segunda-feira, 15 de outubro de 2018

José Peseiro, Matosinhos, lei Bosman...

"Devemos agradecer os jogadores que temos aos clubes formadores, à competência da FPF e à lei Bosman, que lhes permite jogar lá fora...

José Peseiro concedeu uma excelente entrevista ao jornal A Bola e à Bola TV, onde teve a coragem de traçar um diagnóstico muitas vezes duro mas sempre preciso do estado do futebol do Sporting. Quando alguém tem a ousadia de fugir aos lugares-comuns, arrisca-se a ser olhado com desconfiança, como se a verdade não fosse a única via para a regeneração. O Sporting pode jogar melhor ou pior, mas nem uma coisa nem a outra podem esconder uma realidade criada a partir da implosão, de Madrid a Alcochete, de uma equipa de futebol. Os que saíram não tiveram (nem podiam ter, pelo que representavam para o clube) substitutos à altura e muitos dos que ficaram continuam incapazes de exprimir o que valem. Para tornar ainda o quadro mais preocupante, os últimos desenvolvimentos, com a prisão preventiva do Oficial de Ligação aos Adeptos e o que virá, não tornaram mais sólida a posição leonina na discussão com, por exemplo, Wolverhampton e Atlético de Madrid. Neste contexto, se os sócios e adeptos do Sporting não virem Peseiro como parte da solução e lhe imputarem responsabilidades pelos problemas do clube, a Via Dolorosa poderá ser mais longa.
A loja do Benfica, no Mar Shopping, em Matosinhos, não podia ter tido melhor ajuda do que a que foi proporcionada pelos SuperDragões. Quanto custaria, ao departamento comercial do clube da Luz, o espaço nos jornais, rádios, internet e televisivo, dispensado no fim-de-semana, para publicitar o novo ponto de venda do merchandising encarnado? Ironia à parte, é óbvio que a proposta de lei do Governo, contra o hooliganismo, que está no Parlamento para votação, só peca por tardia. E quem teimar em tecnicalidades para obstar ao processo, não me parece que esteja do lado certo da história.
Para que  não subsistam dúvidas, nenhuma equipa fica mais forte sem o melhor goleador do mundo. Dito isto, e remetendo, quando for caso disso, uma solução harmoniosa para a engenharia de Fernando Santos (e cá estaremos depois para avaliar os resultados), há que realçar o invulgar lote de excelentes jogadores, uns feitos, outros em construção, e alguns ainda na forma de projecto, aptos a representar a equipa de todos nós. Devemos agradecer aos clubes formadores, à FPF que trabalha com competência e à Lei Bosman que abriu as portas dos campeonatos mais competitivos.

Ás
Costa/Éder/Bruma
Mais do meio século depois daquela que era a única vitória de Portugal na Escócia (e no mesmo palco de Hampden Park), a turma das quinas, mesmo numa versão BB, passeou classe e venceu com autoridade. Hélder Costa estreou-se com golo, Bruma estreou-se a marcar e Éder regressou aos golos. Muito bem!

Ás
Diego Roncaglio
Estavam mal paradas as coisas para o Benfica, na deslocação a Viseu, para o Nacional de futsal (2-2 no derradeiro minuto), quando o guarda-redes Diego Roncaglio, de 30 anos, brasileiro de Blumenau, tirou um coelho da cartola e marcou o golo da vitória, com um potente remate de meia-distância. Afinal, os keepers também servem para ganhar jogos.

Duque
Pinto da Costa
Terá sido avisado o que disse relativamente à frustrada renovação do mexicano Hector Herrera? O que ganha o FC Porto com a fragilização, interna e externa, de um dos jogadores desportivamente mais relevantes do seu plantel? Até Sérgio Conceição, neste contexto, fica numa posição ingrata. Não havia necessidade...

Leonardo Jardim e a estranha vida dos treinadores
«A sua (Leonardo Jardim) passagem vai permanecer como uma das páginas mais bonitas da história do clube (AS Mónaco)»
Comunicado AS Mónaco
Pouco depois de ter cometido a proeza de fazer do Leicester campeão de Inglaterra, Cláudio Ranieri foi despedido. Na mesma linha, e com o mesmo argumento, os resultados, Leonardo Jardim foi forçado a abandonar o Mónaco, onde foi campeão e meteu muitas centenas de milhões de euros nos cofres do clube. Coisa estranha, esta vida de treinador, pouco dada a criar raízes.

