quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Rasgo corajoso merece aplauso

"O projecto da lei do Governo que visa o combate à violência no desporto, que já está na Assembleia da República (AR) à espera de ser discutido e votado, só pode ser visto como uma boa notícia. E se, em tantas alturas, foi crítico da inércia do(s) governo(s) e da falta de coragem para a implementação de medidas absolutamente necessárias, desta feita tenho de dar os parabéns ao executivo, pela forma corajosa como se propõe combater a violência no desporto, nomeadamente no que respeita ao enquadramento dos grupos organizados de adeptos, vulgo claques.
As várias medidas, anteontem divulgadas em A Bola, são susceptíveis de provocar forte reacção dos visados, quer daqueles que pura e simplesmente nunca aceitaram a chamada legalização, quer dos outros, que aderiram a um faz de conta que nunca atrasou nem adiantou. Os negócios que gravitam em torno da actividade destes grupos estão, a partir de agora, seriamente ameaçados e, como tal, não será de ânimo leve que irão aderir ao novo regime legal. E é precisamente aqui que este Governo, e os que se seguirem, devem ser inflexíveis, garantindo que a lei vai ser de facto aplicada, doa a quem doer. Porque e história ensina-nos que um dos grandes problemas do desporto português não tem estado na qualidade da produção legislativa, mas sim na sua (não) aplicação...
Logo que o projecto de lei que está na AR for aprovado e entrar em vigor, cá estaremos para verificar se as medidas importantes nele plasmadas vão ser levadas à prática, ou não. Para já, o Governo, pela audácia demonstrada, merece o benefício da dúvida. É tempo de tirar os hooligans dos estádios."

José Manuel Delgado, in A Bola

Foi à sétima!...

"Quando Vitória aceitar que para o universo benfiquista a derrota colide com a história e grandeza do clube, estará encontrado o Ferguson que Vieira deseja ver nele

Rui Vitória pediu respeito, mas não se trata de menor respeito ou de ver as coisas pelo ângulo que mais convém a quem notícia ou crítica. É, sim, a realidade crua e nua e a dificuldade que o treinador do Benfica sente em lidar com ela. Seja quem for, aliás, porque o defeito é generalizado e os discursos, ora exaltados, ora sonolentos, primam pela vulgaridade, do primeiro ao último lugar da classificação. Não nascem Mourinhos, Jesus ou Klopps todos os dias, cada qual ao seu jeito, mas com especial aptidão para animarem os encontros com os jornalistas e enriquecerem o espectáculo.
Irritou-se Vitória na antevisão do clássico. Aliviou o espírito e ficou com as ideias mais arejadas para preparar um jogo que não seria apenas mais um. Tinha um significado muito especial apesar do seu carácter não decisivo como Sérgio Conceição teve o cuidado de sublinhar. E não foi por acaso que o fez. Protegeu-se e antecipou a reacção em caso de fracasso, como se verificou: deu os parabéns ao árbitro, jurou vitórias até ao fim e seguiu em frente, até à próxima estação. Depois se verá...
Investiu nesta estratégia comunicacional porque tinha margem de manobra (que já não tem), margem essa que faltava a Vitória, exactamente pela crueldade estatística de três empates e três derrotas nos jogos com o dragão enquanto treinador do Benfica. Faltava-lhe um triunfo como este, mas à sétima tentativa foi premiado. Faltava-lhe ultrapassar esta barreira de dúvidas e, de algum modo, fazer as pazes com os desiludidos adeptos pelo que aconteceu na última temporada em que o penta se esvaiu na sequência de derrota sofrida na Luz, precisamente diante do mesmo dragão em que à águia faltou a competência competitiva que anteontem revelou.
Os treinadores lidam mal com os reparos que lhe dirigem e Vitória não é diferente. Nenhum problema se vislumbra, no entanto, desde que se convença, que, em nível de exigência tão elevado, não faz sentido tenta desculpar cada derrota com vitórias passadas, porque para o universo benfiquista a palavra derrota colide com a história e a grandeza do clube, é como se não existisse.
Quando Rui Vitória compreender e aceitar essa certeza, quando os «triunfos à Benfica», como ele proclamou, deixarem de ser a excepção e voltarem a ser a regra e quando decretar no seu imaginário livro de leis e proibição de perder e a consequente responsabilização de quem não observar a norma, então estará encontrado o Fergunson que Luís Filipe Vieira deseja ver nele para consolidar o seu projecto futebolístico e, definitivamente, lançar o Benfica do futuro.
(...)"

Fernando Guerra, in A Bola

Reflectir para evoluir

"Os VAR têm de ter treino especializado porque esta é uma função especializada

O futebol moderno está diferente. O acerto das decisões já não depende apenas daquilo que três ou quatro homens conseguem ver, no meio de suor, braços e pernas, de vinte e dois jogadores.
Hoje, a justiça do jogo assenta, também, naquilo que um outro, tecnicamente qualificado e teoricamente preparado, consegue aferir, através dos meios que tem à disposição.
Por isso, o paradigma mudou. A introdução da videotecnologia fez disparar as expectativas e diminuir, drasticamente, o grau de tolerância. E isso, de facto, faz todo o sentido. O que agora se espera é que, em determinados lances, a decisão seja sempre boa.
Passada a fase de testes e em pleno funcionamento, é justo afirmar duas verdades distintas: que a tecnologia, em si, é fundamental e inevitável, porque ajuda a trazer mais justiça e verdade ao jogo; que o seu sucesso depende, directa e inequivocamente, de quem a utiliza em sala (VAR) e de quem a aplica no terreno (árbitro).
Nesta medida, algumas conclusões tornam-se então evidentes:
- Os meios tecnológicos, per si, raramente falham (duas quebras pontuais até à data, em centenas de jogos, correspondentes a milhares de minutos);
- Quem opera o sistema e quem é responsável por decidir em campo nem sempre toma as melhores decisões. Pelo menos, aquelas que (nalguns momentos) todos esperam e desejam. Todos sentem e intuem. Importa perceber porquê.
Estamos no interregno do campeonato e este é o momento oportuno para parar e reflectir. Afinal de contas (e sem prejuízo de várias boas decisões verificadas até à data), porque motivo certos lances, que o mundo espera que tenha apenas uma só decisão, têm outra, diametralmente oposta?
Será que é apenas uma questão de sensibilidade para a função (ou, nesses casos, falta dela)? Será que a letra do protocolo é de aplicação prática difícil, complexa? Será que os videoárbitros estarão agora a passar por aquilo que passam os jovens árbitros, que é aplicarem a letra restrita da lei, sem terem em conta a sua essência e espírito, no fundo, o bom senso, a sua dimensão mais importante? Será que há factores de ordem humana/psicológica (assertividade, coragem, independência), que dificultam todo o processo? Será apenas uma questão de competência? Será que esta função só melhorará com o tempo, com o aumento da experiência prática?
Qualquer que seja a resposta, a solução só pode ser uma: continuar a preparar, continuar a trabalhar, continuar a aperfeiçoar. Trabalho, trabalho, trabalho.
Os VAR têm de ter treino especializado, porque essa é uma função especializada. Devem continuar a preparar-se teoricamente (lendo e relendo continuadamente as leis do jogo e o protocolo), devem ver o maior número de lances e discuti-los entre si (para treinar exaustivamente a tarefa), devem simular situações através da observação de jogos ao vivo. Devem ainda trabalhar as suas competências pessoais, de forma a tornarem a decisão certa, do momento certo e da forma certa. Devem continuar a sua aprendizagem de analisar lances via TV, porque as imagens que os ecrãs transmitem são diferentes das que veem em campo. São diferentes na perspectiva, intensidade, dinâmica.
É um trabalho continuo, ininterrupto, de pura sistematização, rumo de aperfeiçoamento total, à excelência.
Como um dia disse Gary Player: «The more I train, the luckier I get». Não é à toa.
A repetição é maior amiga do sucesso.
Não há outra maneira, não há outro caminho."

