domingo, 3 de novembro de 2019

A fórmula certa?

"Talvez Bruno Lage tenha encontrado, finalmente, a solução mágica para que o Benfica possa, mais do que apenas vencer, convencer a nível exibicional - deixemos, manda a prudência, uma análise definitiva para daqui a mais uns jogos, de preferência de grau de dificuldade mais elevado. Talvez a dupla Chiquinho/Vinícius tenha estado, afinal, sempre na cabeça do treinador, forçado a adiá-la por questões de ordem física. Ou talvez tenha sido, apenas, a derradeira experiência antes de desistir de uma ideia de jogo que parecia, simplesmente, não funcionar, por mais que Lage nela insistisse. Seja qual for a verdade, certo é que com Chiquinho/Vinícius este Benfica parece ganhar uma dinâmica que, não tendo (pelo menos para já) comparação com a da época passada, se lhe consegue, pelo menos, aproximar. Já tinha aparecido, a espaços, na goleada ao Portimonense e tornou-se bem mais visível ontem, numa vitória sobre um Rio Ave que, não se tendo portado mal, podia de facto ter deixado a Luz vergado a um resultado mais pesado. Depois de várias semanas dum preocupante cinzentismos, têm, por este dias, razões para estar mais felizes os benfiquistas. Porque ganhar é, por si só, bom, mais ganhar jogando bem é muito melhor. Veremos se consegue a águia manter-se assim ou se é, apenas, um fogacho como os que têm tido, ao longo da época, os dois principais candidatos ao título.
Para já, ficam hoje os benfiquistas de cadeirinha a ver o que faz o FC Porto na recepção ao Aves. Em teoria não conhecerão, os dragões, grandes dificuldades, mas convém não facilitar. É que Conceição parece estar a ceder à pressão, em especial à que vem de dentro. Mesmo que diga estar a borrifar-se para ela - teria sido, admitamos, uma expressão bem mais feliz. Mesmo que não fosse verdade..."

Ricardo Quaresma, in A Bola

Rúben acendeu a Luz

"Rio Ave não pecou, qualidade individual do Benfica é que sobressaiu. Segunda parte de luxo.

Mudanças
1. Bruno Lage apresentou a equipa com maior rendimento no passado recente, com as entradas de Ferro (construção), Florentino (equilíbrio) e Pizzi (criatividade). Carlos Carvalhal recorreu a um sector médio mais consistente sem bola - Jambor, Filipe Augusto e Tarantini - e apostou em Taremi (sem efeito, saiu ao intervalo) como avançado - jogador persistente e móvel com melhor média de golos na equipa do Rio Ave. Um encontro especial entre dois treinadores que já trabalharam juntos e são referências no futebol português.

Momentos e estratégias
2. O Rio Ave procurou impedir os médios de ligação - Gabriel e Florentino - de construir (através de Taremi e Tarantini), promovendo que os dois centrais construíssem (Ferro com maior sucesso do que Rúben Dias), mas sem a eficácia pretendida. O Benfica quis garantir uma atitude predominante desde o início, assumindo um bloco médio-alto, procurando recuperar a bola em corredor lateral e fechando a ligação interior, mas sem o sucesso habitual (nos jogos em casa). O Rio Ave surpreendeu, construiu com três - projectando Nélson Monte e recuando Nuno Santos, estes em largura total, configurando a equipa e possibilitando mais linhas de largura e profundidade para soluções de continuidade (entenda-se de passe) -, ou com quatro defesa e ocupar bem o espaço e os dois médios posicionados cirurgicamente, permitindo a saída quase sempre nos extremos em movimento interior (em apoio frontal) - com pouca notoriedade. O Rio Ave assumiu a posse de bola como prioridade, estabelecendo nos primeiros minutos o controlo efectivo, construindo sem erros, criando com simplicidade e procurando finalizar algumas situações perigo. O Benfica na primeira parte não conseguiu variações constantes de jogo, não quebrou linhas defensivas com o sucesso habitual (Pizzi apareceu tarde mas a tempo de fazer parte da solução) nos jogos em casa e forçou demasiado no corredor esquerdo as sequências ofensivas - previsível para o Rio Ave.

Duelo táctico até aos 30'
3. Um canto precedido de um lance polémico e Rúben Dias desbloqueia um jogo que estava destinado a ser resolvido num lance individual ou de bola parada. A partir desse momento, o Benfica consegue identificar os erros de pressão defensiva cometidos e altera a estrutura em fase defensiva, contrariando a construção do Rio Ave com três com três defesas (3-4-2-1). O Rio Ave procurou reagir, porem só através das iniciativas de Nuno Santos conseguiu incomodar a defesa do Benfica - inclusive com uma oportunidade de golo que esbarrou no poste - está claramente preparado para outros voos!

Domínio constrangedor
4. Reinício forte do Benfica, ao contrário do que aconteceu nos momentos iniciais de jogo, com a chegada ao golo através de uma sequência ofensiva com variação do ângulo de ataque (e com igualdade numérica em situação de finalização dentro da área do Rio Ave). Pizzi, jogador-chave no campeonato português que só apareceu em jogo aos 30' (na assistência do canto que deu golo), garantiu o segundo golo e contagiou a tranquilidade na equipa, ferindo toda a intencionalidade do Rio Ave para a segunda parte. O Benfica voltou a ser dominante, com mais ocasiões de golo, resultantes de uma atitude comportamental diferente, com mais capacidade de manter a posse, de progredir na profundidade, de transporte da bola para zonas vitais e com maior objectividade no ataque à baliza adversária.

Objectivo vs. complexidade
5. O Rio Ave não pecou, contudo a qualidade individual dos jogadores do Benfica sobressaiu nos momentos cruciais do jogo. A evidência científica referencia que quando uma equipa joga em casa apresenta vantagem, esta é explicada por vários factores, um deles o público que consolidou uma segunda parte de luxo por parte do Benfica."

Hugo Falcão, in A Bola

Judo afectivo e esqui

"Em vez de nadadores-salvadores pensar em marchadores-salvadores: andam em solo firme e evitam pequenos desastres na cidade

Kundera e o campeão de judo
1. Milan Kundera o grande escritor checo, tem vários livros essenciais, um deles: A Insustentável Leveza do Ser.
Nesse livro, aparece o diálogo entre um homem e uma mulher, Franz e Sabina. Diz ele, Franz:
«Já não tens que ter medo de nada: agora tens-me a mim para te defender! Fui campeão de judo na minha juventude!»
Ao mesmo tempo que diz isso, ele levanta uma cadeira, com uma única mão: «Conseguiu endireitar o braço na vertical sem largar a cadeira». A mulher diz-lhe: «É bom saber que és tão forte!»
E tudo parece certo. Porém, o narrador diz ainda: «Mas, bem lá no fundo, acrescentou para si própria (Sabina): Franz é forte, mas a força dele está unicamente voltada para fora. Com as pessoas com quem vive, com aqueles que ama, é muito fraco».
Pensar no mundo tenso e violento de alguns países em que a força física é ainda essencial. E pensar nas democracias em que o espaço público é ainda um lugar seguro e tranquilo. Não precisas da força física para te defender, precisas de argumentos.

Força para fora e força para dentro
2. Pensar ainda nestas duas variantes: a força virada para fora e a força virada para dentro. Uma parte do mundo concentrada na criação de músculos visíveis; músculos que se transformam por vezes em paisagem.
- Vamos ver aqueles músculos - poderia dizer-se da mesma maneira que alguns turistas ou pessoas que vivem no interior, dizem: vamos ver o mar.
Pensar no corpo como uma paisagem. Uma película exterior.
Pois então, essa paisagem exterior anatómica: um corpo musculado aí está: a força está virada para fora.
Uma força virada para dentro, o que seria? Por exemplo: treinara musculatura da sensibilidade da inteligência. Mas não só.
Força virada para dentro, alguns outros exemplos: capacidade de concentração, capacidade para nao desistir etc. etc.
Um corpo exterior bem forte e bem musculado pode não se concentrar minimamente. Um corpo exterior forte bem musculado pode desistir à primeira derrota ou ao primeiro falhanço.
Força virada para dentro, força virada para fora.

