segunda-feira, 15 de julho de 2019

Cadomblé do Vata (entradas...)

"Primeira análise, extremamente precipitada, dos reforços:
Tyronne Ebuehi - Listei-o como reforço há 1 ano e ele não jogou. Pensei que fosse reforço este ano, mas continua sem jogar. Vale a pena contar com ele quando acabar o contrato do Almeida em 2023? 
João Ferreira - Tapa buracos, com vista para o futuro. É bom que aproveite a oportunidade, porque atrás vem Tomás Tavares.
Nuno Tavares - Há 19 anos, Escalona brilhava num torneio na Irlanda contra o Liverpool. Foi a última vez que disse "este lateral esquerdo não engana". Até hoje.
David Tavares - Renato, Gedson e David. Formamos médios potentes e fortes no transporte de bola em série. O plano é inundar a Europa destes jogadores, para quando lançarmos os Dantas, ninguém olhar para eles.
Chiquinho - Há um ano demos 1 milhão por ele e oferecemo-lo de mão beijada ao Moreirense. Este ano fomos lá comprá-lo por 4,5 milhões. Pior negócio, só se não engolíssemos o orgulho e não o fossemos buscar de volta.
Tiago Dantas - Viva o Dantas, viva! Pim! Uma equipa com um Dantas a cavalo tem um futuro risonho pela frente! Uma equipa com um Dantas ao leme é um Campeão em andamento! O Dantas é um talento! O Dantas não é meio talento!
Caio Lucas - Forte tecnicamente, tem a menor média de passes errados da equipa. Zero falhados em zero tentados. Dizem que se está a adaptar à Europa. A mim parece-me que se está a adaptar ao futebol.
Jhonder Cádiz - Só precisou de 14 minutos em campo para se lesionar. Se for grave, garante a permanência no plantel, pelo menos até Janeiro. Ainda dizem que teve azar...
Raul de Tomas - Tenho dito ao Zé Lagarto que De Tomas faz 20 golos este ano, sem esforço. Na verdade, tento apenas não parecer arrogante. 27 fez o Seferovic, portanto menos de 40 é carimbo de flop na testa do espanhol."

Cadomblé do Vata (Cardozo vs. Jonas)

"Tendo em conta os acontecimentos ainda muito vivos na memória colectiva da Nação, o texto que se segue poderá ter um efeito de produção de insultos em catadupa contra a minha pessoa. É exactamente por ter consciência de que a opinião que me preparo para transmitir, pode efectivamente carecer de razoabilidade, que tive o cuidado de contratar o Bossio para me defender dos ásperos comentários que irei receber.
Posto isto, deixem que vos diga: Jonas não foi o meu jogador do Sport Lisboa e Benfica no Séc. XXI preferido. Confesso que bate à porta de tal desiderato, mas quem ocupa esse lugar no meu coração é Óscar Tacuara Cardozo. Temos pena, venham de lá as obscenidades, mas nestas coisas, quem manda é o coração e o meu não consegue de forma alguma, ficar indiferente aos pataços que o paraguaio dava nas Probabilidades.
Na última semana, muitas vezes foi recordada a primeira imagem de Jonas pelo SL Benfica, a fazer um cabrito num arouquense, cuja identidade passou tristemente ao lado da fama. A primeira vez que vi Óscar Cardozo de água ao peito foi na Roménia, contra o Cluj. Depois de 45 minutos a olhar para o emblema que trazia ao peito, na segunda parte dominou uma bola fora da área, e esticou-lhe um daqueles junto ao poste esquerdo do guarda redes. Os meus olhos naquele momento transformaram-se em dois corações rosa, tal como o equipamento que os nossos atletas vestiam nesse dia. 
Comparativamente, Tacuara começa logo a ganhar pontos no local de nascimento. Jonas nasceu em Bebedouro, é certo, mas reparem... Cardozo é natural de Doctor Juan Eulogio Estigarribia. O nome da localidade natal dele, é maior que o seu próprio nome. Enquanto o Pistolas é bebedourense, Óscar é Doctor Juan Eulogio Estigarribiense. Só com calhaus maiores que o Bynia no peito, não se pode ser sensível a isto.
Depois o 7 Glorioso aumenta vantagem em relação ao 10 Encarnado no físico. O brasileiro era elegância e altivez. O paraguaio era alto e desengonçado. O único homem que vi de Manto Sagrado no corpo, cuja perna era mais grossa abaixo do joelho do que acima. Atleta com físico mais improvável, só Marc Tolrá, que além de destrambelhado, tinha pés de pato. Jonas era craque a andar. Óscar não fez carreira como roupeiro porque por milagre, caiu nas mãos de um treinador qualquer que quis desafiar o status quo.
Mas onde Cardozo suplantou aquele que deveria ter sido seu colega de ataque no Benfica, foi dentro do campo. Jonas era souplesse, classe e técnica. Cardozo era força, força e enormes "quesafoda" na finalização, com penaltys a 170km/h que corriam Mundo. Para o Tacuara, "finalização em souplesse" era aquilo que fez em Alvalade nos 4-1 da Taça da Liga: sozinho a 40 metros da baliza, levantou a canhota, baixou-a em câmara lenta e disparou uma bufinha, que meteu "duas abaixo" quando chegou perto de Rui Patrício. O paraguiao bocejou e foi festejar com os adeptos. Saudades Imensas."

Homicídio tentado...


"No final de Dezembro do ano passado, o autocarro de adeptos da Casa do Benfica de Barcelos na A1 em Grijó foi vítima de um acto terrorista. Foi neste estado que ficou o ferido mais grave: 
https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/adepto-do-benfica-apedrejado-esta-irreconhecivel
Até hoje, há Zero indivíduos responsabilizados pelo ataque. Até quando teremos de pactuar com isto? Esta impunidade? Este estado de degradação social? Como podem terroristas andar à solta livremente na sociedade? O Governo vai continuar a assobiar para o lado?
Basicamente, já chegámos à conclusão que vale tudo do Mondego para cima. O carro de Luís Filipe Vieira também já foi apedrejado. O autocarro do Benfica já foi vandalizado com bolas de golfe e pedras que só não atingiu proporções mais graves porque o jogador Salvio não tinha sido convocado para o jogo estando o seu lugar vazio. O autocarro do Benfica de futsal já foi ameaçado com tiros de caçadeira em plena A1 depois dos Carvalhos.
Ontem, um ataque concertado e anunciado no Facebook de uma claque da Académica provocou mais um ferimento grave a um adepto do Benfica. Desta vez de um simples adepto que cometeu o erro de estar no sítio errado à hora errada. O empurrão cobarde e gratuito de um energúmeno a um adepto do Benfica é apenas mais um episódio provocado pela divulgação e propagação do anti-benfiquismo levado a cabo pelos Franciscos Marques desta vida.
A única coisa que queremos tirar deste caso em concreto é perceber que o responsável por este acto bárbaro seja levado à justiça como responsável por um acto de homicídio tentado.
Infelizmente, são já demasiados os casos para não haver uma resposta cabal e definitiva por parte das autoridades. É agora ou nunca!"


PS: Entretanto, depois do video ter sido público, o acéfalo já se entregou às autoridades...

