"Ao espraiar as palavras que se seguem, não procuro de forma alguma ser ressarcido de todos os danos que me provocaram, mas vendo a minha vida em retrospectiva, considero-me um dos grandes prejudicados pelo Vietname do Benfica. Quando Manuel Damásio, do alto das suas calças vermelhas atacou barbaramente o Sport Lisboa e Benfica com Antrax Jorge, eu já era adepto do Glorioso há uns valentes anos. Tinha cravados no cinto títulos de campeão nacional, Taças de Portugal, Supertaças e finais europeias. As minhas mãos já haviam emitido sonoros estampidos de aprovação para craques da valia de Chalana, do Valdo, da Gomes & Mozer Lda, do Sr. Paneira, do rapazola Rui Costa, de uns suecos altos, loiros e craques, do Mimalho de Ouro JVP (antes e depois do Vieira entre o João e o Pinto), ou do tanque Profeta de Cabo Frio.
Com alguns choros compulsivos de meia dúzia de insucessos a juntar à Glória do quotidiano, no Verão de 1994 sentia-me reparado para outros vôos. Talvez ainda não tivesse nível para ser adepto de um AC Milan (à data) de sonho, mas via-me facilmente a deixar para trás a paixão pelo Benfica e abraçar o amor por um Real Madrid ou um Manchester United durante 6 ou 7 anos, para depois regressar à casa de partida e por cá passar uma reforma dourada a vitórias e títulos. Mas a calamidade abateu-se sobre o Gigante da Luz, o interesse no estrangeiro esfriou e fui por cá ficando, primeiro assistindo em sofrimento à delapidação moral d'O Clube e posteriormente abraçando entusiasmado o regresso ao seu estatuto de Maior do Universo e Arredores. A bater à porta dos 40 anos, daqui já não saio e daqui já ninguém me tira, com tudo o que isso acarreta de bom ou mau para o SL Benfica.
Os 25 anos que mediaram o sonho de uma aventura além fronteiras e a conformação de que a estadia pela Luz vai ser prolongada, permitiram-me acompanhar centenas de jogadores. Desde os que, nos longos anos de dor, só deixavam a Catedral empurrados, porque aqui haviam atingido o pico de carreira e ninguém os queria em mais lado algum, aos que actualmente por cá aterram já a pensar em dar "às de Villa Diogo", porque o prestígio e política do clube lhes proporciona essa visão. Sejam contratados ou cá formados, todos parecem apreciar mais o Sport Lisboa e Benfica à distância do que com o Manto Sagrado no corpo. Fica é sempre a dúvida se os elogios dirigidos à Nação Encarnada lá ao longe, são sentidas declarações de amor, pézinhos que mantêm a porta do regresso aberta, para quando depois das 30 primaveras, mais dinheiro não houver para ganhar além 2ª Circular ou apenas lembretes de que já cá estiveram mas preferiram sair?"
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