Judo afectivo
3. Pensar, assim, numa espécie de judo afectivo que não derrube, pelo contrário: levante ou impeça que o outro caia. Golpes de mãos e pernas para impedir que o outro desfaleça.
Um judo que salve: que impeça tropeções, desequilíbrios e quedas para a frente e para trás.
Um judo que seja judo de primeiros socorros: indivíduos distribuídos pelas ruas para evitarem pequenos desastres, escorregadelas, etc. Por exemplo, pensamos no vaso que cai do último andar em direcção à cabeça desprevenida de alguém. E pensemos que cabeça, tronco e pernas da iminente vítima são afastados no último momento, pelo judoca salvador, dessa linha vertical e definitva que vem de cima com o vaso e que terminaria na morte certa. O Judoca urbano, judoca a civil espalhado pela cidade que utiliza a sua arte para impedir que o cidadão caia de forma errada e desastrosa.
Judocas, portanto, que são salvadores terrestres, funcionários do governo pagos para evitar pequenos desastres urbanos. Em suma, em vez de nadadores salvadores pensar em marchadores-salvadores: andam em solo firma e evitam, entre muitas outras cosias, que a senhorita de setenta anos escorregue e caia no passeio.

O anúncio que assusta: Vem aí o esqui
4. Uma amigo fala-me das maravilhas do esqui. E agora que se aproxima o inverno, ele prepara já o equipamento.
Lembro-me logo da frase de Erma Bombeck, escritora americana e humorista que propôs para o sue próprio epitáfio: «Eu bem te tinha dito que estava docente». Pois bem, sobre  esqui ela disse uma vez, de uma forma que parece sensata, que «não se deviam praticar desportos que têm ambulâncias nos sopés das montanhas».
E quando uma vez perguntaram ao autor americano Corey Ford, se gostava de esquiar, ele respondeu:
«Esquiar? Porquê partir as pernas com 40 graus abaixo de zero quando as podemos partir nas escadas lá em casa?»
Portanto, se alguém o convidar para esquiar, aplique-lhe no mínimo um golpe de judo. Afectivo ou não."

Gonçalo M. Tavares, in A Bola

O caso Silas e a formação de treinadores

"Deve um treinador de jovens receber a mesma formação de um treinador de alto rendimento? Seguramente que não.

O actual treinador da equipa de futebol do Sporting Clube de Portugal não é o primeiro nem será certamente o último a exercer funções profissionais para as quais não está legalmente habilitado. Dir-se-á que não vem grande mal ao mundo, porque, embora de menor visibilidade mediática, são já tantos os casos existentes, que se pode concluir que a lei existe mas não é para cumprir.
Uma lei que na óptica do legislador e demais entidades corporativas do sector considera existir a necessidade de, sobre os treinadores de desporto, impender a obrigatoriedade de níveis de formação e de uma constante formação certificada, sob pena de caducidade (ou agora, com a recente alterações redenominada suspensão) dos seus respectivos títulos profissionais.
Que outras profissões se encontram sujeitas a este regime? Sobre que outros profissionais se regista a obrigação de participarem em acções de formação contínua sob pena de caducidade ou suspensão da legitimidade para exercerem as suas respectivas actividades profissionais?
Sabemos que a nossa opinião é minoritária. Reconhecemos que o actual modelo de formação de acesso à carreira de treinador merece amplo consenso da administração pública desportiva, dos partidos com assento parlamentar, das entidades representativas do sector, até da comunidade académica chamada a pronunciar-se. Mas deles discordamos porque entendemos que este modelo não se compadece com a realidade e a intenção de formar e profissionalizar a actividade do treinador de desporto.
Mas se poderá olvidar o facto de a grande maioria dos treinadores de desporto não terem carreiras autonomizadas ou autonomizáveis, tendo, ao invés, uma situação de carreira dual, ao que a lei impõe uma terceira via, que se atentar na necessidade de coligir, num só horário, o tempo de treino e da sua preparação, o tempo de estudos e pesquisa de acordo com as necessidades de desenvolvimento específicos da modalidade, da equipa e dos seus atletas e ainda o tempo de procura e frequência das impostas acções de formação para colecção de créditos de forma a garantir a manutenção do título de treinador devidamente certificado pelo Estado.
Não se trata de minorar ou desvalorizar a importância de uma formação inicial e contínua fortes ou da importância de constante actualização de conhecimentos, contudo, tal actualização terá e deverá ser feita numa base de iniciativa pessoal como, aliás, sucede na maioria das profissões, deixando que seja o próprio a escolher, considera a oferta existente, as que considera serem as melhores soluções a cada momento.
Em Portugal, para a esmagadora maioria ser treinador de desporto é uma missão, nuns casos benévola e em outros parcamente remunerada. Em Portugal, apenas um leque muito reduzido dos treinadores exerce esta actividade a título profissional. Mas sobre todos recaem responsabilidades em matéria de formação de maior exigência do que na vasta maioria das profissões.
Deve um treinador de jovens receber a mesma formação de um treinador de alto rendimento? Seguramente que não. O que não deve é um treinador de desporto que pretende trabalhar no alto rendimento seguir a via etápica da formação que o obriga, primeiro, a ter de dispor de formação em áreas de intervenção que não pretende exercer para, no final, poder exercer actividade que pretende. E aqui entronca a via-sacra dos níveis de formação de um modelo que o futebol inspirou e que depois foi exportado para todas as restantes modalidades desportivas.
Na verdade, a aprendizagem formal deveria esgotar-se nos conhecimentos considerados absolutamente necessário para o início da prática de treinador de desporto em áreas concretas (ou formação, ou animação, ou competição) porventura acrescida de competências básicas de prevenção e acção sobre problemas transversais à integridade do desporto como sejam a dopagem, a manipulação de competições, a violência ou o abuso sexual, ficando a responsabilidade pelas demais aprendizagens na esfera de cada um, cujo resultado final terá o seu devido exame semanal a cada prova desportiva em que os seus atletas actuem.
Adquirida a formação inicial, a actualização de conhecimentos não pode ficar refém dos créditos, como obrigação administrativa, sendo incontestável que o treinador, como qualquer outro profissional, tem direito à liberdade de escolher as formações que pretende realizar e, sobretudo, quando pretende fazer as mesmas, sem que haja qualquer tipo de penalização inusitada sobre a sua carreira profissional, para lá da natural adequação ou inadequação dos seus conhecimentos aos objectivos prosseguidos na sua actividade.
No modelo escolhido a formação inicial e as restantes etapas são inaplicáveis na generalidade das modalidades desportivas. Insistir no erro é querer impor por via burocrática o que a realidade não acolhe, nem aconselha.
A formação contínua transformou-se numa obrigação administrativa, sem um rigoroso e competente escrutínio de qualidade, sem avaliação, que pouco valor acrescentou às competições técnicas e à carreira do treinador, configurando-se numa formalidade burocrática e numa oportunidade de negócio para as entidades formadoras, sem tradução no aumento e consolidação das competências dos treinadores.
Em vez de assistirmos ao permanente e público desrespeito à lei, não teria sido preferível adequar o acesso à carreira de treinador às necessidades concretas da realidade desportiva nacional?
Não seria mais útil reforçar a componente formativa inicial do acesso à carreira de treinador e deixar aos profissionais da área o enriquecimento da classe, tal como sucede nos demais ramos profissionais existentes, cometendo-se ao mercado a responsabilidade de avaliar e seleccionar a competência de cada um?
Estamos todos confortáveis quando se atribui a uma entidade como a Autoridade Nacional de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) a competência de fiscalização de tudo isto (lei do acesso a carreira de treinador de desporto)?

José Manuel Constantino, in A Bola

O programa de governo

"Foi tornado público o Programa do XXII Governo Constitucional para o quadriénio 2019-2013. No documento refere-se a necessidade de promover boas práticas em sectores como o desportivo bem como intervir sobre fenómenos de violência, nomeadamente os ligados à actividade desportiva, criando mecanismos dissuasores de comportamentos racistas, xenófobos, sexistas e demais manifestações de intolerância, estimulando o comportamento cívico e a tranquilidade na fruição dos espaços públicos. O Governo projecta ainda «desenvolver, em articulação com as autarquias, a implementação de uma nova geração de Contratos Locais de Segurança que concretize uma estratégia de policiamento de proximidade em domínios como a segurança escolar o apoio aos idosos ou a segurança no desporto e em grandes eventos».
Existe ainda uma parte reservada ao estímulo da actividade física e desportiva, onde o Governo assume o compromisso de afirmar «Portugal no contexto desportivo internacional e colocar o país no lote das quinze nações europeias com cidadãos fisicamente mais activos, no próxima década».
Para tal, o Governo propõe entre outras medidas de carácter mais genérico, alargar ao ensino superior o bem-sucedido projecto em 2016 no ensino básico e secundário denominado Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola (UA ARE), promover a cooperação ente autoridades, agentes desportivos e cidadãos, com vista a erradicar comportamentos e atitudes violentas, de racismo, xenofobia e intolerância em todos os contextos de prática desportiva bem como continuar o combate à dopagem, à manipulação de resultados ou qualquer outra forma de perverter a verdade desportiva."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola

Xistrema e os seus critérios!!!

