás, e agora jogam Vinicius e Chiquinho. Nenhum deles é brilhante. O melhor será Vinicius, pelo oportunismo e pela pujança física. Tomás, com alguns bons pormenores, foi uma grande desilusão.
Mas voltemos a Pizzi. Curiosamente, estive ligado ao seu trajecto. No dia em que Enzo Pérez saiu da Luz, o Benfica ficou sem médio ofensivo. Parecia não haver no plantel nenhum jogador com características para aquela posição. Mas num jogo da Taça de Portugal (ou da Taça da Liga), contra o Braga, Jesus experimentou Pizzi naquela posição. E eu gostei. Revelou boa visão de jogo, criatividade e capacidade de colocar a bola à distância.
Está encontrado o substituto de Enzo – pensei.
Em conversa posterior com Jorge Jesus, porém, este torceu o nariz. “Ele não mete o pé, e naquela posição é preciso não ter medo de meter o pé”, explicava-me o treinador. Eu insistia nas suas qualidades, mas ele falava-me dos defeitos…
A verdade é que, no jogo seguinte, Jesus colocou mesmo Pizzi no meio-campo, ele fez uma boa exibição e ganhou o lugar. Nunca mais saiu. Jesus deu o braço a torcer. Confidenciou-me um dia: “Ele seria sempre um extremo vulgar e é um belíssimo jogador no corredor central”.
Mas Rui Vitória, quando chegou ao Benfica, não entendeu o mesmo – e Pizzi foi primeiro para a ala e depois para o banco. Parecia ter terminado a sua aventura como médio.
Mas a teimosia do jogador revelar-se-ia mais forte do que a ideia do treinador. E, a pouco e pouco, Pizzi voltou à equipa, tornou-se titular e hoje é uma peça fundamental. Está a jogar num lugar um pouco diferente – um extremo que inflecte para o meio, funcionando simultaneamente como ala e como médio ofensivo –, mas faz tudo: surge junto à linha, surge no meio, surge na área a marcar.
De certo modo, faz hoje três posições: extremo, médio e avançado. Entretanto começou a ser chamado à selecção com regularidade, tornou-se o jogador mais influente da equipa, o seu melhor marcador – e até o melhor marcador do campeonato. É obra! Melhor trajecto não era possível."

O pior guarda-redes de sempre

"Primeiras palavras para Vítor Oliveira, homem que se fez treinador quando ser treinador em Portugal era tão sexy como ser canalizador em Freamunde ou coveiro em qualquer município. “Sexy” é a palavra certa. Foi essa qualidade, ou ausência dela, que afastou muitos treinadores portugueses da rota de um grande. Não eram suficientemente sexys.
Podiam saber muito de futebol, mas não ficavam bem na sala de imprensa. Com quarenta e poucos anos já eram todos “raposas velhas”, curtidos por semanas e semanas de futebol lamacento e endurecidos pelas batalhas táticas pelo pontinho. Há dias, li uma entrevista de Mário Reis, mítico treinador de Salgueiros e Boavista, onde chegou a conquistar uma Taça de Portugal. Já nem me lembrava dessa conquista.
Na minha memória, Mário Reis era um advérbio, o “naturalmente” que repetia vezes sem conta em entrevistas televisivas e conferências de imprensa. Naturalmente, Mário Reis afastou-se do futebol quando percebeu que estava condenado a projectos irregulares em que o treinador é sempre o elo mais fraco.
Com a especialização em subidas e escolha criteriosa dos clubes, Vítor Oliveira conseguiu escapar à sina dos seus contemporâneos. Atingiu um estatuto raro para um treinador que nunca chegou a um grande. Vê-se que só vai para onde quer e, a sair, será pelo próprio pé. Não anda a toque de caixa. Ontem, após a vitória do seu Gil Vicente sobre o Sporting, foi cristalino como água de nascente: o Sporting tem falta de grandes jogadores. Podem mudar treinadores e presidentes, mas sem grandes jogadores os resultados serão sempre medíocres. Milagres? Nem Jesus.
Por exemplo, o que podia fazer Jesus com Roberto Jiménez, aquele infeliz guarda-redes que, durante uma época, defendeu (estou a ser caridoso) a baliza do Benfica? Faço um exercício de memória e não me consigo lembrar de um guarda-redes mais incompetente que Roberto.
Olhando para os últimos 25 anos o Benfica nem sequer se pode queixar: Michel Preud’homme, Robert Enke, Jan Oblak e Ederson eram de uma qualidade superior. Quim e Artur, não estando no mesmo campeonato dos outros, eram de bom nível. Mas não se pense que Roberto é mau apenas em comparação com os melhores. É mau em comparação com os piores. Nem Carlos Bossio, Marcelo Moretto. Acho que nem Zack Thornton, aquele sujeito com corpo de quarterback, era tão mau. Se fosse treinador preferia arriscar e mandar o Pietra para a baliza a confiá-la a Roberto.
Depois de sair do Benfica, perdi-lhe deliberadamente o rasto, como quem tenta esquecer um pesadelo. Confesso que havia em mim a secreta esperança de que um belo dia Roberto se transformasse num garboso cisne da pequena área e que se descobrisse que aquela época de terror se devera a factores imponderáveis, conflitos familiares, uma lesão escondida.
Mas o mais importante naquele momento era esquecer Roberto, ainda que a rábula da sua contratação e posterior venda, numa daquelas jogadas criativas que para uns são prova do génio negocial de Vieira e, para outros, da sua tendência irreprimível para a negociata e a falcatrua, não favorecesse o processo de luto. Creio que voltou a Espanha e depois foi para a Grécia exibir o seu talento inato para a frangalhada conspícua.
Por isso, foi com surpresa que o descobri na Premier League, como segundo guarda-redes do West Ham, suplente de Lukasz Fabianski. Presumo que os adeptos dos hammers menos atentos ao futebol periférico do continente tenham ficado contentes com um guarda-redes destes no banco. É que, à primeira vista, Roberto tem tudo o que se pede a um grande guarda-redes.
Tem, como há muitos anos me lembro de ler sobre uma promessa do Porto, “uma estampa física impressionante” que enche a baliza e emana uma autoridade natural que se evapora naqueles momentos em que sai aos cruzamentos e, de repente, parece ter não mais do que 1,65m. Se eu tivesse de escolher um guarda-redes por catálogo ou pelas cadernetas da Panini, escolheria Roberto Jiménez. Mas basta vê-lo em acção para perceber que até um central, um juvenil ou, insisto, Minervino Pietra oferecem mais segurança defensiva do que este pobre guarda-redes espanhol com as suas saídas em falso, as suas defesas incompletas e o seu ar desamparado de empregado de filme mudo a deixar cair as bandejas em cima dos clientes. A reputação de Roberto no West Ham como sólido guarda-redes de banco durou até ser chamado à titularidade, em razão da lesão de Fabianski. Aí, descobriram com horror as suas mãos de ectoplasma e os seus passeios espectrais pela grande área e não tardaram em corrigir a avaliação inicial e em rotulá-lo como um dos piores guarda-redes de sempre da Premier League. É verdade. Com 33 anos, o tempo parece não passar por Roberto, que mantém intactos todos os defeitos.
No último jogo do West Ham, contra o poderoso Chelsea, o treinador, o circunspecto e paciente Manuel Pellegrini, preferiu dar uma oportunidade ao terceiro guarda-redes, David Martin, que, aos 33 anos, idade fatídica, chegado esta época do Milwall, ainda não tinha feito um jogo pelo clube.
Dá para imaginar o grau de desespero do treinador e a fama que cobre Roberto quando é preferível pôr um novato de trinta e tal anos, que, como qualquer terceiro guarda-redes, estaria ocupado com tarefas logísticas ou de motivação psicológica do plantel, a conceder outra oportunidade ao número dois. E não é que Martin foi o herói do jogo com uma exibição sensacional, mantendo a sua baliza a zeros e contribuindo para a improvável vitória do West Ham?
No final do jogo, Martin, estreante tardio, chorou como uma criança, rodeado pelos companheiros. Roberto pode orgulhar-se de ter contribuído para esta bonita história, ainda que no papel secundário de vilão inepto. É uma pena porque, à distância, tem tudo para ser um grande guarda-redes."