O regresso da Holanda pela mão de Koeman
Depois de um segundo lugar no Mundial de 2010 e de um terceiro, em 2014, no Brasil, a Holanda foi vítima de um apagão que a afastou do Europeu de França e do Mundial da Rússia. No último sábado, ao derrotar a Alemanha (3-0), a Laranja Mecânica fez prova de vida. Um regresso à 'normalidade' que se saúda.

Era uma vez Manuel Bento
No dia 15 de Outubro de 1980, em jogo de apuramento para o Mundial de Espanha, Portugal empatou a zero frente à Escócia, no mesmo estádio onde ontem venceu por 3-1. Os tempos eram outros, à Selecção Nacional faltava o rigor que abunda nos dias de hoje (talento havia...), e os escoceses eram uma das potências do futebol europeu. Nesse contexto competitivamente desfavorável, o nulo da turma das quinas teve um protagonista de excepção, Manuel Galrinho Bento, na melhor exibição que lhe vi realizar (e foram tantas e tantas, a maior parte de local privilegiado, até em Hampden Park e pela Selecção AA...). É com muita saudade que recordo esse momento ímpar de um guarda-redes sublime, precocemente desaparecido. À família, um abraço amigo. Ao Manel, até um dia..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Bloggers à rasca

"Chegou ao debate televisivo, como uma querela clubística, a queixa do Benfica contra alguns bloggers anónimos que divulgaram correio electrónico devassado e alegadamente comercializado por hackers.
Há clubes, ou pelo menos alguns porta-vozes de clubes, que defendem a manipulação de informação na rede, se for em sentido contrário ao clube rival, nesses sites de nomes difusos e sem autor identificado.
Defendem, 44 anos depois do fim da censura em Portugal, uma prática de guerrilha clandestina, completamente à margem da lei e da democracia. Pessoas muito conhecidas e com grandes responsabilidades sociais aparecem a defender a irresponsabilidade de desconhecidos! Mas com argumentos absolutamente contraditórios e incompreensíveis.
Por um lado, censura-se com veemência a investida do Benfica contra “pequenos” bloggers, uma luta, sem dúvida, desproporcional, que chegou à Justiça norte-americana porque em Portugal não existem mecanismos judiciais efectivos contra a difamação através da internet.
Por outro, alega-se que não existe qualquer anormalidade, muito menos ilegalidade, porque a informação em causa já teria sido divulgada antes nos meios de comunicação, jornais e televisões.
Se os dados da equação fossem estes, não veria razão para a queixa do Benfica, que seria indeferida, mas ainda vejo menos justificação para tanto receio da parte dos bloggers em causa e dos seus defensores."

