segunda-feira, 15 de outubro de 2018

A seleção das Nações na sobra da Liga das Nações

"Não sei, com exatidão, quão longe o inventor da mais novata competição da UEFA, ou, pelo menos, a pessoa que ficou incumbida de a baptizar, queria ir com o nome da Liga das Nações.
A intenção, fácil de deduzir, seria aludir ao facto de ser uma prova para juntar nos campos de futebol os vários países que há na Europa, para ver qual acaba por ser o melhor. O que está correto, até vermos a Liga das Nações como ela é: uma laranja com várias camadas de casca, peça de fruta que vai virando um imbróglio quanto mais a formos descascando, por maior que possa parecer a contradição. Porque o conceito de melhor, para a UEFA, mexe com coeficientes e rankings, mexidos por uma lógica que diz mais à entidade do que aos adeptos, que são quem faz mexer o futebol.
É uma prova algo confusa e complexa que, confesso, me faz sentir um totó por, volvido tanto tempo, ainda ter de consultar um manual (se quiserem, está aqui, escrito pela Mariana Cabral) para tentar entender o porquê de Portugal estar metido num grupo de três selecções e ainda ter jogos como o de ontem, contra a Escócia, mais amigável do que uma partida de sueca ao domingo, com os amigos. 
Havendo grupos ímpares no número de equipas que têm, há a cada jornada a necessidade de se emparelhar quem sobra. E sobrou-nos ver um jogo particular no qual se seleccionaram segundas e terceiras linhas, algumas caras estreantes e um imortal herói para ganhar, em Glasgow, à selecção que está na Liga C (nós estamos na A). O jogo não contou para a Liga das Nações, mas aconteceu por consequência à forma como ela está organizada - uma sobra que criou as condições para Portugal jogar com uma selecção com muitas nações dentro.
Porque os titulares Cédric, Kévin, Danilo, Eder, Hélder e Bruma são bem portugueses, mas vieram ao mundo pela Alemanha, França, Guiné-Bissau e Angola, como Pedro Mendes e Gedson Fernandes, suplentes que ainda correriam no encontro, que também nasceram longe, na Suíça e em São Tomé e Príncipe.
Mais de metade dos titulares que jogaram por Portugal (seis em 11) e quase outra meia, entre quem jogou contra a Escócia (oito em 17), nasceu fora de Portugal.
O futebol é o reflexo da sociedade. E se vivemos, cada vez mais, com a multiculturalidade e a mescla de culturas e de origens, jogaremos com elas, em campo, na mesma medida. É fiel, fidedigno e natural, como é perfeitamente normal ver um tipo nascido em Touro, terra em Vila Nova de Paiva, ascender à selecção nacional de futebol.
Ou talvez escalar seja a palavra mais apropriada para Cláudio Ramos.
Ele é o gigante em forma de guarda-redes, ostentador de uma das melhores aptidões para proteger balizas e parar bolas em Portugal, que apenas se estreou na primeira liga em 2015, com o Tondela. É o mesmo clube pelo qual veste luvas há oito anos, onde chegou a ser suplente na terceira divisão, na segunda e até na primeira. Nunca passou por um grande e jamais jogara pela selecção até aos quatro minutos que Fernando Santos lhe deu, contra os escoceses.
Resumindo:
2010: estreia-se na 3.ª divisão (Amarante)
2011: estreia-se na 2.ª divisão B (Tondela)
2012: estreia na 2.divisão (Tondela)
2015: estreia na 1.ª divisão (Tondela)
Ou, olhando para o copo meio vazio, foram 86 minutos (a menos) com que o seleccionador não premiou os 26 anos do melhor parador de remates português, a jogar em Portugal, numa partida desinteressante, monótona e amigável - das que a Liga das Nações nasceu para acabar -, optando, ao invés, por dar a baliza aos 36 anos já de pouco futuro e progressão de Beto.
Qualquer um deverá ficar coberto pela sombra de Rui Patrício ainda durante uns bons tempos, se lesões ou momentos de forma não pregarem partidas. Portanto, porque não dar tempo ao futuro?

O Que Se Passou
Apesar do vento, rabugento, se ter chateado com rajadas a soprarem mais rápido do que é legalmente permitido acelerar nas autoestradas, mais a chuva, o frio e toda a adversidade causada pelo furacão "Leslie", houve condições para se correr na Maratona de Lisboa. E, repetindo, apesar de tamanha intempérie que provocou feridos e estragos no país, foi possível correr os 42,195 quilómetros maratonistas e fazê-lo em 2:07.34 horas, um tempo recorde.
A proeza pertenceu a Limenih Getachew, um etíope que, ainda assim, ficou a uns bons minutos da melhor marca de sempre que, em Setembro, o queniano Eliud Kipchoge estabeleceu em Berlim (2:01.39). O segredo é ter uma dieta à base de frutos e vegetais, "beber muito chá, com muito açúcar, cerca de dois litros", em vez de batidos de proteína", segundo Matt Fox, escritor australiano que passou um mês com Kipchoge no Quénia, na sua aldeia. Toca a praticar."

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