"Na sequência de informações difundidas pelo Expresso e replicada por alguns outros órgãos de comunicação social e de Media, de que o jogador Cássio havia dito ter sido aliciado por mim próprio para facilitar num jogo da época 2015/2016 entre o Rio Ave e o Sport Lisboa e Benfica, tomei agora conhecimento, pelo próprio Expresso, que em momento algum, o aludido jogador disse, seja ao jornalista envolvido, seja a qualquer outra pessoa, que eu o havia aliciado, seja para o que fosse. Desse modo, importa que seja reposta a verdade, retratando-se de imediato, na certeza de que irei agir judicialmente contra quem atente contra o meu bom nome e imagem, não repondo a verdade."
quarta-feira, 20 de março de 2019
Informação...
"Só para deixar uma informação ao maior mentiroso, do futebol Português.
Até ao julgamento de ontem, nunca eu tinha estado pessoalmente com o Cássio, nunca eu tive o número de telemóvel do Cássio e nunca tinha falado com o Cássio. Daí ser fácil saber que não estou em nenhuma escuta telefónica da polícia judiciária com o Cassio! Mais remeto para tribunal com as respectivas queixas crime.
Mas já agora pode contar a história do Feirense vs Rio Ave, qual o jogador do Rio Ave que não está em nenhum processo estava a fazer de intermediário na ligação ao Rio Ave e quem eram os corruptores. Um dia destes eu entrego a PJ os nomes, quem recebeu 15.000€ e quem foi que pagou, só estou a espera de mais provas concretas para vos enterrar, mexeram com quem não deviam."
Resposta ao Comentador Com Menos Audiência a Nível de Desporto
"Para conhecimento do Rui Santos eu sou licenciado na Federação Inglesa (No melhor campeonato do mundo de futebol), faço parte de uma empresa licenciada na federação Portuguesa de futebol e tenho mais estudos e cultura que o mesmo senhor. Falo 6 línguas e não preciso sobreviver num canal de televisão a falar mal de clubes. Ainda assim consigo sorrir diariamente de um senhor que muito falava à favor do VAR e de repente já ninguém o ouve, este mesmo senhor que respira ódio ao Benfica e aos Benfiquistas, conseguiu chegar ao ponto de levar também com um processo crime de difamação que foi hoje entre ao meu (Gabinete Da Paródia). Cada um tem que assumir o que diz e eu não fugi para Vigo e muito menos me escondo nas ruas por onde passo tal como este senhor que leva uma vida escondido, para poder respirar e falar mal das pessoas.
Acreditem que este senhor tem uma enorme falta de amor próprio porque se assim não fosse aceitava uma chamada ontem feita por mim para a SIC para o contradizer, no entanto fogem como ratos quando os quero confrontar.
Deixo um desafio, ponham-me no jornal em horário nobre em frente a este senhor, estou disponível para lhe responder a todas as perguntas. Sei que a sua falta de carácter não lhe permite!"
Desprezaram o padeiro de Viena
"Por três vezes, Rodolphe Hiden deu com o nariz nas Rochas Brancas de Dover. Desistiu e foi ser francês, em Paris
Se tivesse nascido na Pérfida Albion que nos encheu, a nós portugueses, de comichões no sangue aquando do Ultimatum (que uns, por pilhéria, diziam último atum), Rodolphe Hiden não podia ter tido um nome mais escondidamente a propósito. Mas o facto é que Rudi, para os mais íntimos, veio ao mundo em Graz no tempo em que Império Áustro-Húngaro sobrevivia ao movimento de dispersão que costuma condenar todos os impérios.
Hiden era um cachopo aplicado e não tardou a despertar o interesse dos clubes da capital. Aos 17 anos já tomara conta da baliza do Wiener AC. É mais ou menos por aqui que Herbert Chapman, o treinador do Arsenal que revolucionou o futebol com a invenção do WM, entra na vida do nosso Rudi. Tudo por causa de um Áustria-Inglaterra, disputado em Viena, em 1930, perante mais de 55 mil almas frenéticas.
Os ingleses não costumam deixar-se fascinar por nada mais do que por eles próprios, pelo que foi surpreendente a forma como Hiden lhes caiu no goto. Talvez tenha sido por causa do seu cavalheiresco gesto de auxiliar um adversário que se contorcia no chão nas vascas da agonia; talvez fosse pela sua pinta de moço apessoado ao qual não deviam faltar filas de sopeirinhas espigaitadas; talvez ainda pela sua forma revolucionária de usar os pés e pela sua agilidade felina e temerária. Bom, pouco importa, Chapman quis levar Hiden para Londres e, logo ali, combinou com os dirigentes vienenses a bonita soma de duas mil e quinhentas Libras esterlinas.
Rudi esfregou as mãos de contente. O_Arsenal era, à época, o pináculo daquele desporto ao qual os britânicos deram o nome tão encantador de ‘association’. O problema é que o pobre Rudolphe deu demasiadas vezes com o nariz nas Rochas Brancas de Dover, ou, por outras palavras, na alfândega do lado de lá da Mancha. E não foi por falta de tentar. Ensaiou a viagem três vezes. O conspícuo Department of Labour limitou-se a enviá-lo no primeiro ferry de volta a Calais. Rudi fora padeiro em Viena e o Arsenal arranjara-lhe um cargo de chef num hotel de Londres. O profissionalismo no futebol ainda não era assunto consensual. E as autoridades da emigração estiveram-se nas tintas para a falta que um austríaco, por mais bem parecido que fosse, fazia na baliza do clube de Highbury.
Margaret Bondfield foi a primeira mulher a ocupar o lugar de ministro no Reino Unido: Ministério do Trabalho. E fez aprovar uma leia bastante inequívoca: «The Ministry of Labour states that professional foreign footballers are not to be allowed to play for English teams. This ruling has been promulgated in the view of the unemployment throughout the country».
O Arsenal desistiu de Hiden. Aproveitou um estrangeiro que já vivia em Inglaterra, o holandês Gerrit Keizer, dono de uma mercearia em Brixton Hill e que se plantava entre os postes dos amadores do Margate aos sábados à tarde. Em Highbury, continuou como amador. Ele e Charlie Preedy, um indiano natural de Neemuch, filho de um antigo militar no território, empregado nos correios de Mayfair. O Department of Labour suspirou de alívio. Receava que Hiden pudesse abrir um precedente na muralha anti-estrangeira que, pelas ruas de Londres, se via representada pela British Brothers League, levando uns grupos de calhordas a marchar, gritando desalmadamente: «England for the English».
O nosso Eça, que também viveu em Inglaterra, escreveu certa vez: «O alemão detesta o russo; o italiano abomina o austríaco; o dinamarquês execra o alemão. E todos aborrecem o inglês que os despreza a todos». Há muitos episódios que exemplificam esta sensação de superioridade que os ingleses acham tão própria da sua idiossincrasia que a entendem como virtude e não como defeito. Recordei-me, de repente, de um e aqui o deixo, na linha debaixo.