Duarte Gomes, in A Bola

O oficial de diligências não gosta de corridas

"Como o Aznavour Futebol Clube está mais morto do que o próprio, nada como falar de Mick the Miller e Patricias Hope

Hoje vinha disposto a falar do Aznavour Futebol Clube, que surgiu aquando da independência da Arménia no lugar do Pahatsoyagorts Noyemberyan, mas a verdade é que o clube está mais defunto do que o artista que lhe deu o nome e já foi enterrado em 1997. Por isso vou falar de cães. Não sou um grande adepto de canídeos, acho sempre que lambem as mãos de quem lhes dá pontapés e mordem as mãos de quem lhes dá de comer. Prefiro gatos: estão-se nas tintas. Mas os gatos não correm. Têm mais do que fazer. Por isso, fico-me pelos cães.
Com toda a ligeireza lapalissiana que me assiste, reconheço que há cães e cães, e o meu velho companheiro José Manuel Mesquita tem um cão que me agrada pelo excesso de educação. Chama-se Simba e é negro, vibrante e luzidio como o melro de Guerra Junqueiro. Ou melhor, é retintamente solene como se vestisse uma toga. Se me permitem: um senhor! Ainda por cima com uma história de vida que meteu quinze dias perdido nos matos do Alentejo graças a um sentido de sobrevivência de fazer inveja a qualquer Robinson Crusoe, mais sexta-feira, menos sexta-feira. Como passa horas no escritório de advogados do dono, não me espantaria, ao fitar o seu focinho protocolar, que tenha sabedoria equivalente a um oficial de diligências, se é que não está habilitado para funções de notariado.
Há uns anos, em Macau, fui de longada até ao canídromo, com o impecável Gilberto Lopes, assistir às corridas de galgos que ocupam muitas boas noites dos apostadores macaenses. Não deixa de ser fascinante aquela precipitação excitada por causa de uma lebre mecânica que lhes faz crescer água na boca como se estivesse cozinhada em civet. Embora, claro, não abone muito a favor da sua inteligência. Lá está: apostaria singelo contra dobrado, à moda dos velhos livrinhos do_Texas_Jack, que o circunspecto Simba, a despeito de ser caçador, desprezaria a miragem automática daquela farsa de laparoto. Dando razão a Sérgio Porto, ou melhor Stanislaw Ponte Preta, que não se eximia de afirmar: «O cachorro é um ser humano como outro qualquer».
Mick the Miller nasceu em Killeigh, na Irlanda, no dia 29 de Junho de 1926. Não foi apenas um ser humano como outro qualquer como foi, também, o cão mais famoso da história do desporto. Apesar de a sua carreira nas pistas não ter durado mais do que três anos, somou vitórias atrás de vitórias – 19 corridas consecutivas – as mais retumbantes das quais no English Greyhound Derby, em 1929 e 1930. Ah! Como os ingleses apreciaram as qualidades de Mick the Miller. Foi preciso esperar 43 anos para que outro ser humano do género conseguisse proeza igual:_Patricias Hope. Com um requinte: no mesmo ano conquistou a Triple Crown, ou seja, triunfos no English Greyhound Derby, Scottish Greyhound Derby e Welsh Greyhound Derby. Pode ser que todo este britânico orgulho não encaixe na nossa muito portuguesinha forma de ver o mundo, mas é exatamente por isso que a Terra é um planeta no qual existe a Inglaterra. «If I may say so...».
Voltemos a Miller. Acrescente-se que a despeito de ter nascido em Killeigh, não longe das destilarias de Tullamore, não era nenhum parolo com queda para as libações alcoólicas. Teve, pelo contrário, uma existência buliçosa. O mais pequeno de uma ninhada de dez irmãos foi levado ainda filhote para os_Estados Unidos por Moses Robensheid, um treinador decidido a fazer dele um campeão. A natureza não esteve para aí virada e um tornado deu cabo das instalações de Robensheid em St. Louis, Missouri. Moses ignorou a natureza e irritou-se com Deus, que nestas coisas costuma ter as costas muito largas. Rogou umas pragas, amaldiçoou a sua pouca fortuna e decidiu que recebera um sinal divino para se deixar de brincadeiras com cães, campeões ou não. Mick the Miller teve igualmente a sua experiência religiosa: foi vendido sucessivamente a dois padres, Martin Brophy primeiro, Maurice Browne depois.
O padre Browne não tinha a inocência do padre Brown de Chesterton. Para compensar tinha jeito para o negócio. Levou Mick de volta para a Irlanda e fê-lo correr como bom galgo que era. E depois da vitória no English Greyhound Derby de 1929, tratou de vender o bicho por nada menos de 800 Libras esterlinas. Juntou o útil ao agradável pois a Igreja Católica da Grã Bretanha clamava contra as corridas de cães, considerando-as uma ameaça aos jantares domingueiros de família, nada se ralando para os solitários sem famílias.
Diz-se que Mick the Miller ganhou 61 das 81 corridas em que participou até se lesionar com gravidade numa prova disputada em Wembley, viva o luxo! Reformou-se como reprodutor, o dono cobrava 50 Libras por atuação, e foi o protagonista do filme Wild Boy, em 1934. Gostava de saber a opinião do Simba sobre esta história. Ele dá razão a Mark Twain: «O cão é um cavalheiro»."

Da impunidade dos árbitros (...)