"Na quinta-feira passada ficámos a saber que Carlos Xistra iria ser castigado por não ter anulado o golo do Paços de Ferreira no jogo diante o Sporting CP. No dia seguinte, o mesmo árbitro, é nomeado para dirigir no estádio da Luz o jogo que opunha o SL Benfica ao Rio Ave. Talvez fosse para ele fazer uma espécie de catarse, e expiar os - alegados - pecados cometidos na jornada transacta.
A arbitragem, principalmente na primeira metade do jogo, roçou o escândalo, evocando, a espaços, tempos de má memória na década de 90. O erro de apreciação, chamemos-lhe assim, mais gritante foi quando, aos 30', não foi assinalada grande penalidade - inequívoca - de Matheus Reis sobre o lateral benfiquista, André Almeida.
Mas, cumpre o propósito este post, não de dissecar a - má - prestação da equipa de arbitragem, mas sim, uma vez mais, trazermos à colação a gritante falta de ética jornalística do jornal diário O Jogo. No dia 11 de Agosto de 2017, em Alvalade, num jogo entre o Sporting CP e o Vitória FC, Bas Dost salta projectando-se sobre um adversário e o árbitro Bruno Paixão não teve dúvida: penálti, que viria a dar a vitória ao clube visitado. A comunicação social foi praticamente unânime em reconhecer que não houve, efectivamente, motivo para a marcação do castigo máximo. E o que disse O Jogo, nomeadamente o seu trio de "Juízes" (todos co-relacionados com o tempo áureo do Apito dourado), no seu "tribunal unânime", esse baluarte da transparência, do rigor e isenção?
E o que disse hoje relativamente ao penálti não assinalado ontem sobre André Almeida?
É com este tipo de avença travestida de jornalismo que temos de conviver. Saibamos então fazê-lo. Parafraseando o arguido no caso dos e-mails, Francisco Marques: «Divirtam-se a chafurdar na lama que criaram e em que vivem»"

Eu roubei mas não sou eu. Agora sou uma SAD

"Um clube é condenado por falsear resultados mas não é castigado porque agora o que existe é uma SAD?

Confesso. Li e não quis acreditar, à semelhança de muitas outras notícias no mesmo sentido de difícil compreensão – e para que as mentes mais tacanhas não fiquem abespinhadas, nada disto tem a ver com o Governo A ou B. Segundo vi num jornal desportivo desta semana, o Moreirense, que joga atualmente na I Liga portuguesa, foi condenado por corrupção referente ao campeonato da II Liga de 2011-2012, altura em que lutava para subir à primeira Liga. Segundo se provou em tribunal, alguém ligado ao club de Moreira de Cónegos aliciou jogadores da Naval 1.º de Maio e do Santa Clara para beneficiarem o Moreirense. Tudo foi provado em tribunal, mas a equipa não pode ser condenada nos dias de hoje porque o que existe é a SAD Moreirense!
Mas que raio de sistema judicial é que temos que protege quem prevarica? Esta história de futebol pode ser clonada para muitos negócios que envolvem políticos e empresários que conseguem fugir à Justiça através dos expedientes que os seus advogados conseguem arranjar. Olhando para os casos mais famosos do estrangeiro, surge logo o caso de Madoff, o célebre especulador financeiro que em seis meses foi julgado e condenado a 150 anos de cadeia nos EUA. Em Espanha, o marido de uma das filhas do Rei Juan Carlos foi condenado em tempo recorde e ainda cumpre pena de prisão, por uso indevido de dinheiros, apesar de agora cumprir serviço comunitário duas vezes por semana.
Em Portugal o que temos? Temos um Ministério Público que decreta prisões preventivas para tentar investigar os indícios de corrupção que conseguiu reunir – quando o desejável seria o contrário. Só que a lei portuguesa está feita de tal forma que obriga os procuradores a começarem o trabalho pelo fim. Quantos Madoff não temos na sociedade portuguesa que conseguiram escapar às malhas da Justiça porque não tinham nada em seu nome ou colocaram os seus bens nalguma SAD, leia-se offshore? Como é possível os sucessivos governos não quererem mudar nada? Portugal, como é sabido, é um dos países mais seguros do mundo para viver, mas no que diz respeito à corrupção não ficamos tão bem, seguramente, na fotografia.
Os casos mais mediáticos dizem-nos isso. Arguidos que usam todos os estratagemas para irem adiando o julgamento por forma a que os processos prescrevam, deixando as culpas no Ministério Público que é obrigado a ouvir centenas de testemunhas, sem nada que acrescentem umas às outras. 
A Operação Marquês é um bom exemplo do que referi. Além das informações que faltam chegar das autoridades suíças, como é possível alguém dizer que lhe emprestaram 23 milhões de euros e continuar a brincar com o pagode? Como é possível alguns dos arguidos dizerem que estão na falência e continuarem com todas as mordomias? Como sabemos não faltam Operações Marquês na Justiça portuguesa envolvendo o célebre centrão.
Mas esqueçamos o caso mais mediático. Se eu quiser, por exemplo, vender a minha casa por um preço ridículo, a Câmara pode querer exercer, e bem, o direito de preferência. Qual a razão para que tal não aconteça com as empresas que têm centenas de imóveis e correrem com os inquilinos, para depois os venderem por um preço fictício a alguém amigo? Nessa matéria, o executivo de Rui Moreira está de parabéns por estar a tentar pôr fim a uma golpada dessas na cidade do Porto."

A caixa-forte do Benfica

"As comparações entre realidades totalmente diferentes são sempre perigosas, pelo que o facto de o Benfica ser, nesta altura, a equipa menos batida dos principais campeonatos europeus até pode não ser muito significativo – a Liga portuguesa é das mais desequilibradas, onde os grandes, normalmente, esmagam a concorrência. Mas o mesmo já não se pode dizer da comparação dentro da mesma realidade. E é por aí que os números do Benfica de Bruno Lage impressionam.
Três golos sofridos nas nove primeiras jornadas do campeonato (com sete jogos sem ser batido) é um registo que nem o FC Porto de André Villas-Boas conseguiu, apesar de ter sido a equipa das últimas décadas que apresentou um domínio mais avassalador em Portugal. É um detalhe – mais um – que se junta a todos outros registos pulverizadores de Bruno Lage no principal escalão do futebol português. Houve sinais positivos de melhorias exibicionais do duelo de quarta-feira diante do Portimonense e hoje, de novo no relvado da Luz, a equipa terá oportunidade para os confirmar. Até porque toda a confiança será necessária para o importantíssimo encontro de terça-feira em Lyon, a contar para a Liga dos Campeões, uma prova com a qual Lage ainda tem muitas contas para ajustar."