Certo milionário francês que comprou um yatch em Inglaterra, requisitando a respectiva tripulação, viu-se obrigado a juntar à sua equipagem de trinta e cinco homens dois cozinheiros. E justificava-se: «Se eu tiver só um cozinheiro francês, os meus marinheiros ingleses não comem. Se tiver só um cozinheiro inglês, morro…».
A resposta não tardou em forma de coluna num jornal: «Nós, os ingleses, achamos repulsiva a ingestão de animais que, em vez de se deixarem caçar, se deixam simplesmente apanhar, não revelando qualquer respeito pela sua própria sobrevivência. Ora, isto exclui liminarmente qualquer possibilidade remota de um verdadeiro súbdito de Sua Majestade deglutir seres como ‘escargots’ ou ‘grenouilles’ que deveriam ter como finalidade habitar charnecas e pântanos e não contribuir para o requinte da cozinha francesa».
Já Rudi tornou-se francês. Mudou-se para Paris, jogou no Racing, foi à guerra como o Marlbrough da cançoneta, atribuíram-lhe a nacionalidade por serviços prestados e ainda teve tempo de ser internacional pela França. Em Inglaterra foi desprezado. Como todos os outros."
Caro Dyego, é como se tivesses nascido em Leyrya
"Sem clamor público e sem um interminável debate nacional: foi assim que ficámos a saber que Dyego Sousa havia sido convocado para a Selecção Nacional.
Nesse aspecto, evoluímos.
Basta lembrar o rasgar de vestes que há pouco mais de uma década provocaram as chamadas de Deco e Pepe.
Enquanto Espanha ou Itália, por exemplo, aproveitavam com pragmatismo e naturalidade talentos brasileiros; por cá, não faltou quem fosse militantemente contra a possibilidade de termos ao serviço da Selecção Nacional dois cidadãos perfeitamente integrados, além de absolutos reforços em termos desportivos.
Houve quem desmerecesse um defesa-central que viria a tornar-se referência no futebol mundial e, antes disso, quem fizesse o mesmo àquele que terá sido o maior talento que evoluiu na Liga Portuguesa nas últimas três décadas – alerto desde já que quem quiser reabrir esta discussão, profundamente subjetiva, terá de responder a esta questão absolutamente objectiva: à volta de que outro craque se construiu uma equipa portuguesa capaz de conquistar de seguida uma Taça UEFA e uma Liga dos Campeões?
Nos casos de Deco e Pepe, a tónica estava, porém, sobretudo na origem de dois jogadores que optaram por representar a selecção do país de acolhimento, apesar de terem categoria e tempo para serem eleitos pelo país que os viu nascer – Deco tinha 25 anos aquando da primeira internacionalização por Portugal (em 2003), Pepe tinha 24 (em 2007).
A condição de ambos torna a opção de cada um ainda mais apreciável. À prova de oportunismo, que neste aspecto das naturalizações me parece o único aspecto criticável.
Felizmente, evoluímos, dizia.
Graças a Deco e Pepe também, mas tantos outros em diferentes modalidades.
Lembro-me do salto qualitativo dado pelo andebol português com Aleksander Donner e com os naturalizados Bolotsky e Tchikoulaev a jogarem na selecção, mas também de Mike Plowden de quinas ao peito no basquetebol. Lembro-me de ter vibrado tanto com as medalhas de Francis Obikwelu como com as de qualquer outro atleta luso. Com essas memórias presentes, sublinho: tem tanto valor um português de nascimento como um português de sentimento.
O Portugal que «deu novos mundos ao mundo», que cobra direitos de autor da miscigenação e que tem a diáspora na sua matriz – com cinco milhões de lusodescendentes espalhados pelo mundo – é tanto maior quanto mais fizer jus à sua história, sem se deixar confinar pelos 92 mil quilómetros quadrados da sua geografia.
Resumindo: não há nada de mais contrário à essência de ser português do que o chauvinismo.
Voltando a Dyego: está por cá há quase uma década e hoje é um dos melhores avançados da Liga. É elegível e é muito útil, cumprindo todos os requisitos, como o seleccionador Fernando Santos fez questão de afirmar.
Isso deveria bastar. Ainda assim, há mais uns quantos argumentos para os adeptos do excesso de zelo.
Dyego é Sousa, mas também tem Ferreira no nome. Haverá alcunhas mais portuguesas?
Convence-me a emoção com que este maranhense de São José de Ribamar reage ao ser chamado a representar Portugal (sonho que havia confessado ao Maisfutebol): «Sinto-me português, amo este país.»
Por estes dias, vi nas redes sociais gente decente a socorrer-se do argumento discriminatório do «brasileiro e demasiado velho», aos 29 anos.
Não deixo de me espantar com quem defende uma sociedade que não discrimine em função da origem ou sequer da idade, mas que cai à primeira quando o assunto são futebóis e selecções.
Vi, no entanto, também quem arrumasse o assunto com sintético sarcasmo: «O Dyego nasceu em Leyrya.»
Pois, por mim, é isso mesmo: Dyego é tão português como Rui Patrício – ou «Ruy Patrycyo», se preferirem manter o tom.
Oxalá a Selecção também lhe arranje bons motivos para um dia também ele merecer uma estátua."
O nove que ajuda a baralhar as contas
"Francesco Totti, Lionel Messi, Cesc Fàbregas, Mario Götze, Robin Van Persie ou, numa lógica de maior proximidade física e temporal, Pedro Nuno. O que têm estes futebolistas em comum? Já desempenharam (ou ainda desempenham) o papel do denominado falso nove, uma solução que está longe de ser uma tendência recente mas que parece estar a produzir cada vez mais efeitos em sentidos opostos.
O Moreirense-Benfica de domingo pode dificultar o exercício de explicar as virtudes desta equação porque não chegou a gerar os dividendos que Ivo Vieira certamente esperaria. Por força da fortíssima reacção dos “encarnados” à perda da bola e da forma astuta como impediram o adversário de utilizar o corredor central para chegar a zonas de criação, Pedro Nuno nunca conseguiu provocar a incerteza (e, no limite, o caos) na organização defensiva contrária. Por mérito do rival, andou escondido do jogo e, com isso, também o Moreirense se apagou em ataque organizado.
A estratégia vimaranense já tinha dado frutos em muitos momentos da época e a prova disso é que foi utilizada em nove partidas no campeonato, com Pedro Nuno a vestir o fato de falso nove em seis delas e Heriberto em três. Nos outros 17 jogos, o Moreirense utilizou um avançado de perfil mais fixo, maioritariamente interpretado por Nenê (12 encontros) e, ultimamente, também por David Teixeira (cinco).