Eder e os Segundas Linhas

"Há algo de muito errado com a selecção nacional e receio que nos próximos tempos as coisas não melhorem. Pior, receio é que melhorem. E melhorem tanto que depois só possam piorar muito. Semanas atrás, vencemos a Itália. Vós, petizes de dez anos que ledes esta página para vossa ilustração e cultura, pensais que ganhar à Itália é coisa de somenos? Pois ficai a saber que já não lhe ganhávamos um jogo oficial desde o tempo em que os vossos bisavós eram governados por um senhor oriundo de Santa Comba Dão. Foi em 1957, data que vos deverá soar tão remota como Idade Média ou Era Paleolítica.
Agora fomos à Polónia e, sem agonias e luso-dramatismos, viemos de lá com uma daquelas vitórias limpas e profissionais, sem grande dispêndio de energias e emoções supérfluas, que nos habituámos a associar a selecções insensíveis perante o sofrimento alheio como a Alemanha e… a Alemanha. Longe vão os tempos em que uma vitória assim era arrancada a ferros e festejada com lágrimas e, no dia seguinte, os jornais desportivos embarcavam naquelas orgias de V Império com brados de “Épico!” ou “Heróis!” e toda a sorte de exageros que nos levavam a comprar o jornal na esperança de encontrar nas páginas interiores hexâmetros dactílicos a louvar os nossos jogadores de belas cnémides como se fossem Aqueus a incendiar Tróia. Agora, ganhamos à Polónia, marcamos três golos fora e o país discute Azeredo Lopes. Será isto aquilo a que chamamos civilização? É este o preço a pagar pela superioridade futebolística, o de termos de renunciar à hipérbole, à euforia desmesurada, aos ditirambos jornalísticos? Com estes resultados e estas exibições das nossas segundas linhas (um comentador escocês dizia que a Escócia tinha perdido com a terceira equipa de Portugal, no que era capaz de ter alguma razão), temo bem que sim. Como é que chegámos aqui? E será que, daqui a uns meses, não estaremos a olhar para este interlúdio como uma breve e estranha idade de ouro?
Recuemos quatro anos. Quando Portugal foi eliminado do Mundial do Brasil, depois de ter sido enxovalhado pela Alemanha, de ter obtido um milagroso e desonroso empate com os norte-americanos e de não ter conseguido ganhar ao Gana por 20-0, ou lá o que era, certas vozes pessimistas decretaram o fim do futebol português tal como o conhecíamos. Era uma selecção velha, cansada, composta por veteranos massacrados por múltiplas batalhas e não se via no horizonte quem lhes pudesse suceder. Nove dos vinte e três jogadores já estavam na casa dos trinta e, pior do que isso, com menos de 25 anos só havia três jogadores: William Carvalho, Rafa Silva e André Almeida. Concedo que o cenário não era animador. Porém, se há coisa que o futebol português ensina com liberalidade a quem quer aprender é que nunca se deve desconfiar da sua capacidade de gerar jogadores de talento por artes que, aos países que apostam na ciência e no método, deverão parecer feitiçaria.
O despedimento de Paulo Bento foi acolhido com algum agrado, mas a nomeação de Fernando Santos eliminou os ténues raios de optimismo que começavam a despontar. E, no entanto, dois anos depois, Portugal sagrava-se campeão europeu, Fernando Santos, uma espécie de negativo fisionómico do presidente Marcelo, tornava-se o mais feliz dos homens carrancudos, e a renovação de frota que, dois anos antes, parecia impossível começava a materializar-se: com menos de 25 anos havia Raphaël Guerreiro, Danilo, João Mário, William Carvalho, André Gomes, Renato Sanches, Rafa Silva e Cédric. Além destes, Bernardo Silva, talvez a maior promessa, só ficou de fora devido a lesão. 
Entretanto, para as contas do Mundial na Rússia entraram André Silva, Rúben Dias, Gonçalo Guedes, Ricardo Pereira, Bruno Fernandes e Gelson Martins. Nélson Semedo, João Cancelo, Rúben Neves e Pizzi, por exemplo, ficaram de fora. Chegamos à Liga das Nações e não só já não nos preocupamos com a renovação dos quadros da selecção, como começamos a ter suores frios com o problema da abundância, aquilo que geralmente se designa por uma “boa dor de cabeça” para o treinador. Gedson, Kévin Rodrigues e Sérgio Oliveira estiveram nos seleccionados e ainda andam por aí jogadores como Diogo Dalot e Ronny Lopes, além de promessas como Rúben Vinagre, Jota, Diogo Gonçalves ou Heriberto Tavares.
O problema não é apenas de abundância, mas da qualidade que as alternativas demonstram. Partimos para a Polónia já sem Ronaldo. Gonçalo Guedes lesionou-se num jogo da liga espanhola. Antes do jogo, o homem que o iria substituir, Bruma, foi acometido de uma indisposição intestinal. Para o seu lugar foi chamado Rafa Silva e foi ele que quase marcou o segundo golo da selecção. A impressão com que ficamos é que se Rafa Silva tivesse escorregado no balneário antes de entrar em campo, Fernando Santos chamava Hélder Costa e o mais provável é que fosse o extremo do Wolverhampton a marcar um golo, como marcou ontem à Escócia. Bruma, já recuperado da indisposição, marcou um golo digno de um craque. O jogo era amigável e esta Escócia não é um adversário formidável, mas chegar a Glasgow com uma dupla de centrais constituída por Luís Neto e Rúben Dias, com Hélder Costa e Bruma nas alas e Eder a ponta-de-lança e ganhar o jogo nas calmas, sem grande turbulência, é perturbador.
Isto está a correr-nos tão bem que só pode ser mau augúrio. André Silva, após um ano para esquecer em Milão, é o Pichichi em Espanha, Cancelo é considerado um dos melhores dez laterais do mundo, Bernardo Silva afirma-se em definitivo no clube e na selecção e até Renato Sanches ressuscitou para o futebol e faz assistências para Eder, que não marcava por Portugal desde a final de Saint-Denis, como dois fantasmas daquele europeu reunidos para arrastar as correntes no castelo escocês. E a equipa, após um Mundial de resultados satisfatórios e mau futebol, começa finalmente a jogar ao nível que o talento dos jogadores que a compõem promete.
Depois de anos de assinalável sucesso em tournée com a banda “Ronaldo e Mais Dez”, terá chegado a hora de conquistarmos o mundo entregando o palco a “Eder e os Segundas Linhas”?"