Um esforço conjunto para aumentar o tempo útil de jogo

"O maior destaque desta jornada vai para as palavras de Sérgio Conceição e para a questão relacionada com as perdas de tempo no futebol português, ou seja, com o tempo útil de jogo que se verifica na Liga portuguesa. Para melhor compreender esta problemática, vou socorrer-me dos dados lançados em Dezembro de 2018 pelo Observatório de Futebol (CIES), que relativamente a este assunto, e após a análise de 37 competições europeias, chegou à seguinte conclusão: Portugal é o país da Europa onde há menos tempo útil de jogo, mais concretamente (50,9%). Na prática, jogam-se apenas 46 minutos por partida.
Em sentido contrário, ou seja, nos campeonatos em que mais tempo se joga, temos a Liga sueca, (60,4%), logo seguida no ranking pela Champions League (60,2%) e Liga holandesa (58,6%). Por curiosidade, a Liga Europa ocupa a nona posição (57,15%) e os nossos vizinhos espanhóis estão em 17.º lugar (55,8%).
Mais do que lamentar os números, que são bem elucidativos, urge encontrar soluções para este problema. E não vale a pena tentar identificar quem é que é mais ou menos culpado, porque todos os intervenientes directos podem e devem fazer mais do que fazem para mudar este estado de coisas e as respectivas estatísticas.
Aos árbitros, pode pedir-se que deixem jogar mais, que privilegiem mais o contacto, que não apitem tudo, que punam com sanções disciplinares desde cedo os que retardam o recomeço do jogo e que, no limite, adicionem no final de cada parte o tempo perdido.Agora, há uma coisa que as pessoas têm de compreender: os árbitros não são médicos e não têm a capacidade de avaliar se os jogadores que caem no relvado estão ou não a necessitar de assistência. Todos nós nos lembramos do que aconteceu a Miklós Fehér, que sorriu e caiu no chão sem ninguém lhe ter tocado, por isso, sempre que um jogador está caído, deve o árbitro permitir que seja assistido. Importante é que esse tempo seja bem contabilizado e acrescentado, apesar da quebra de ritmo que essa paragem acaba por provocar.
Outro expediente ainda que podem e devem os árbitros usar é a gestão da reentrada no terreno de jogo. Quando os jogadores que solicitam assistência, mal saem pela linha lateral, pedem de imediato para voltar a entrar, é bom que os árbitros os deixem uns segundos lá fora, privando assim a equipa, momentaneamente, de um jogador, para que percebam “que o crime não compensa”.
Mas se de árbitros podemos falar, como parte da solução, não tenho dúvidas absolutamente nenhumas de que também os treinadores e jogadores podem e devem fazer muito mais. A começar, desde logo, por não usarem as perdas de tempo como um recurso táctico. Percebo a importância e o preço do “ponto” nas contas finais dos campeonatos, mas se estes agentes directos continuarem com estas atitudes de anti-jogo, não há arbitro nem futebol que resistam.
A reflexão sobre este assunto remete-nos, uma vez mais, para outro aspecto da mudança das leis de jogo, ou seja, para a paragem do cronómetro sempre que a bola sai do terreno de jogo ou este é interrompido pelo árbitro, como acontece noutros desportos. Seria uma solução possível de aplicar no futebol profissional, com os meios técnicos e os recursos humanos existentes.
Mas para piorar este quadro do tempo útil de jogo, também temos a questão das estatísticas no que ao número de cartões (amarelos e vermelhos) diz respeito. Numa lista de 31 campeonatos europeus, Portugal aparece no 7.º lugar, com uma média de 5,16 cartões por jogo (4,90 amarelos e 0,26 vermelhos). E se somarmos a estes números as faltas, então o cenário piora definitivamente: com uma média de 32,9 faltas por jogo, Portugal é também o país onde mais faltas se cometem. Em comparação, por exemplo, com a Liga inglesa, que apresenta uma média de 24,2, o fosso é abismal. 
Quando passamos para o sumo do futebol, que é o golo, verificamos que é mais do mesmo, pois Portugal aparece na cauda da tabela (28.º), com uma média de 2,32 golos por jogo e apenas com três países em situação pior (Grécia, Israel e Rússia). Entre os melhores exemplos europeus destacam-se a Espanha (em terceiro lugar), com 2,90 golos por jogo, Inglaterra (6.º), com 2,84, e Itália (7.º), com 2,80.
Em conclusão, a nossa Liga é das piores no que diz respeito ao tempo útil de jogo, ao número de faltas e cartões mostrados e também ao número de golos por jogo. Tudo isto merece uma profunda reflexão de todos, em que os árbitros serão parte importante da solução, mas não serão os únicos responsáveis."

O futuro está aí

"O relatório sobre o estado do futebol português apresentado aos presidentes dos clubes na reunião do passado dia 17 é ambicioso e optimista, projectando um crescimento de receitas da Liga que é difícil de imaginar na actualidade. Mas tem um inegável mérito: apresenta propostas concretas em questões como calendarização ou empréstimos, não se limitando a exaltar os benefícios (óbvios) da centralização de direitos televisivos. Agora, tudo está nas mãos dos clubes, que terão de ter a capacidade para ver a floresta do futuro e não apenas a sua árvore do presente.
O Benfica confirmou frente ao Rio Ave o favoritismo e as melhorias anunciadas nos últimos tempos, num encontro em que Rúben Dias assinalou o centésimo jogo pelos encarnados com mais um golo, o 10.º de águia ao peito. O central tem apenas 22 anos, mas joga como se tivesse 32. Esse é o melhor elogio que se lhe pode fazer. Rúben pode não ter as mesmas qualidades técnicas ou físicas de outros centrais, mas dificilmente alguém o derrota em mentalidade competitiva e de liderança. Faz parte do ADN de qualquer grande equipa ter um central com estas características. Todo o projecto de crescimento do Benfica em termos europeus será sempre mais fácil se for feito à sua volta."

(...) tem uma ideia sobre qual deve ser o papel de Seferovic neste momento: jogo a jogo, treino a treino, banco a banco

"Vlachodimos
Depois da saga interminável acerca da suposta contratação de um guarda-redes, chegámos finalmente à conclusão de que talvez nem sequer precisemos de um. Avizinham-se dias difíceis para Vlachodimos, que tem até Janeiro para demonstrar que a sua presença em campo é necessária. 

André Almeida
Prepara-se para inaugurar o marcador quando sofreu um penalti que até o Jorge Coroado foi capaz de ver. Felizmente o karma é do Benfica e a justiça foi reposta poucos segundos depois. De resto, teve pela frente o melhor adversário da noite, ou não fosse Nuno Santos mais um produto da formação do Benfica.

Rúben Dias
Dada a nossa propensão vendedora, os golos oportunos de um Rúben Dias - o de ontem um golaço - provocam em mim um misto de sentimentos. Por um lado, há o conforto apaziguador. Se o mesmo tipo que as tem impedido de entrar consegue marcar um golo desta qualidade, é sinal de que estamos a caminho de mais uma vitória. Por outro, já comecei a imaginar o que será da nossa defesa sem ele. Na minha cabeça já foram testados vários jogadores - Jardel, Morato, Kalaica, Lema, Conti, Tahar El-Khalej- e nenhum conseguiu estar exactamente ao mesmo nível.

Ferro
O Rio Ave tem alguns dos melhores jogadores ofensivos desta Liga, mas, por que será que o leitor não se consegue lembrar dos seus nomes neste momento?

Grimaldo
Bruno Lage já explicou que Grimaldo se limitou a fazer gestão de esforço, afastando qualquer cenário de lesão prolongada. Infelizmente para os adeptos, esse esclarecimento surgiu mais de uma hora depois. O meu coração podia perfeitamente não ter aguentado.

Florentino
se percebeu que há dois tipos de Florentino. O primeiro, que vimos há uma semana em Tondela, é o Florentino Luis. Os dois nomes são um tributo a todos os pais portugueses que gostam de se dirigir assim aos seus filhos quando estes cometem um erro. O rapaz que vimos ontem é o Tino, o miúdo a quem amigavelmente nos referimos pelo diminutivo porque faz quase tudo bem e tira a bola aos adversários sem estes saberem como. É manter este registo.

Gabriel
Perante a impossibilidade de ser um titular não utilizado, Gabriel fez o melhor que pôde para segurar as pontas e não queimar nenhum fusível antes da viagem até Lyon. Compreende-se a sua presença em campo, mas o Lage anda a brincar com a sorte (isso ou vem aí uma daquelas guinadas e vamos jogar com um meio campo completamente novo na Champions)

Pizzi
Diante de um Rio Ave que quis jogar olhos nos olhos, Pizzi fez algo que só está ao seu alcance: um olho nos cachineiros e outro na baliza. Assim que a oportunidade surgiu, Pizzi tirou dois adversários do caminho, colocou a bola na baliza como se fosse um penalti. Conseguido o mais difícil, foi tempo de celebrar: munido de uma fina ironia só ao alcance de um predestinado incompreendido, pediu calma à populaça em seu redor e mandou um beijinho para a bancada, onde centenas de odiadores pediam clemência. E repararam como nem sequer falei de mais uma assistência para golo? Para nós foi uma oportunidade de assistir ao regresso do grande Pizzi. Para ele, foi pão com manteiga.

Cervi
Quando regressou a este onze parecia um Fiat Seicento encontrado numa vala. A verdade é que Bruno Lage foi confiando nele e aos poucos começamos a ver um Fiat Cinquecento pronto para as curvas. Mais umas semanas e quem sabe não temos ali um Abarth.

Chiquinho
Mesmo não tendo marcado ou assistido, Chiquinho fez o suficiente ao lado de Vinícius para demonstrar que esta é a melhor dupla de ataque. Imaginem só as lágrimas dos adeptos do Lyon no final do jogo da próxima quarta-feira. Vamos brindar com um copo cheio delas.

Vinícius
Tive que rever o jogo para ter a certeza que não tinha marcado. Estranhíssimo, depois de tantas intervenções inteligentes ao longo do jogo. Já não estava habituado. Bem, fica para Lyon. 

Seferovic
Jogo a jogo, treino a treino, banco a banco.

Gedson
Um remate portentoso aos 90 minutos quase levantava o estádio, pelo menos a parte do estádio que não saiu para apanhar o metro.

Tomás Tavares
Miúdos com apelido Tavares no flanco errado. Já tínhamos saudades."