Euro 2020: Ninguém entende os alemães (isto para não generalizar, porque bem podia)

"Quando a UEFA decidiu alargar o Campeonato da Europa de 2016 para 24 equipas houve quem tivesse torcido o nariz. Joachim Löw, então campeão do Mundo, foi um dos primeiros a manifestar desagrado. «Por vezes ficamos com a sensação que não se faz bem ao futebol. A qualidade sofre com isso», disse o alemão, há coisa de três anos.
Ironicamente, no dia em que os grupos para o próximo certame continental foram (parcialmente) sorteados, o mesmo Joachim Löw deixou um desabafo: «É isto que se recebe quando se ganha o grupo na qualificação.» A Alemanha tinha acabado de receber em sorte a campeã do Mundo França e o campeão da Europa Portugal.
Outro alemão, Joshua Kimmich, também fez questão de dizer que não concorda com as novas regras do sorteio, classificando-o de «estranho». Opiniões – sobretudo a de Löw – que esbarram numa certa contradição, que infelizmente não se reduz aos germânicos.
Ainda no dia do sorteio, numa televisão portuguesa, ouvi a mesma tese de que o alargamento retira qualidade ao torneio, porque permite a entrada de selecções teoricamente mais fracas, logo jogos mais pobres. Tudo bem, aceito. O que me espanta é que depois, de uma forma mais ou menos irónica, com receio da contradição, por certo, se critique a constelação que levou a este grupo.
Afinal queremos ou não queremos um Europeu – ou um Mundial, por exemplo – com os melhores jogos? Ou será esse apenas um discurso demagógico vedado a cada circunstância? Já nos habituamos a que no futebol do século XXI se fale muito, mas se diga pouco. Importante é alinhar pela corrente oposta, porque assim é sempre mais fácil parecer-se diferente.
Pela parte que me toca, este é um sorteio de encher o coração. É por jogos com a Alemanha, com a França, com a Inglaterra, com a Espanha ou com a Itália que esperamos dois anos, ou não é? Com 16, 24 ou 48 equipas, um Europeu ou um Mundial é o Evereste do futebol, a Meca de todos os adeptos, em que tudo é sonho e nada é menos do que isso. E porque nada é menos do que isso, paremos os lamentos e sublinhemos a vermelho as datas do próximo verão. Nunca mais chega… "

Vítor Oliveira, obrigado

"Pela frontalidade, pela honestidade e pela perspicácia

Antes de mais, convém iniciar este sobe com um sincero agradecimento a Vítor Oliveira. Pela frontalidade, pela honestidade e pela perspicácia.
Coisa tão rara no futebol.
Vítor Oliveira é, porém, um homem diferente. É frontal, é honrado e é verdadeiro. Não faz fretes a ninguém. Tem demasiados anos disto para se esconder atrás de frases inócuas.
O que disse no domingo é um tratado de coragem e bom senso.
O Sporting tem de facto poucos jogadores de topo. Para mim tem três – Bruno Fernandes, Acuña e Mathieu –, com mais três – Coates, Wendel e Vietto – a sonharem também o ser num dia bom.
Mas quantos destes caberiam de facto no onze titular de um rival?
O Sporting é mais fraco do que Benfica e FC Porto, sem dúvidas. Tem um plantel muito mais débil. Por isso é normal que perca mais vezes e esteja em dezembro afastado da luta pelo título.
O que é mais grave é que nos últimos dois anos a formação leonina tem vindo a perder qualidade a um ritmo assustador. Os melhores jogadores do plantel, aliás, vêm praticamente todos do tempo de Bruno de Carvalho: Bruno Fernandes, Mathieu, Acuña, Wendel e Coates, por exemplo.
Nos últimos dois mercados de transferências, Frederico Varandas contratou onze jogadores, mas quantos têm realmente qualidade para jogar no Sporting? É justo pensar que Ilori, Borja, Rosier, Luís Neto, Eduardo, Doumbia, Rafael Camacho, Fernando, Jesé ou Bolasie podem ser mais valias para o clube? Para além de Vietto, o que realmente fica de 45 milhões de euros gastos?
Porque ainda há essa: o Sporting não tem dinheiro, mas em dois mercados de transferências (Janeiro e Agosto) gastou 45 milhões de euros. O que não são propriamente trocos.
Por tudo isso, sim, Vítor Oliveira está coberto de razão. Merece um aplauso até, por dizer aquilo que muitos se calhar também pensam, mas ninguém tinha coragem de dizer com esta frontalidade.
Agora convém que o Sporting pense nisto. Não vale a pena andar enganado."

