"“André Horta? Vamos jogar com dez?” “Não, com nove, o Hassan também é titular”. Apesar do exemplar arranque de temporada do SC Braga (apenas o empate com o Gil Vicente se pode considerar um mau resultado), nem todos os adeptos dos minhotos estavam confiantes com as escolhas de Sá Pinto para o segundo embate dos arsenalistas com um dos três grandes neste início de época, depois da derrota em Alvalade.
Tivessem ou não razão os interlocutores desta conversa, o jogo não seria tarefa fácil, já que pela frente estaria o Campeão Nacional, um Benfica forte e com intenção de vingar o orgulho ferido pela queda aos pés do FC Porto na última jornada, registando a primeira derrota para a Liga sob o comando de Bruno Lage.
O encontro começou rápido e com ambas as equipas com uma postura ofensiva, procurando criar espaços e também não hesitando em recorrer à falta, forçando o árbitro a intervir bastantes vezes na partida. Contudo, este grande caudal atacante de parte a parte não era correspondido em claras oportunidades de golo, ainda que proporcionasse um bom espectáculo.
A meio da primeira parte, uma jogada ofensiva do Benfica que parecia resolvida resultou num grande problema, com o árbitro a apontar para a marca dos 11 metros. Vista a jogada da bancada de imprensa, fica a dúvida se é ajustado o castigo máximo ou se deveria antes ter sido livre indirecto, mas Nuno Almeida não teve dúvidas. Com tranquilidade, Pizzi colocou a bola do lado oposto ao para o qual Matheus se lançou e inaugurou o marcador.
A vontade dos da casa de ripostar fez com que o jogo se abrisse ainda mais, dando espaço à criação de maior perigo junto das balizas de Matheus e Vlachodimos. Aos 33’, Seferovic teve tudo para aumentar a vantagem, mas, com a baliza aberta, deixou-se surpreender por um dos defesas bracarenses, que cortou para canto. Pouco depois, aos 37’, Ricardo Horta surgiu isolado, mas respondeu a bom cruzamente com uma bola ao poste. E, a encerrar o primeiro tempo, Seferovic voltou a desperdiçar ocasião soberana, atirando muito por cima só com Matheus pela frente.
Sá Pinto mexeu duplamente ao intervalo, lançando Fonte e Murilo, mas não conseguiu sequer perceber a influência das mexidas no conjunto arsenalista antes de novo golpe. Novamente Pizzi a faturar, desta vez aparecendo de trás na área para responder da melhor forma a cruzamento a meia altura do lado direito do ataque benfiquista.
Ainda não havia o Braga digerido o segundo e já estava a sofrer o terceiro. Cruzamento rasteiro do lado esquerdo e Bruno Viana, tentando desviar a bola, acaba por enganar Matheus e colocar a bola no fundo das redes da própria baliza.
Foi como um golpe de misericórdia. Os Guerreiros do Minho nunca mais se encontraram e o jogo entrou num estado mais abúlico, com um Benfica sem vontade ou necessidade de acelerar e um Braga sem capacidade mental para o fazer.
Aos 72’, chegou-se a um estado de quase humilhação, quando o Benfica se encontrou de novo a aumentar a vantagem graças a um autogolo, desta feita por Esgaio. A partir daí, não houve mais que valha a pena contar, ambas as equipas limitando-se a contar os minutos até poderem finalizar o jogo.
Se o Benfica se reencontra com os triunfos, o Braga soma o terceiro encontro consecutivo para o Campeonato sem ganhar e conta apenas com quatro pontos ao fim de igual número de jogos, manifestamente pouco para as ambições arsenalistas, ainda que com o consolo de já terem defrontado águias e leões. Nota final para o pouco público presente no estádio (15499 espectadores). Meia casa é manifestamente pouco para um jogo com dois dos mais fortes conjuntos da nossa Liga.
Equipas Iniciais
SC Braga: Matheus; Esgaio, Lucas, Bruno Viana, Sequeira; Palhinha, Novais, André Horta (Trincão 70’); Galeno (Murilo 45’), Ricardo Horta, Hassan (Rui Fonte 45’)
SL Benfica: Vlachodimos; André Almeida, Ruben Dias, Ferro, Grimaldo; Pizzi (Caio 75’), Florentino, Rafa, Taarabt; Raul De Tomas (Jota 68’), Seferovic (Vinicius 76’)
A Figura
Pizzi – Converteu o penalti que abriu o marcador, voltou a fazer o gosto ao pé a abrir a segunda metade e deu a todo o tempo solidez ao meio-campo dos campeões nacionais.
O Fora De Jogo
Seferovic – O avançado suíço voltou a desperdiçar várias situações claras de golo. Felizmente para os encarnados, houve outros a descobrir o caminho para a baliza minhota, mas o seu desperdício poderia ter custado mais caro ao Benfica.
BnR Na Conferência de Imprensa
SC Braga
BnR: Apesar do apuramento europeu, a equipa soma três jogos consecutivos sem ganhar para o Campeonato. Qual será a sua prioridade no trabalho a desenvolver durante este período sem jogos?
Ricardo Sá Pinto: Agora é analisar o último jogo, recuperar a equipa fisicamente e continuar a trabalhar como temos feito até aqui, em todos os momentos que nós achamos importantes do nosso jogo.
Outras declarações:
«Acho que entramos bem no jogo, estivemos bastante igualados até ao penalti».
«Normalmente, somos uma equipa mais compacta, mais equilibrada. Permitimos alguns espaços ao adversário e tentei corrigir isso ao intervalo».
«Foi muito difícil para nós a partir do 0-3. Foi um jogo muito atípico».
«Dizer à equipa que perdemos apenas três pontos. Mas não podemos valorizar em demasia. Estamos tristes, porque queremos sempre ganhar, mas as circunstâncias não nos permitiram fazer um jogo melhor».
SL Benfica
O BnR não colocou nenhuma questão ao treinador Bruno Lage.
Outras declarações:
«Mostramos em campo a forma como gostamos de jogar. Isso foi o mais importante».
«Não responsabilizamos ninguém, nem o Samaris, nem o Tavares pela derrota [com o FC Porto]».
«Aquilo que eu lhes pedi [ao jogadores] foi: mostrem em campo aquilo que nós treinamos»."
PS: O autor desta crónica enganou-se, a tal conversa antes do jogo não era entre adeptos minhotos, eram Dragartos, que duas vezes por ano são supostamente adeptos do Braga, sempre que este joga contra o Benfica!!! Porque se fossem adeptos do Braga, sabem que o André Horta tem sido de longe o melhor jogador do Braga esta época, e sabiam que o André apesar de Benfiquista assumido, é profissional...