"Uma das coisas que mais ouço, a propósito de arbitragens consideradas como negativas, é que os árbitros de futebol parecem viver num mundo sem leis ou, pior, acima delas. Bem acima delas.
De facto, a sensação que as pessoas têm é que eles são os únicos agentes desportivos que passam impunes, ainda que cometendo - no âmbito das suas funções - erros que todos avaliam como graves, evidentes e grosseiros.
Essa preocupação, esse cheiro a injustiça, em tese, faz sentido.
A verdade é que, quando um jogador tem comportamento grosseiro ou violento, é expulso (ou está previsto que seja). O mesmo acontece ao treinador ou a qualquer outro elemento do banco técnico que tenha conduta irresponsável.
Isto para não falar da "outra punição", porventura maior, que técnicos e atletas estão igualmente sujeitos: à que resulta do desagrado maciço dos sócios e adeptos (algo sempre desagradável e, por vezes, a roçar o humilhante) ou da que se traduz na não renovação de contratos (ou, no limite, na rescisão do contrato de trabalho, em plena época desportiva).
Está claro de ver que o futebol profissional é, nos dias de hoje, um universo encantador mas de tremenda pressão e exigência para todos. E, talvez por isso, cada jogo, cada jogada, cada lance, pode assumir contornos dramáticos porque, em boa verdade, pode determinar o sucesso ou insucesso, a alegria ou angústia, a continuidade ou saída de muitos dos principais intervenientes no jogo. 
Intervenientes que, não esqueçamos, são pessoas. Pessoas com ambições pessoais e profissionais, com valores, amigos, família.. Como alguém disse recentemente... é complicado. Muito complicado. 
Isto remete-me, de novo, para a tal sensação exterior de impunidade de que (alegadamente) gozam os árbitros. Escrevam o que vos digo: as coisas não são bem assim. De todo.
Os árbitros são punidos sim (e de diversas formas), os seus erros têm consequências práticas e, tal como tantas vezes acontece com jogadores e treinadores, isso também repercute-se nas suas carreiras desportivas.
A grande diferença é que, ao contrário do que acontece com aqueles, essas "sanções" não são tornadas públicas. Não se sabem, não se conhecem. Mas a essa reflexão já voltamos.
Por enquanto, percebam então o que pode acontecer a um elemento de uma equipa de arbitragem quando as coisas correm francamente mal no campo desportivo:
- Não ser nomeado para actuar durante uma ou mais jornadas. Na prática, é como se tivessem visto cartão vermelho e ficassem "suspensos" por tempo a definir. Reparem: nada diferente do que acontece com atletas e técnicos.
Sabem o que mais lhes dói nessa "paragem forçada"? É ficarem privados de fazerem o que mais gostam e, claro, deixarem de auferir as verbas a que teriam direito. Na prática, esse castigo, o da "jarra" (como alguém um dia celebrizou), mexe, directamente, com a sua auto-estima/brio profissional e com a sua vida financeira.
- Depois há a questão da avaliação.
Todos os árbitros (e restante equipa, VAR incluído) têm uma nota por cada jogo que dirigem. O relatório, que é preenchido pelos respectivos observadores, tem parâmetros objectivos, bem definidos, que vão desde o acerto/erro nas decisões mais importantes à condição física, personalidade, movimentação, colocação, interacção com os colegas, etc. Da soma dessas avaliações dependerá o seu ranking final.
Na prática, quanto mais erros somarem, pior será a classificação final... e maior será a possibilidade de serem despromovidos. De deixarem de ser árbitros no escalão maior do futebol português. 
Reparem: é mais ou menos o que acontece com as equipas que têm menos pontos no final da época: descem de categoria.
- Há ainda outra punição, mais rara mas real, que é a da instauração de processos disciplinares: qualquer conduta, dentro do terreno de jogo ou fora dele, que tenha elementos de prova suficientes que a sustente, poderá levar ao recurso a esta medida. As consequências poderão ir da aplicação de uma sanção mais leve (repreensão por escrito) a outras bem mais pesadas (pontos deduzidos à classificação final, jogos de suspensão, etc).
Reparem: nada diferente do que, por vezes, vemos acontecer com atletas e treinadores, dirigentes e clubes. E tal como acontece também com eles, a tensão pessoal que tudo isto cria é, como imaginarão, tremenda.
O número crescente de erros que um árbitro comete em campo coloca-o mais próximo dos lugares de descida. Que é como quem diz... do fim prematuro da sua carreira (raramente continuam a dirigir jogos nos escalões amadores).
- Por fim, o pior dos "castigos": o que resulta do julgamento sumário em praça pública. O que resulta da sentença traçada pelos opinion makers, pela imprensa, pelas declarações inflamadas de responsáveis alterados.
O escrutínio a que hoje estão sujeitos coloca-os na senda de humilhações públicas diárias. Constantes. Permanentes. A justiça feita pelo povo pode acontecer a qualquer hora, em qualquer esquina e a qualquer altura do dia.
O árbitro que comete erros grosseiros em jogos mediáticos, anda na rua como uma lebre anda na mata, em plena época de caça: com medo. Com medo ou com coragem muito negligente. E esse é um castigo que vai além do que aquele que pode e deve merecer, em termos desportivos.
Porquê? Porque afecta o seu bem-estar enquanto pessoa, porque ofende a sua integridade enquanto ser humano, porque perturba a sua privacidade, a da sua família. Porque o amordaça a uma liberdade restritiva, impedindo-o tantas vezes de ir e estar onde quer, como e com quem quer. Deixa de ser uma pessoa livre que olha para a frente e passa a ser uma presa que espreita constantemente por cima do ombro.
Isto é ou não é a pior das punições?
Não tenha dúvidas, caro leitor: os árbitros são sancionados sim e, como viu, praticamente na mesma medida e dose que o são os outros agentes desportivos. Publicar essas punições traria mais sentido de justiça e acalmaria o povo? Sim, provavelmente sim.
Mas, pensemos com outra profundidade: que efeito prático traria? Passado o período de raiva, esvaziado o balão das emoções, para que serviria mesmo?
Para lhe colocar um carimbo, um rótulo, um selo de "produto estragado"? Para apontar-lhe o dedo, de cada vez que voltasse a dirigir um jogo, em qualquer estádio, noutro qualquer dia?
Esse peso - o da chacina em praça pública - não poderá ter efeito contrário? Não o inibirá a voltar às boas arbitragens? Não terá peso negativo na sua consciência, na sua actuação seguinte, na sua liberdade de actuar? A divulgação do "castigo", afinal, serviria para quê? Serviria a quem?
Para reflectir. Apenas para reflectir."