Memórias Olímpicas de Portugal - A conferência e a lição

"O Centro de Estudos de Desenvolvimento do Desporto – Noronha Feio, criado há uns anos largos pelo Professor Gustavo Pires, docente do ISEF e da FMH, no quadro da Gestão do Desporto e do qual sou coordenadora desde há uns meses, integrado no Departamento de Educação, Ciências Sociais e Humanidades, efectuou na última quinta feira, dia 28 de Novembro de 2019, uma Conferência dedicada às Memórias Olímpicas de Portugal por sugestão, em boa hora bem acolhida por todos, do Professor Joaquim Granger, professor desta instituição, ginasta, atleta olímpico e treinador com uma vasta experiência.
Tratava-se de reunir os primeiros representantes de Portugal em diferentes modalidades e de transmitir aos mais novos, os estudantes de Ciências do Desporto, aquela que foi a sua participação nos desportos precisamente no ponto de viragem onde o profissionalismo comercial e exacerbado se sobrepôs ao desporto amador. Foram nove os Olímpicos presentes sob a moderação do Presidente do Conselho Pedagógico, o Professor César Peixoto: Teresa Gaspar, no Judo (Seul, 1988), Margarida Carmo, na Ginástica Rítmica Desportiva (Los Angeles, 1984), Helena Cunha, na Ginástica Artística (Roma, 1960), Esbela da Fonseca, na Ginástica Artística (Roma, 1960; Tóquio, 1964; México, 1968), Raul Caldeira, na Ginástica Artística (Helsínquia, 1952), José Manuel Quina, na Vela (Roma, 1960; Tóquio, 1968, México, 1972), Joaquim Granger, na Ginástica Artística (Helsínquia, 1952), António Gentil Martins, no Tiro (Roma, 1960) e, finalmente, o General Ricardo Durão, no Pentatlo (Helsínquia, 1952).
Como descrever três horas e meia de encantamento? Um tempo suspenso no quotidiano do trabalho discente em que os nove Olímpicos prenderam a atenção de todos, com o saber de experiência feito, a simplicidade de quem não precisa de parecer o que não é, a comunicação fluída, um sentido de humor genuíno e solto, o afecto mútuo, a experiência dos factos, a consciência de se ter vivido um tempo único, um desporto livre do jugo dos resultados a qualquer custo, marcado pelo prazer, mas longe de ser fácil, a entre ajuda de todos, mesmo dos adversários, a exigência e a disciplina voluntária, a determinação em superar todos os obstáculos, como num dos casos, ter de atravessar os Estados Unidos de uma ponta a outra – coast to coast – num automóvel emprestado e com o barco a reboque, embarcação paga a prestações pelos próprios, todas as limitações – alimentação, abrigo, viagens, a total ausência de apoios por parte de instituições desportivas criadas, em último caso, à pressa – como sucederia com a Federação Portuguesa de Ginástica – e sem qualquer estrutura de base que estivesse à altura dos seus atletas. Desbravaram terreno no universo olímpico, marcaram presença, representaram Portugal como escreveu D. Fernando ‘com vontade, poder abastante e muito saber’. Jovens, adoptaram os valores olímpicos que personificaram ao longo da vida e partilharam em todas as facetas das suas actividades fosse como professoras ou treinadoras, no caso das senhoras, Esbela da Fonseca com uma carreira nacional e internacional fora do comum, fosse como economista, professor universitário, médico, engenheiro ou militar, no caso dos cavalheiros.
Uns e outros sem excepção destacaram-se nas suas vidas profissionais, para além do campo do desporto, servindo as pessoas, a sociedade, o país. Hoje quatro deles têm mais de 90 anos, só esses quatro em conjunto têm mais de trezentos anos. Mais do que a Faculdade os ter acolhido, foram eles que acolheram a Faculdade: generosos, cultos, exigentes e extremamente claros – sem power point, sem escalas nem gráficos, nem programas electrónicos sofisticados, esquadrias ou esquemas onde se representam resultados, estratégias ou modelos de jogo. Lúcidos, prosseguiram o seu trabalho ao responderem ao convite de Joaquim Granger (um deles, com 91 anos) e do Centro de Estudos para que nos viessem transmitir o conhecimento do desporto tal como o viveram até hoje e o desporto que poderia ser bastava que se respeitassem os valores de exigência humana e social que o sentido olímpico vivido por todos eles procura salvaguardar. Sem esses valores, que não são de boca mas antes de uma conduta que honra os homens e as mulheres de todas as idades, de todos os lugares do planeta, de todos os níveis sociais, o desporto não passa de uma guerra feroz em que os atletas – reduzidos a gladiadores, isto é: escravos – são aparentemente estragados com mimos por dirigentes, políticos e por marcas mas, na realidade, submetidos à escravidão dos interesses materiais e fáceis e à verdadeira escravatura quando à sua custa se movimenta um mercado onde têm um preço como se de uma peça de carne se tratassem. As três horas e meia passaram sem intervalo e sem se dar por ela. Consoante as aulas, as turmas entravam e saíam num movimento discreto. Num ambiente tão atento quanto descontraído, estudantes de graduação, de mestrado e de doutoramento, outros antigos alunos, ou antigos dirigentes desportivos, alguns docentes da Faculdade, prestaram atenção aos mais velhos que pela sua vivacidade, sentido crítico e genuína rebeldia, verdadeiramente livres como sempre o foram, expunham o rei e afirmavam sem temor: o rei vai nu!
Numa época em que os bufões tomaram o poder por meios lícitos e ilícitos, é necessário consultar e ouvir os mais velhos que pela sua qualidade e pela sua condição, dizem aquilo que sabem – a verdade. São as testemunhas de uma sociedade onde inscreveram o curso do tempo nos seus corpos, no desenrolar da vida dos filhos e dos amigos, enfrentaram as ondulações da sociedade, a agitação do mundo. Num desporto há muito e cada vez mais transformado em negócio ao qual, em geral, todos se vergam, numa sociedade portuguesa à deriva, nas camadas mais ou menos jovens de horizontes incertos e transformados inadvertidamente em novos Prestes João forçados, ter tido a oportunidade de reunir e de ouvir esta comunidade de Olímpicos foi um facto extraordinário que os estudantes acompanharam, aplaudiram e agradeceram. Recuperar e preservar o respeito pelos mais velhos, reconhecer e aceitar a sua sabedoria, o seu capital de experiência e de vida vivida é também uma forma de afirmar o afecto, o orgulho e a gratidão que sentimos pelo seu exemplo. Todos os presentes vivemos uma manhã rara onde se concretizou a passagem de um testemunho extraordinário. Saibamos honrá-lo.
Praticar desporto pode ser a melhor escola da vida. Não apenas para ganhar, não apenas por razões de saúde mas por razões de ordem social dimensão negligenciada nas últimas décadas quando parece que se faz desporto apenas por razões utilitárias a que as ciências dão apoio. Os atletas Olímpicos que tivemos a oportunidade de reunir no Salão Nobre da Faculdade de Motricidade Humana representam um desporto com outros objectivos – ser melhor, aperfeiçoar-se, procurar sempre tornar-se uma pessoa cujo carácter e a atenção aos outros sirva para nos melhorar a todos. Por isso, de uma forma ou de outra, cada um deles ocupou – para além do desporto – posições de liderança, de ensino, de formação.
O desporto é um fenómeno social porque através dele se podem formar cidadãos de excelência. Porque estrutura o ser humano e prepara-o para o respeito do outro. Para além do mais – é divertido, proporciona um prazer imenso a nível pessoal, de relação, de prazer inesgotável no aceitar de bom grado colocar-se à prova sem deixar de sorrir, sem arrogância, sem visões limitadas. Quem pratica desporto de forma desinteressada de valores materiais, demasiado terrenos, descobre um mundo sem limites – dentro e fora de si, um mundo onde um ‘melhor é possível’ começa sempre por nós e em nós.
Trata-se, assim, também do exemplo. Que sabemos, contagia, contamina, difunde-se pela imitação, pela admiração, pelo respeito. Os Olímpicos que temos hoje o imenso prazer de ver e de ouvir, de acolher nesta escola, são a manifestação de uma forma de fazer, de pensar e de estar no Desporto – de estar na sociedade – de acordo com outros princípios. Valores e princípios que regularam toda a sua vida e que hoje se dispuseram a partilhar com todos os estudantes e professores desta Faculdade. 
Todos são história viva. A história que se aprende saboreando cada ideia, cada palavra, o riso e, também, a crítica diante daquilo a que querem reduzir o Desporto e que todos negam: a escravidão do atleta. Que todos aqueles que se reuniram nesta Conferência única possam compreender e aproveitar. Pois são estes os valores Centro de Estudos de Desenvolvimento do Desporto – Noronha Feio, criado com este espírito pelo Professor Gustavo Pires, que hoje aqui também homenageamos. No desporto, que é a vida, o bem tem de vencer o mal. O fazer bem não pode deixar de ser sempre o fazer o bem."