Cortes no plantel: SL Benfica arruma a casa

"Na preparação da nova época, Bruno Lage e os dirigentes do SL Benfica não têm mãos a medir. Vários são os atletas que têm o seu papel no clube da Luz indefinido e, por isso, tornam-se excedentários.
Yuri Ribeiro foi confirmado no Nottingham Forest. O SL Benfica fica com 50% do direito de uma futura venda do lateral esquerdo de 22 anos. De águia ao peito, Yuri fez nove jogos pela equipa principal. Após uma boa época ao serviço do Rio Ave, o regresso de Yuri Ribeiro ao plantel dos encarnados não correu assim tão bem, porque tinha a forte concorrência de Álex Grimaldo e sempre que foi chamado não correspondeu às expectativas.
Alfa Semedo terá o mesmo destino de Yuri Ribeiro, saindo por empréstimo de um ano, sem opção de compra. Semedo ainda teve minutos na primeira metade da época transata, no entanto, acabou por ser emprestado, em janeiro, ao Espanyol, onde só fez três partidas. A falta de espaço no meio campo encarnado foi uma das principais razões deste empréstimo.
Em Espanha, mantém-se Facundo Ferreyra, que continuará vinculado por empréstimo ao Espanyol. 
Chegou também a confirmação da transferência em definitivo do avançado, Ivan Saponjic, de 21 anos, para o Atlético de Madrid, onde reencontrará o ex-colega, João Félix. O valor da transferência foi de 1 milhão de euros ficando o SL Benfica com 50% do passe do jogador. Na última época, o jogador esteve dividido entre a formação de sub-23 e a equipa B, tendo realizado 36 jogos e apontado nove golos.
Quem está muito perto de regressar a Inglaterra é Chris Willock. O extremo de 21 anos deve ser emprestado, também, a um emblema do segundo escalão do futebol inglês. O jogador realizou 36 jogos pela equipa secundária das águias, onde apontou 11 golos. As equipas que estão de olho e que se preveem como destino provável do extremo são Leeds, Wigan e West Bromwich Albion.
Ljubomir Fejsa também estará no encalço da saída do clube da Luz após seis temporadas de ligação. O principal candidato a contratar o médio sérvio é o clube turco, Fenerbahçe, numa transferência que deve rondar os 3 milhões de euros. Ainda assim, o Galatasaray entrou na corrida pela aquisição do médio que verá, no clube turco, uma opção mais viável, uma vez que tem presença na Liga dos Campeões assegurada na próxima temporada. 13 títulos depois, o sérvio já não tem a mesma preponderância no plantel encarnado e deverá mesmo sair.
Cristián Arango, de 24 anos, foi também transferido, a título definitivo, para o Millonarios, clube que milita na liga colombiana. O jogador custou aos cofres encarnados uma quantia a rondar os 2 milhões de euros. No tempo que esteve contratualmente ligado ao Benfica, surgiram empréstimos ao CD Aves e ao Tondela, mas nunca se afirmou na Luz.
O defesa argentino, Cristián Lema, de 29 anos, também está com um pé fora da Luz. As negociações com o Peñarol caíram, pois, o Benfica pedia cerca de 3 milhões de euros pelo passe do atleta, valor que o clube de Montevidéu não estava disposto a pagar. O defesa não tem espaço no plantel de Bruno Lage e acabou mesmo por ser emprestado ao clube argentino Newell’s Old Boys até ao final da próxima temporada.
André Carrillo, de 28 anos, também está de saída após um excelente desempenho na Copa América ao serviço do Peru. O extremo esteve o Al-Hilal na época anterior, onde realizou 26 partidas e marcou quatro golos. O Al-Hilal já mostrou interesse na contratação do jogador peruano, no entanto tem a concorrência do Al-Nassr, de Rui Vitória e do Flamengo, de Jorge Jesus. O valor da transferência, em caso de saída, deverá render aos cofres encarnados valores compreendidos entre os 15 e os 20 milhões de euros.
Mile Svilar, segundo guarda-redes do plantel do glorioso, deverá ser emprestado com o intuito de ganhar minutos e experiência. A Bélgica é o destino mais provável do jogador.
Salvio está a caminho do Boca Juniores, como já foi avançado aqui.
Quem também saiu dos quadros do SL Benfica foi o médio Bernardo Martins para o Paços de Ferreira. O jogador foi contratado ao Leixões, em Janeiro, tendo realizado 12 jogos, todos pela equipa B, e marcado um golo. Como habitual, o Benfica fica com 50% do passe do atleta. Também em definitivo, Simón Ramírez segue para o Belenenses SAD em 2019/2020. O lateral direito chileno totalizou 17 jogos entre a equipa B e sub-23 em 2018/2019. Ainda em Portugal, Pedro Amaral segue para Vila do Conde, onde vai representar o Rio Ave.
O clube da Luz começa, assim, a arrumar a casa com o intuito de preparar a nova temporada. Contudo, e uma vez que Bruno Lage deu a entender que pretendia um plantel mais curto para a nova época, poderá haver mais saídas."

Actualização do SL Benfica no mercado: Esperança em reforçar a defesa

"Abriu o mercado de transferências e alguns dias depois o Benfica já garantiu quatro jogadores de ataque: o ponta de lança Raúl de Tomás, o avançado móvel Jhonder Cádiz, o extremo Caio Lucas e o médio criativo Chiquinho. Também o avançado Guilherme Schettine parece já estar contratado tal como o Pedro Neto e Bruno Jordão.
São seis jogadores puramente de ataque e um médio centro. Seis jogadores que chegam para colmatar o já vendido João Félix e a mais que provável saída de Jonas.
Faltam os reforços mais defensivos. A defesa direita continua entregue ao André Almeida, a lateral esquerda é de um Grimaldo que parece ter o olho na saída e a zona central do terreno vive muito do potencial do Rúben Dias e do Ferro.
Depois da queda tanto do Cillessen como do Keylor Navas, agora o nome mais falado para a baliza encarnada é o do italiano Mattia Perin. O guarda redes da Juventus é um nome interessante para a baliza do SL Benfica. Mas tal como os dois referidos anteriormente, parece um nome impossível.
Sabemos como funciona o mercado de transferências com nomes a voar às dezenas. Ultimamente falou-se de Chen Wei e de Lucas Silva, de Wuilker Farinez e João Pedro Galvão. E muitos serão os nomes a encher os programas e jornais desportivos.
Aquele que me parece mais real ainda é o de Mário Rui. O português do Nápoles surge como o mais provável substituto ao Grimaldo. Apesar da qualidade já demonstrada é um jogador muito inferior ao espanhol em termos de técnica e carinho pela bola.
Também o médio norueguês Sander Berge parece um jogador interessante para o SL Benfica. Um jogador fisicamente possante e acima de tudo um distribuidor de jogo. Um médio capaz de segurar a bola e a largar no momento exacto. Bom passe, boa visão de jogo e boa capacidade de decisão. A saída de Krovinovic para o West Bromwich Albion e a possível saída de Fejsa podem abrir espaço a este jovem norueguês. Porém o plantel do SL Benfica ainda conta com Samaris, Florentino, Gabriel, Gedson e também o Taarabt."

Quem são os padrinhos dos 'hooligans'?

"«Já chega, temos de começar a prender esta malta», disse Bruno Lage após os incidentes de Coimbra. Haja coragem...

