terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Uma vitória dos recursos humanos

"Fernando Gomes tem exercido a presidência da FPF com inegável sucesso, e tornou-se um caso de estudo, pelo consenso que gerou

Acabou bem o ano de 2019, com a notícia da recandidatura de Fernando Gomes à presidência da FPF. Há ainda muito trabalho por fazer (e tanto já foi feito...) e fazem falta pessoas que saibam pensar e estar, que passem a vida para adicionar o não para subtrair, muito menos para dividir, com os olhos postos na multiplicação de recursos. Em Fernando Gomes vê-se alguém que desmontou a mesquinhez da clubite, mostrando urbi et orbi que quando se age privilegiando o que nos une e não aquilo que nos separa, o céu é o limite.
A FPF de Fernando Gomes nunca teve medo de apostar na competência, e tem feito da política de recursos humanos a sua principal força; ao mesmo tempo, aventurou-se em processos pioneiros, um, o do VAR, apontado, antes dos outros, o caminho do futuro, e outro, o Canal Onze, de contornos mais complexos, com potenciais danos colaterais, cujo desenvolvimento poderá condicionar um mercado audiovisual a que a Federação Portuguesa de Futebol não expectável pertencer. O futuro, tão insondável no âmbito da comunicação social, a nível global, dirá de sua justiça...
Disse, atrás, que apesar do muito que já foi feito ainda há muito mais por fazer:
a) No domínio da arbitragem, por exemplo, alargando os campos de recrutamento, qualificando carreiras e combatendo opacidades;
b) No âmbito dos quadros competitivos, incrementando politicas de regionalização e criando condições para reciclar o elefante branco que dá pelo nome de Campeonato Nacional de Seniores;
c) No quadro do futebol feminino, aprofundando, sem concessões, o magnífico trabalho entretanto realizado;
d) E, last but not least, criando mecanismos que permitam melhorar a imagem do futebol, penalizada por décadas de más práticas que em nada têm contribuído para uma percepção colectiva civilizada do desporto-rei.
Não é aceitável que o futebol de um país que é campeão da Europa e vencedor da Liga das Nações; que é campeã do Mundo de Futebol de praia e campeão europeu de futsal; que deu ao mundo três Bolas de Ouro, e se tem substituído ao Estado no fomento do desporto, seja sujeito, por exemplo, a uma política fiscal agressiva e castradora. E essa batalha, política, só pode ser ganha com uma nova imagem.

Ás
Bruno Lage
O 'seu' Benfica disputou 33 jogos da Liga em 2019, ganhou 31, empatou um e perdeu outro. Pelo caminho conquistou um Campeonato Nacional que estava perdido e fechou o ano na liderança, com mais quatro pontos que o segundo. Os números são impressionantes e é um dos destaques de 2019.

Ás
Jorge Jesus

Muitos foram aqueles que torceram o nariz quando assinou pelo Flamengo, muitos mais encolheram os ombros quando o ouviram falar no Brasileirão, na Libertadores e no Mundial de Clubes. Chega ao fim do ano cidadão honorário do Rio de Janeiro e comentador de Portugal. Absolutamente fantástico!


Ás
Fernando Santos
Ao título europeu de 2016, Portugal juntou a vitória na Liga das Nações de 2019, mostrando que a saga de França e a gesta de 10 de Julho, em Paris, não foram obra do acaso. Pelo caminho, Fernando Santos implementou uma revolução de veludo na Selecção, criando condições para uma grande década de vinte, no século XXI.

O que terá dito, na Liga, o técnico do B-SAD?
«No intervalo houve tensão entre mim e o treinador do Belenenses (...). Não, não agredi»
Sérgio Conceição, treinador do FC Porto
Sérgio Conceição quebrou o silêncio e garantiu não ter agredido o homólogo do B-SAD, Pedro Ribeiro. Este, porém, ouviu-se na SIC, gritou alto e bom som que tinha levado um soco, qualificando o agressor com um epíteto bovino. Daí a curiosidade: o que disse, na Liga, quando foi inquirido, Pedro Ribeiro? Manteve que foi agredido? E se sim, por quem? E se não, por quê?

Jesualdo Ferreira
Entre o primeiro projecto que abraçou, treinar a novel Selecção Nacional de Juvenis na época de 1974/1975, e a chegada ao banco do Santos, passou-se uma vida dedicada ao futebol, com sucessos aquém e além-mar. Em boa hora, o clube de Pelé, com a formação no ADN, escolheu o técnico português de 73 anos para preparar o futuro, mostrando aos clubes nacionais que escolher profissionais pelo bilhete de identidade é prova de pouco tino. Lamentavelmente, há muita experiência e qualidade no nosso futebol precocemente afastada.

Vírus da chicotada psicológica anda por aí
Não é só me Portugal, onde metade dos treinadores da Liga não chegaram ao Natal, que prosperam as chicotadas psicológicas. Em Inglaterra, onde a tradição já não é o que era, só em Londres caíram Pochettino, Emery e Pellegrini e em França chegou ao fim a aventura (extraordinária) de Jardim no Mónaco"

José Manuel Delgado, in A Bola

1 comentário:

  1. De todos os parágrafos , discordo completamente do 1°, a pôr em evidência Fernando Gomes, (ex. Nadinho das Faturas... ), protagonista de relevo na "saga" conhecida de todos por APITO DOURADO. Quanto aos restantes parágrafos , ( sobre S.Conceição e J.Ferreira…) sendo alguns surpreendentes...é a opinião de JMDelgado mas não a minha.

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