Cada proposta carrega virtudes e defeitos, mas a principal mais-valia decorrente da utilização de um falso nove reside na mobilidade de um jogador que, por “tradição”, fixa mais marcações e serve mais de referência no último terço para a produção ofensiva da equipa. Um “verdadeiro” nove, tal como é encarado desde que a numeração das camisolas correspondia a uma posição claramente definida no relvado, é um avançado que faz uso do seu poder de fogo dentro (ou nas imediações) da área e que normalmente prende os centrais com um posicionamento mais alto. Por contraponto, o falso nove é geralmente um médio ofensivo que, actuando em zonas mais adiantadas, rompe com esta lógica por força dos movimentos que produz.
O sucesso ou fracasso de uma ideia também fica refém da qualidade individual dos intérpretes e, nesse sentido, é mais fácil expor o conceito recorrendo a Messi ou Fàbregas. No Barcelona de Guardiola ou na selecção espanhola de Del Bosque (em particular no Euro 2012), a capacidade que o argentino e o espanhol revelaram para, partindo do habitat do “avançado centro”, baixarem no terreno e ligarem o jogo - ou para desequilibrarem em condução de frente para a baliza - foi determinante para dinamitar a organização defensiva do rival.
Ao recuar uns metros, o falso nove só deixa duas alternativas aos centrais (ou pelo menos a um deles): ou acompanha o adversário e abre uma brecha na última linha, ou mantém o posicionamento e permite ao rival receber a bola entre linhas. E é aqui que o modelo de jogo preconizado sobe de nível, porque nos exemplos citados os extremos ou flectiam para dentro ou se mantinham abertos, em função da posição da bola, gerando uma multitude de linhas de passe difícil de contrariar. Era uma espécie de funil que enredava e desgastava o opositor até se encontrar o homem livre para fazer a diferença nos últimos metros.
Para este tipo de veneno (que, com outras nuances, já se identificara nas décadas de 1930, na Áustria de Matthias Sindelar, ou de 1950, na Hungria de Nandor Hidegkuti), muitos treinadores já encontraram o antídoto necessário, que no limite passa por uma maior proximidade entre linhas, com ou sem alterações no sistema de jogo. E esta capacidade de adaptação já gerou, ela própria, uma outra necessidade de mudança, perceptível no perfil de muitos dos avançados de topo no futebol actual.
Nessa perspectiva, o falso nove tem contribuído para depurar o nove tradicional. Basta olhar para jogadores como Luis Suárez, Roberto Firmino ou Edinson Cavani para se perceber a evolução. Goleadores com capacidade e disposição para baixarem uns metros e gerarem um futebol associativo que alarga o leque de opções disponíveis nos momentos de criação. Uma vez dentro do bloco adversário e com linhas de passe desimpedidas, é altura de a qualidade individual fazer a diferença. E com isso dar seguimento a uma cadeia de acções e reacções que, no futebol como na vida, se resumem num pensamento do físico Stephen Hawking: “A inteligência é a capacidade de nos adaptarmos à mudança.”"
Quem 'matou' a mudança? Suspeito n.º16 - A 'chicotada psicológica'
"“Detective Colombo” – começou por dizer o Presidente do F.C. os Galácticos, o Sr. Mark Angie – “estou com um enorme problema em mãos”. “O que se passa?” – perguntou o Detective Colombo.
“Ao longo de todos estes anos, como dirigente, sou recorrentemente colocado perante uma situação extremamente desconfortável, difícil e exigente” – continuou o Presidente Angie, enquanto o Detective Colombo se inclinava para a frente, para o escutar melhor.
“Os resultados da equipa deixam a desejar, mas pior do que isso, o clima da equipa é muito mau e a equipa está dividida” – prosseguiu o Presidente Angie. “O que quer dizer com dividida, Presidente?” – perguntou o Detective Colombo.
“Tenho uma parte da equipa que contesta, desafia e detesta o Treinador e outra parte que o apoia e defende. No início, a disputa ficou entre estes dois subgrupos, mas com o tempo, umas pessoas começaram a comportar-se como se odiassem o Treinador e outras idolatrando-o e defendendo-o. Normalmente, a parte que o detesta aborda-me e “pede-me” para o despedir e, se não o faço, passam a pressionar-me e a sabotar a própria equipa. Isto, voltou a acontecer, esta semana” – descreveu o Presidente Angie.
“Como é que tem resolvido estas situações?” – indagou o Detective Colombo.
“No início” – começou por dizer o Presidente Angie – “despedia o Treinador, o elo mais fraco, pois não podia despedir quase metade da equipa. Contudo, esta forma de lidar com o problema não só não o resolvia, como o tornava recorrente.” “Recorrentemente, como assim?” – questionou o Detective Colombo, ao que, de imediato, o Presidente Angie clarificou – “tem a ver com ver-me novamente confrontado com o mesmo problema, uns quantos jogadores a pedirem uma reunião, para despedir o Treinador, passados uns meses, pois nada melhoraram.”
O Detective Colombo fez uma pequena pausa e, para perceber melhor, perguntou – “como se sentia nessas situações?” O Presidente parecia estar a olhar para o horizonte, parecia recordar várias situações, e respondeu – “tinha uma sensação de mal-estar, que estava a trair o Treinador, naquelas reuniões, e várias vezes, acabava por despedi-lo, concretizando a conhecida chicotada psicológica. Embora o fizesse para melhorar a equipa, o que normalmente acontecia nas primeiras semanas, depois quer o clima, quer os resultados voltavam a não satisfazer e voltava a ser confrontado com os mesmos problemas. A solução de despedir o treinador, frequentemente, acabava por voltar a repetir o problema e não era solução. Parecia um boomerang que lançava para longe, mas que regressava sempre. Se isto não bastasse, ainda prejudicava a tesouraria do Clube, com os milhões a pagar nas indemnizações aos Treinadores.”.
“Essa foi a solução que experimentou no início, mas fiquei com a sensação de que já experimentou outras formas de lidar com esses desafios?” – verificava o Detective Colombo.
“Certo Detective Colombo” – adiantou o Presidente Angie e esclareceu – “depois, passei a ignorar esses pedidos, os de despedir o Treinador, e quando se tornavam recorrentes, acabava por suspender o jogador mensageiro do desconforto ou mesmo a transferi-lo de Clube.”
“Essa solução resolveu-lhe o problema do mau clima e resultados da equipa?” – perguntou o Detective Colombo.