O Académica - Benfica do último sábado ficou ensombrado por incidentes na bancada, que levaram à interrupção do jogo durante sete minutos e tiveram, como consequência, um ferido grave. Perante este cenário, ninguém tem  direito de dizer que «foi chato» e que «estas cosias acontecem», para isso «é que serve a polícia». Há muitos anos que uso o argumento a que a seguir vou voltar, que tem como ponto de partida uma conversa, no auge do hoologanismo, entre a senhora Thatcher e o presidente da Football Association. Disse o dirigente à primeira ministra de Inglaterra: «Tire o seus hooligans dos meus estádios». E foi o que Margaret Thatcher fez, ainda antes de a Inglaterra ter minorado o problema social que estava na base do hoolinganismo. Entre 1985, ano da tragédia de Heysel, e 1996, quando os ingleses organizaram o Euro-96, os estádios ingleses foram limpos de extremistas, que não queriam saber do futebol, visto por eles apenas como meio para os actos violentos que pretendiam praticar. Com muita coragem, o governo de Sua Majestade e os clubes, como parte muito interessada, já que o projecto da Premier League que arrancou em 1992 nunca seria viável sem estádios seguros, promoveram uma revolução e transformaram um círculo vicioso num circulo virtuoso.
Portugal, nesta matéria, tem em mãos um problema infinitamente mais fácil de resolver do que aquele com que se confrontaram os ingleses na década de oitenta do século passado. Mas nunca houve coragem (que sobrou a Thatcher) para pegar o touro pelos cornos e a permissividade perante os bandidos que provocam desacatos, ofendendo física e verbalmente quem vai aos estádios, tem sido confrangedora.
Está à espera de votação, no Parlamento, legislação que pode ajudar muito na luta contra a violência no desporto. Não sei quanto tempo mais demorará a aprovação, nem compreendo as reservas colocadas por alguns clubes, que deveriam ser os principais interessados na resolução deste problema. Porque a solução é simples: quem prevarica, como aconteceu em Coimbra, no sábado, deverá, acrescendo às outras sanções, ser impedido de entrar nos estádios. Se este princípio for aplicado para além do faz de conta em que vivemos, não tardará e a minoria de adeptos violentos que polui os nossos estádios e torna o futebol português pior, será erradicada.

(...)
Ás
Djokovic/Federer
Final esplendorosa em Wimbledon, entre os dois melhores jogadores do mundo (e da história?). Até o resultado, que por detalhes sorriu a Novak Dkokovic, ajudou a que a lenda destes monstros-sagrados do desporto se tornasse ainda maior. Num mundo à procura de heróis, o desporto tem estes para oferecer.

Ás
Lewis Hamilton
O piloto inglês acelerou para o sexto título mundial da carreira na F1 - e para ficar mais perto do hepta de Schumacher - ao vencer, desta feira em Silverstone, pela sétima vez em dez  grandes prémios disputados em 2019. São dias de superioridade flagrante da dupla Lewis Hamilton/Mercedes sobre a concorrência no circo da F1.

Maior só se for no orçamento e nos salários
«Queria jogar num grande, num clube histórico como o Atlético de Madrid o que, futebolisticamente falando, me fez deixar o FC Porto»
Héctor Herrera, jogador do Atlético de Madrid
Herrera representou um clube que conquistou duas Champions e venceu 28 campeonatos nacionais. Transferiu-se para outro que nunca ganhou a Champions e tem dez Ligas de Espanha no palmarés. Quem é historicamente maior? A resposta é óbvia. Mas o Atlético de Madrid tem meios financeiros para ser, ao dia de hoje mais forte dentro do campo que o FC Porto. Por aí se explica Herrera...

Jorge Jesus arrasou (e sem recurso a milagre...)
A capa de ontem do 'Ataque', suplemento de desporto do jornal 'O Dia', do Rio de Janeiro, era a mostra perfeita da expectativa no Brasil pela estreia de Jorge Jesus. No fim do dia, depois do Flamengo, 6 - Goiás, 1, os créditos do técnico português estavam em alta. Mas como se trata do Brasil, é preciso ir jogo a jogo...
(...)"

José Manuel Delgado, in A Bola

Um par de olhos azuis

"De balas trespassado, Wilding fixou o céu. Um azul entrou por dentro dele. O mesmo azul que não deixa de entrar dentro de nós

Na estrada de Alcácer para a Comporta, essa recta ladeada de pinheiros e areia, três corvos debicam o cadáver de um gato certamente atropelado. O embate fez-lhe explodir a barriga, as entranhas espalham-se pelo chão, o sangue ainda mancha o alcatrão que ferve dos 28 graus que dizem estar à sombra como na canção de Albertini e Barbelivien. «C’est fou, c’est trop». Não para mim, sempre saudoso do calor indiano de Colva a derreter os corpos e a diluir o pensamento numa pasta tranquila na qual não há espaço para nenhuma dor fora do mar.
Daqui a um bocado, quando tomar o caminho de volta, o gato morto não será mais do que um bloco seco repetidamente passado a ferro por pneus. O destino dos mortos é um destino sem exemplo. Uns parece que vivem para sempre; outro fundem-se na superfície dos caminhos.
«On est tout seuls au monde
Tout est bleu, tout est beau.
Tu fermes un peu les yeux, le soleil est si haut».
Não faço ideia se estás sozinha no mundo. Eu, se não estou, queria estar. Apenas na companhia do mar e do céu, tão, tão profundamente azuis como os olhos da minha tia Mena, minha tia pequenina, que se fundiu no azul infinito de todos nós, todos nós azuis, azuis-Olival, azuis-avó-Manelas, como a minha filha Francisca que me foi esbulhada por capricho social de uma mãe agarrada às convenções que a mandaram arranjar um marido adulterino, pai falso, pai fantoche, pilhando uma menina-azul aos irmãos, aos avós, aos tios, aos primos, por vergonha, por cobardia, por canalhice velhaca, por necessidade de continuar a estar num lugar de privilégio que não merece, que é triste, triste, tão triste como uma mulher perdida no vazio do seu próprio orgulho bacoco, mazombo, orgulho daquilo que não é, mentira sem limites num tacanho universo que a atura, que a suporta, que a segura no plinto abandonado de uma estátua de gesso grotesco e viciado.
Não sei viver a vida sem azul. Deito-me na areia e há azul em meu redor. Fixo o céu com os olhos semicerrados e o azul entra por mim, ocupa todos os recantos de que sou feito, e só quero ser azul, simplesmente azul, como os olhos da minha tia Mena, carregados de um tom impossível de exprimir, como os olhos da minha filha Francisca que repetem os nossos olhos, geração atrás de geração, menina tão perfeita afogada em mentiras, em falsidades, em incongruências, filha de um pai que não é pai, neta de avós que não são avós, mero joguete nas mãos de gentalha sem princípios e simplesmente canalha até ao mais sujo fundo dos seus próprios complexos.
Quando, na batalha de Aubers Ridges, na I Grande Guerra, o capitão dos Royals Marines, Anthony Wilding, foi atingido com uma bala no meio do olhos e ficou estatelado nos campos de Neuve Chapelle, de braços estendidos, alvo, louro exangue, fitando os céus perdidos, como o Menino de Sua Mãe de Fernando Pessoa, ninguém pareceu muito preocupado em perceber o que fitava para sempre a clareza das suas íris baças. Um azul-impossível entrou dentro de Wilding, aquele que vencera Wimbledon por quatro vezes, e nascera em Christchurch, Nova Zelândia, destinado a ser o rapaz feliz de uma família feliz.
A família é uma fraude, digo eu que conheço tudo sobre a cor azul. Sou azul por dentro e por fora. Olhos e pensamento; alma, lucidez; e todos, todos, mas todos os sentidos. Wilding era azul e morreu azul num campo de flores vermelhas como papoilas. Dêem-me um pouco de azul todos os dias para eu sentir que a vida vale a pena, que a vida vale absolutamente a pena, e quando perguntarem à inocência de uma criança roubada de onde vem o azul dos seus olhos, ela que fique sem resposta mas com a decisão íntima de que um dia, um dia qualquer, vão ter de lhe explicar a verdade das cores e a translação e rotação de mundos que nunca se cruzam a preto e branco.
«No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece
De balas trespassado
- duas de lado aa lado -
Jaz morto e arrefece».
Que passa pelo olhar de um morto, por mais azul que ele seja? Que passa pelo olhar azul de um vencido, por mais traído que ele seja?
Que passou pelo olhar quase transparente de Wilding quando, de repente, uma bala lhe perfurou a cabeça e o deixou fitando, com olhar langue e cego, os céus perdidos? Até onde se arrasta o limite de perder um céu? O azul transparente da minha tia Mena que, um dia, me surgiu no buraco onde eu vivia, mergulhado num azul-tristeza, para simplesmente não me dizer nada que eu não pudesse perceber no azul-utópico da sua expressão tão profundamente carinhosa que me senti, guiado pela sua mão, transportado até ao topo da montanha mais íngreme da ternura. Eu, que tenho uma filha azul, sei a verdade dos poemas: «Que voltes cedo e bem...». O meu abraço ficará escancarado para sempre à tua espera porque te amo para além da tua própria consciência."