Vitória convicente

"De Leipzig ficara a sensação de que a exibição da nossa equipa justificaria mais que o empate e no sábado, ante o Marítimo, voltámos a ver um Benfica determinado, focado na obtenção da vitória e a exibir-se em bom plano.
Uma boa exibição colectiva perante uma equipa que, importa recordar, esta época já tirou pontos a FC Porto, Sporting e Braga.
Tratou-se do 11.º triunfo nas doze primeiras jornadas, um percurso que se traduz no estatuto de líder isolado e que, igual ou ainda melhor, só aconteceu seis vezes na história (melhor só em 1972/73). Desde 1983/84, há 36 anos, que não conseguíamos tantas vitórias, à 12.ª ronda, como esta época.
Tem também impressionado o registo defensivo da nossa equipa. Os quatro golos sofridos nas doze jornadas iniciais são o melhor registo de sempre e só conseguido anteriormente em 1980/81, 1988/89 e 1990/91. Foi também apenas nessas três temporadas que o Benfica, à semelhança de 2019/20, conseguiu manter as redes invioladas num máximo de nove partidas das primeiras doze.
Há igualmente a destacar três aspectos individuais relativamente ao jogo com o Marítimo. Bruno Lage dirigiu a equipa pela 50.ª vez em competições oficiais, Pizzi actuou de águia ao peito pela 250.ª vez, excluindo os jogos particulares, e Vinícius fez um hat-trick.
De realçar os números extraordinários de Bruno Lage no Campeonato com a 29.ª vitória em 31 jogos. E de Pizzi muito se tem falado também, já que entra em dezembro com o mesmo número de golos da época passada, 15, a melhor da sua carreira neste capítulo do jogo, mantendo a apetência especial por assistir os colegas para golo (sete). Quanto a Vinícius, com o hat-trick alcançado frente ao Marítimo, já marcou doze golos em 16 jogos, dos quais seis a titular.
A nota negativa que infelizmente temos de destacar vai para a incompreensível e inexplicável decisão do árbitro Fábio Veríssimo em atribuir o segundo golo do nosso avançado ao maritimista Grolli. 
Sabemos que não há uma lei que determine o que é um autogolo e que a avaliação do árbitro é soberana. No entanto, é conhecida a recomendação da FIFA para determinar este tipo de lances: “Se a bola entrasse sem a intervenção do defensor, o golo deve ser atribuído ao atacante, mesmo que não seja ele o último a tocar-lhe.” Simples e evidentemente aplicável ao lance do terceiro golo da nossa equipa.
A comunicação social, unânime em logo atribuir a autoria do golo a Vinícius (assim como diversos especialistas e comentadores, incluindo o site da Liga), deu conta de que Fábio Veríssimo terá sido sensibilizado para reavaliar o lance, mas que terá mantido a sua opinião, obrigando a Liga, e outros, a acatarem uma determinação obviamente errada.
Este erro deturpa a realidade, desvaloriza o mérito de Vinícius, desrespeita o espírito do jogo, contraria a recomendação da FIFA e prejudica Grolli, do Marítimo, que vê o seu esforço em evitar um golo adversário transformado numa acção penalizante para o seu currículo. Para nós Vinícius fez um hat-trick porque foi ele quem marcou três dos quatro golos da nossa equipa, mesmo que, por absurdo, nenhum lhe tivesse sido atribuído."

Empate...

Benfica B 2 - 2 Mafra


Não foi um jogo fácil, o Mafra está num excelente momento de forma, com resultados moralizadores. A divisão de pontos até é justa, mas na 2.ª parte tivemos melhores, e depois do grande golo do Gonçalo, ainda pensei que seria possível chegar à vitória...
Tivemos mais posse de bola, mas o Mafra foi sempre perigoso nos ataques rápidos, rematando mais do que nós... Mas ambos os golos do Mafra eram 'evitáveis': o 1.º um ressalto no Pedro Álvaro, acabou por ser uma 'assistência' perfeita; no 2.º um corte precipitado do mesmo Pedro Álvaro, foi mesmo uma assistência perfeita...!!!
Com o Umaro lesionado, falta desequilibradores a esta equipa, o Tiago Gouveia devia estar a ter minutos nesta equipa!

Pela Europa, pontuar!

"Jesus mostrou ao Brasil, a todo o Brasil, o Portugal moderno, o Portugal que se afirma, o Portugal que sabe ganhar

1. Agora que sabemos o nosso grupo, o mais difícil, diríamos que da morte, e as nossas cidades-sede da fase final do Europeu de 2020 temos de reconhecer que nos falta, apenas, uma jornada, a derradeira e determinante, da fase de grupos das duas competições europeias de clubes. Já sabemos que o Benfica está fora da Liga dos Campeões - com um final terrível em Leipzig após atraentes e encorajantes oitenta e oito minutos! - e que terá naquela decisiva semana europeia de 10 a 12 de Dezembro de ganhar ao Zenit e de estar atento ao resultado do Lyon para saber da sua possível qualificação, via o ambicionado terceiro lugar do grupo, para a Liga Europa. Semana decisiva igualmente em termos políticos europeus com as eleições parlamentares no Reino Unido. Mas em termos de futebol também já sabemos, com alegria, que Sporting - com uma vitória e uma exibição consistentes na quinta-feira! - e Sporting de Braga estão apurados, o que é uma grande notícia para os clubes/SAD, seus Presidentes, para o Silas e para Ricardo Sá Pinto e para as cidades de Lisboa e Braga e, logo, para o específico, desde que não violento, crescente turismo desportivo. Assim, se ao nível da selecção nacional estamos no Europeu de 2020, e já o projectamos e estudamos, ao nível de clubes só nesta primeira semana de Dezembro saberemos, em definitivo, quem estará nos dezasseis avos de final da Liga Europa. Sabemos apenas que só o Vitória de Guimarães já está, em definitivo, fora da Europa do futebol nesta época desportiva. E com o Futebol Clube do Porto, depois da saborosa vitória na Suíça, apenas a depender de si próprio para continuar nesta mesma Europa de futebol. E são bem relevantes tais presenças, e com a acesa disputa directa com a Rússia para o determinante ranking da UEFA e para o ambicionado desejo português de voltar a ter, ainda neste formato das competições europeias, dois clubes portugueses com entrada directa para a fase de grupos da atractiva Liga dos Campeões. Com a consciência que os números de euros a arrecadar pela entrada são bem interessantes para as nossas SAD mas que época a época vão descendo em razão da queda dos nossos clubes na também específica classificação da organização europeia de futebol. E esta queda, que se consubstancia na diminuição das receitas iniciais, deve estar bem presente nas estruturas de futebol dos clubes, e nas respectivas opções, que ainda se podem manter na Europa. Com a singularidade de os números desta semana nos anteciparem que no momento do Brexit esta Europa de futebol está cheia de clubes britânicos! Ou seja, a Inglaterra sairá da Europa e o futebol inglês marca cada vez mais presença nas duas competições europeias de futebol. Com o Liverpool a lutar pela reconquista, o Tottenham agora de José Mourinho e o City de Bernardo Silva a chegarem desde já aos oitavos e o Chelsea a sonar ultrapassar o Valência ou o Ajax e chegar à liderança do grupo H. E com Luís Castro e o seu Shakhtar em grande, a Juventus de Cristiano Ronaldo já certa nesses oitavos, tal como igualmente PSG, Real Madrid, Bayern de Munique, Barcelona e Leipzig. Deixemos a análise do sorteio do Europeu, e das suas contas, para outro momento e assumamos que é bem importante termos clubes portugueses nos dezasseis avos da final da Liga Europa! Mesmo importante! E para pontuar!