O Clássico e o génio japonês de Portimão

"A última jornada antes de nova paragem do campeonato ajudou o Benfica a colocar-se no topo da pirâmide dos candidatos ao título. Derrotar o campeão, com um golo de um avançado que esteve quase a fazer as malas por falta de espaço no plantel, acaba por valer mais do que os “regulamentares” três pontos. E se a Rui Vitória faltava derrotar o FC Porto no banco do Benfica, agora só lhe falta fazê-lo com um futebol mais atraente, porque a competência acompanhou quase sempre a exibição dos encarnados.
O Benfica não foi brilhante, mas foi superior na mais larga fatia dos 90 minutos de um jogo que só foi minimamente dividido no primeiro tempo, justamente o período em que o futebol foi (ainda) menos exuberante.
O FC Porto andou demasiado tempo à procura de um fato que se ajustasse a um meio-campo com medidas erradas, onde Otávio surgia quase na mesma linha de Danilo Pereira e Herrera aparecia numa zona de apoio aos avançados. O desenho saiu borratado, com Herrera demasiado longe do coração do jogo e Otávio a sentir dificuldades nas tarefas defensivas (de tal forma que acabou por ser substituído no início do segundo tempo, já com um cartão amarelo no cadastro).
Os problemas dos portistas no início de construção foram evidentes, sendo muitas vezes resolvidos com recurso a um futebol mais longo, que chegou a ser (bem) protagonizado por Iker Casillas. Em teoria, essa construção mais directa poderia beneficiar Marega, mas o maliano nunca teve espaço livre para aplicar aquela espécie de “efeito locomotiva”, que habitualmente faz miséria nas balizas adversárias.
O Benfica construiu uma reacção muito forte à perda de bola, com pressão muito eficaz em todas a zonas do campo e o FC Porto encontrou-se perante um leque de exibições individuais de alto nível, com Pizzi e Rúben Dias no topo. O jovem central deu uma resposta exemplar à expulsão no encontro europeu, frente ao AEK.
A subida do Benfica no segundo tempo teve muito de Grimaldo como combustível. A partir do momento em que o lateral espanhol percebeu que Marega estava algo condicionado fisicamente, arrebatou o corredor e transformou a ala esquerda encarnada num calvário para Maxi Pereira.
É verdade que as armas iniciais da equipa de Rui Vitória eram superiores, como também se percebe que as possibilidades de mexer com o jogo a partir do banco de suplentes eram muito mais efectivas do lado encarnado do clássico.
No entanto, no plano inicial de voo dos azuis e brancos nunca esteve presente uma ambição clara de triunfo, mas antes uma vontade de sair da Luz sem “ferimentos”. Só que a história recente demonstra que o FC Porto almeja sempre mais do que sair ileso, quando entra na casa do maior rival. No horário nobre da jornada entrou o grande jogo do Portimonense frente ao Sporting, no Algarve. Ancorada em algum talento e muita velocidade, a equipa de António Folha demonstrou que a margem para escalar a classificação é grande, particularmente devido a um futebol ofensivo enleante e com jogadores de rotação alta, como Manafá, Lucas Fernandes e Tabata.
Acima de todos estes, um génio japonês. Nakajima é um dos melhores jogadores do campeonato e a exibição frente ao Sporting é apenas uma montra mais larga para um momento de forma superlativo, que já vem da época passada. Há alguns anos, Nakajima andava pelas selecções jovens do Japão (há alguns meses ficou à porta da convocatória para o Mundial da Rússia) e em palcos pouco mediáticos do futebol nipónico. Hoje é um activo de milhões, já longe do alcance financeiro dos três maiores clubes do futebol português, onde encaixaria facilmente, no plantel e no “onze”.

P.S. - O país político prepara-se (finalmente) para aprovar medidas mais duras em relação ao mau comportamento dos adeptos nos recintos desportivos. É um pacote que pode ajudar a pacificar o futebol português, através do “músculo legal”, que é a única forma eficaz de mudar mentalidades. O futebol e as claques não podem estar acima das leis, nem podem ser um Estado dentro do Estado. 
Poucos dias antes de ser conhecido este importante passo, surgiu um castigo quase anedótico. Após o jogo com o Marítimo, o Sporting foi multado por mau comportamento da mascote (o Jubas), que terá invadido (de forma perigosa, certamente) a zona de entrevistas rápidas. O castigo motivou mesmo uma “felpuda” onda de solidariedade de várias mascotes de outros clubes. Por causa de uma multa, acabaram por ser as mascotes a indicar o fundamental caminho da união e sã convivência no futebol português, o que não deixa de ser quase enternecedor. Mas também ridículo."

Mais histórias à vista

"Sporting no centro das atenções.

O foco continua apontado ao Sporting pelas razões mais diversas. Desde logo, porque a sua principal equipa de futebol vem de duas derrotas consecutivas no campeonato da primeira Liga e, pelo meio, uma vitória mal conseguida na Liga Europa, e depois porque o caso da invasão da Academia de Alcochete conhece novos contornos.
Quanto ao futebol, só a copiosa derrota em Portimão parece ter quebrado a acalmia dos últimos tempos. De facto, perder com o último da classificação e por números tão expressivos, não pode ter desculpa numa equipa, ainda que não a ideal por esta altura face às exigências de um clube da dimensão do Sporting, que tinha a obrigação de fazer muito melhor.
Tratou-se de uma exibição sem qualidade, a repetir a de Poltava, e com alguns erros de estratégia à mistura. Por isso, é natural que venham aí tempos ainda mais difíceis.
O próximo adversário na Liga Europa é o Arsenal e, no campeonato, segue-se em Alvalade o Boavista, que tem por hábito criar sempre muitos problemas aos leões.
Sobre os condenáveis acontecimentos de Alcochete foram ontem conhecidos dados novos. Registo para a prisão de um funcionário do Sporting, no caso o responsável pela ligação entre claques, o que não deixa de ser sugestivo, e ainda a recusa ao presidente destituído para que se pudesse constituir assistente no processo.
Ainda que haja quem pretenda desvalorizar esta decisão judicial, ela é demasiado importante porque houve também conhecimento de que esse ex-dirigente estaria sob investigação.
E, porque lateralmente foi difundida a notícia segundo a qual existe na auditoria forense que está em curso em Alvalade uma história relacionada com o possível mau encaminhamento de 700 mil euros, é perfeitamente possível que haja novas histórias a caminho."

Seferovic fez bem em ficar...

"Nem sequer interessa muito saber agora – acredito que um dia o jogador contará a história – se foi alguém que travou a sua saída ou se foi o próprio que decidiu bater o pé e ir à luta. A verdade é que Seferovic passou de avançado com escassas possibilidades de se fixar na equipa benfiquista a titular indiscutível. E se alguém se está a preparar para vender ideia contrária… desista. As evidências são muitas: havia Ferreyra (sim, havia, pois parece não contar para nada como ficou demonstrado nos últimos jogos), a seguir estava Castillo, mais o candidato número um, Jonas, e só depois o suíço. Agora, como resultado das múltiplas situações em que o futebol é fértil, o vento sopra-lhe favorável. E deve dizer-se: fez bem em ficar.
E será Seferovic melhor do que todos os outros? São diferentes e até prova em contrário é ele o melhor. E já resolve, como se pede a um avançado. E até pode ficar ligado à história desta Liga (quem sabe…) pelo golo marcado ao FC Porto, inesperado (?) terceiro da tabela, com números muito diferentes dos conseguidos por esta altura em 2017/18: menos seis pontos (15-21), duas derrotas (teve número igual em 34 rondas), menos três golos marcados e mais três sofridos. Até pode não ser nada, mas o suíço contribuiu para isso.
Inevitavelmente... CR7. Porque volta a estar ausente da Selecção, porque marcou um grande golo em Udine, por voltar a ser candidato à Bola de Ouro. Quanto ao resto, o meu amigo Manuel Rodrigues diz tudo no CM de ontem. E eu, se ele não levar a mal, assino por baixo.