Prender esta malta

"O olhar para o lado das autoridades portuguesas em relação ao que acontece no futebol dá-se há muito. Parece que no mundo da bola há leis diferentes. Por isso há uns fanfarrões armados em maus no meio das claques que fazem do crime prática habitual e passam ao lado da lei. As palavras de Bruno Lage são tão impactantes como importantes no futebol português. Não só porque chegam do técnico cujo clube apoia claques ilegais há anos sem sanções reais, mas porque depois de Alcochete e de até num jogo particular vermos um ferido e pânico nas bancadas é mais do que tempo de passar à acção.
"Prender esta malta, seja preto, vermelho, verde ou azul". É mesmo isto. Em relação aos energúmenos armados em ultras, que fazem com que as pessoas normais tenham de pensar duas vezes antes de levarem as crianças ao futebol, a tolerância tem de ser zero. A FPF, Liga e secretário de Estado do Desporto, principalmente este, têm de ganhar coragem para atacar o problema de frente. A vergonha de terem assobiado para o lado durante anos e anos, com as mortes que se conhecem e a conivência com os clubes grandes já ninguém lhes tira. Mas ainda estão a tempo de emendar. Mais vale tarde do que nunca.
Benfica e Sporting parecem em estados diferentes de evolução. Mas não me apetece falar de futebol."

As alíneas das novas regras do futebol estão aqui

"O Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) explicou hoje quais as principais mudanças nas leis de jogo para a época 2019/2020, entre as quais estão também algumas clarificações sobre os lances de mão na bola

O Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) explicou hoje quais as principais mudanças nas leis de jogo para a época 2019/2020, entre as quais estão também algumas clarificações sobre os lances de mão na bola.
Numa acção de formação promovida para jornalistas e comentadores desportivos dos órgãos de comunicação social, na Cidade do Futebol, em Oeiras, João Ferreira, vice-presidente do CA, acompanhado dos árbitros internacionais Tiago Martins e Hugo Miguel, deram conta das principais alterações às leis de jogo para a época que se inicia em 04 de Agosto, com a realização da Supertaça Cândido de Oliveira, entre Benfica e Sporting, no Estádio Algarve.
As alterações definidas pelo International Board (IFAB) foram explicadas pelos responsáveis lusos, nomeadamente a da obrigatoriedade de os jogadores passarem a ter de sair de campo, aquando de uma substituição, pela linha mais próxima, ficando assim para trás a necessidade de se dirigirem até à linha de meio-campo, junto aos bancos de suplentes.
Uma alteração que, segundo João Ferreira, “procura aumentar o tempo útil de jogo” e evitar “perdas de tempo propositadas”.
Outra mudança para a época 2019/20 diz respeito às sanções disciplinares dos elementos presentes no banco de suplentes.
Se até esta data a única ‘ferramenta’ ao dispor do árbitro era a ordem de expulsão, a partir de agora o juiz pode identificar o elemento presente no banco de suplentes para o advertir, mostrar cartão amarelo ou vermelho, consoante a gravidade da infracção. Refira-se que, em caso de não ser possível identificar o elemento que infringiu a lei, será o treinador principal a assumir a responsabilidade e será ele o alvo da correspondente acção disciplinar.
Por fim, entre as várias mudanças apresentadas, destaque para o esclarecimento nos lances de mão na bola.
Mantém-se na lei que há infracção quando o jogar tocar “deliberadamente” na bola com a mão, mas que só é considerada uma acção deliberada quando a colocação do braço aumenta a volumetria do jogador ou a bola tocar no braço quando este está acima do nível dos ombros.
Segundo João Ferreira, lances em que o jogador tem os braços ao lado do corpo, “numa posição natural”, não devem ser sancionados, assim como não deve ser assinalada qualquer falta quando a intenção do jogador é jogar a bola com o pé e esta acaba por ressaltar para o braço.
A nova lei faz também uma distinção entre defesas e avançados no que a esta questão diz respeito, uma vez que num lance em que a bola toque no braço de um atacante e daí resulte um golo imediatamente a seguir, este deverá ser anulado, mesmo que o toque tenha sido involuntário, como no caso de um ressalto.
A mesma regra aplica-se no caso de o toque na mão, mesmo que involuntário por parte do atacante, crie de imediato um lance de golo ou situação de perigo, situação na qual o árbitro deverá também assinalar infracção.
Já no caso de um defesa, caso esta toque no seu braço involuntariamente e se encaminhe para o fundo da baliza, o golo deverá ser validado.
Por último, a nova lei clarifica também a intervenção involuntária do próprio árbitro no jogo, que sempre que toque na bola e isso altere o sentido do jogo deve parar a partida e dar a bola à equipa que estava na sua posse, evitando assim situações em que a equipa adversária recupera a bola fruto de uma situação em que nada fez para que tal acontecesse."

8.º Congresso Internacional de Artes Marciais e Desportos de Combate

"Sob os auspícios da “International Martial Arts and Combat Sports Scientific Society” (IMACSS) (www.imacsss.com), o Instituto Politécnico de Viseu (IPV) vai realizar o 8.º Congresso Internacional de Artes Marciais e Desportos de Combate, de 10 a 12 de Outubro de 2019.
Em Portugal, o primeiro congresso científico sobre as AM&DC realizou-se em 2007, em Viseu, do qual tivemos o privilégio de participar como coorganizador e orador, e depois em 2009 e em 2011. É com satisfação que voltamos a participar como coordenador-adjunto e saber que esta iniciativa está para durar em Portugal. O esforço da equipa que organiza este evento, dirigida pelo Professor Doutor Abel Figueiredo, do IPV, será recompensado pela oportunidade de oferecer a todos os presentes momentos de crescimento científico e de partilha de experiências nas temáticas em apreço. A Comissão Organizadora acredita que esta é mais uma oportunidade para reforçar os laços da comunidade científica em torno de temas ligados às AM&DC.
Em relação aos desportos maioritários (desportos colectivos, atletismo, natação, etc.), de inspiração anglo-saxónica, as práticas de combate distinguem-se pelas suas origens culturais: inglesas para o boxe (inglês), japonesas para o karaté, o judo e o aikido, francesas para a luta (dita greco-romana) e o boxe (francês), chinesas para o kung-fu, o tai-chi, etc. O conjunto dos desportos de combate e artes marciais constitui um campo relativamente autónomo no interior do espaço das práticas desportivas. 
Mais do que um conjunto de condutas motrizes, as práticas desportivas revelam uma “pertinência social”. Neste sentido, a implantação e o desenvolvimento dos desportos de combate e das artes marciais não se podem reduzir à apropriação (ou à descoberta) de modelos corporais diferentes sucessivamente importados. A lógica de apropriação implica um processo de transformação e uma criação e inovação dos modelos corporais. O sentido (social) da implantação de uma arte marcial, como todo o objecto social importado (doutrina política, ideal estético ou técnica particular) resulta de uma dinâmica complexa, que coloca em jogo três lógicas relativamente autónomas: a “lógica interna” da disciplina, a “lógica do campo”, no qual se inscreve (desportivo, político, musical, económico, etc.) e a “lógica do campo social”, no sentido mais amplo.
No fundamento teórico dos desportos de combate ou das artes marciais, a que alguns investigadores preferem chamar de “práticas de combate dual”, é preciso referir que a prática corporal codificada e identificável não pode ser, geralmente, apreendida como um “objecto técnico”, que se poderia identificar com a “lógica interna”, conceito utilizado para designar a pertinência motriz das actividades físicas e desportivas. A determinação dos “usos sociais” (desporto, lazer, competição, segurança, etc.) das práticas de combate, pela variedade das suas origens, a diversidade de especialidades e a diferenciação dos usos sociais, leva a que elas ocupem um lugar diferente no sistema de práticas desportivas codificadas.
Esperemos que este congresso internacional promova reflexões frutíferas. Para mais informações, ver o site http://www.esev.ipv.pt/IMACSSS2019."