A seleção das Nações na sobra da Liga das Nações

"Não sei, com exatidão, quão longe o inventor da mais novata competição da UEFA, ou, pelo menos, a pessoa que ficou incumbida de a baptizar, queria ir com o nome da Liga das Nações.
A intenção, fácil de deduzir, seria aludir ao facto de ser uma prova para juntar nos campos de futebol os vários países que há na Europa, para ver qual acaba por ser o melhor. O que está correto, até vermos a Liga das Nações como ela é: uma laranja com várias camadas de casca, peça de fruta que vai virando um imbróglio quanto mais a formos descascando, por maior que possa parecer a contradição. Porque o conceito de melhor, para a UEFA, mexe com coeficientes e rankings, mexidos por uma lógica que diz mais à entidade do que aos adeptos, que são quem faz mexer o futebol.
É uma prova algo confusa e complexa que, confesso, me faz sentir um totó por, volvido tanto tempo, ainda ter de consultar um manual (se quiserem, está aqui, escrito pela Mariana Cabral) para tentar entender o porquê de Portugal estar metido num grupo de três selecções e ainda ter jogos como o de ontem, contra a Escócia, mais amigável do que uma partida de sueca ao domingo, com os amigos. 
Havendo grupos ímpares no número de equipas que têm, há a cada jornada a necessidade de se emparelhar quem sobra. E sobrou-nos ver um jogo particular no qual se seleccionaram segundas e terceiras linhas, algumas caras estreantes e um imortal herói para ganhar, em Glasgow, à selecção que está na Liga C (nós estamos na A). O jogo não contou para a Liga das Nações, mas aconteceu por consequência à forma como ela está organizada - uma sobra que criou as condições para Portugal jogar com uma selecção com muitas nações dentro.
Porque os titulares Cédric, Kévin, Danilo, Eder, Hélder e Bruma são bem portugueses, mas vieram ao mundo pela Alemanha, França, Guiné-Bissau e Angola, como Pedro Mendes e Gedson Fernandes, suplentes que ainda correriam no encontro, que também nasceram longe, na Suíça e em São Tomé e Príncipe.
Mais de metade dos titulares que jogaram por Portugal (seis em 11) e quase outra meia, entre quem jogou contra a Escócia (oito em 17), nasceu fora de Portugal.
O futebol é o reflexo da sociedade. E se vivemos, cada vez mais, com a multiculturalidade e a mescla de culturas e de origens, jogaremos com elas, em campo, na mesma medida. É fiel, fidedigno e natural, como é perfeitamente normal ver um tipo nascido em Touro, terra em Vila Nova de Paiva, ascender à selecção nacional de futebol.
Ou talvez escalar seja a palavra mais apropriada para Cláudio Ramos.
Ele é o gigante em forma de guarda-redes, ostentador de uma das melhores aptidões para proteger balizas e parar bolas em Portugal, que apenas se estreou na primeira liga em 2015, com o Tondela. É o mesmo clube pelo qual veste luvas há oito anos, onde chegou a ser suplente na terceira divisão, na segunda e até na primeira. Nunca passou por um grande e jamais jogara pela selecção até aos quatro minutos que Fernando Santos lhe deu, contra os escoceses.
Resumindo:
2010: estreia-se na 3.ª divisão (Amarante)
2011: estreia-se na 2.ª divisão B (Tondela)
2012: estreia na 2.divisão (Tondela)
2015: estreia na 1.ª divisão (Tondela)
Ou, olhando para o copo meio vazio, foram 86 minutos (a menos) com que o seleccionador não premiou os 26 anos do melhor parador de remates português, a jogar em Portugal, numa partida desinteressante, monótona e amigável - das que a Liga das Nações nasceu para acabar -, optando, ao invés, por dar a baliza aos 36 anos já de pouco futuro e progressão de Beto.
Qualquer um deverá ficar coberto pela sombra de Rui Patrício ainda durante uns bons tempos, se lesões ou momentos de forma não pregarem partidas. Portanto, porque não dar tempo ao futuro?