O Presidente Angie colocou a mão na cabeça, começou a coçá-la e de repente respondeu – “não, pelo contrário, a divisão escalava, a contestação acabava por ganhar o efeito de bola de neve, dado que, quando suspendia ou transferia o mensageiro do desconforto, a parte que detestava o Treinador acabava por jogar como se estivesse a cumprir com o essencial. Portanto, sem entusiasmo, sem compromisso, sem determinação e o mau clima e resultados pioravam ainda mais. Por outro lado, o treinador também não melhorava. Por isso, esta solução, não só não resolvia o problema, como também criava outros problemas, quer à equipa, quer aos jogadores e quer ao Clube, pois acabava por perder, várias vezes, milhões em transferências”.
“Efectivamente, a situação que me conta é, como disse, desconfortável, desgastante e as consequências ao nível do respeito, da justiça e da integridade são devastadoras para a moral e clima da equipa e, por conseguinte, também para os resultados desportivos, para a tesouraria e para a imagem do Clube, tanto no imediato, como no futuro. Se compararmos uma equipa a um barco e estes momentos de conflitos a uma tempestade, este momento da vida das equipas equivale a um barco a superar uma tempestade com ondas como as da Nazaré. Contudo, este tipo de situação é normal em qualquer tipo de organização, seja ela uma família, uma equipa, um Clube, um hospital, uma fábrica, (…)” – começou por tranquilizar o Detective Colombo, enquanto o Presidente Angie perguntou – “normal, como assim?”
O Detective Colombo fez uma pequena pausa, parecia que estava a organizar as suas ideias e respondeu – “ao longo do processo de maturação, mudança, crescimento e desenvolvimento das pessoas, mas também das equipas e das organizações, é normal as pessoas cruzarem-se com o que Freud designou de ritual primitivo de matar o líder, com o que a dinâmica de grupo cunhou de assunto da autoridade, com o que o SCT baptizou de crise de ódio, com o que a psicanálise identifica como transferência negativa ou com o que a teoria do desenvolvimento dos grupos catalogou como o evento barométrico” e, nesse momento, o Presidente Angie, que estava cabisbaixo, olhou para cima e interrompeu-o – “afinal este problema não é exclusivo deste Clube, nem tem a ver comigo, é normal, mas parece que as duas formas que utilizei para lidar com a situação só provocaram o efeito boomerang, de regressar e repetir-se, e de bola de neve, amplificando-o”.
Ao aperceber-se do seu ar de impotência, como se tivesse feito algo de errado, o Detective Colombo disse – “Presidente, cada um de nós tem, muitas vezes, a relação que somos capazes de ter e não aquela que queremos ter” – e calou-se, parecia estar a dar tempo para o Presidente assimilar a ideia. Fez-se silêncio. O Presidente pensava naquelas palavras “cada um tem a relação que consegue ter e nem sempre a que quer ter” e, como que em flashback, pela sua mente passaram inúmeras situações com os filhos, com a mulher, com os colegas de direcção, com os treinadores e com os jogadores em que tinha tido a relação que tinha sido capaz de ter, mas não aquela que queria ter e, de repente, disse – “se desenvolver as minhas capacidades, para melhorar estas situações, então posso ter mais vezes a relação e resultados que quero ter. Detective Colombo, o que posso aprender, para melhorar com esta situação?”.
“Comecemos por compreender as razões que podem levar umas pessoas a idolatrarem e outras a detestarem, no caso o Treinador. O que lhe parece Presidente Angie?” e prontamente o Presidente Angie respondeu – “parece-me bem”.
“Frequentemente as pessoas, ao longo da sua história, passam por alguma situação em que as figuras da autoridade, por exemplo os pais, os professores, os treinadores, os gestores, os (…), lhes reprimem os talentos e comportamentos indesejados. No início, essas pessoas podem acabar por abdicar do que desejavam e lhes foi negado/reprimido, mas e com o tempo, podem ter a tendência para projectarem o que foi negado e reprimido, a identificarem e até procurarem outras pessoas que lhes relembrem o que desejavam, mas lhes foi negado, pelas figuras da autoridade e, quando se cruzam com quem representa o que gostavam e foi negado, poderão admirar e idolatrar essa pessoa. Porém, quando se cruzam com quem lhes relembra algo indesejado e inadmissível e que lhes foi reprimido, negado, podem acabar por detestar e odiar essas pessoas. Ou seja, em ambos os casos, projecta-se e transfere-se para os outros aquilo que foi reprimido e negado. Estas situações podem conduzir a uma melhoria quântica ou à sua repetição / amplificação. Na perspectiva da mudança quântica, ambas as situações poderão ser excelentes momentos de melhoria e mudança, descobrindo uns os talentos adormecidos e outros muitas oportunidades de melhoria, mas não só as pessoas os negam, como os projectam e transferem para as outras pessoas e, frequentemente, para as figuras da autoridade, como é o caso dos treinadores.”
“Está a dizer-me que a parte dos jogadores que admira e idolatra o Treinador poderá estar a ver no Treinador os talentos que têm e foram reprimidos e, por isso, não só não os reconhecem como os desperdiçam, não mudam e que a parte dos jogadores que detestam e odeiam o Treinador por ele reflectir aquilo que foi reprimido, em vez de melhorado, negam isso neles mesmos, e, por isso mesmo, não mudam, não melhoram, mas paradoxalmente, tentam mudá-lo ou que o Presidente o mude” – tentou verificar o Presidente Angie.
“Presidente, a situação de projectarmos nos outros – colegas de equipa, treinadores, jogadores, pais, gestores, (…) – o que admirámos ou negámos poderá estar na raiz do problema que me descreveu e, por isso, para obtermos um resultado diferente do boomerang ou da bola de neve, necessitamos de uma solução diferente” – disse o Detective Colombo.
“Ou seja,” – começou por dizer o Presidente Angie – “quando um pai está na bancada e começa a fazer comentários depreciativos para com o Treinador ou o Árbitro, poderá a estar a ver neles algo que conseguem falar abertamente sobre os outros e querem que os outros mudem, que também têm, mas negam e, por isso, não mudam neles o que querem que os outros mudem. Quando um adepto está na bancada admirar um jogador, poderá estar a relembrar-se das qualidades que também tinha e tem, mas nega. Detective, o que me está a dizer é que quando olhamos os outros, nomeadamente o que admirámos e o que detestámos, eles poderão estar a reflectir os talentos que temos, mas não utilizamos, ou as oportunidades de melhoria que desperdiçámos e que, se colocarmos entre nós e eles um espelho, podemos a aceder a gigantescas oportunidades de melhoria, por reconhecermos em nós, o que os outros nos relembram?”
“Presidente” – começou por dizer o Detective Colombo – “relembro que esta situação pode acontecer com todos nós. A todo o momento, podemos estar a admirar nos outros um talento aprisionado, que necessita de ser libertado e potenciado e podemos estar a odiar nos outros oportunidades de melhoria reprimidas que, em ambos os casos, poderão desencadear oportunidades de mudança quânticas”.