Cadomblé do Vata

"1. Numa frase tenho uma boa e uma má noticia: o Benfica está a jogar futebol outra vez... agora cada benfiquista lê da forma que mais lhe der jeito.
2. Vencemos os dois jogos seguidos em casa com resultado acumulado de 6-0... na segunda volta vai ser mais complicado porque serão dois jogos seguidos fora, mas não digam nada ao Conceição.
3. O futebol tem coisas engraçadas... o Rio Ave tem um jogador chamado "Messias" mas o Chiquinho joga é no Benfica.
4. Está-se a fazer um grande alarido com o estado do relvado, mas ele não está assim tão mau como dizem... não está é bom o suficiente para estar 90 minutos a ser lavrado pelo tractor Gabriel.
5. Tarantini vai terminar a carreira no Rio Ave, mas foi claramente jogador para outros vôos... estranho até como um tipo que mostra tanta azia de cada vez que perde na Luz, nunca jogou num dos nossos rivais."

Xistralhada, mais uma...!!!



"De Carlos Xistra já aqui dissemos tudo quando na 4ª jornada deste mesmo campeonato expulsou um jogador do Vitória de Guimarães aos 40 segundos de jogo no Estádio do Calor da Noite sem que houvesse motivo para tal. É apenas uma questão de ir um pouco abaixo na nossa Cronologia.
Hoje, foi encomendada a presença de Carlos Xistra na Luz para mais um serviço em benefício do "Sistema" encabeçado por Fontelas Gomes e que pretende a todo o custo tornar o Calor da Noite campeão.


Aquilo que se viu foi a todos os níveis nojento e inqualificável. Tudo. Só mesmo um indivíduo que se está pouco cagando, para usar uma expressão na moda, para as consequências dos seus actos em campo se sujeita a esta pouca vergonha. Uma vez que já ultrapassou o limite de idade de arbitragem está agora praticamente destacado apenas para estes serviços sujos ao serviço do sistema.
Por tudo isto, os nossos parabéns aos 11 jogadores do Benfica que conseguiram contra tudo e contra Xistra levar os 3 pontos para casa!
Siga a Liga Proença!"

SL Benfica - Rio Ave FC

"Jogo contra uma das equipas que pratica melhor futebol no nosso Campeonato, o Rio Ave de Carlos Carvalhal. O Benfica fez regressar Ferro e Florentino. O Rio Ave apareceu com um 4-3-3 (que construía com três centrais, com o lateral esquerdo a juntar-se aos centrais) e inicialmente até entrou melhor, trocando muito bem a bola e aproveitando a superioridade numérica no centro do terreno. Depois o Benfica abriu o marcador, pelo terceiro jogo consecutivo, com uma bola parada. E na segunda parte já dominou mais o jogo. Umas notas sobre o jogo.
1. Pizzi. Foi dia de Pizzi 18-19. Apareceu solto no campo. Andou em todo o lado no último terço à procura de espaços e de superioridades numéricas locais e conseguiu. Foi o principal motor do nosso jogo. Culminando com uma assistência para Rúben Dias e um golo onde faz uma bela finta sobre o seu marcador depois de uma boa combinação na ala esquerda entre Grimaldo e Cervi.
2. Rúben Dias. Mais um golo de bola parada e mais uma exibição a nível defensivo bastante segura. Está num momento incrível da sua carreira. O golo foi de particular importância visto que desbloqueou um jogo que até então parecia estar a ser do Rio Ave.
3. Florentino. Uma exibição soberba. Florentino travou o Rio Ave na sua saída para o contra-ataque. Estava sempre no sítio certo. É a personaficação da reacção à perda de bola. Recuperou mais de 10 bolas e quase não falhou um passe. Também beneficiou bastante neste sistema em que baixa um pouco mais no terreno enquanto Gabriel sobe mais e Chiquinho faz de terceiro médio.
4. Carlos Vinícius e Chiquinho. É a melhor dupla de avançados que tivemos até agora. Chiquinho é daqueles jogadores que se jogasse dentro de uma cabine telefónica não haveria problemas por ele. O Vinícius é um tanque que consegue receber de costas para a baliza e passar ou virar-se e rematar, consegue enganar defesas, tem um bom remate, alguma técnica. Combinam muito bem e pode estar aqui a chave para o sucesso nos próximos jogos.
5. Grimaldo. Mais um belo jogo do lateral espanhol. Com Cervi pela frente tem mais bola e até pode ser ele a pensar o jogo. Foi assim que surge o segundo golo. Está em mais uma mão cheia de boas jogadas. Saiu tocado com uma aparente lesão no gémeo. É mais uma vítima do relvado da Luz 
Acabou por ser dos jogos mais bem conseguidos do Benfica nos últimos tempos. Depois de um período de indefinição, acho que finalmente acertámos em cheio no onze ideal. O Benfica precisava de um Gabriel mais subido e de um Chiquinho a fazer ligação. Depois com uma exibição de Pizzi deste nível tudo fica mais fácil. Bom jogo."

Curtas do líder que vai crescendo

"Oitavo jogo em dez sem sofrer golos – Esta é a grande chave do sucesso pontual do Benfica na temporada, mesmo que a cada jogo consinta uma, duas, três oportunidades – Nada de excessivo mas o suficiente para que ainda assim o registo não tivesse tais níveis de absoluta excelência – Mas é na frente que o Benfica cresceu nos jogos mais recentes.
- De Vinícius a Seferovic vai um mundo de diferença quando se trata de tocar na bola. O brasileiro não é, nem perto de tal, extraordinário com bola – Como é Chiquinho, por exemplo – mas sobretudo não faz tudo à pressa, nem sente um peso de cada vez que tem de resolver um lance com bola. Sabe segurar e também tem habilidade motora para rodar e sair da oposição. A entrada de um ponta de lança que tem não apenas presença física mas também maior qualidade a ligar o jogo e a finalizar faz toda a diferença;
- Chiquinho ao registo habitual – É o homem que não tem erro! É difícil vê-lo perder uma bola, um passe, por mais curto que seja o espaço – A forma como recebe cada bola é uma lição para quem quer saber mais sobre eficiência e eficácia neste jogo – Defensivamente também sempre no espaço certo, e com a abordagem correcta – É candidato a figura do ano no Benfica!;
- Grimaldo e Ferro importantíssimos nas ligações pelo corredor esquerdo – Os passes verticais do central que encontram gente entrelinhas, e a finta curta de Grimaldo que sai sempre do seu espaço para procurar Cervi (como no segundo golo) ou o corredor central, são sempre uma fonte de desequilíbrios;
- A passada larga de Tino continua a fazer toda a diferença em todos os momentos. Não apenas na Transição Defensiva na forma incrível como recupera metros e se mete na defesa dos lances, mas até com bola, na forma como chega primeiro para oferecer mais uma linha de passe;
- Como por magia, uma nova dupla atacante veio trazer um Benfica muito mais capaz – Pode parecer pouco, mas numa equipa que se pretende criadora e que procura tanto as entradas por dentro, duas “pequenas” alterações no corredor central, que viu a entrada de dois jogadores capazes de pensar mais cada lance, trouxeram desde logo exibições bastante diferentes – E a fluidez ofensiva que cresce faz aparecer também maior qualidade nos colegas."