Em Alta
Hildeberto Produto da formação benfiquista (cinco épocas dos sub-17 à equipa B), não foi feliz lá fora, mas parece ter encontrado o sol em Setúbal: com o Moreirense, primeiro hat-trick da carreira. Uma boa revelação da Liga.
Hélder Costa – Outro jovem nascido no Seixal, onde esteve 11 anos. É hoje indiscutível no Wolves (titular nos 8 jogos na Premier) e já chegou à Selecção A
Gelson Dala – O seu golo pelo Rio Ave impediu o Sp. Braga de continuar isolado. Está emprestado pelo Sporting, com contrato até 2022. Não devia estar em Alvalade? Castaignos e Diaby são melhores?
Nakajima – A dúvida persiste até ver: conseguirá num grande o que tem feito no Portimonense? Potencial tem, mas… A sua exibição frente ao Sporting foi enorme.
Mourinho – Um dos melhores de sempre da história do jogo merece respeito. Em qualquer circunstância. Como agora, de "remontada", frente ao Newcastle!"

Quando os golos não alegram os respectivos marcadores

"É verdade que os golos são a festa do futebol. Mas, de vez a vez, há quem inscreva o seu nome na lista dos marcadores e, ao invés de correr para festejar, sinta uma vontade enorme de... desaparecer. É assim que muitos futebolistas descrevem o momento em que, ao procurarem ajudar o sector recuado, mais não fazem do que colocar a bola na sua própria baliza. Foi isso que sucedeu com Bruno Gomes na última jornada da Liga. Pior: a infelicidade do dianteiro do Aves acabou por ditar a derrota da formação comandada por José Mota no Bessa (1-0), diante do Boavista. Foi a quinta vez esta temporada que se registou um autogolo. Se a média se mantiver assim até ao final da prova, é provável que se chegue aos 25 da época 2016/17, a que mais ‘golos errados’ totalizou nos últimos anos.
Por razões óbvias, são os defesas os jogadores mais expostos aos autogolos. Estão perto da sua baliza e, claro, tudo fazem para evitar os golos alheios. De tempos em tempos, nessa ânsia de resolver o problema, acabam por ser os responsáveis pelo toque fatal. Mas, não se pense que são só os defesas (ou os guarda-redes, quase sempre na sequência de ressaltos com a bola a vir do poste ou da trave) a cair na ‘armadilha’. Bruno Gomes é avançado e foi só o último, entre nós, a estar no local errado... no momento errado. Esta época, curiosamente, o brasileiro foi o segundo ponta-de-lança a assinar um autogolo, sucedendo ao compatriota Vinícius (Rio Ave). Os restantes foram da autoria de Manafá e Jadson (Portimonense) e Helton Leite (Boavista). Olhando para o sucedido nas últimas cinco temporadas, conclui-se que Estoril, Nacional e V. Guimarães (7 golos) foram as equipas que mais beneficiaram de autogolos, enquanto Tondela, V. Setúbal e Moreirense (8) foram os mais prejudicados com ‘tiros’ no alvo errado.

Sabia que... 
Feirense-Belenenses teve o resultado mais esperado?
As duas equipas entraram em campo depois de três jornadas sem marcar. E, claro, fizeram jus à sua tradicional falta de eficácia e terminaram a partida... a zero! Nesta altura os dois clubes azuis possuem o pior ataque da prova (4 golos).

Pela terceira vez se registou o mesmo número de remates na ronda?
Tal como nas jornadas 1 e 2, também na 7 tivemos 214 ‘disparos’.

Há um novo líder no ranking de pontapés de canto?
O Santa Clara, com 50, saltou para a liderança desta especialidade, deixando FC Porto (49) e Benfica (48) nas posições seguintes.

A 7.ª jornada conheceu um novo máximo de faltas e de foras-de-jogo?
Foram assinaladas 302 infrações, mais uma do que na ronda 2, enquanto ocorreram 31 situações de ‘offside’ (mais uma do que na ronda inaugural).

Apenas cinco equipas marcaram durante a 1.ª parte?
Setúbal, Guimarães, Braga, Rio Ave e o Portimonense"

Sertanense

Vamos à Sertã, no regresso após a paragem para as Selecções...
É uma deslocação que vai obrigar a uma viagem média/longa, que será muito provavelmente efectuada na Quinta-feira (sem alguns internacionais)... já que na Terça-feira seguinte temos jogo em Amesterdão!

Será um jogo importante, para dar minutos a alguns jogadores: Jonas, Castillo, Corchia, Conti, Alfa, Gabriel, Zivkovic... Ferreyra, Samaris, Svilar, Yuri...
Mas não podemos esquecer que estes jogos são sempre 'perigosos' devido à motivação extra dos adversários, e o Sertanense até tem alguma experiência neste tipo de jogos, quase sempre contra os Corruptos!

PS: Gostei de ver o Luisão como representante do Benfica no sorteio.

Anúncio !!!

"Caros amigos, tenho a informar que a minha luta e missão acabou aqui. Fiz o necessário para provar que esse senhor da comunicação do FCP é sozinho um enferme e desolador falta de carácter.
Segui o meu intuito e sei felizmente que tudo vai vir a público de agora em diante, felizmente já começou a Borboleta Azul.
Os adeptos do futebol inclusive do FCP podem agradecer tudo isto a esse criminoso FJM, pois incitou tanto ao ódio que o ódio para ele se voltou, e por tabela levam todos.
A minha vida não é este tipo de trabalhos, nem investigações, mas vi-me obrigado a mexer-me. Ajudei, lutei, vivi intensamente tudo, vi-me difamado, mas tenho família e sei que um dia a mesma irá ter orgulho por tudo que eu fiz. Pela verdade e pela consciência tranquila.
- Confesso que vou ter saudades
- Garanto que vem aí paz no nosso futebol ⚽️
Uma palavra de carinho e amizade para todos este seguidores que me apoiaram, me tem seguido e defendido como verdadeiras Águias.
Bem haja a todos!"

Benfica um grande clube de futebol, vai atrás de blogues

"O presidente do Benfica, Luis Filipe Vieira, prometeu perseguir aqueles que publicaram documentos confidenciais roubados do clube "de uma forma inflexível.