“Então este fenómeno também poderá ocorrer com os Treinadores. Isto é, quando um Treinador admira um jogador, poderá estar a relembrar-se de algo que gostava de fazer e que lhe foi negado. Quando um Treinador detesta um comportamento de um jogador e perde a cabeça, poderá estar a ver nesse jogador algo que detesta nele próprio. Ou seja, as figuras da autoridade (treinadores, professores, pais, gestores, presidentes, …) também poderão aproveitar este conhecimento para melhorarem imenso” – construiu o Presidente Angie e continuou – “julgo que compreendi a situação e a razão pela qual as minhas duas soluções anteriores não provocavam os resultados que desejava. Detective, parece que descobrimos mais um “culpado” de estar a “matar” a mudança no Clube – a forma como lidámos (“chicotada psicológica”) com o evento barométrico, negando e projectando ou transferindo e, algumas vezes até procurar nos outros, os talentos que admirámos, mas não reconhecemos em nós, e o que detestamos neles e queremos que mudem e que poderá estar a reflectir o que também temos, mas não mudamos.”
“Detective Colombo, como consigo colocar todo este conhecimento em prática, de forma a conseguir ter uma relação e resultados diferentes, os que quero ter? “ – perguntou o Presidente Angie – enquanto pensava no enorme potencial e recursos que esta alternativa poderia libertar; na sensação de bem-estar que poderia provocar; no envolvimento, entusiasmo, compromisso e contribuição que as pessoas poderiam passar a fazer; no impacto na tesouraria do Clube; que algumas vezes, mais do que mudar As pessoas ou mudar De pessoas, podemos Querer mudar a nossa forma de lidar com o desafio do mau clima e resultados; no paradoxo de a admiração e o ódio poderem estar a relembrar alguma necessidade e capacidade que limitou a qualidade da relação e dos resultados e que, se as melhorarmos, podemos dar a volta à situação, mas ironicamente e por falta de conhecimento e estratégia, a admiração e o ódio acabam por “matar” essa mudança, nada melhorarmos e tudo piorarmos; nos momentos em que as famílias, as equipas, as organizações parecem estar no meio de uma enorme tempestade, podemos reprimir (através da chicotada psicológica ao “treinador” ou do castigo ao “mensageiro”) ou podemos aproveitar a situação para todas as pessoas (treinadores e jogadores, pais e filhos, colaboradores e gestores, …) poderem fazer melhorias quânticas e acederem a um nível de eficácia e satisfação mágico."
Todas contam!
"Há um ano, o projecto do Futebol Feminino do SL Benfica estava a anunciar reforços para a primeira equipa de sempre no Clube. Em Agosto, com a conquista do Torneio Internacional de Guadalajara, em Madrid, ainda se olhava com alguma desconfiança para um grupo que trabalhava há poucas semanas.
Hoje, com a época a entrar na fase das decisões, o saldo acumulado de 354 golos marcados e 1 sofrido em partidas oficiais (no conjunto dos jogos do campeonato da segunda divisão e da Taça de Portugal) já mereceu destaques na CNN, na BBC, no jornal Marca, na ESPN e nas agências noticiosas internacionais France Presse e EFE. Os primeiros passos do Futebol Feminino benfiquista são já vistos como um case study.
Como tantas vezes acontece no Sport Lisboa e Benfica, não há aqui factores aleatórios, nem qualquer mistério. Há visão, planeamento, competência e capacidade de captar talento para uma equipa que, carregando as cores e a marca Benfica, é já um dos bons motivos de promoção além-fronteiras da modalidade praticada por mulheres. E que mulheres!
No domingo, às 15 horas, no Estádio da Tapadinha, não estará em jogo o futuro do projecto. Esse está já bem encaminhado e também aqui com uma aposta clara na jovem jogadora portuguesa e de um modelo de jogo de qualidade, integrado e evolutivo. Na senda do excelente trabalho que se faz no Caixa Futebol Campus e que tantos valores tem formado, as meninas do Benfica vão já dominando convocatórias nacionais em sub 17 e sub 19.
As meias-finais da Taça de Portugal, frente ao Sp. Braga (conjunto que está perto de travar a hegemonia das actuais bicampeãs nacionais), serão uma excelente oportunidade para os benfiquistas abrirem os olhos para novos ídolos, agora na vertente feminina.
A título de exemplo, o que queremos ver na Tapadinha é a técnica da capitã Darlene, a garra de Pauleta, a solidez da internacional portuguesa Sílvia Rebelo ou a segurança nas luvas de Dani Neuhaus. Também no apoio a esta equipa, #TodosContam! Todos… e todas!"
Mon Militantisme Rouge et Blanc
"Et voici que je me retrouve le 28 août 1983 à bord d’une coccinelle volkswagen orange direction Setúbal. J’avais 8 ans, et je m’engageais à ce moment là, sans le savoir, pour un militantisme « vitalício » avec ce club qui m’accompagnera maintenant jusqu’à la fin de mes jours.
Je dois ce moment à mon père qui décida cet après-midi de m’emmener voir le club de son cœur avec son meilleur ami. Nous étions donc 3 « João » à bord, prêts pour mon premier « awaydays ».
C’est peut-être pour cela, plus de 30 ans après, que je valorise autant les voyages liés à mon club de cœur et adore visiter les villes et capitales européennes dans un souci de toujours allier ce binôme qui m’est si cher : développer ta culture sous tous ses angles tout en partageant ce moment unique de se retrouver dans la tribune visiteur avec les tiens face aux autres. Je pourrais aborder ici différents voyage qui m’ont marqués, Bruxelles en 94, Berlin en 2010, Madrid, White Hart Lane, Istambul puis Naples... ce serait sans doute trop long et sûrement difficile à retranscrire. Les images et les émotions vécues restent uniques comme des flashs qui restent dans un coin de ta tête.
Et ce sont ces flashs qui alimentent ton militantisme. Je ne peux pas oublier tous ces moments passés à attendre les joueurs devant « a nossa catedral ». J’avais 13 ans et me souviens bien des Thern, Valdo, Mozer, Ricardo, Paneira’ s et compagnies. Attendre parfois des heures pour les apercevoir, leur serrer la main, les voir à l’entraînement. tous ces moments ont nourri ce lien indélébile entre moi et le « glorioso ».
Habitant en France, ce mois d’août tant attendu était le mois primordial où je pouvais m’imprégner et sentir au plus près tout ce que je voyais par bribes à la télé où à la radio le reste de l’année.
Je fais parti de ces jeunes benfiquistas « do estrangeiro », qui devaient s’investir et lutter pour avoir des infos du SLB. Attendre le journal « A bola » au kiosque des portugais de la rue de Tilsit (en face de l’Arc de Triomphe) tous les jeudi et samedi après-midi, était pour moi une manière de nourrir mon militantisme.