SL Benfica 2-0 Rio Ave FC: O aprendiz venceu o mestre

"SL Benfica e Rio Ave FC defrontaram-se esta noite em jogo a contar para a décima jornada da Primeira Liga. Depois de estar três jogos sem ganhar para a Liga, a equipa de Carlos Carvalhal procurava então impor-se perante os encarnados que vinham de uma vitória frente ao Portimonense SC.
O jogo começou a meia gás sem muita emoção. Apenas aos nove minutos é que houve um lance digno de burburinho na bancada. Depois de uma excelente recuperação de Florentino no corredor central, o número 61 faz o passe para Cervi que, de arrancada, só tem olhos para a baliza. Ainda fez o remate, mas o golo foi-lhe negado por Kieszek.
O Rio Ave estava a responder bem no seu meio-campo e estava a ter posse como gente grande. Ou deveremos dizer clube? Pois bem, os vilacondenses estavam a fechar bem os espaços e a dificultar a vida às águias para estas organizarem o seu jogo. Ainda assim, ofensivamente a equipa de Carlos Carvalhal espelhava várias lacunas. Só conseguiam construir jogo pelo flanco esquerdo do ataque e, para além disso, estiveram muito mal a decidir no último terço.
A partir dos 20 minutos de jogo a tendência inverteu-se: o Benfica começou a ter mais posse de bola e a carregar mais para ir à procura do golo. Inicialmente, o Rio Ave FC até estava a responder bem defensivamente, mas a supremacia do Benfica começou a ser demasiado evidente e já começava mesmo a cheirar a golo.
Aos 29′, surge um momento insólito para a equipa de arbitragem. Os assobios começaram a ser ensurdecedores depois de Carlos Xistra nada ter assinalado num lance em que André Almeida é empurrado na área do Rio Ave. Não obstante, a irritação dos jogadores encarnados perante a situação só pode ter ajudado porque, logo a seguir, o Benfica marca. Aos 31 minutos de jogo, Pizzi cruza para Rúben Dias que, impetuoso pelo ares, cabeceia a bola para dentro da baliza. Estava então feito o primeiro do jogo.
Os ânimos acalmaram e foi mesmo Vinicius a acordar a bancada novamente. Depois de rodar sobre si mesmo que nem um pivot de Futsal, Vinicius engana o defesa do Rio Ave e consegue o espaço para fazer o remate. O chuto vai tenso e forte, mas acaba por passar por cima da trave.
Aos 41′, veio finalmente a resposta do Rio Ave ao poderio do Benfica. Adivinhem lá, pelo lado esquerdo do ataque, Nuno Santos fura a defensiva lisboeta e faz o remate. A bola foi para ao poste esquerdo da baliza de Odysseas, mas estava claramente dada a ameaça de que não haviam de ser favas contadas para a equipa de Lage.
Até ao final da primeira parte não houve muita coisa para contar e o SL Benfica foi mesmo para os balneários a vencer por 1-0. O Rio Ave já tinha ameaçado antes e depois do golo, mostrando que não vinha à capital apenas para passear.
Tal como tinha acontecido no jogo contra o Portimonense, o Benfica voltou a ser muito eficaz nos minutos iniciais da segunda parte. Desta vez, os encarnados precisaram apenas de cinco minutos para conseguir facturar na partida. Aos 50 minutos, boa jogada do lado esquerdo do ataque e depois foi Cervi a cruzar. A bola passada pelo argentino encontrou Pizzi, que recebeu, temporizou e trocou as voltas aos defesas vilacondenses. Depois o 21 do Benfica só com o guarda-redes pela frente fez o dois a zero a favor dos encarnados.
O Benfica estava como queria no jogo: a geri-lo de forma calma e a seu belo favor. Já o Rio Ave, mesmo com as substituições efectuadas – que pouco ou nada surtiram efeito -, não conseguia criar qualquer tipo de perigo para a baliza encarnada. Os segundos 45 minutos foram jogados a meio gás pelas duas formações. Estava frio em Lisboa e nem o jogo conseguiu aquecer as bancadas.
As duas equipas pareciam que já não tinham muito a acrescentar à partida e o cansaço já era visível em muitos dos jogadores tanto de Benfica como do Rio Ave. O que podemos destacar deste jogo é uma estatística muito negativa para os vilacondenses… É que passaram 90 minutos (!) e não se viu por parte dos comandados de Carlos Carvalhal nenhum remate enquadrado à baliza de Vlachodimos, que foi um mero espectador.
O fim da partida acabou mesmo por chegar – ainda que de forma muito lenta – e o marcador mostrava uma vitória do Benfica por dois a zero frente ao Rio Ave. Foi um jogo onde os encarnados demonstraram confiança em todos os aspectos do jogo e mereceram os três pontos.
Assim, com esta vitória, o Benfica consolida a sua liderança isolada com 27 pontos, mais cinco do que FC Porto e FC Famalicão, que têm um jogo a menos. Os encarnados viram agora atenções para a Liga dos Campeões onde vão defrontar o Olympique de Lyon. Já o Rio Ave FC continua sem vencer para a Liga e já lá vão quatro jogos sem sentir o sabor da vitória.

Onzes Iniciais e Substituições:
SL Benfica Odysseas, Grimaldo (Tomás Tavares, 77′), Ferro, Rúben Dias, André Almeida, Cervi, Gabriel, Florentino, Pizzi, Vinicius (Seferovic, 86′) e Chiquinho (Gedson, 80′)
Rio Ave FC Kleszek, Matheus Reis, Borevkovic, Santos (Messias, 72′), Nélson Monte, Nikola Jambor, Filipe Augusto, Tarantini, Nuno Santos, Gabrielzinho (Carlos Mané, 53′), Mehdi Taremi (Ronan, 45′)

A Figura
CerviPodemos afirmar que foi o melhor jogo da época para o pequeno argentino. Depois de ter um arranque em falso no início da temporada, sentimos que o número 11 encarnado tem vindo em ascendente à medida que ganha mais tempo de jogo na equipa. Não deu os lances como perdidos e ainda fez a assistência para o segundo golo, o de Pizzi. Já merece o nosso prémio de figura de jogo.

O Fora de Jogo
Mehdi Taremi O 99 vilacondense andou perdido no campo e desaparecido do encontro. Quando Nuno Santos arrancava disparado pela esquerda, o iraniano até podia estar no sítio onde devia, mas pouco perigo oferecia à defensiva encarnada. Uma noite para esquecer aqui no Estádio da Luz para o avançado iraniano, que acabou por ser o primeiro a sair de campo logo no intervalo.

BnR Na Conferência de Imprensa
SL Benfica
Não foi possível colocar questões ao técnico do SL Benfica, Bruno Lage.

Rio Ave FC
Não foi possível colocar questões ao técnico do Rio Ave FC, Carlos Carvalhal."

E o 21 voltou

"O regresso das boas exibições de Pizzi coincidiu com um dos jogos mais seguros do Benfica nos últimos meses. A vitória por 2-0 frente ao Rio Ave mostra uma equipa de Bruno Lage em crescendo depois de meses de crise existencial

Calha a todos. Aqueles momentos de vazio, de incerteza sobre quem somos, o que somos, para onde queremos ir, qual é o nosso lugar no mundo. Momentos em que andamos por aí, não brilhando nem destruindo, apáticos, à espera que a energia regresse, seja por magia (porque às vezes é mesmo assim) ou por súbito entendimento das nossas maleitas.
É difícil fazer o diagnóstico dos últimos meses do Benfica, porque a crise existencial foi inesperada e sem explicações inequívocas, após um início de campeonato em que os encarnados pareciam ter apenas premido o play depois de terem colocado em pause no final da época passada. Perguntas e respostas à parte, a crise parece, por ora, amenizada, depois de uma semana que os encarnados fecham com duas exibições bastante interessantes, quarta-feira frente ao Portimonense e, principalmente, este sábado com o Rio Ave (2-0).
Ajudou seguramente que o Rio Ave tenha chegado à Luz com medo nível zero, a tentar ter posse e a construir, a surpreender ao passar a 1.ª parte a atacar com uma linha de três e laterais altamente projectados na frente. Enfrentar uma equipa que joga bem ajuda a subir o nível, como alguém que nos faz rir também nos ajuda a sair da crise. E foi isso que o Benfica fez, principalmente após o intervalo, após uma 1.ª parte equilibrada não por demérito de alguém mas sim porque as duas equipas procuraram sempre um futebol positivo.
Mesmo que o jogo estivesse bom e com muita acção em ambas as áreas, o certo é que o perigo nem sempre rondou as balizas: antes do golo de Rúben Dias, aos 32 minutos e na sequência de um canto marcado por Pizzi, só um remate colocado de Cervi aos 9 teve o selo de ‘oportunidade’. Foi então uma bola parada a desbloquear a situação, na cabeça certeira de Rúben Dias, que também já tinha meio que desengatilhado o jogo do Benfica na quarta-feira quando fez o 2-0. Mas os resultados só se viram no arranque da 2.ª parte, depois do maior susto que os encarnados tiveram ao longo dos 90 minutos, um remate ao ferro de Nuno Santos a cinco minutos do intervalo, depois do ex-Benfica ultrapassar André Almeida em velocidade.
Se na 1.ª parte a iniciativa de jogo esteve sempre bastante dividida, na 2.ª a história foi outra. O Benfica entrou desde logo sem vontade de abdicar da bola e do controlo do jogo e aos 51’ fez mais um golo: numa boa jogada pela esquerda entre Vinícius, Grimaldo e Cervi, o argentino fez o passe atrasado que foi encontrar Pizzi no coração da área. Com apenas um movimento, o 21 tirou dois adversários do caminho e finalizou com calma e classe.
E se Pizzi era uma espécie de espelho da crise de identidade do Benfica, o seu regresso às exibições decisivas coincide com o regresso de um Benfica mais próximo daquilo que se viu na época passada e início desta temporada.
Daí para a frente, o Benfica fez o que quis. Primeiro, anulou completamente qualquer iniciativa de um Rio Ave que tão bem tinha jogado na 1.ª parte com uma pressão constante e sufocante. Depois, cavalgou com tudo para o ataque, mesmo que nem sempre se concretizasse em perigo iminente.
Ainda assim houve boas jogadas, grande entendimento na frente e, pelo menos, o desaparecimento do Benfica fleumático dos últimos meses, com uma dinâmica e intensidade que há muito não se via no estádio da Luz.
E, pelo menos até domingo, a liderança está bem segura."