Lisboa - O blogger leu o e-mail por volta das 23 horas, em uma noite tranquila em Setembro, a hora do dia em que costuma postar suas reflexões populares sobre o futebol em Portugal.
A mensagem era do Google, Inc. Nela, a empresa - ou, mais especificamente, seus advogados - explicaram ao blogger, um homem discreto de 30 e poucos anos, que a potência do futebol português, o SL Benfica, havia solicitado que o Google entregasse sua conta. Detalhes pessoais porque ele publicou 13 artigos contendo informações confidenciais do clube numa plataforma de propriedade do Google.
O blogger descobriu as informações on-line depois de ter sido revelado em um vazamento mais amplo de documentos do Benfica, e postou artigos sobre isso em seu blog, O Artista do Dia . Ao fazê-lo, ele se tornara inconscientemente uma pequena parte de um escândalo maior que se tornara um grande embaraço para o clube.
O Benfica conta com metade dos 10 milhões de habitantes de Portugal como adeptos. Duas vezes o campeão da Europa e um regular na Liga dos Campeões, é o equivalente do Dallas Cowboys ou Manchester United, só que mais. E agora queria vingança.
Atordoado, o blogger lutou para adormecer depois de ler o e-mail e seu anexo - uma intimação do Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o Distrito Central da Califórnia. Quando sua esposa e dois filhos acordaram no dia seguinte, ele não dormiu nada.
Ele se preocupou com o "apoio legal ilimitado" do Benfica e com a possibilidade de contrariar os defensores mais fanáticos da equipe, disse ele em uma entrevista recente. Ele pediu para permanecer anônimo porque acreditava que poderia estar em perigo. “Eles poderiam vir ao meu patrão; Eu não sei o que pode acontecer, ”ele disse, sua voz sumiu. Então ele rapidamente acrescentou: "Meus filhos - eu pensei sobre isso tudo."
Para entender como um blogger despretensioso em Portugal acabou encarando uma intimação de um processo na Califórnia - sendo um peão num litígio que vai ajudar a definir o conceito de privacidade numa uma era tecnológica - ajuda saber como coisas desesperadas se tornaram para o Benfica já que detalhes privados sobre o funcionamento interno do clube surgiram no ano passado. Entre outras coisas, os documentos vazados sugeriram que o clube tinha um plano para influenciar os oficiais da liga e da federação e até mesmo controlar a arbitragem nos jogos da primeira divisão. O Benfica nega qualquer irregularidade.
Mesmo em tempos normais, rumores e intrigas sobre eventos dentro do Estádio da Luz, o estádio cavernoso e a sede do Benfica, dominam os muitos programas de debates nocturnos na televisão local e a cobertura de pelo menos um dos três jornais esportivos diários de Portugal. As suas rivalidades com as outras equipas de topo do país, o Sporting e o FC Porto, são notoriamente frágeis; brigas viciosas entre os executivos do clube ajudam a alimentar a narrativa diária de fervor neste país.
Os problemas mais recentes começaram na primavera de 2017, quando o director de comunicações do Porto, Francisco Marques, apareceu num canal de televisão de propriedade da equipe e revelou o funcionamento interno do Benfica coletado de um cache de dados secretamente fornecidos a ele. Então ele o fez novamente. E de novo. Para fãs de futebol e jornalistas em Portugal, as revelações semanais de Marques sobre o Benfica tornaram-se a televisão imperdível.
Cerca de 20 gigabytes de documentos internos e e-mails pertencentes a alguns dos oficiais mais graduados do Benfica foram compartilhados com ele anonimamente, disse Marques. As informações apresentadas em seu programa, “Universo Porto de Bancada”, foram amplas. Incluiu uma apresentação de slides do Benfica que detalhava um esforço aparente para obter maior influência sobre a federação e funcionários da liga, bem como detalhes de como o clube gastava uma grande quantia em dinheiro com um curandeiro da Guiné-Bissau para melhorar o desempenho da equipe. Também havia documentos sugerindo conexões entre o clube e os homens responsáveis ​​pela supervisão da arbitragem em Portugal.
Marques passou o banco de dados inteiro, que ele diz que recebeu anonimamente, para a polícia. Então, em dezembro de 2017, os e-mails do Benfica começaram a aparecer em um misterioso site chamado O Mercado do Benfica , ou Mercado do Benfica. Desde então, o conteúdo do site tem sido devorado pela mídia local e blogs, incluindo, mas não limitado a, O Artista do Dia. “Acho que é a mesma pessoa que falou comigo que publicou os e-mails”, disse Marques em uma entrevista, insistindo que nem ele nem o Porto haviam pago pelos dados.
A polícia está investigando o hack no sistema do Benfica, mas também o próprio clube. Autoridades policiais realizaram incursões nos escritórios do Benfica, e no mês passado os promotores acusaram o clube de corrupção depois que os investigadores descobriram que tinha uma toupeira dentro do sistema judicial português. O oficial, segundo os promotores, avisou o Benfica sobre as investigações em andamento, mas também sobre as do Porto e do Sporting.
A federação portuguesa de futebol iniciou uma investigação separada. O presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, acusado em Janeiro de corrupção relacionada a seus assuntos de negócios , disse que o clube defenderá sua reputação "de maneira inflexível" e que "não há um único fato, nem mesmo uma evidência circunstancial". isso implicaria o Benfica. ”
Aqueles que publicaram artigos e blogs baseados no material vazado argumentam que há um interesse público significativo em fazê-lo, dada a imensa importância social e cultural da equipe em Portugal.
A visão do Benfica sobre os vazamentos é totalmente diferente. Em Abril, o clube processou várias empresas de tecnologia, incluindo o Google, em uma tentativa de obrigá-las a fornecer ao Benfica informações confidenciais que ajudariam a identificar bloggers e donos de sites individuais. No total, o Benfica tem como alvo 100 pessoas.
“O Benfica foi vítima de um assalto e divulgação da sua correspondência privada, primeiro por um canal de televisão local ligado a um clube rival, o Futebol Clube do Porto, e, mais tarde, em face de uma decisão do tribunal que proibiu esta divulgação, Esses e-mails, muitos deles distorcidos, começaram a ser emitidos por blogs ligados a clubes rivais ”, disse a equipe em um comunicado.
O clube também argumenta que as informações recolhidas de seus e-mails foram "distorcidas" e "alteradas", violando qualquer defesa do "interesse público ou do direito à informação".
Até que ele lhe enviasse detalhes da intimação, o Google não havia entrado em contacto com o blogger para pedir a ele que retirasse quaisquer postagens ou materiais que pudessem ter violado suas diretrizes. (Ele está envolvido na batalha legal porque o site que hospeda seu blog, Blogspot, é de propriedade do Google.) Os termos de uso do Google alertam os usuários contra a publicação de "informações pessoais e confidenciais". A empresa ainda não revelou sua identidade ao Benfica. mas teoricamente poderia se ordenado a fazê-lo pelo tribunal; recusou-se a comentar sobre o caso do blogger, além de dizer que a empresa iria cumprir a lei.
Sentado à mesa num café no aeroporto internacional de Lisboa numa tarde recente, o blogger, conhecido como “John Doe 2” no processo da Califórnia, produziu um maço de documentos de uma mochila, incluindo cópias de artigos de blog que publicou sobre o Benfica, e o email do Google. Ele disse que tinha até 8 de Outubro para "formalizar uma moção para anular" ou qualquer outra objecção formal à intimação.
Ele perdeu esse prazo e agora está contemplando seu próximo passo. Enquanto o Benfica tem o poder financeiro para contratar uma equipe de advogados, o blogger ainda não garantiu representação para defender seus interesses nos Estados Unidos. Isso o deixou dependente apenas de seus próprios esforços; Recentemente, ele enviou ao Google um e-mail fervoroso, pedindo à empresa que não entregasse suas informações pessoais ao clube.
Ele reconheceu ser fã do Sporting, rival do Benfica, mas rejeitou a afirmação do Benfica de que ele é parte de uma rede organizada que conspira para prejudicar sua reputação.
O que começou como um passatempo de fim de noite, uma oportunidade para relaxar depois de colocar as crianças para dormir, é agora um problema significativo sujeito a forças que ele não pode controlar. Ele demorou para contar à esposa sobre a bomba-relógio que caiu em sua caixa de entrada, preferindo evitar que ela se preocupasse com o que o Benfica poderia fazer também.
"Acredito que eles querem saber minha identidade para que possam me intimidar", disse ele. "Eles estão perfeitamente conscientes de que o meu blog não tem nada a ver com qualquer tipo de acesso ilegal aos seus dados que acabaram no vazamento de e-mail."