O Que Se Passou
Apesar do vento, rabugento, se ter chateado com rajadas a soprarem mais rápido do que é legalmente permitido acelerar nas autoestradas, mais a chuva, o frio e toda a adversidade causada pelo furacão "Leslie", houve condições para se correr na Maratona de Lisboa. E, repetindo, apesar de tamanha intempérie que provocou feridos e estragos no país, foi possível correr os 42,195 quilómetros maratonistas e fazê-lo em 2:07.34 horas, um tempo recorde.
A proeza pertenceu a Limenih Getachew, um etíope que, ainda assim, ficou a uns bons minutos da melhor marca de sempre que, em Setembro, o queniano Eliud Kipchoge estabeleceu em Berlim (2:01.39). O segredo é ter uma dieta à base de frutos e vegetais, "beber muito chá, com muito açúcar, cerca de dois litros", em vez de batidos de proteína", segundo Matt Fox, escritor australiano que passou um mês com Kipchoge no Quénia, na sua aldeia. Toca a praticar."

Nike: Ronaldo, Kaepernick

"Se o caso Ronaldo assumir gravidade, arrasta o desprestígio da marca e antecipa perda de vendas. Daí a "preocupação". Com a campanha de Colin Kaepernick, antecipou vendas. E elas vieram.

A Nike declarou "preocupação" com o caso Ronaldo um mês depois de ter avançado para uma campanha com Colin Kaepernick, o jogador de futebol americano que se ajoelhou em 2016 enquanto tocava o hino como forma de protesto contra a desigualdade racial no seu país.
A diferença é o politicamente correcto. O caso Ronaldo poderá envolver abuso de uma mulher; o caso Kaepernick resulta da defesa de direitos humanos.
Se o caso Ronaldo assumir gravidade, arrasta o desprestígio da marca e antecipa perda de vendas. Daí a "preocupação". Com a campanha de Colin Kaepernick, antecipou vendas. E elas vieram: depois de iniciada, as vendas da marca aumentaram 30 por cento.
O anúncio insere-se numa comemoração sem igual no mundo, um sinal do nosso tempo: a marca celebra os 30 anos do seu genial slogan "Just do it". O criativo publicitário leu ou ouviu a frase de um condenado à morte no momento antes da execução. Respondeu "just do it". É um ordem, como convém a um slogan, simples, ritmada, com oito letras em dois grupos (just/do it), palavras dum homem corajoso enfrentando a adversidade máxima, aplicando-se fantasticamente ao esforço que os desportistas se impõem.
O benefício da Nike com o slogan agora com 30 anos diz bem da sua valia simbólica e comercial.
Foi por ter "just do it" num estádio que Kaepernick foi afastado dos estádios e alvo de publicidade no espaço público, boa e má. Por isso, assentava na campanha da Nike, de que já era avençado desde 2011, embora sem aparecer em campanhas desde o episódio de 2016 (a marca também deve ter ficado "preocupada".).
O anúncio mostra um grande plano frontal de Kaepernick. A preto e branco, reforça o realismo, a veracidade da mensagem. O olhar directo cria um vector com o observador que transmite coragem. A simetria da imagem indicia que está de bem com a sua consciência. Os dois textos também são simétricos. Em baixo, logótipo e slogan. Sobre o nariz e maçãs do rosto, a assinatura: "Acredita em alguma coisa. Mesmo que signifique sacrificar tudo." A frase, embora generalista, adequa-se a Kaepernick, por estar sem jogar devido à sua atitude. Tem, entretanto, o sentido moralista que a publicidade tem acentuado. Poderia ser de um líder religioso - ou político. Na verdade, logo surgiram falsificações do anúncio, como uma foto de Donald Trump também a preto e branco e frontal e simétrica, e com as mesmas frases. É o resultado do carácter abstractizante da frase, que dá para tudo e para todos. É uma vantagem, dada a adesão de milhões à ideologia de tipo religiosa que a publicidade actual ressuma.
Outros memes alteraram a frase para realçar o absurdo. Numa foto semelhante à original, do actor Tom Cruise, seguidor da cientologia, alguém a substituiu por "Acredita em alguma coisa. Mesmo que signifique acreditar numa religião baseada em alienígenas."
O anúncio com Kaepernick reacendeu a controvérsia que o seu gesto desencadeou nos EUA. Ele tinha "desrespeitado" o hino, a pátria, etc., essas coisas a que a América, jovem e variegada nação, liga muito mais do que velhas nações europeias como a nossa. Mas a Nike não se "preocupou". Decerto tinha feito estudos de mercado. A "preocupação" surge quando acontece o inesperado com um avençado. Ninguém esperava que o caso Ronaldo de 2009 fosse manchete em 2018. E, como as celebridades actuais têm de ser 100% boazinhas na vida íntima e nos valores prevalecentes, o caso Ronaldo motiva "preocupação" da marca, enquanto o caso Kaepernick acelera as vendas. Ronaldo aparece como indefensável pela marca, mesmo sendo o melhor do mundo: Kaepernick aparece como louvável, mesmo estando sem jogar, ou precisamente por isso. Ainda dizem que o mundo e as empresas não são moralistas."