Liberalismo e epistemologia - Introdução a Karl Popper

"Quando, nos últimos dias de Setembro de 1983, visitei o Brasil, pela primeira vez, foi a convite do Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte (CBCE) que o fiz, como conferencista de um congresso, organizado pelo CBCE. Foi este o tema da minha charla: “O racionalismo, na medicina e na educação física”. E notei, entre alguns congressistas, uma insopitável antipatia por Karl Popper que, no seu entender, não passava de um “intelectual orgânico”, representante emérito do neoliberalismo conservador. Relembraram-me até que ele era o filósofo mais publicitado, nas ditaduras militares da América Latina. De uma simpatia irresistível gozavam Karl Marx e a Teologia da Libertação. E começo por dizer que não sou um “popperiano”, nem um liberal, principalmente quando se esquece o imperativo do “bem comum”. Só que não basta referir que ele é um liberal para sintetizar a obra de Karl Popper. Na sua Autobiografia Intelectual, ele confessa quão fundamental foi para a sua formação pessoal uma conferência de Einstein a que assistiu, na cidade de Viena: “o que mais me impressionou foi a explícita asserção de Einstein, de que consideraria insustentável a sua teoria, se ela viesse a falhar em certas provas”. A partir daqui, entrou de elaborar o problema da demarcação, propondo que uma teoria só possa considerar-se como científica, quando enumerar as condições da sua própria rejeição. O critério popperiano de demarcação, fundamentado na falsificabilidade, adianta desta forma que todos os procedimentos metodológicos devem ser conduzidos de tal forma que facultem o falseamento das hipóteses. Em tudo o que faço, o que mais vale é a minha capacidade para descobrir os meus próprios erros. Na Lógica da Pesquisa Científica, Karl Popper escreve: “Não sabemos, só podemos conjecturar”. No livro Conjecturas e Refutações, continua o mesmo tema: “Conjecturas testáveis ou hipóteses são, de qualquer modo, conjecturas ou hipóteses sobre a realidade”. Há assim, em Popper (e, no meu entender, de modo avisado) o realismo como pressuposto epistemológico: “Racionalidade, linguagem, descrição, argumentos – todos radicam na realidade e dirigem-se a uma audiência real. Tudo isto pressupõe realismo”(Conhecimento Objectivo).
Mas o realismo de Popper não nos conduz a uma concepção instrumental da teoria, pois que o seu modelo de racionalidade configura a ciência como manifestação autêntica de autonomia e liberdade do pensamento. O racionalismo, neste filósofo, não se confunde com qualquer tipo de platonismo, dado que tem a ver com uma atitude de apresentar e discutir argumentos e simultaneamente aprender com a experiência. Realismo e racionalismo não são conceitos opostos. Daí o não conclusivo de Popper ao determinismo, tanto ao nível das ciências hermenêutico-humanas, como das ciências da natureza. O historicismo, por exemplo, a mania de interpretar a História, usando e abusando do determinismo. O hjstoricismo (di-lo claramente n’A Sociedade aberta e os seus Inimigos) é “a doutrina que ensina ser a História controlada por leis específicas, cujo descobrimento nos levaria a profetizar o destino do Homem”. Como poderia o determinismo integrar a filosofia popperiana, se é a falsificabilidade, e não a verdade, a trave mestra de qualquer conhecimento científico? A concepção de Sociedade Aberta implica necessariamente o dualismo crítico, ou seja, a distinção inequívoca entre natureza e convenção. Vejamos as suas certeiras observações: “o dualismo crítico apenas assevera que normas e leis normativas podem ser feitas e alteradas e, mais especialmente, por uma decisão ou convenção, no sentido de mantê-las ou alterá-las, sendo portanto o Homem moralmente responsável por elas” (A Sociedade Aberta e os seus Inimigos). Popper não aceita que o caráter convencional das regras que defende seja uma forma de relativismo ético. Nem sempre a criação humana descamba na arbitrariedade. A matemática é um bom exemplo. No livro acima citado, pode ler-se: “o Homem criou mundos novos, referentes à linguagem, à música, à poesia, à ciência e o mais importante de todos eles é o mundo das exigências morais, visando a igualdade, a liberdade e a solidariedade”. O dualismo crítico, ao distinguir a natureza da convenção, permite a adopção de imperativos morais do tipo kantiano, podendo cada qual erguer a sua moralidade sobre a solidez de um “a priori” inconcusso: o seu imperativo categórico, ou a sua autonomia absoluta!
Aliás, a síntese individualismo-altruismo constitui a base da nossa civilização ocidental. É o núcleo de toda a mensagem judaico-cristã (ama o teu próximo, dizem as Escrituras, e não ama a tua tribo) “e, por isso, das várias escolas éticas que emergiram da nossa civilização e a estimularam” (A Sociedade Aberta e os seus Inimigos). Numa ordenação das prioridades políticas, a Popper interessa mais como se deve governar do que quem deve governar. Platão, no ambiente remansoso da Academia, advogava que quem deveria governar era o rei-filósofo. Popper, talvez porque o espectáculo da ganância e da emulação sem nobreza não o encontramos num só partido, elabora um projecto político que se articula em três frentes: eliminação dos privilégios (entre cidadãos, há iguais direitos e deveres); o primado da pessoa humana sobre um colectivismo indiferenciador; concepção do Estado, apresentando, como função básica, a defesa das liberdades e da segurança dos cidadãos. Na Sociedade Aberta, tendo em conta o dualismo crítico, são convencionais os seus objectivos. No curso nebuloso da política, há tendência para sobrestimar a ideia de que o contexto sócio-histórico, no qual nos inserimos, determina o conteúdo dos nossos juízos. Popper rejeita a redução de normas a factos e é um kantiano, na medida em que faz da razão subjectivada o motor da História. Mas sublinha que, em democracia, mais do que a eleição de governantes admiráveis, importa a construção de um sistema que possibilite a sua substituição, desde que eles, no exercício do Poder, se mostrem impreparados ou ineficazes. Vale a pena escutá-lo, no discurso que veio fazer a Lisboa, em 7 de Outubro de 1987, a convite do Dr. Mário Soares: “(…) Todas estas dificuldades teóricas desaparecem, se se puser de lado a velha questão, quem deve governar, substituindo-a por um novo problema de ordem prática: qual a melhor maneira de evitar situações em que o mau governante cause demasiados danos? (Balanço do Século, Ciclo de Conferências, promovido pelo Presidente da República, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, Lisboa, 1990). Só em democracia tal pode suceder, já que, nos regimes tirânicos, a transformação institucional do Poder é praticamente impossível. Também só em democracia não se verifica qualquer limitação no pluralismo ideológico e partidário, visto que não cabe ao Estado papel determinante na formação da consciência moral dos cidadãos. 
Mas Popper permanece sempre liberal, ou seja, considera a liberdade como o valor fundante dos demais valores, dado que é ele a viabilizar a construção de todos os outros. A este respeito Popper não tergiversa: “a liberdade é mais importante do que a igualdade (…) pois que, se a perdemos, a igualdade não pode implantar-se entre os não livres” (Autobiografia Intelectual). Ao contrário de Platão que vê na educação um dos pontos basilares do seu sistema; ao invés de Marx que saúda, no estado socialista, o espaço terrestre onde a felicidade acontece, Popper não reconhece ao Estado qualquer função formativa. Não cabe ao Estado formar a consciência dos cidadãos, pois que lhes roubaria, inevitavelmente, as capacidades críticas. Igualmente não é função do Estado criar a felicidade sobre a Terra, já que tal poder torná-lo-ia capaz de legislar acerca do bem e do mal. Ele poderia fazer sua a célebre afirmação de Lorde Acton: “Se todo o poder corrompe, todo o poder absoluto corrompe absolutamente”. A Sociedade Aberta admite o Poder, desde que ele radique na alternância institucional, excluindo apenas a mudança que ponha em cheque a tolerância e a liberdade. No liberalismo de Popper, está presente a sua epistemologia: é preciso indagar em profundidade os nossos próprios erros, para fazer ciência ou… política! O “reino cadaveroso” do nosso Ribeiro Sanches (expressão de que, no século XX, António Sérgio faria largo uso) principia onde acaba a crítica e a autocrítica, a tolerância e a liberdade. Políticos e politólogos de vários quadrantes podem apregoar a invulgaridade dos méritos de Popper. Mas só a livre inquietação poderá fertilizar o seu legado. Já Ortega y Gasset considerava que o !theoretikos bios” dos gregos equivalia à “vita contemplativa” dos romanos e ao “ensimesmamento” peninsular. Mas, se como o refere também Pierre Bourdieu, n’O Poder Simbólico,, “uma prática científica que se esquece de se pôr a si mesma em causa não sabe o que faz”, teóricos, como Karl Popper, fixam a criatividade e o rigor científicos, no âmbito vasto e complexo e tumultuante da prática. Carl Schmidt assinala que “todos os conceitos fecundos da teoria moderna do Estado são conceitos teológicos secularizados (Théologie Politique, Gallimard, Paris, p, 68). Karl Popper des-sacraliza o político porque a liberdade é mesmo des-sacralizadora.
Mas a liberdade decorre em sociedade, isto é, dentro de um sistema, com a sua lógica específica. Só que a lógica em que Popper se fundamenta tem sempre um carácter hipotético e conjectural. Em qualquer sistema, a inércia e a rotina tendem a sedimentar-se. “Situações há em que a sociedade não faz mais do que reproduzir-se, isto é, perpetuar as suas formas de relação social, os comportamentos e os modelos culturais que nela vigoram. É, então, a lógica da reprodução que predomina (António Teixeira Fernandes, Sociedade e Sócio-Lógica, Brasília Editora, Porto. p.93). Popper, todavia, não deixa de terçar armas pelo racionalismo crítico, que o leva a concluir “a irrefutabilidade não é uma virtude, como frequentemente se pensa mas um vício” (Conjecturas e Refutações).Daí, que o impulso das aspirações individuais nem sempre se coadune com a rigidez das fronteiras, onde os sistemas se entrincheiram. A opção pelo racionalismo crítico é, para Popper, uma decisão moral, porque está nele implícito uma atitude de tolerância e de igualdade, ao admitir-se que o nosso adversário possa estar mais próximo da verdade do que nós e, assim, respeitando-o como nosso igual (o Cardeal Ratzinger diz o mesmo, no seu livro A Igreja e a Nova Europa) o Direito não é mero arbítrio, mas o reconhecimento de que é preciso conciliar a igualdade essencial com as desigualdades funcionais. Mas o Direito, em Popper, desenvolve-se em regime de democracia burguesa e, como tal, num espaço em que o povo parece (e digo “parece”, porque nem sempre “é”) agente da sua própria História, ao pretender atenuar o carácter agressivo e discriminatório de todas as jerarquias e dos mais teimosos tradicionalismos. Na democracia que Popper defende, o Direito assume um papel pedagógico porque, nela, a organização repousa sobre uma desigualdade funcionalmente justificada e socialmente discutida. Popper acredita na razão, porque a sabe também militante: a razão, de facto, não cessa de lutar contra o erro (na ciência e na política) publicitado como triunfante. Dizia Rudyard Kipling que “só há duas maneiras de governar: partir as cabeças, ou contá-las”, o que nos obriga a acrescentar que é preciso optar pela democracia, ou pela ditadura. Com Karl Popper, o cidadão eleva-se da singularidade, da individualidade à universalidade da razão. Já não quer tão-só o seu bem, mas deve querer, acima do mais, o bem comum. Nem sempre assim acontece. Não é por mudar-se a ideologia que todos os discursos passam a ser legítimos. Mas continua a ser verdade que é, em democracia, que melhor se vive a liberdade. Uma questão deixo em suspenso: mesmo nas “democracias iliberais”, que por aí já se anunciam?"