PS1: Interessante esta estória da carochinha do coitadinho que andou a divulgar informação privada, manipulada, altamente difamatória e caluniosa!!!
O Benfica devia responder a este artigo, se possível dando uma entrevista ao mesmo jornalista, enquadrando toda a problemática, no contexto certo...
O New York Times tem um enorme impacto mundial, e além disso toda esta campanha negra anti-Benfica, tem pontos em comum, com o que aconteceu nos EUA na América durante a última campanha presidencial, com a divulgação das Fake News, anti-Clinton, pró-Trump... portanto, até poderá ser apetecível para os media Americanos.
Por exemplo, a deliberação da ERC deveria ser entregue ao NYT...

Como já li na net, como é que um gajo que andou a divulgar correspondência privada de outros, sem autorização, descontextualizada, está agora preocupado que seja identificado?!!!

PS2: Fiquei desconfiado quando li esta notícia logo pela manhã... O tom da notícia é claramente anti-Benfica, tentando elevar o divulgador de correspondência' ao pedestal de herói!!!
Pois bem, aqui estão alguns das páginas que o jornalista que assina esta notícia, 'segue':

Tribunal da Relação condena Procurador por abuso de poder a favor de amigos do FC Porto (...)

O presidente do FC Porto, Jorge Nuno Pinto da Costa (C), à saída do quartel dos Bombeiros Voluntários de Guimarães após o início do julgamento onde é um dos 54 arguidos da Operação Fénix, em Guimarães, 15 de Fevereiro de 2017. Os arguidos respondem por associação criminosa, exercício ilícito da actividade de segurança privada, extorsão, coação, ofensa à integridade física qualificada, ofensas à integridade física agravadas pelo resultado morte, tráfico, posse de arma proibida e favorecimento pessoal

"Magistrado do TIC do Porto pressionou arguido a retirar queixa contra o chefe de segurança do F.C. Porto e arrolou como testemunha o motorista de Pinto da Costa.

Paulo Óscar, procurador da República do Tribunal de Instrução Criminal do Porto, foi condenado pelo Tribunal da Relação por abuso de poder e multado em 1800 euros por ter pressionado um arguido de um processo em que não era titular a desistir de uma queixa, escreve esta quarta-feira o jornal Correio da Manhã.
De acordo com a informação veiculada pelo referido diário, o magistrado Paulo Óscar foi condenado pelo Tribunal da Relação por abuso de poder por pressionar um arguido a retirar uma queixa contra o chefe de segurança do F.C. Porto.
Os juízes desembargadores recordam a "simpatia clubística" de Paulo Óscar e falam mesmo em relações triangulares com o FC Porto. Apesar da condenação e da respectiva multa (de 1800 euros), o magistrado em causa poderá actuar em casos que envolvam o clube portista assim como os casos de corrupção desportiva como Cashball (a envolver o Sporting) ou o Mala Ciao (a envolver o Benfica), adianta o CM.
Segundo o Correio da Manhã esta decisão do Tribunal da Relação é datada de 11 de julho de 2018 mas a hierarquia do Ministério Público nada fez ainda, uma vez que Paulo Óscar continua em funções no único tribunal da cidade do Porto em que se discutem os casos de criminalidade mais importante como a corrupção desportiva. Perante este cenário, os casos Cashball ou Mala Ciao podem vir a passar pelas mãos do procurador condenado pelo Tribunal da Relação de abuso de poder em benefício de pessoas ligadas ao F.C. Porto.
De acordo com a decisão do Tribunal da Relação a que o Correio da Manhã teve acesso, ficou provado que Paulo Óscar começou por pressionar um arguido de um processo em que não era titular nas instalações do Tribunal de Instrução Criminal do Porto em abril de 2015. Segundo revela o CM, Paulo Óscar chamou ao seu gabinete um arguido que tinha uma queixa contra o chefe de segurança do F.C. Porto e aconselhou-o, na presença de dois advogados, a retirar a queixa, mesmo não sendo titular do processo em causa.
"No gabinete, o arguido [procurador] procurou que houvesse desistência da queixa mútua, com referência aos riscos que corria se viesse a ser condenado", pode ler-se no depoimento do advogado do queixoso, pensando que "estava a falar com o juiz de instrução" e que "achou estranho que tivesse ido pessoalmente ao corredor buscar as pessoas", acrescentam os juízes no acórdão.
Perante a rejeição da proposta de desistir da queixa, o mesmo procurador foi ao ginásio em Matosinhos onde o queixoso trabalhava acompanhado por dois funcionários do FC Porto para o convencer a desistir da queixa, continuam os juízes na decisão do Tribunal da Relação a que o Correio da Manhã teve acesso.
"O arguido [procurador] não podia deixar de saber que a sua ação, caso se concretizasse a desistência da queixa, redundaria em benefício de Eduardo Silva [chefe de segurança do FC Porto] que era representado pela irmão do seu amigo advogado que lhe pediu para intervir e que era prestador de serviços do clube de futebol onde trabalhava a pessoa que os pôs em contacto", dizem os juízes antes de concluir: "Não sabemos se o fez por favor desinteressado ou por causa das relações triangulares com o clube. O que nos parece claro é que actuou de forma ilícita, sabendo o que estava a fazer".
Em causa estava uma queixa contra Eduardo Silva, chefe de segurança do F.C. Porto, por agressão. O Correio da Manhã garante que havia gravações de vídeo que provavam a agressão que a vítima dizia ter sofrido e que mostravam Eduardo Silva como agressor.
Outro dado revelado pelo referido diário vai para a hostilidade com que Paulo Óscar se dirigiu ao queixoso uma vez que a vítima disse ao tribunal que quando foi abordado pelo procurador sentiu hostilidade na sua voz e que classificou a ocorrência como despropositada.

Paulo Óscar alega que não é funcionário do Estado
Como o crime de abuso de poder só é imputável a quem tem o estatuto de funcionário do Estado, a defesa do procurador acusado de abuso de poder alegou que um magistrado não está abrangido por tal situação e que não pode ser punido.

Procurador na Relação não quis alegar contra colega e não pediu qualquer pena
O procurador da República na Relação não fez alegações neste processo por entender que, tratando-se de um procurador, que se abstinha de tomar posição sobre a culpabilidade ou sobre uma eventual pena pelo crime de abuso de poder que lhe era imputado.