Presidente e a Formação...


"(...)
Acho que vale a pena recordarmos o que foi feito de 2001 até agora. Lembro-me perfeitamente, quando cheguei pela primeira vez ao Estádio da Luz, disse ao meu filho: ‘O que está desta porta para fora é um grande Benfica. Quando entrares nesta porta, vais ver o que é impensável num Clube com esta história’. Há, em todo este processo, pessoas que marcaram e marcam o Benfica. Um deles foi o Mário Dias, obreiro da construção do Estádio em 24 meses; em 2006 já estávamos a inaugurar o Centro de Estágio e, tudo o que se fez, era a pensar na autoestima dos Benfiquistas, para sentirem que voltávamos a ser Benfica. O Estádio da Luz foi muito importante pois aproximou todos os Benfiquistas e permitiu começarmos uma nova história no Benfica. Essa história é uma história feita por pessoas que teve capacidade de transformar as mentalidades e profissionalizar o Clube. Nessa altura, um dos projectos que tinha era a aproximação aos Sócios e dos Sócios ao Benfica. Daí o célebre kit para trazer mais Sócios e acrescentar valor.
Conseguimos chegar até aqui de uma forma que nos orgulha muito. Partimos de um ponto onde não tínhamos crédito e chegámos a um ponto onde somos uma referência em termos mundiais, mesmo em termos de gestão e organização. Só assim foi possível chegar aquele que era um sonho muito importante. Costumo dizer que consigo ou tenho a capacidade de não ver a árvore, mas ver a floresta. Uma das árvores que era preciso implementar era o Caixa Futebol Campus. Felizmente para o Benfica houve um grupo de homens para dedicar um bocado da sua vida a esta obra.
Depois deste tempo todo passar, o Caixa Futebol Campus era prioritário porque o Benfica teria de voltar a ter uma identidade própria e isso passaria pelo Seixal. Foi inaugurado em 2006, mas desde então teríamos de conseguir uma equipa competitiva. As nossas equipas eram só estrangeiros e com poucos formados no Clube. Quando começaram a aparecer jovens com essa qualidade, colocámos na Europa o nosso talento já que não o conseguimos colocar à disposição do Benfica. Colocámos vários jovens, através de uma via financeira, que hoje são referências a nível mundial. Também por isso o Caixa Futebol Campus é reconhecido a nível mundial.
Há cerca de dois anos, entendi que deveríamos dar um pulo bastante elevado. Algo bastante notório é que tínhamos crescido. Não havia espaço para as pessoas poderem sentar-se e dialogar, pensar em termos estratégicos. O Benfica fez um investimento em termos estratégicos de criar condições para todos aqueles que praticam desporto. Condições, se calhar, ímpares em termos europeus. No Caixa Futebol Campus queremos construir o célebre colégio para os nossos atletas e para fora também, não será fechado. Numa primeira fase, vai ser construído para 650 alunos, numa segunda fase para 800 e numa terceira para 1.200. Isto também tem a ver com uma estratégia internacional. Estamos para fechar um acordo com a Quinta do Álamo que dar-nos-á a capacidade de termos mais seis campos e outra unidade hoteleira. Aí fecha-se um ciclo de investimento no Seixal, a nível de infraestruturas. O único ciclo que não vamos fechar é em termos de capital humano. Aí vamos estar sempre a evoluir e a querer o melhor.