2. Permitam duas referências neste domingo. A primeira para o êxito profissional e pessoal de Jorge Jesus. Para além de ser justa e categoricamente campeão sul-americano e brasileiro fica a outorga da cidadania honorária do Rio de Janeiro. É o reconhecimento de um êxito fulgurante no Flamengo e a afirmação da sua competência, da sua liderança e da sua excelência. Jorge Jesus mostrou ao Brasil, a todo o Brasil - ao Brasil de todas as classes sociais! - o Portugal moderno, o Portugal que se afirma, o Portugal que sabe ganhar. A outra nota vai para o meu conterrâneo João Félix. Foi eleito, por larga margem de votos, como o Golden Boy 2019! Nesta décima sétima edição de um troféu que reconhece o melhor jogador sub-21 o nosso João Félix ganhou a outros talentos jovens como o inglês Sancho, o holandês De Ligt ou o guineense/espanhol Ansu Fati. Depois de Renato Sanches em 2016 também João Félix cresceu e afirmou-se no Benfica e foi bonito, bem bonito o seu agradecimento ao clube que o projectou e ao treinador, Bruno Lage, que nele confiou e lhe deu, tal como também Fernando Santos, visibilidade global. Concretizada no fantástico título no Benfica e na categórica conquista da Liga das Nações!

3. Amanhã em Braga o cidadão Ricardo Alves Monteiro, nascido em Baião em 1983, poderá chegar ao jogo 300 como jogador de futebol. É um número impressionante e que merece aqui o devido registo. E merecerá, estou certo, no caso de Carlos Carvalhal o proporcionar, um aplauso imenso, prolongado e intenso por todo o bonito Estádio de Braga. Incluindo, permitam-me a sugestão, da equipa de arbitragem. E o singular reconhecimento da Federação e da Liga! O futebol reconhece o Mestre Ricardo Alves Monteiro com o nome Tarantini. E um amigo de Viseu, o João Cavaleiro - grande atacante do nosso Académico  e cidadão sempre socialmente empenhado - foi o primeiro que o escolheu para o mundo profissional e lhe possibilitou seguir um caminho. Tarantini escreveu um livro - A minha causa - sonha. Desafia-te. Concretiza que merece ser lido. Diria mesmo que merece que muitos Pais e Mães o comprem neste Natal e o ofereçam para ser lido pelos seus filhos(as) que ambicionam ser jogadores(as) de futebol. E onde está, na primeira pessoa, a conciliação do futebol com os estudos. E Tarantini sentiu, e bem, - obrigado! - «a responsabilidade de mostrar nos outros a dura realidade desta profissão que não é só cor de rosa»! Parabéns Tarantini!


4. O Doutor Alexandre Miguel Mestre coordenou e concretizou, com o seu dinamismo, a sua competência e, digo, a sua persistência, uma Enciclopédia de Direito do Desporto. Que incluiu um interessante e motivador prefácio do saudoso Professor Diogo Freitas do Amaral. É um livro com múltiplas e interessantes participações e que é, de verdade, uma útil ferramenta para todos(as) aqueles(as) - e são cada vez mais - que se interessam pelas matérias do Desporto. Parabéns Doutor Alexandre Mestre!


5. Mas acima de tudo na semana de 10-12 de Dezembro importa pela Europa do futebol a que queremos pertencer, pontuar! E, entretanto, ontem, hoje e amanhã teremos mais uma jornada da Liga NOS e durante a semana que ora arranca jogos decisivos da fase de grupos da Taça da Liga, aquela que em finais de Janeiro de 2020 nos proporcionará, a partir da bonita cidade de Braga, conhecer o campeão de Inverno!

6. Neste arranque de um ciclo infernal o Benfica goleou o Marítimo, que mesmo com uma chicotada psicológica não resistiu a uma avalanche atacante da equipa de Bruno Lage. Até ao Natal sucedem-se os jogos e todos esperamos que cheguemos ao final do ano na liderança da Liga, na final four da Taça da Liga e ultrapassemos o Braga na Taça de Portugal. É mesmo caso para dizermos: Carrega Benfica!!!"

Fernando Seara, in A Bola

Aula de Pizzi e Vinícius

"Química especial entre os dois jogadores, num desafio que foi um fato à medida do Benfica

Um sinal de confiança
1. Havia a expectativa de como o Benfica iria reagir à eliminatória da Champions e se Bruno Lage procederia a alterações na equipa. Isso não aconteceu e o treinador optou por dar um sinal de confiança a quem jogou de início em Leipzig. Pelo lado do Marítimo também existia curiosidade pelo facto de estrear um novo treinador.

Eficácia sem deslumbrar
2. O Marítimo tentou surpreender de início e criou duas situações em sete minutos, obrigando, numa delas, Vlachodimos a excelente defesa. O Benfica reagiu e marcou na segunda vez que chutou à baliza adversária. Passados nove minutos surgiu o segundo e o 3-0 apareceu à passagem da meia-hora. Uma eficácia tremenda que emergiu, essencialmente, da química perfeita que começa a existir entre Pizzi e Vinícius, com um a assistir, o outro a marcar. A partir desse momento o Marítimo começou a desconfiar de si mesmo e perdeu atrevimento. Sagaz a aproveitar a largura pelo lado direito, o Benfica até prescindiu de um seis de raiz: Gabriel está a ganhar consistência nessa posição. Não foi preciso deslumbrar para chegar confortável ao intervalo.

Romantismo
3. O Benfica reentrou forte, com Chiquinho numa missão mais próxima da finalização. O quarto golo nasceu precisamente por aí, com Vinícius, de novo, a mostrar ser um grande finalizador. O Marítimo foi acusando o peso do resultado e, mesmo após a expulsão de Gabriel, teve sempre um meio-campo macio e apresentou alguma debilidade na transição defensiva. Percebe-se que José Gomes procura implementar uma ideia de jogo nova, mais ofensiva, mas esse processo tem de ser cimentado. O Benfica aproveitou algum romantismo do Marítimo a abordagem ao jogo e, sem ser brilhante, conseguiu um resultado expressivo.

E podiam ter sido mais...