Pedro Álvaro 2024

Mais uma renovação, na 'onda' das anteriores.
Para quem não conhece, o Pedro é na minha opinião o Central da formação do Benfica com mais potencial que eu vi jogar nos últimos anos! Sim, mais potencial que o Rúben e que o Ferro!!! Neste momento ainda não está lá... mas vai a caminho!!!
Na Formação chegou a jogar a ponta-de-lança, médio-defensivo e a médio-ofensivo... mas de facto é a Central que vai ser jogador!
Pode ser o 4.º Central do plantel, já esta época... mas deverá por jogar na B a maior parte do ano!!!
Forte nos duelos, no jogo de cabeça... e muito evoluído tecnicamente, falta-lhe alguma cultura de posicionamento ao mais alto nível, mas isso só se aprende com jogos contra adversários mais difíceis.

De todos, um.

"O dia 10 de Julho de 2019 ficará marcado na memória colectiva de todos os Benfiquistas como um dia triste, o dia em que um jogador da sua equipa principal de futebol, de seu nome Jonas Gonçalves Oliveira, decidiu retirar-se dos relvados deixando o seu pedestal de ídolo incontestado para subir ao de lenda intemporal.
Para mim, Jonas nasceu demasiado tarde para o futebol. Comparando-o com outros mitos vermelhos, Jonas não era como o Preud’Homme que chegou ao Benfica já com toda uma brilhante história no futebol mundial, não era como Aimar ou Saviola, ambos já com cartaz elevadíssimo antes de descobrirem o Benfica, não era certamente como o Luisão que chegou novo e mereceu o seu estatuto após anos de empenho, dedicação e glória e não era tão pouco como Cardozo, que abraçou no Glorioso a sua primeira experiência europeia e subiu cada degrau à cadência dos golos que festejava. Não, Jonas para mim nasceu no Verão de 2014, no dia 12 de Setembro para ser mais preciso, no dia em que assinou o seu primeiro contrato com o Benfica. Nasceu já com 30 anos.
Jonas é como aquele amor que parte do racional e não do coração. É aquela relação que começa com um franzir do coração e um “não era bem bem isto, mas vamos lá ver o que é que isto vai dar”. Não é daquelas paixões imediatas e avassaladoras, antes aquela chama quente e segura para quem já passou por dissabores passados. Por vezes, nem sempre, são estas relações que acabam por ser as melhores, as que nos trazem mais alegrias, mas também as que nos deixam mais arrasados na hora do adeus. 
Além dos golos que marcou ao serviço do Benfica, Jonas destacou-se pelo perfume que deixava nos relvados, como se cada gesto fosse adornado de seda, como se cada toque fosse dado em câmara lenta, mas também fora dele com o demonstrar constante de amor ao Clube, de abnegação, compromisso e esforço sem limites. Era aquela voz unânime que ninguém contestava, um pai para os miúdos da formação, um pilar no balneário, era aquele tipo de jogador que os mais novos deviam tentar imitar, que conjugava na perfeição a irreverência com a paixão e o profissionalismo.
Por várias vezes ultrapassou as adversidades que o seu próprio físico lhe impunha, como que a dizer “vá, já chega, tou cansado pô”, voltando aos relvados como uma onda caprichosa que teima em voltar para a areia e que responde “não chega nada irmão que ainda tenho muito para mostrar”. Até que chegou mesmo.
O dia de 10 de Julho de 2019 ficará marcado na minha memória. Raros são os jogadores que por mérito próprio alcançam o direito em imortalizar o seu nome na história de um clube, que se conseguem destacar para além dos demais, para além de muitos, tornando-se uma luz única que brilha eternamente. Raras vezes também o lema de um clube se personifica nos atletas que por ele passam, mas este é um destes casos e Jonas será sempre, por isto tudo e muito muito mais, de todos, um.
Até sempre Jonas."