Engana-me que eu gosto, histórica África do Sul

"A selecção que jogava o râguebi mais físico, com mais pontapés territoriais e maior aposta no jogo no chão e nas formações, fez bluff, mudou o estilo na final e ganhou (32-12). A África do Sul conquistou o terceiro Mundial da história, o primeiro com um capitão negro, Siya Kolisi, contra uma Inglaterra que pareceu ter a sua final há uma semana

Como assim, o jogo oval mais fulcral em quatro anos arrancar tão estranho, de tão incomum, cheio de actividade quase paranormal.
Courtney Lawes escorre ao tentar placar, um ruck passa-lhe por cima, fica a tapar a saída da bola e, aos 49 segundos, provoca uma falta contra a imaculada Inglaterra, cuja imunidade a este tipo de erros a ajudara, uma semana antes, a devastar a terra negra e mais dominadora do râguebi.
O pontapé afim de ser convertido, pois não era longe e desenquadrado com os postes, é falhado por Handré Pollard, o provável médio de abertura de pé mais certeiro para acertar no que falha. É surpreendente, dois erros seguidos de tipos fiáveis que nem peças mecânicas, mas, com o tempo, entende-se que são apenas grãos no meio de um quadro muito maior de anormalidade da final do Mundial.
Porque, como é possível, a África do Sul estratega e fiel aos estratagemas dos muitos pontapés territoriais, das linhas de corridas apontadas aos canais perto dos rucks e de confiarem mais no pé do que no jogo à mão, ignora tudo isso. O estilo físico, de choque para depois pontapear a bola e procurar de novo o contacto, valioso porque lhe valeu a chegada à final e o próprio treinador dissera ser para manter, fugiu para parte incerta.
O bluff de Rassie Erasmus e dos sul-africanos varreu os ingleses com a surpresa de lidarem com muitas fases de bola nos três quartos, Pollard e Willie le Roux a organizarem uma linha para a qual Faf de Klerk, a viver no limiar de irritabilidade de tanto chutar nas partidas até aqui, já passava a bola até na própria área de 22 metros - nos primeiros 10 minutos, foi apenas uma vez com o pé esquerdo à bola.
E os jogadores ingleses, nervosismo a escorregar-lhes nas mãos, eram comandados por cabeças a depararem-se com um estilo de jogo que, provavelmente, não esperavam. Precipitavam-se nos passes, encravavam jogadas, cometiam faltas e davam quatro penalidades para o imperturbável Pollard converter.
Foram 40 minutos com, tão só, duas chegadas da Inglaterra aos 22 metros contrários, das quais extraíram duas faltas para Owen Farrell resgatar seis pontos contra os nove sul-africanos.
Um mal diminuído, rajadas de areia para os olhos de quem via os equipados de branco a não ligarem mais de quatro passes por fase, bloqueados pela intensa pressão que sofriam sobre o primeiro ou segundo receptores de bola, quando a abriam a partir de rucks. A África do Sul avançava na pressão e roubava tempo para os ingleses embalaram Manu Tuilagi.
A Inglaterra tornou-se mais agressiva com a bola no chão, obrigou-se a acordar do 6-12 ao intervalo. Mais força e disputa injectou nas mêlées e já tentava contestar os alinhamentos, momentos parados do jogo em que África do Sul dominaria, à partida, com os oito avançados mais especializados do torneio.
Arrancou faltas no primeiro quarto de hora do regresso, Farrell acertou dois de três pontapés, as fases à mão tinha mais campo aberto e pareceu, de facto, que mais jogadas iriam chegar às pontas de Johnny May e Anthony Watson sem mãos escorregadias pelo caminho.
Perante esta reacção e os ligeiros sinais de alarme, os espertos sul-africanos retornaram ao que, no fundo, se esperava deles. Lembraram a bola dos pés De Klerk e Pollard, chutaram bem lá no alto, carregaram na pressão contra quem captava a oval, forçaram faltas e, com os minutos, desmembraram a organização da Inglaterra.
E, em jogadas rápidas, a bola chegou aos seus pontas, Makazole Mapimbi e Cheslin Kolbe, cada um com ensaio marcado já depois de os ingleses largarem a oval na única jogada em que chegaram perto da área de ensaio. A pressão, combinada com a aposta no estilo habitual a partir dos 60 minutos, deu o Mundial à África do Sul perante uma Inglaterra sem tino, atropelada pela intensidade que não foi capaz de igualar.
Comparando um pouco à força, caiu com o mal que causara, há uma semana, à Nova Zelândia que, portanto, serve de termómetro para nada - o Campeonato do Mundo foi para a selecção que perdeu com os All Blacks logo à primeira jornada, não para a equipa que os anulou na meia-final.
Os resultados, como as aparências, são enganadoras.
O Mundial é da nação que, em 2016, perdeu oito jogos (incluindo com a Itália) e, em 2017, perdeu 57-0 com os neozelandeses. Que durante tantos anos se iludiu com o racismo, uma das piores e horrendas invenções da humanidade que, um dia, a minoria branca do país transformou no regime de segregação chamado apartheid.
Esse mal colapsou um pouco mais com Siya Kolisi, primeiro capitão negro da África do Sul que, quando tudo assentou e antes de tocar no troféu, pensou no país - “Desde que estou vivo que não o vejo assim. Agradeço a todos. Não jogámos por nós, jogámos por toda a gente que lá está”."

Rumo a Tóquio 2020: quando os adversários são o calor e a humidade

"A pouco menos de nove meses de distância dos próximos Jogos Olímpicos (a decorrerem, mais precisamente, entre 24 de Julho e 9 de Agosto de 2020), as preocupações com as condições climatéricas que os atletas irão defrontar começam a agigantar-se.
Para este efeito, começam a contribuir os primeiros “test-events” efectuados e, muito recentemente, a realidade vivenciada nos campeonatos do mundo de atletismo (em Doha), onde puderam ser experienciados, em muitos momentos, quase 32 graus de temperatura com mais de 85% de humidade (o que se pode traduzir em quase 50 graus “percebidos”).
Em Doha, cenários como os da maratona (masculina e feminina) ou das modalidades de marcha (50km e 20km), transformaram-se em verdadeiros exercícios de sobrevivência, assistindo-se à instalação de verdadeiros “hospitais de campanha”, para dar suporte aos atletas, precavendo situações de eventual tragédia, onde um cenário de desidratação grave, poderia facilmente conduzir à morte. 

Factor(es) de Risco
Poderíamos enumerar uma grande diversidade de factores de risco associados à prática desportiva em contextos de elevada temperatura e humidade onde, naturalmente, os mais óbvios se prendem com a natureza de algumas modalidades que, à partida, implicam maior exposição solar “desprotegida” (sem meios de arrefecimento), como são a marcha, a maratona, o triatlo ou as provas de ciclismo de estrada.
Apesar de, nestas modalidades, os riscos de um “choque de calor” e/ou desidratação grave possam ser mais expectáveis, a permanência na aldeia olímpica por todo e qualquer atleta, por um período naturalmente prolongado, onde se espera que haja exposição diária a estas condições nos trajectos que se fazem entre locais de treino e a residência onde se instalam (podendo ter que se percorrer, muito facilmente, mais de 6km a pé por dia, fora as deslocações em autocarros que nem sempre tem as melhores condições de refrigeração), pode conduzir (por vezes, de forma “camuflada”) à instalação gradual de um quadro de desidratação que impactará a performance do atleta, por compromisso do funcionamento fisiológico e cognitivo.
Há já muitos anos que se produz conhecimento cientifico no que respeita à resposta fisiológica (ou à degradação da mesma) dos atletas que competem em contextos com este tipo de adversidade ambiental. Por esta razão, as estratégias de arrefecimento e aclimatação encontram-se cada vez mais desenvolvidas, no sentido de garantir aos atletas que a sua capacidade (às vezes, sobrevivência) será impactada de forma minimizada.
Em termos dos processos cognitivos, pouca evidência científica tem sido produzida quando estas duas variáveis estão presentes, sendo que, o que se apura demonstra disrupção de funcionamento cerebral (redução fluxo sanguíneo, aumento de temperatura cerebral e consequente compromisso de oxigenação), com prejuízo das funções cognitivas (tempo de reacção, atenção, funções executivas, entre outras - Bain et al., 2015).