4. Vitória justíssima do Benfica, com Pizzi e Vinícius em evidência. O Marítimo foi um fato à medida do Benfica, atendendo à pressão que tinha após a eliminação da Champions. Não fosse a expulsão de Gabriel, o resultado poderia ter sido mais volumoso, mas ainda assim Bruno Lage garantiu a vitória, manteve a liderança e continua a pressionar o FC Porto."


Vítor Manuel, in A Bola

O que mudou?

"Bruno Lage poderá ter, enfim, encontrado a fórmula certa para o principal problema do Benfica 2019/2020, que (exceptuando a Champions...) parecia ter mais que ver com exibições do que com resultados, uma vez que por cá a águia segue apesar das críticas, na liderança da Liga, em prova na Taça de Portugal e com boas hipóteses de seguir em frente na Taça da Liga. A questão não era, pois, se os encarnados ganhavam, mas sim a forma como ganhavam, quase sempre sem entusiasmar adeptos, e dirigentes, (mal?) habituados ao fulgor dos últimos meses da época passada.
Sem Félix e Jonas - desenganem-se os que acham que a saída de um jogador não pode mudar tudo -, Lage esteve desde o início da época à procura da receita mágica que lhe permitisse colocar a equipa a jogar de forma a corresponder às exigências daqueles (e são, na Luz, a maioria) para quem ganhar não chega para impedir assobios. Tentou várias duplas de ataque, até chegar à actual: Chiquinho / Carlos Vinícius. Está a funcionar? Sim. Mas os últimos dois jogos (sim, coloquemos nesta equação Leipzig, onde apesar daqueles fatídicos nove minutos o Benfica teve pormenores muito interessantes) parecem mostrar que talvez o problema não estivesse tanto nos avançados, mas mais atrás. Na Alemanha e ontem Lage apostou num meio-campo sem um seis puro, mas com dois oito, Gabriel e Taarabt, que, não dando à equipa a mesma consistência defensiva, lhe permitem, no ataque, sair da pressão contrária de forma muito mais fácil e muito mais rápida. E livre do colete de forças em que, invariavelmente, se via presa por adversários que já lhe tinham tirado as medidas, a águia solta-se e consegue voar de forma mais exuberante. Não dará, claro, para todos os jogos. Mas para a maioria é mais do que suficiente..."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Chiquinho e Taarabt – Há horas felizes


"O jogo é dos mais inteligentes, dos mais hábeis do ponto de vista motor e dos mais capazes no gesto técnico.
Há um sem número de traços que não se podem ignorar naquilo que será sempre um jogador completo. Todavia, aqueles que dão fluidez ao jogo, que têm o condão de transformar o jogar em jogar bem, serão sempre os de maiores argumentos técnicos, motores e cognitivos."

Coluna semanal

"Uma análise semanal sobre pequenos pontos relacionados com o Benfica que me fui lembrando durante a semana.
1. Sucesso Europeu nas Modalidades. No fim de semana passado tivemos a equipa de Andebol a vencer o RK Nexe e a qualificar-se para a EHF Cup, algo que tínhamos conseguido pela primeira e última vez em 2016-17. Já a meio desta semana, a equipa de Voleibol fez o seu quarto jogo em 8 dias (com Sporting pelo meio) e voltou a vencer o Mladost Zagreb por 3-1, carimbando a segunda presença na história na CEV Champions League na história do Voleibol português e a primeira do Benfica. A primeira participação de uma equipa portuguesa foi há mais de 10 anos. Foi o Vitória de Guimarães em 2008-09. Também a meio da semana, a equipa de Basquetebol selou o 1º lugar no grupo da FIBA Europe Cup.
2. Futsal. O Futsal não teve tanta sorte assim. Calhou no grupo da morte no Elite Round da UEFA Futsal Champions League, sendo que também para ajudar ao azar não tivemos Roncaglio nos três jogos por lesão, nem André Coelho no primeiro jogo e Robinho no segundo jogo por castigo. Era um apuramento muito equilibrado, mas com estas baixas todas, ficava ainda mais difícil
3. Bruno Lage. Muitos adeptos continuam a confundir a falta de experiência de Bruno Lage com uma eventual falta de qualidade. A qualidade de Bruno Lage já está mais do que atestada. No entanto não é um treinador muito experiente, ainda menos em jogos de autocarro. É dar tempo. Temos um grande treinador. Não havia ninguém a fazer melhor do que ele tem feito nas condições que tem. Acho injusto culpá-lo pelas substituições do jogo na Quarta-feira quando a equipa estava a defender bem e qualquer substituição que fizesse poderia desestabilizar a equipa dado o momento do jogo. Os principais erros que lhe aponto é a forma como deu minutos a jogadores que não se encaixam no modelo de jogo que procura para a equipa. As titularidades de Fejsa por exemplo. Mas mesmo aí, ele está protegido porque no início da época disse que queria um plantel com duas soluções por posição e chegou a Setembro com quase 30 jogadores no plantel.
4. Ricardinho. Ricardinho anunciou que vai sair de Madrid. Eu adoro o Ricardinho. Defendi-o sempre, até quando esteve quase para assinar pelo Sporting. Mas é importante ter noção que é um jogador muito caro, com 35 anos e que o rendimento tem diminuindo nos últimos anos e a tendência natural é que continue. Se vier a um preço acessível, é um excelente reforço. Se vier para ser um dos cinco jogadores mais bem pagos das Modalidades do Benfica, acho que pelo mesmo preço conseguimos jogadores mais novos, com mais futuro, com mais rendimento, a preços mais em conta na Rússia ou no Brasil. A começar pela sugestão mais óbvia: Leandro Lino
5. Eliminação da Champions League. A eliminação da Champions ficou clara depois da derrota com o Lyon. O jogo de Quarta-feira era o mais complicado desta Fase de Grupo e fizemos um resultado muito bom, que podia ter sido melhor dado o jogo, mas que não deixa de ser um grande resultado. Agora segue-se o jogo do Zenit, onde dependemos de nós próprios para carimbar a passagem à Liga Europa. Uma vitória por 2-0 ou por três golos garante a passagem, sendo que podemos até só ganhar por um golo e passar desde que o Lyon perca em casa com o Leipzig. Este jogo com o Zenit parece-me que pode ser fundamental relativamente ao futuro do plantel do Benfica. É certo que vai haver saídas em Janeiro. Mas havendo Liga Europa na segunda metade da época, pode haver algumas entradas em Janeiro. Não havendo Liga Europa, ficamos só com saídas.
6. Novo Treinador da Equipa S23. Mauricio Pochettino foi despedido do Tottenham. José Mourinho foi apresentado como novo treinador. Foi buscar parte da equipa técnica ao Lille. O Lille veio buscar Jorge Maciel para a sua equipa técnica. Nós ficámos sem treinador da equipa S23, tendo ido buscar o Luís Ferreira Castro (LFC), antigo treinador da equipa S23 do Guimarães (não confundir com o Luís Ribeiro Castro que treinava a equipa principal do Guimarães e que está no Shakhtar). O LFC não tem muita experiência. Colocámo-lo no verão passado no Panetolikos, uma equipa grega com quem tínhamos uma parceria, mas que acabámos por não utilizar neste verão. A experiência não correu bem. Não ganhou nenhum jogo na Grécia. No entanto, a verdade é que já saiu há umas semanas e a crise de resultado mantém-se. O que se procura nestes treinador é sobretudo evolução dos jogadores e não resultados desportivos. A meio da época também não haveria muitas mais hipóteses. Como tal, é uma questão de dar tempo e ver o que acontece. Se correr mal, no verão voltamos a trocar.
7. Futuro Europeu nas Modalidades.
a) No Voleibol ficámos no grupo do Perugia - atual 2º no Campeonato Italiano -, o Varsóvia - actual 3º no Campeonato Polaco (com 2 jogos a menos e só com uma derrota) - e o Tours - actual 4º no Campeonato Francês. O favorito é o Perugia, uma das melhores equipas do mundo. Sendo que o nosso objectivo era estar aqui. Mais do que isso será sempre muito complicado. Se conseguirmos uma ou duas vitórias já é uma Champions League incrível. Para os adeptos de Voleibol é uma oportunidade única de ver grandes equipas. O Perugia nos últimos três anos esteve sempre na Final Four da CEV Champions League
b) No Basquetebol vamos agora para um novo grupo. Ficámos com o Chaleroi - actual 8º no Campeonato Belga -, o Bayreuth - actual 11º no Campeonato Alemão - e Bakken Bears - actual 2º no Campeonato Dinamarquês (com 2 jogos a menos e sem derrotas). Talvez o grupo onde temos mais hipóteses de passar. O principal adversário deverá ser o Bakken Bears, que há muitos anos que digo que tem o modelo ideal que deveríamos procurar seguir para o nosso Basquetebol. Aqui, o nosso objectivo é passar para a próxima fase, sendo que é algo ao nosso alcance, mas também não é garantido.
c) No Andebol apanhámos o Melsungen - actual 5º no Campeonato Alemão -, o Bjerringbro-Silkeborg - atual 6º no Campeonato Dinamarquês - e o Gwardia Opole - actual 4º no Campeonato Polaco. Dadas as alternativa, foi um sorteio simpático. Melsungen é o favorito. O 2º lugar pode cair para qualquer um, sendo que nós somos os underdogs, mas conseguindo bons jogos no pavilhão da Luz e na Polónia, quem sabe."