Pour Benfica, tu es prêt à tout sacrifier, ta copine, tes études, t’embrouiller avec tes parents, faire le mur ou te disputer avec ton meilleur ami parfois. Tu te rends ainsi compte qu’il s’agit d’un engagement du quotidien et que cela ne te quitte plus.
Une rencontre unique pour moi a changé cette « militancia ». Paris, Mars 1994 et ma rencontre avec Jorge Mauricio « Gullit » quelques mois avant sa tragique mort. Nous nous connaissions il y a peu de temps et j’aurai tant appris grâce à lui. Les cartes postales, les échanges de photos avec des supporters du monde entier, le mouvement ultra, tous ces éléments ont nourrit mon engouement et font de moi ce que je suis aujourd’hui en terme de benfiquismo.
Chacun d’entre nous a son militantisme, chacun d’entre nous se revoit avec son parcours de vie dans un « clubismo » qui lui est cher. J’ai l’habitude de dire que personne n’est plus benfiquista qu’un autre. Ce qui peut marquer la différence c’est ton militantisme, ton engagement et ta dévotion. Mais nous devons tous retenir et respecter la devise qui est la nôtre : E Pluribus Unum."
Sabe quem é? Serralheiro na CUF - Carlos Manuel
"Foi a teste, ao Chalana chumbaram-no, a ele não; Pior do que a marreta era o fumo e o Benfica tirou-o de lá
1. Nasceu na Moita, em Janeiro de 1958. Aos quatro anos, o pai deu-lhe equipamento de futebolistica. Faltavam-lhe as chuteiras, chorou por elas - e o padrinho, adepto do Belenenses, pediu a um vizinho sapateiro que lhe fizesse umas à medida dos pés, custaram-lhe 40 escudos.
2. Na escola primária na Moita, na Telescola em Alhos Vedros, no liceu no Barreiro, foi-se notando, cada vez mais, o «dom para a bola». Não deixou, porém, de se embrenhar também no ténis de mesa, no bilhar, no hóquei em patins - e de sonhar «ser forcado».
3. Sempre fora bom aluno, de súbito começou a faltar à escola - e chumbou. Para evitar reprimendas (ou pior) do pai que o imaginava doutor ou engenheiro, aos 13 anos empregou-se numa tipografia, em Lisboa, sem dizer água vai em casa. Tinha de se levantar de madrugada, apanhar o barco das 6 e meia para estar em ponto no oficina e não lhe sobrava tempo para o futebol vadio na Moita, a imitar Damas ou Peres, os seus ídolos (e todos os sabiam por lá: era do Sporting).
4. O trabalho foi-se-lhe tornando suplício pelo que o pai, que era operário na CP, juntou empenhos para que entrasse na companhia como aprendiz de serralheiro. Entrou - e estudando à noite, galgou no curso da escola industrial, pelo que, logo depois, de aprendiz saltou a oficial de segunda.
5. Foi a teste ao Barreirense, desolado ficou quando lhe disseram que voltasse na semana seguinte. Não voltou, tentou a CUF, onde até já jogara hóquei. Nesse dia treinou-se com Chalana, que foi chumbada (!) - ele não: encantou o prospector. Não tardou que Abalroado, seu treinador, se pudesse fascinado - e convencesse os demais a promoverem-no à primeira equipa da CUF. Quando se estava na iminência disso suceder - contra o Barreirense sofreu lesão grave, que o atirou para quatro meses no estaleiro.
6. Portugal entrou no PREC, à CUF entrou em agonia. Recusaram-lhe os 10 contos por mês que lhe tinham prometido pela passagem a sénior. Amargurado, tratou de escolher outro caminho - e Manuel Oliveira levou-o para o Barreirense (que, sem pestanejar, lhe deu os 10 contos).
7. Em finais de 1978, sabendo que Sporting e FC Porto estavam na corrida por ele, emissários do Benfica contrataram-no em operação relâmpago. Pouco antes, desvendara-o em A Bola: «Nove horas por dia a malhar nas rodas do comboio com uma marreta de oito quilos nas mãos talvez seja explicação para a tal força de que vocês falam, mas o fumo da forja anda a dar cabo de mim, aí se eu fosse profissional com outros...»
8. Mal chegou à Luz percebeu-se que estava destinado à eternidade. Aliás, só Lajos Baroti não compreendeu num ápice a importância do seu génio, do seu carisma. Eriksson viu-o, num fogacho - e o resto é o que se sabe: a final perdida da Taça UEFA, o fulgor no Europeu de França. 4 campeonatos, 5 Taças - e uma delas, a que o Benfica ganhou, entre polémica, nas Antas saiu de mais um histórico pontapé seu...
9. Não, no Europeu de França não foi só furor. Antes do Portugal - Roménia, a guerra entre portistas e benfiquistas atingiu climax. Anunciaram-no como suplente, mas à última hora Cabrita decidiu que era ele que jogava e não Jaime Pacheco. Dorido, lamentou-se, depois: «António Morais não queria que eu jogasse para beneficiar jogador que ele treinava. Até admito que o Jaime tivesse merecido jogar, grave foi o senhor Morais não ter ido à palestra, pelo que eu e outros sentimos que ele não era bem português, afinal».
10. Com sublime pontapé seu apurou-se Portugal para o Mundial do México. Levou consigo para lá o Livro do Desassossego de Fernando Pessoa - e, em Saltillo, tornou-se peça nuclear na luta dos jogadores pelos seus direitos. Marcou o golo com que Portugal bateu a Inglaterra de Bobby Robson, o prémio pela vitória: 100 contos - deu-o uma instituição de caridade. No rescaldo de Saltillo recusou jogar na selecção, enquanto Silva Resende fosse presidente da FPF - e cumpriu, sagrado, a promessa (foi dos poucos que o fizeram). Depois, sentiu-se escorraçado da Luz, denunciou terem-lhe dado no Benfica 5000 contos para não rejeitar a transferência para o Sion - e foi lá que Jorge Gonçalves o foi buscar como uma das unhas do «leão bravo» que sonhara..."
António Simões, in A Bola
O Benfica é o amor da minha vida
"O Benfica é sem dúvida o amor da minha vida.
Porque é um amor incondicional e quando joga o Benfica tudo pára. Aqueles 90 minutos não podem ser interrompidos por ninguém. Durante aquele período, todos os meus pensamentos estão virados para ali. A seguir a uma vitória do Benfica todo o mundo parece uma coisa maravilhosa. A seguir a uma derrota ou empate, naqueles segundos a seguir, o mundo parece que vai acabar no minuto seguinte.
Representar o Benfica é das maiores responsabilidades que se pode ter na vida. E quem não estiver à altura desse desafio, deve ser criticado.