Que Aliados?
Creio que muitas gerações recordam a final daquela que foi a primeira maratona feminina nos Jogos Olímpicos de Los Angels, onde a atleta Gabriela Andersen-Schies terminou a prova em perfeito colapso.
As imagens impressionam pela determinação da atleta, mas também pela pergunta que certamente assombrará qualquer pessoa ligada à área da saúde quando procuramos imaginar se um organismo perto de colapsar terá, de facto, discernimento q.b. para determinar que, em boa verdade, deve parar de imediato, sob pena de poder haver danos irreversíveis (ou mesmo morte).
Naturalmente que, equipas médicas fortemente preparadas não só para contribuírem com o seu conhecimento para o planeamento do processo desportivo (em parceria com as equipas técnicas), mas também para uma rápida identificação de sinais de desidratação extrema e atempada intervenção, são um enorme factor de segurança. Não são, contudo, suficientes nem a elas deve ser imputada a maior cota de responsabilidade.

Auto-Consciência e Auto-Regulação
Naturalmente que, a responsabilidade reside no próprio atleta. Demorará ainda alguns anos para que se assista a uma indústria (no Desporto de alta competição) que coloque os atletas (e não o espectáculo) em primeiro plano.
Demorará ainda alguns anos para que se assista à capacidade de relegar para segundo plano os muitos milhões garantidos em transmissões televisivas, para salvaguardar os interesses (às vezes, a vida) dos atletas.
Por esta razão, o foco deve ser colocado no atleta.
Urge, então, direccionar a atenção para o que conseguimos controlar melhor - educar/treinar os nossos atletas para o reconhecimento de indicadores de stress e desconforto interno, sejam de natureza fisiológica ou cognitiva.
Os JO de Tóquio assumem-se, desta forma, como os jogos onde, de forma muito evidente, se destacarão os atletas que, para além de um eficiente trabalho ao nível das estratégias de arrefecimento e aclimatação, estejam mais eficientemente treinados do ponto de vista das suas competências psico-emocionais, dada adversidade ambiental esperada.
Atletas que consigam, de forma mais eficiente, “blindar-se” ao impacto negativo que a informação externa produz no seu sistema, através da activação de crenças disfuncionais que despoletarão mecanismos de fuga e evasão (em boa verdade, um “sistema de sobrevivência” natural – uma vez que o que não é natural será competir em tal complexidade climatérica), seleccionando criteriosamente apenas a informação útil para a manutenção de um funcionamento eficiente da sua fisiologia e capacidade de tomada de decisão estratégica (como, por exemplo, definir o andamento pretendido a cada km).

Nota: no passado dia 28, procurando contribuir para o conhecimento já existente nas diferentes federações desportivas, o Comité Olímpico de Portugal desenvolveu uma reunião técnica onde foram discutidas as melhores práticas para a preparação dos atletas para este tipo de adversidade."

Vermelhão: Confiança a subir...

Benfica 2 - 0 Rio Ave


Acabou por o jogo 'perfeito', nesta sequência de jogos, com pouco tempo de recuperação: ritmo relativamente baixo, sem grande intensidade (principalmente no 1.º tempo)... mas com a bola quase sempre longe da nossa baliza, para benefício dos nossos batimentos cardíacos!!!
O Rio Ave, tem uma boa 1.ª fase de construção, conseguiu mesmo irritar 'alguns' nas bancadas, com tanta posse de bola, mas raramente passaram a nossa linha de meio-campo... E se recordarmos, este tipo de jogo do Rio Ave na Luz, nem foi novidade, pois nas últimas épocas, fez exibições parecidas na Catedral... com posse de bola, mas sem capacidade de 'esticar' a bola até à nossa área!
Podemos criticar a demasiada 'paciência' do Benfica, mas neste momento, sem o Rafa, o Benfica não tem um jogador que consiga acelerar nas transições ofensivas. Uma coisa é quando o adversário, sobe as 'linhas' e temos espaço para colocar a bola nas costas dos Centrais - como fizemos com o Portimonense na 2.ª parte -, mas acelerar 'entre-linhas' no meio dos adversários, dá quase sempre perda de bola... Portanto, a estratégia acertada, é o ataque de 'posse', e este tipo de estratégia é muitas vezes um jogo de 'paciência', até porque o jogo aparentemente 'chato' de mudanças de flanco, quase sempre através dos Centrais, pode não ter um efeito imediato, mas vai desgastando o adversário...
E hoje, se o 2-0 foi determinante, para retirar as 'esperanças' aos jogadores visitantes, o facto de eles terem feito dois jogos, em poucos dias (algo que estes jogadores não estão habituados), acabou por 'facilitar' a nossa pressão alta no 2.º tempo... Segundo tempo, onde fomos quase sempre sufocantes, provavelmente os melhores (mais agradáveis...) 45 minutos da época!!!
Mas ficou a 'faltar' o 3.º golo, falhámos demasiados golos feitos... e teria sido importante, porque iria seguramente 'acelerar' as substituições. 2-0 é um resultado perigoso, e o Lage foi adiando a saída do Gabriel... e com uma substituição 'queimada', o Gabriel foi obrigado a fazer os 90 minutos!
Não foi fácil encontrar um MVP, a 'sorte' calhou ao Rúben, mas o Cervi e o Gabriel também fizeram um bons jogos, cada um à sua maneira!!!
O Cervi tem sido fundamental na subida da nossa consistência defensiva: ajuda o Grimaldo, e ajuda os dois médios, que ficam com menos trabalho!!!
Desta vez a dupla Chiquinho/Vinícius não marcaram, mas voltaram a estar bem... o Vini, dá muito à equipa, na forma como 'ganha' a bola aos Centrais e notou-se claramente, hoje, principalmente na 2.ª parte, uma melhoria nas combinações ao primeiro toque, algo que só os minutos, podem lapidar!
O Pizzi voltou aos golos e fez um dos melhores jogos dos últimos tempos... mas aquelas 'simulações' de pressão, irritam-me profundamente!!!
O Florentino regressou, e voltou a fazer um jogo ao seu nível: enorme nas recuperações; hesitante com a bola nos pés! Sendo que foi importantíssimo no 'sufoco' do 2.º tempo!
Vamos ver o que se passou com o Grimaldo... que estava a fazer mais um bom jogo!
Gostei do Ferro hoje: curiosa a forma como em vários momentos tentou 'imitar' o Jardel na pressão nas 'costas' do avançado adversário! É sinal que esteve atento ao jogo com o Portimonense!!!
O Almeidinhos, sem a pré-época, está claramente fora de forma física! Mais lento na velocidade de 'ponta', e sem capacidade rápida de recuperação... 
Boa entrada do Gedson... que 'arrisca-se' a ser titular e Lyon!
Um 'obrigado' ao Xistra e restante equipa, por ter conseguido 'incendiar' as bancadas da Luz, num jogo que estava com um ambiente 'morno', e que culminou uma série de decisões dignas de um qualquer ladrão, numa grande 'cornada' do Rúben para dentro da baliza... Tudo a fazer recordar, o ladrão do Soares Dias, no Benfica - Corrputos dos Eusébios, com o Garay a marcar, após a 'grande defesa' do Mangala!!!
Internamente, as coisas parecem mais ou menos 'controladas'. Ofensivamente ainda temos muito que melhorar, mas a defesa está a 'segurar' o Benfica na luta pelo título... E enquanto continuarmos a ter esta atitude defensiva, vai ser difícil sofrermos golos: nos últimos 3 jogos, o Ody foi obrigado a 3 defesas complicadas: 2 com o Tondela, praticamente uma a seguir à outra; e 1 com o Portimonense, num lance onde houve um fora-de-jogo claro...; hoje, sem nenhuma defesa digna desse nome, viu uma bola bater no poste, num lance onde devia ter saído aos pés do Nuno Santos... tinha tempo! Se este registo defensivo se manter, teremos mais perto dos três pontos...
Na Terça em Lyon, tudo será diferente, as 'contas' na Europa são outras. Matematicamente, o empate, poderá ser mesmo insuficiente, depende do jogo entre o Zenit e o Leipzig, uma vitória Russa... obrigamos a vencer em Lyon, e a depois a vencer na Alemanha!!!
Eu apostaria, no Tomás (devido à falta de velocidade do Almeida), mas se o Grimaldo não tiver disponível, será 'complicado' jogar com dois putos nas Laterais!!!
No meio-campo, e com um Lyon que vai pressionar, eu apostava no Samaris no lugar do Tino...
Lá na frente, voltava a jogar com o Vini, pois a capacidade de segurar a bola, poderá ser fundamental... a minha dúvida, coloca-se no Chiquinho: o Lyon dá espaço entre-linhas, o Rafa demonstrou isso mesmo na Luz... eu arriscava, o Pizzi no meio (como terminou hoje, e com o Portimonense...) e metia o Gedson a 'fechar' o flanco direito... O Lyon tem jogadores muito rápidos na frente, e como demonstraram na Luz, sabem trocar a bola... e o Pizzi, neste momento, dá pouco ajuda ao defesa direito...