Lebres, cães e multidões

"Quem rodeia o cão mordido não resiste à tentação e dá também uma mordidela, só para sentir o sabor

Lebres
1. Se corres como mentes vamos às lebres.
- Ahahaah, que expressão curiosa.
- Pois, é isso.
- Este povo tem expressões maravilhosas.
- Mesmo!
- Meu caro, vossa excelência é tão mentirosa que se correr ao mesmo nível do que mente será o campeão da corrida rápida.
- Sim?
- Conseguirá até caçar lebres, esse animal recordista dos cem metros.
- O problema...
- O problema?
- O problema é que por vezes os mentirosos são coxos.
- Coxos..
- Não são rápidos, nem sequer lentos. Coxos.
- Não servem para ir às lebres.
- Não.
- Se coxeias como mentes ficamos já aqui. Não vale a pena ir às lebres. Eis uma adaptação possível deste provérbio.
- Uma adaptação possível, sim.

Sobre a multidão
2. A cão mordido todos mordem.
- Pois, é isso.
- A mordedura liberta sinais visuais, mas não só.
- Se estiver próximo, toda a gente vê que alguém foi mordido. Isso é evidente.
- Mas também devem existir sinais olfactivos.
- Uma mordedura deve cheirar ao longe, estou certo disso.
- E deve ainda libertar sinais sonoros.
- Certamente.
- É isso mesmo.
- Há tanta gente que aparece quando alguém é mordido que a mordedura só pode ter sido anunciada por mil meios.
- A irrecusável atracção da mordedura nos outros.
- Dava um belo título: a irrecusável atracção da mordedura nos outros.
- Torna-se atracção quase turística. Venham ver a mordedura nos outros! Bem bonita!
- Uma exibição. Um museu vivo.
- A mordedura nos outros...
- Uns apontam a mordedura, outros comentam. O tamanho da mordedura, as causas, os efeitos, o contexto.
- Mas claro que quem vê não se contenta em ver apenas e comentar.
- Diante de uma mordedura, muitos pensam: por que não também eu?
- Uma mordidelazinha?
- Hummm, que tentação.
- E não se trata de fome.
- Não.
- Ninguém se alimenta de mordeduras.
- Uma mordedura ou mesmo mil não satisfazem o velho estômago humano - que precisa de alimento concreto e substancial e não de pequenas lascas de carne.
- Mas há vários estômagos, excelência, e um deles, eu diria, é o estômago da maldade.
- E esse...
- E esse alimenta-se, sim, de mordeduras nos outros e não de comida concreta.
- E, portanto...
- E, portanto: eis que quem rodeia o cão mordido não resiste à tentação e dá uma mordidela só para sentir o sabor.
- E depois outro faz o mesmo. O difícil é começar, já se sabe.
- É como quem faz a primeira pergunta depois de uma conferência.
- Isso.
- E depois ainda outro avança para mais uma mordedura.
- E outro.
- E outro.
- E não acaba.
- A cão mordido todos mordem.
- Um cão mordido, duas hipóteses: ou se abre em redor dele uma clareira e ele fica sozinho a desembaraçar-se da sua mordedura ou em volta dele aparece uma multidão.
- Se fizéssemos um inquérito à multidão à volta...
- Sim.
- Você está aqui para quê?
- Para morder!
- E você?
- Morder.
- E você?
- Morder.
- E você?
- Morder, morder, morder!
- Ok. Percebi. E você aí atrás?
- Para curar e tratar a mordedura.
- Ups, uma novidade.
- Meu caro, um extraterrestre moral! Faça favor de passar. A mordedura é sua.
- A cão mordido todos mordem - mas há um ou outro que cura.
- Eis o acrescento necessário, excelência.
- Por vezes, sim, surge no meio da multidão que quer morder mais um pouco, um extraterrestre moral; alguém que quer curar.
- Que se deixe passar esse sujeito precioso.
- Sim, que se deixe passar."

Gonçalo M. Tavares, in A Bola

Os recursos e o CAS

"O Tribunal Arbitral do Desporto de Lausanne (CAS) proferiu decisão no âmbito do processo arbitral entre o Manchester City e a UEFA em relação ao recurso interposto no CAS pelo clube contra as decisões emitidas pela UEFA CFCB de 15 de Maio de 2019. Esta Câmara decidiu que houve um incumprimento do Clube no que diz respeito a regras previstas no Regulamento de Licenciamento e Fair Play. Na sua decisão de 15 de Maio de 2019, é recomendada uma sanção ao clube. Em 24 de Maio de 2019, o Manchester interpôs um recurso no CAS pedindo a anulação da decisão.
O Colégio de Árbitros do CAS determinou que o recurso do Manchester City era inadmissível, considerando que (em tradução livre, com base no comunicado de imprensa sobre o processo): «Um recurso contra a decisão de uma federação, associação ou organismo desportivo pode dar entrada e ser admitida no CAS (...) se o recorrente esgotou os recursos antes do recurso perante o CAS, de acordo com os estatutos ou regulamentos desse órgão (Artigo R47 das Regras do CAS)».
No presente caso, a decisão não é final e, portanto, não recorrível directamente ao CAS, porque o órgão competente para emitir tal juízo ainda não se pronunciou.
Este processo demonstra a importância de conhecer bem o sistema de recursos no âmbito desportivo, o qual se revela ser - quer a nível nacional quer a nível internacional - muito complexo. Para além da definição do órgão ou instância competente para conhecer de determinado recurso, há ainda que ter em especial atenção os eventuais custos envolvidos bem como os efeitos - suspensivos ou não - dos mesmos, para efeitos de aferição do risco associado."