Responsabilidade de todos

"A mensagem de Bruno Lage para que, de uma vez por todas, exista tolerância zero para quem instala um ambiente de violência no Desporto deve merecer um apoio inequívoco da parte de todos sem excepção.
Mas sem demagogias e falsos argumentos e muito menos confundindo a questão da pretensa legalização das claques como a origem que está por trás do que se tem passado.
Foram as ditas claques legalizadas que promoveram o terrível episódio de Alcochete, em que grande parte dos envolvidos nem estavam inscritos como sócios, nem como membros da dita claque, ou que promoveram espectáculos degradantes como aqueles a que assistimos no final da época passada, de profissionais de um clube a terem que se sujeitar a uma humilhação pública.
Uma pretensa legalização, aproveitada nalguns casos para legitimar o controlo de vários negócios dentro dos respectivos clubes.
Nos últimos seis meses, dois adeptos do Benfica foram hospitalizados por actos de pura violência gratuita. Nenhum dos casos envolveu qualquer tipo de confronto, nem pertenciam a qualquer grupo organizado de sócios. E foram vítimas precisamente de atos perpetrados de forma organizada por elementos de claques.
O primeiro passo para se pôr fim de forma veemente e definitiva a estas situações é ser célere na identificação e punição dos verdadeiros prevaricadores, estabelecer leis e regras claras, sem subterfúgios e que não sirvam apenas para legalizaram uma espécie de crime organizado, e que, finalmente, enfrente com coragem quem se considera acima das leis e exiba em todo o lado o seu poder de ameaçar e coagir tudo e todos a seu bel-prazer.
Sem clubites, sem olhar a cores, todos assumindo as suas responsabilidades, trabalhando para uma concretização das novas leis de uma forma séria e concreta em prol da promoção e projecção efectiva do futebol português, é esse o dever que nos compete concretizar nesta nova época.
Da nossa parte fica o apelo final, para que o futebol seja cada vez mais uma festa em que todos os adversários merecem o melhor dos respeitos e que, na nova época que se aproxima, o fair play seja o exemplo que prevaleça!

P.S.: Hoje inicia-se uma nova fase da pré-época da equipa com a partida para os Estados Unidos da América – marque os jogos no seu calendário: Benfica – Chivas Guadalajara, dia 20, às 21h00 (13h00 locais); Benfica – Fiorentina, no dia 25, à 1h00 (dia 24, 20h00 locais). Benfica – AC Milan, dia 28, às 20h00 (15h00 locais)."

27 nos States

Guarda-redes: Odysseas, Zlobin e Svilar;
Defesas: André Almeida, Ferro, Jardel, Rúben Dias, Nuno Tavares, Conti, João Ferreira, Grimaldo e Ebuehi;
Médios: Florentino, Pizzi, Fejsa, Chiquinho, Rafa, Samaris, Gabriel, Caio Lucas, Zivkovic, Cervi, Taarabt e Tiago Dantas;
Avançados: Raul de Tomas, Seferovic e Jota.

Faltam o Gedson, David Tavares e o Cádiz (lesionados). Com o João Ferreira de 'precaução' devido aos problemas do Almeidinhos e do Ebuehi.
Sendo assim, neste momento o plantel é de 29 jogadores, sendo natural algumas 'saídas' até ao final de Agosto. O Salvio já não está. O Dantas na minha opinião deveria ser emprestado para ter minutos... se ficar, ficará completamente 'tapado'!
Na baliza, tendo em conta as últimas notícias, ainda podemos ter muitas alterações, mas será jogador, por jogador...

Na defesa, estará tudo definido... só se o Ebuehi não demonstrar estar totalmente recuperado; ou o Grimaldo for vendido, é que teremos alterações (ou é vendido, ou tem que renovar 'obrigatoriamente'!
No meio-campo, deverão existir algumas saídas: Fejsa e Zivko... Com a saída do Salvio é provável a chegada de um Extremo: por precaução é preferível ter pelo menos 5 Extremos, neste momento temos Rafa, Cervi, Caio, Zivko e o Jota... além do Pizzi. Com o Zivko possivelmente no mercado, e o Jota a jogar mais como 2.º ponta de lança... fica pelo menos um lugar vago. E ainda temos o Cervi, no vai/fica!!! (aparentemente ninguém sabe que se passa com o Willock)!!!

Tanto o Taarabt, como o Chiquinho, ou mesmo o Dantas podem ser adaptados à linha, mas serão sempre adaptações. Em relação ao Taarabt recordo que vai entrar no último de contrato, portanto também terá a porta aberta para a saída... se houver ofertas!!!
Lá na frente, continua em aberto, a vaga do 'Félix': sendo que a opção de ir ao Mercado, deverá neste momento estar condicionada pelo nível que o Chiquinho demonstrar no lugar...

Prazo prescricional

"Foram aprovadas, em Assembleia Geral da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, as alterações ao Regulamento Disciplinar das Competições Organizadas pela Liga para época 2019/2020 e, uma das alterações introduzidas tem a ver com a prazo prescricional do procedimento disciplinar.

No artigo 23º do actual Regulamento Disciplinar consta uma alteração ao seu n.º 8 e a introdução de um novo número, o n.º 9.
Diz o n.º 1 do artigo 23.º que o procedimento disciplinar prescreve decorridos que sejam três anos, um ano ou 30 dias consoante as infracções sejam, respectivamente, muito graves, graves ou leves, sobre a data em que a infracção tenha sido cometida.

Quando se inicia a contagem deste prazo prescricional?
O n.º 8 do anterior artigo 23.º do Regulamento Disciplinar dizia: “O prazo de prescrição começa a contar-se desde a data da prática da infracção ou, no caso de infracção continuada, desde a data da sua cessação”.
O novo Regulamento Disciplinar introduziu a seguinte alteração ao n.º 8: “O prazo de prescrição do procedimento disciplinar corre desde o dia em que o facto se tiver consumado.” Significa que se o facto ilícito foi consumado no dia 1 de Julho de 2019 o prazo prescricional do procedimento disciplinar começa a contar desde esse dia e prescreve decorridos que sejam três anos, um ano ou 30 dias consoante a qualificação do facto ilícito, se muito grave, grave ou leve.

Contudo, situações há em que a prática do facto ilícito não é isolada, mas sim permanente ou continuada ou, até mesmo, não consumada, não deixando de ser ilícito. Fonte: Liga Portugal
O novo Regulamento Disciplinar veio esclarecer, e bem, para cada uma das situações, quando se inicia o prazo de prescrição do procedimento disciplinar.

Assim, foi introduzido o n.º 9 no supra referido artigo 23º do Regulamento Disciplinar e que diz o seguinte:
“O prazo prescricional só corre:
1. Nas infracções permanentes, desde o dia em que cessar a consumação;
2. Nas infracções continuadas, desde o dia da prática do último ato;
3. Nas infracções não consumadas, desde o dia do último ato de execução.”