Desde pequeno, e tendo a mãe que tenho, o Benfica se foi impondo naturalmente na minha vida. Os primeiros jogos que assisti foram na companhia da minha mãe. Íamos ver tudo. O futebol, o Hóquei, o Basket, o Andebol, tudo o que fosse Benfica. Com o tempo fui desenvolvendo a minha maneira pessoal de ver o Benfica que é muito diferente da maioria das pessoas que conheço. Apenas o Benfica está acima de tudo. Os que tem a sorte de o representar, desde os atletas, aos treinadores, aos dirigentes não estão acima de crítica. Porque defender o Benfica, na minha opinião, implica ser exigente com todos. Representar o Benfica é das maiores responsabilidades que se pode ter na vida. E quem não estiver à altura desse desafio, deve ser criticado. Tenho tido grandes discussões, porque a maior parte das pessoas confunde o Benfica com quem pontualmente o representa. Porque no fim de contas o que permanece sempre são aquelas lindas camisolas vermelhas.
Mas encontro em tantas pessoas o mesmo amor que me une a este clube. E isso é a coisa mais bonita de pertencer a este clube. Já abracei pessoas que não conhecia, unidos pelo amor a este clube. Já tive tristezas que pensei que não iam passar. Já tive alegrias que pareciam que me iam parar o coração. Toda esta paixão pelo clube já me fez passar figuras tristes, que não lamento porque são motivadas pela paixão. Tantas e tantas alegrias. Tantas e tantas lágrimas de alegria. Tantos e tantos pulos, abraços, gritos, festejos. Nunca na minha vida eu deixei de ver um jogo do Benfica que não fosse por causa de trabalho. Nada é mais importante para mim do que aqueles 90 minutos. E quando digo nada não estou a exagerar. Mesmo nada, porque desde jantares de família, jantares de anos de namoradas, mudar férias, velórios, funerais, tudo tem sido sacrificado para que possa acompanhar o meu amor. E as alegrias que me tem dado recompensam toda a minha dedicação.
As pessoas que me conhecem que não gostam de futebol não percebem a minha dedicação, eu respondo sempre que qualquer coisa que nos faz sentir vivos faz com que a vida valha a pena.
Assim de memória, lembro-me de tantas, o golo do Jonas ao Boavista o ano passado nos descontos, o golo do Mitrogolu ao Sporting em Alvalade, o golo do Luisão ao Sporting, o golo do Chalana ao Fortuna Dusseldorf já nos descontos que nos deu a passagem, o golo do Vata ao Marselha com a mão que eu jurei a todas as pessoas que me diziam que tinha sido ilegal que não, os golos do Rui Aguas ao Steaua de Bucareste que nos deu a passagem a final da liga dos campeões, tantos e tantos. Todos os jogadores que eu idolatrei que vestiram aquela camisola: o Bento, o Humberto Coelho, o Carlos Manuel, o Chalana, o Nene, o Isaias, o Mozer, o Valdo, o Vítor Paneira, o João Pinto, o Nuno Gomes, o Poborsky, o Simão, o Preud'homme, o Luisão, o Di Maria, o David Luiz, o Javi Garcia, o Aimar, o Saviola, o Gaitan, o Jonas e tantos e tantos outros que tiveram a sorte de vestir o Manto Sagrado. Eles representam a encarnação terrena do meu amor pelo clube, amor que nunca vai acabar e que partilho com tanta gente.
As pessoas que me conhecem que não gostam de futebol não percebem a minha dedicação, mas eu respondo sempre que qualquer coisa que nos faz sentir vivos faz com que a vida valha a pena. E eu tenho imensas paixões que me fazem sentir vivo, os livros, a música, os filmes e a convivência com as minhas pessoas. Mas nenhuma delas faz-me sentir tão vivo como um golo do Benfica.
P.S. Este texto é dedicado às pessoas que têm partilhado este meu amor"
Contra onze e sem Varelas 'à condição'
"Capela desastroso, como é seu timbre, corrigido pelo VAR. Assim se criou uma nova figura: a do Varela, mistura sapiente de VAR e Capela
1. Depois do que ouvi na narração e li em comentários ao jogo do Benfica contra o Dínamo de Zagreb e nos (poucos ) dias que se lhe seguiram, senti-me atormentado quanto à partida em Moreira de Cónegos, ainda por cima sem nenhuma margem de segurança depois do percalço da jornada anterior. Disse-se e escreveu-se que Bruno Lage havia errado em não ter posto alguns jogadores fundamentais logo no começo do jogo europeu, que a equipa iria ser afectada pelo cansaço físico, que o Moreirense era a equipa sensação do nosso campeonato, que - imagine-se - nem o Porto lá conseguiu vencer, que o 'efeito Belenenses' poderia fazer estragos, que João Félix estava a baixar no seu gabarito exibicional, que, blá-blá-blá, trololó. Estes incisivos presságios, tão doutoralmente explanados no restrito domínio quiça científico da análise futebolístico, foram amplificados por títulos e observações de primeira página na manhã de domingo. Já nem me refiro tanto à pateta, enjoativa e indigente expressão, com mais jogos disputados, haver líderes 'à condição'. Refiro-me a títulos exclamativos tais como: forte pressão na águia, azul à frente, abraçados ao topo, Lage sem margem de erro, Benfica ao reencontro de um trauma e muitas outras expressões que aqui me dispenso de reproduzir.
Com o devido respeito pelo Moreirense, pela notável carreira que tem feito esta época e pelo seu sagaz treinador, mais parecia que o Benfica iria a Camp Nou defrontar o temível Barcelona e que o ex-benfiquista e valoroso atleta Chiquinho era o temível Messi de Moreira de Cónegos.
No fim, tudo normal. Ganhou o Benfica. Ganhou contra onze, ganhou sem Capela, marcou quatro golos. Até poderia ter estado aos 3 minutos a jogar contra 10 do Moreirense tal foi a agressão que Grimaldo sofreu quando seguia para o ataque. Acontece é que os rolamentos (regulamentos) mentais da arbitragem portuguesa não permitem expulsar nenhum jogador nos primeiros minutos, com a veneranda excepção do jogador do Marítimo expulso contra o Porto (que até o 'tribunal' do diário desportivo pró-FCP considerou, unanimemente, não ter sido motivo para vermelho directo). O Benfica ganhou também com frescura física, assim contrariando os comentadores especializados em educação física de sofá. Como bem disse Bruno Lage, o que cansa não é jogar, é perder.