Temos sempre uma ideia formada que é a estabilidade e a continuidade que dão sempre grandes resultados. Por isso fazemos contratos longos com os nossos treinadores, funcionários e com os colaboradores, para que eles também façam parte do momento e do projecto, sentindo que é também um pouco deles. Não queremos que o projecto seja pessoalizado porque isso é a história que um dia irá dizer. São vocês todos que proporcionam ao Sport Lisboa e Benfica este sucesso que temos. Nós queremos mais e por isso estamos a criar estas condições todas. Queremos ser a referência mundial da formação. Aquilo que, neste momento, o Benfica já está a fazer é reter talento. A estratégia do Benfica passa por isso pois, se o Benfica algum dia quiser voltar a ser Campeão Europeu, por apostar jogadores da nossa casa, com identidade à Benfica e pela qualidade que têm. Vamos continuar a construir talento. Temos de ter audácia de os lançar e para isso temos um homem que é o Rui Vitória.
Compete também – e aqui principalmente ao Pedro Mil-Homens – passar a mensagem para cima de que são estes os valores da nossa casa. Quando têm qualidade e se apostam neles, eles têm sucesso. Vou dar três casos: não há lateral-direito? Temos em casa, é o Nélson Semedo; não há número 8? Temos em casa, é o Renato; não há central? Há o Rúben Dias. É a partir daqui que temos de fazer a nossa afirmação. Há três ou quatro jogadores que na próxima época têm de estar no plantel principal do Sport Lisboa e Benfica: Jota, Ferro, Florentino e o Willock. Não podemos ter o talento em casa e pô-lo a rodar noutro clube. Sou um sonhador por natureza, mas gosto de concretizar os meus sonhos. Hoje, todos nós temos de ter o orgulho de trazer os nossos filhos ou netos a ver a história do Benfica. Ela está aqui, no Museu. A história é bonita e tem mais de 100 anos.
Tenho uma frase do meu pai… quando vim para presidente do Benfica, o meu pai disse: o meu ventoinha vai endireitar o Benfica. Hoje, infelizmente, ele não está vivo para ver esta realidade. Somos uma referência no mundo do futebol e é graças a todos vós, aqui presentes, que se têm sacrificado para termos um Benfica à Benfica. Peço que continuem a viver assim porque o Clube vai criar todas as condições para cada vez sermos maiores e de voltarmos a ser Campeões Europeus, que é um sonho.

(...)"

Até ao último segundo...!!!

Viseu 2 - 3 Benfica

Surpresa só para os distraídos! O Viseu tem um treinador experiente, e também tem alguns jogadores rodados... Eu tinha a certeza que o jogo iria ser complicado! Ainda por cima, sem o Fernandinho e sem o Robinho!!!
Agora, não esperava estar a perder por 2-0 durante tanto tempo...!!!

Como habitualmente, os guardião adversários e principalmente os postes foram o nosso principal adversário... A equipa, até entrou um bocadinho lenta, mas com um bocadinho mais de acerto na finalização, até teríamos ganho de cabazada... Assim, tivemos que esperar pelos últimos segundos, por uma bomba do Roncaglio!!!

Dez !!!

Benfica 10 - 0 Sintrense

Vilão; Daiane, Sílvia, Alice, Meira (Jassie, 60'); Pauleta, Evy (Cristo, 60'), Maiara, Geyse (Faria, 75'); Llanos, Darlene

Mais uma goleada... após uma longa paragem do campeonato.