Marta Viera da Cruz, in A Bola

Eterna saudade: aniversário da antiga catedral

"1954 foi um dos anos bestiais da história benfiquista. Apesar do poderio desportivo português pertencer a Sporting Clube de Portugal e Clube de Futebol ‘Os Belenenses’, o SL Benfica preparava, à data, importantes mudanças que mudariam retumbantemente o futuro: aterravam em Lisboa um senhor brasileiro chamado Otto e de Moçambique vinha um guarda-redes com o nome de Costa Pereira; e se tais contratações não fossem históricas, ajudou a isso a inauguração da casa benfiquista, finalmente.
Fartos de andar com a trouxa às costas, os benfiquistas andavam há 50 anos a deambular pela cidade, das Terras do Desembargador ao Campo Grande, passando pelo Campo da Feiteira, Sete Rios e Amoreiras. Foram anos duros e que terminariam na justificada emoção de Joaquim Ferreira Bogalho, o mítico dirigente do Benfica que naquela tarde chorou de… alívio. A águia tinha, por fim, um ninho.
Em tarde ocupada pelas demais actividades recreativas naquilo que foi um autêntico festival, com o desfile de 54 clubes (mais de 3000 atletas), o prato maior veio com a partida frente ao FC Porto, que terminaria 1-3 a favor dos azuis, numa pequena e insignificante vingança pelos 8-2 da inauguração das Antas, dois anos antes.
Naquele simbólico 1 de Dezembro (a intenção duma associação à restauração nacional nunca foi escondida), o esforço de todos os benfiquistas foi concretizado numa fantástica infraestrutura, quase sem ímpar naquele Portugal e só igualada pelo majestoso Estádio Nacional.
Em clima de paz podre e contrariamente à vontade da maioria de quem compunha as bancadas, um deputado da União Nacional, Urgel Horta, dirigiu-se às massas com demagogias várias, até finalizar assim: «Daqui, do alto da minha tribuna de deputado, velho praticante e dirigente, saúdo o Benfica, apontando-o como exemplo que deve ser imitado e seguido, a Bem da Nação.» Sacrifícios de parte a parte.
Desde a capacidade para 40 mil vozes, inicialmente, e 135 mil na maior enchente registada, milhões foram as almas benfiquistas que passaram pelas bancadas de pedra da Luz e levaram o Benfica aos maiores feitos da sua história, numa exigência ímpar que quem testemunhou diz ser inigualável. Foi daquela tribuna que se viu a viragem para a nova década, a década dos deuses do Olimpo vermelho. Foi dali que se viram equipas imparáveis e que se venerou a melhor equipa portuguesa de sempre. 
Estádio criado de e para benfiquistas, construiu história sempre ligada ao amor pelo clube e aos sacrifícios em prol dele. Desde a sua construção, em que cada sócio dava o que tinha para ajudar ao seu levantamento, fosse dinheiro ou uma cavadela para aumentar o tamanho dos alicerces, até à triste destruição, em que cada um levou um pouco de si. A obra surgiu de tal forma mítica e imponente, tanta carga mística acolheu nas fundações que provocou a dúvida a dogmas vários da população que nunca, em 50 anos, conseguiu decifrar o enigma de contornos religiosos e a definição total do seu significado: catedral ou… inferno?
No dia de hoje, é momento para celebrar a casa que tanta saudade nos traz e desejar que a Nova Luz faça jus à antecessora. Parabéns, alegre casinha."

A estupidez de um sorteio

"Custa, às vezes, querer ser inovador, querer melhorar e não saber como. É fácil compreender o impulso de alguns dirigentes para tentar “reinventar a roda”, redescobrir a melhor maneira de deixar a sua marca no futebol, mas tal vontade não pode ser cega, nem pode vingar sem o mínimo de ponderação.
Nesta altura poucos serão os adeptos a defender a UEFA ou a FIFA, instituições conhecidas por serem injustificadamente milionárias, associadas vezes demais a escândalos de corrupção e por interferirem em um pouco em tudo, desde premiações individuais até legislação dos próprios países soberanos que recebem as suas provas internacionais.
Chegámos, no entanto, a mais um dos casos bizarros, que não achávamos possível.
O recente sorteio para a fase de grupos do Euro 2020 veio confirmar o pior cenário que se podia adivinhar, depois de se perceberem as novas regras. A UEFA decidiu mexer na forma de atribuição dos potes e portanto nas selecções que se poderiam encontrar na primeira fase da competição. 
Tradicionalmente o critério mais relevante era o ranking da FIFA, que calcula a prestação desportiva das selecções e garante uma avaliação da sua performance estável e representativa.
Este critério assegurava que as selecções mais fortes raramente se encontravam na fase de grupos, guardando para os encontros mais decisivos as melhores selecções. Com a atribuição de lugares no primeiro pote a selecções que se qualificaram em primeiro do seu respectivo grupo, mesmo que com lugares inferiores do ranking FIFA, privilegiou-se apenas um ou dois jogos, em detrimento da estabilidade de anos e anos de competição. Assim, Portugal (7.º do ranking FIFA) foi atirado para o pote 3, enquanto Polónia (19.º), Ucrânia (24.º) e Rússia (38.º) ficaram no pote 1 e 2. A derrota de Portugal num dos jogos de qualificação frente à Ucrânia valeu mais, para este efeito, do que dezenas e dezenas de jogos a alto nível durante os últimos anos.
Desta forma, teremos no mesmo grupo as últimas três selecções a vencerem grandes torneios internacionais: Alemanha (campeã do Mundo em 2014), Portugal (campeão da Europa em 2016) e França (campeã do Mundo em 2018). Um destes candidatos à vitória final ficará em maus lençóis e poderá nem passar a fase de grupos. Qualquer um dos jogos entre estas três equipas poderia ser uma final da competição. Esses jogos irão agora acontecer na primeira fase, com menos impacto, sem que impliquem a eliminação automática de quem perder e com um empate a não parecer um resultado tão mau, dadas as circunstâncias.
Sem grande sentido, criou-se este desastre, mas que teve também impacto noutras equipas. A Bélgica já sabia o grupo em que iria calhar antes sequer do sorteio sequer acontecer.
A combinação de potes, as tensões políticas entre a Rússia e a Ucrânia e a obrigatoriedade das nações anfitriãs jogaram em casa fez com que os belgas soubessem já à partida que calhariam sempre com Rússia e Dinamarca. De Bruyne afirmou mesmo que com estas regras se trataria de um sorteio que tornaria o Euro 2020 numa “competição falsa”. Falsa e com uma estupidez de sorteio, acrescentaria eu."