Em abordagem fotográfica, o Moreirense 0 - Benfica 4 é o positivo e o Benfica 1 - Moreirense 3, o negativo. Ou seja, o paradigma do contraste entre um Benfica tristonho, apático, cinzento de antes e um Benfica cintilante, esclarecido e colorido de agora. Será suficiente para vencer o campeonato? Não poderemos agora saber, mas já foi o suficiente para ser líder depois de recuperados 7 pontos, e ser a única equipa que não depende do resultado de qualquer outra. Seis dias antes, o azar bateu à nossa porta. O Benfica vencia, com naturalidade, os 'azuis do Jamor' por 2-0 e houve a coincidência de dois erros incomuns num espaço de 3 minutos (erros que sempre podem surgir, mas não em duplicado na mesma partida). Depois tivemos o alto crivo técnico de Capela que viu penáltis por todos os poros do relvado do Dragão, mas não viu o que poderia ter dado então o 3-1 ao Benfica. O mesmo árbitro de inigualável critério disciplinar que o levou a evitar um segundo amarelo a um belenense que andou toda a segunda parte a dar pancada ao João Félix, para, enfim, o expulsar, por caridade, no último minuto do jogo, masque no Dragão nem pensou duas vezes em, depois de ir ao monitor, expulsar um maritimista aos 7 minutos! Curiosa a partida no Dragão: Capela desastroso, como é seu timbre, corrigido pelo VAR. A vez que acertou (amarelo ao defesa do Marítimo) alterou a decisão por iniciativa do mesmo VAR. Assim se criou uma nova figura: a do Varela, mistura sapiente de VAR e Capela.
Aliás, já não há palavras para descrever a inaptidão de dois árbitros que, por aí, andam, mas não desandam: Capela e Veríssimo. Com uma única diferença: o primeiro sempre com um ar apalermado de sonso, tipo sacristão laico; o segundo sempre com um ar altaneiro e peitudo, tipo mandão encartado. Só falta mesmo o Conselho de Arbitragem reservá-los para os jogos do FCP e do Benfica em Braga...
2. Chegados aos quartos-de-final das competições europeias, o que vemos? Seis equipas inglesas, três espanholas, duas portuguesas, duas italianas, uma alemã, uma holandesa e uma checa. Quanto às inglesas atingem esta fase todas as equipas que iniciaram a competição,com a coincidência da normalidade de, também na Liga inglesa, serem neste momento as primeiras seis classificadas. Surpreendente é o que chega da Alemanha, de algum modo confirmando a decepção da selecção alemã no campeonato do Mundo: foram eliminados Bayern, Borussia, Schalke 04, Hoffenheim, Bayer Leverkusen, Leipzig, só sobrevivndo o próximo adversário do Benfica - Eintracht Frankfurt - que, curiosamente, é o clube de entre aqueles com pior posição do ranking. A propósito desta tabela ordenadora, o Slavia de Praga (o 40º dos 48 clubes da fase de grupos) eliminou o 1º do ranking da Liga Europa (Sevilha), uma surpresa que considero positiva para que as estatísticas e o dinheiro que lhes está associado não determinem os resultados antes dos jogos efectuados. Tal como, o Villarreal, que em periclitante posição de descida à segunda divisão espanhola, ultrapassou, com facilidade, o mais poderoso Zenit de São Petersburgo. Completamente dizimada foi a representação francesa que beneficia, sabe-se lá como e porquê, de um estatuto nada compatível com a mediocridade do seu próprio campeonato: PSG, Mónaco, Lyon, Marselha, Bordéus e Rennes afastados! Já a imperial Espanha teve, esta temporada, uma razia a que não estava habituada. Viu partir o Real Madrid (subjugado pelo liliputiano Ajax), Atlético de Madrid, Sevilha e Bétis. Na Itália, Roma, Lazio e os antes consagrados Inter e Milan já não moram na Europa do futebol. No meio de tudo, há uma boa notícia para Portugal, actualmente 7º classificado no ranking. Aprocima-se dos que lhes estão imediatamente acima (França e Rússia) e afasta-se do que está imediatamente abaixo (Ucrânia), que já não têm clubes em competição.
Este imaculado desempenho das equipas inglesas não é obra do acaso. Lá respira-se um futebol mais livre, mais emocionante, mais competitivo, mais leal. Claro que muito se deve ao dinheiro, mas não só. Há uma cooperação e protecção da actividade/indústria que está acima e para além da rivalidade nos relvados. Não se perde tempo com amuos e discussões desprestigiantes e não há a destruição-do-dia-seguinte que consiste em encapsular os jogos em suspeições, desvarios, especulações, em um certo hooliganismo mediático e em comentários vampirescos. Como escrever Vítor Serpa, em A Bola do passado sábado, num artigo elucidativamente intitulado «O futebol inglês em sentido contrário?, lá atingiu-se um «superior patamar de organização, de planeamento, de rigor e de qualidade», ao mesmo tempo que «se acabou com a violência e se derrotou o flagelo do hooliganismo». Por isto tudo e não apenas pelo dinheiro farto, a Inglaterra recebe de braços abertos os melhores treinadores e os melhores jogadores.
A diferença entre o futebol inglês e o nosso, é que lá através da cooperação e da linearidade das regras, se fortalece a concorrência desportiva, ao passo que por cá se quer exterminar a concorrência, ficando a prazo todos a perder. Mal comparado, é a diferença política entre quem acha que a justiça social se faz acabando com os ricos, em vez de ir pelo caminho de acabar com os pobres, de tal modo que, no fim, há paradoxalmente mais pobres e... mais ricos!
Contraluz
- Modalidades I: no Benfica, depois da decepção do hóquei em patins no campeonato, no fim-de-semana passado mais duas eliminações lastimáveis: nos quartos-de-final de basquetebol e nos oitavos-de-final de andebol, em ambos os casos depois de ter estado a vencer com alguma folga. Aspecto a rever, no futuro, porque também aqui o Benfica não pode 'apenas' competir, e deve ser mais exigente e competente.
- Modalidades II: já no Voleibol, o Benfica venceu com inegável mérito a sua 18ª Taça de Portugal, estando a fazer uma excelente época. Parabéns a todos os intervenientes.
- Exemplar: o português falado por Andreas Samaris. Tive a oportunidade de ver e ouvir já vários depoimentos e entrevistas que deu e onde com fluência, vocabulário evoluído, e praticamente sem erros, evidenciou uma das formas mais nobres de respeitar o país e o clube que o têm acolhido. Fala melhor que muitos portugueses e não se conformou, como acontece com jogadores de língua espanhola que, por cá, continuam a falar como se estivessem nos seus países da América Latina.
- Sensatez: numa entrevista dada ao Corriere della Sera de domingo, por ocasião do seu 80º aniversário Giovanni Trapattoni face à pergunta «De Cristiano Ronaldo ou Leo Messi, os melhores do futebol actual, qual escolhe» respondeu desta maneira: «Simples. Não escolho. São ambos fora-de-série»."
Bagão Félix, in A Bola