O que é isto do último ato de execução numa infracção ilícita que nem sequer foi consumada?
O ato de execução é um ato dotado já de capacidade potencial para a produção do evento ilícito. Os actos de execução hão-de conter já, eles próprios, um momento do ilicitude, pois ainda que não produzam a lesão do bem jurídico tutelado pela norma disciplinar da infracção consumada, produzem já uma situação de perigo para esse bem."

Foi um prazer, Jonas

"Jogou 10 minutos, vestiu a sua camisola 10 e a Luz, sempre justamente agradecida, tributou-lhe largos e sentidos aplausos

1. Em poucos dias o Benfica despede-se de dois jogadores que representa(ra)m o seu actual ADN. Com a extraordinária transferência de João Félix parte um dos símbolos do Seixal e, também, da relevante capacidade de atracção que a Academia suscita nos últimos anos. Lá está a detecção do talento, se necessária a sua contratação e, depois, a completa sedução. Pessoal e profissional. João Félix é referência desta estratégia e o Atlético de Madrid o seu destino. Já Jonas é um dos marcos do Benfica, que soube que teria de combinar sempre juventude com experiência, disponibilidade com sagacidade, confiança com esperança. Sim, Jonas chegou ao Benfica já que não contava em Espanha em razão do seu estatuto de não comunitário. Era um a mais lá. No Benfica, em razão da igualdade de direitos legalmente consagrada em relação aos brasileiros(as), passou a somar. Marcou golos e entusiasmou. Decidiu jogos e fez-nos acreditar, jogo a jogo, que a vitória era possível. Agora sabiamente resolveu, e bem, deixar os relvados. Se João Félix partiu, na linha destes novos tempos de comunicação, com uma despedida nas redes sociais, Jonas disse adeus numa noite emotiva em que o jogo frente ao Anderlecht, num relvado ainda de férias, foi claramente o facto secundário. Foi verdadeiramente um jogo de apresentação para os novos jogadores à ordens de Bruno Lage mas foi, acima de tudo, um jogo de despedida em que Jonas jogou dez minutos, vestiu a sua camisola 10 e a Luz, sempre justamente agradecida, lhe tributou largos e sentidos aplausos. Aqueles momentos, bem intensos e com uma emoção contagiante, representaram puto agradecimento. Acredito que foram mesmo os «melhores anos» da sua carreira. Por mim, digo que o aplaudi centenas de vezes, o cumprimentei dezenas de vezes e que tenho algumas camisolas, com registos pessoais, que deixarei a meus netos com a nota que Jonas foi um marco na equipa do Benfica nesta década do século XXI. E nesta varanda de Verão, com o tempo a aquecer - e decerto os fogos a aparecerem -, a saudade invade-me. E nela está a referência João Félix e o marco Jonas. Jogaram poucos minutos juntos na segunda parte da época que agora terminou. Mas um e outro saborearam uma reconquista marcante. E a mensagem de João Félix ao Jonas e a homenagem que o conjunto dos colegas lhe dedicaram antes do arranque do jogo na passada quarta-feira mostraram um comportamento pessoal - e colectivo - que importa realçar. Estava ali o homem e o jogador, o cidadão e o colega, o dez e o pistolas. Estava o jogador que nos deixa saudades. Mas com a certeza que o Benfica continuará a ser um clube conquistador, a referenciar jogadores de eleição, a detectar jovens com talento puro e a chamar outros menos jovens que encontrarão no Seixal e na Luz o espaço, o ambiente e as condições para expressarem, no relvado competitivo, as suas qualidades singulares. Jonas foi, para mim, um desses jogadores. Mas a justiça exige-me que aqui escreva que já em outras décadas do século passado e na primeira deste aplaudi, porventura que não em momento tão intenso de despedida, outros jogadores e homens que foram determinantes para outras conquistas históricas do Benfica. Sei que vivemos tempos em que o presidente já é quase história. Mas nesta varanda de Verão que me contagia a alma não esqueço grandes Senhores que fizeram grande e europeu o nome do Benfica e outros que o ajudaram a resistir em momentos complexos da vida desta insituição, que é uma referência e um marco na história do desporto, e do futebol, em Portugal. E a extraordinária primeira página na quarta-feira deste jornais diz tudo. Foi também um prazer Jonas!

2. Jonas também conheceu bons árbitros e conviveu com momentos de menor acerto de alguns árbitros. É a vida. A vida vivida e a vida sentida. Mas olhemos para o quatro principal de árbitros para a época desportiva que agora arranca. São vinte e um (21) e oriundos de onze associações distritais de futebol. Seis do Porto, três de Lisboa e também de Braga, dois de Leiria e um do Algarve, de Castelo Branco, de Setúbal, de Évora, de Santarém, de Vila Real e de Aveiro. E se olharmos para a lista de doze (12) que integram a categoria C2 vemos que três são Porto e outros três de Lisoba e os outros seis originários da Madeira, de Aveiro, de Santarém, de Castelo Branco, de Setúbal e da Guarda. Chegamos, assim, à conclusão que sete Associações Distritais e Regionais de futebol não estão representadas nas duas listas principais da arbitragem portuguesa. E lá está, também, o interior de Portugal com a excepção - que é uma surpresa - do distrito de Coimbra (e Viana do Castelo). As outras cinco, para além das associações dos Açores, são as de Bragança, Beja, Portalegre, Viseu e Viana do Castelo. É o Portugal do interior que não tem clubes na Liga Nos - com a relevante e meritória do Tondela - e que resiste na Liga 2 com o Covilhã, o Académico de Visei e o Chaves. Por ora... e antecipando um Verão quente na justiça desportiva e, já agora, pressinto na justiça comum... Mas, para aqui, nada como escrever, lendo, ao Sábado...

3. (...)"

Fernando Seara, in A Bola

Adepto do Benfica hospitalizado

"O Sport Lisboa e Benfica informa que o adepto do Benfica que caiu ontem no jogo em Coimbra chama-se José Dinis, tem 30 anos, vive naquela cidade, é economista e quadro da Sonae, está internado e sob observação no Hospital de Coimbra HUC e fracturou a vértebra D12 da coluna.
Na segunda-feira será tomada a decisão sobre a necessidade de se avançar com uma eventual operação, mas terá sempre um prazo mínimo de 8 semanas de recuperação.
Não esteve envolvido em qualquer desacato, mas, à passagem de indivíduos adeptos da Académica (escoltados pela Polícia) que tinham sido responsáveis pela confusão gerada, foi empurrado por um deles.
Os seus amigos sabem identificar o responsável pelo empurrão e pela agressão, e a família avançará com os processos adequados. A própria direcção da Académica prontificou-se de imediato a ajudar os familiares a identificar os responsáveis.
O SLB tem estado em contacto com a família e deseja as rápidas melhoras de José Dinis, reiterando de forma veemente o apelo e a mensagem de que é responsabilidade de todos, sem excepção e sem clubite, tudo fazer para eliminar e punir sem contemplações este tipo de comportamentos. Lamentamos ainda que nos últimos seis meses seja o segundo adepto do nosso clube hospitalizado com gravidade."


PS: Um grupo de adeptos, sai da sua zona da bancada, em grupo, com clara intenção de criar problemas no lado 'contrário'. A polícia, apercebe-se da situação, e 'tapa' o caminho! Reunindo o tal grupo, e escolta-os de regresso ao seu lugar devido! No caminho de 'regresso', um dos indivíduos, empurra um Benfiquista de forma grosseira...!!!
E o que as autoridades fazem?!!!
Nada...!!!
Extraordinário, como os elementos do tal grupo, não foram imediatamente, detidos, no mínimo para identificação... Extraordinário, como estando a ser 'escoltados', empurra o Benfiquista, e não foi detido de imediato...!!!
Uma autoridade que gosta de 'varrer' bancadas indiscriminadamente, mas deter os verdadeiros arruaceiros, dá mais trabalho!!!