Procurador acusado de abuso de poder é presença assídua no Estádio do Dragão
Segundo escreve o jornal Correio da Manhã, Paulo Óscar é presença assídua nos jogos do F.C. Porto no Estádio do Dragão tendo como base esta informação a decisão do Tribunal da Relação. Os juízes desembargadores dizem ainda que Paulo Óscar presta colaboração voluntária em instituições particulares de solidariedade social e que muitos dos jogos que assiste estão relacionados com a ajuda aos jovens em dificuldade.

Juiz do Tribunal de Instrução Criminal com o processo não se apercebeu a acção de Paulo Óscar
De acordo com a informação veiculada pelo referido diário, o juiz do TIC que tinha o processo também foi ouvido, mas afirmou apenas que não se tinha apercebido da pressão feita ao queixoso, revelando depois que Paulo Óscar lhe disse que poderia haver um acordo no processo que envolvia os seguranças."


Outro caso antigo, onde o mesmo Procurador este envolvido:

"Procurador livra Pinto da Costa
"Condenação para Carolina Salgado, absolvição para Pinto da Costa. O procurador Paulo Óscar defendeu ontem, no Tribunal de S. João Novo, no Porto, que Carolina deve ser punida em quatro dos cinco processos em que é arguida. Já Pinto da Costa, segundo o Ministério Público, tem de ser absolvido das imputadas agressões à antiga companheira.

'Apesar das marcas de Carolina Salgado, não foi feita prova que tenha sido Pinto da Costa', sublinhou Paulo Óscar, nas alegações finais que ontem se iniciaram. Além do presidente do FC Porto, também Afonso Ribeiro – motorista do dirigente – e Nuno Santos estão acusados de bater em Carolina Salgado. No que se refere aos arguidos Ribeiro e Santos, o procurador revelou algumas dúvidas e deixou total apreciação ao colectivo de juízes.
Carolina não teve a mesma sorte. Paulo Óscar entende ter ficado provado que a ex-companheira de Pinto da Costa é culpada na difamação a Lourenço Pinto. 'Queria denegrir a imagem de um advogado reputado', disse o magistrado, apontando até que, quando a arguida relacionou Lourenço Pinto com as agressões a Ricardo Bexiga, tratou-se não de difamação, mas sim de 'denúncia caluniosa'. O MP vê razões para castigar Carolina pelos incêndios nos escritórios do dirigente e de Lourenço Pinto e ainda pela tentativa de agressão ao médico Fernando Póvoas. Também no processo de falsas declarações – no ‘caso da fruta’ – o MP entende haver crime. Paulo Óscar apenas não pediu a condenação de Carolina na alegada difamação a Pinto da Costa, quando acusou o dirigente de agressões.

'Tratou-a como mulher'
'Carolina Salgado atingiu a dignidade de Pinto da Costa, que a tratou como mulher, tomou conta dos seus filhos e até lhe deu uma casa.' Foi desta forma que Gil Moreira dos Santos discordou do procurador Paulo Óscar, por este não ter pedido a condenação de Carolina na difamação a Pinto da Costa.
O dirigente foi acusado pela ex--companheira de agressões e, apesar de Paulo Óscar ilibar Pinto da Costa da mesma situação, o procurador do MP não encontra razões para o crime de difamação. 
'Imputou factos que sabia que não eram verdadeiros. Em Novembro de 2006, disse que Pinto da Costa não lhe tinha tocado', continuou Moreira dos Santos, reclamando a punição de Carolina em todos os processos e a absolvição do presidente portista. O julgamento – que dura há quase um ano – continua a 28 de Maio, com alegações do advogado de Carolina."


PS1: Isto é gravíssimo... e é verídico, mas curiosamente, não merece Capas escandalosas!!! Nem tempo de antena nas televisões...
Como é que um caso como este só agora se tenha tornado público, depois da condenação... na Relação!!! Não houve 'toupeiras' para informar os mérdia?!!!
Mais, isto não é caso único, já houve condenações anteriores de outros funcionários públicos, com cargos de autoridade, que sofrem repentinamente de clubite aguda, sempre em benefício da mesma organização criminosa...
E no fim disto tudo, estas notícias não passam de notas de rodapé, que 48 horas depois, já ninguém se recorda!!!

E já agora como é que um Procurador condenado por estes crimes, continua a exercer a função, sem quaisquer limitações?!

PS2: Obrigado ao Papoila Saltitante pelo aviso.
As notícias têm sido tantas, e o tempo para actualizar o blog é cada vez menor... e assim, com a pressa 'confundi' as notícias... Agora, já está rectificado!!!

Benfica ganha e apresenta novos recursos

"A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD informa que o Tribunal Central Administrativo Sul (TCAS) deu provimento ao seu recurso sobre o castigo aplicado pelo Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) e Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) a propósito de um processo aberto por comentários na conta privada do Twitter “SL Benfica Press” revogando os castigos aplicados ao clube.
De realçar que no recurso apresentado a Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD tornou clara a diferença de tratamento e de decisão final, existente por parte do CD da FPF e TAD, sobre idênticas situações que envolveram outros clubes.
Informamos também que a Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD foi ontem notificada pelo Tribunal da Relação de Lisboa de que o seu recurso contra a sanção pecuniária aplicada pelo IPDJ pelo comportamento dos seus adeptos obteve integral provimento.
Por último, informamos que a Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD apresentará os competentes recursos junto do Pleno do Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol sobre os castigos aplicados ao jogador Lema e pela difusão de uma música no jogo realizado no Estádio da Luz no último fim de semana."

Lema do Benfica (sem Lema): 'E pluribus unum'

"Como é hábito, os clássicos raramente são grandes jogos, são antes encontros para ganhar (ou perder)

1. Manda o respeito pela cronologia, começar por assinalar a circunstância feliz de os três representantes portugueses na Europa terem vencido os seus jogos na mesma jornada. É obra, se pensarmos que situação idêntica só se havia verificado cinco vezes neste século! Para tal, os deuses estiveram connosco. Em Atenas, o Benfica foi verdadeiramente ciclotímico, passando de uma entrada fulgurante para uma saída pesarosa. Valeu Vlachodimos que se está a evidenciar como uma muito boa aquisição encarnada e Alfa que assinou o ómega do jogo, com uma cavalgada à moda antiga. Na cidade do Porto, valeu Casillas com uma belíssima exibição que evitou várias vezes o golo dos turcos. Na Ucrânia, perante um adversário bastante débil e de nome esquisito, o Sporting lá acordou de longa letargia, e com fortuna, depois dos 90 minutos. Em suma, fragilidades evidentes, mas proveitoso pecúlio que é bom para o ranking, ainda que seja muito difícil nos próximos tempos alcançarmos um lugar que dê direito automático de duas equipas entrarem directamente na liga milionária.

2. Passando ao nosso campeonato, verificou-se uma quase antinomia futebolística. FC Porto e Sporting perderam, Sp. Braga empatou e só o Benfica venceu. Numa perspectiva aritmética, o meu clube ganhou 8 pontos aos mais directos concorrentes, situação raríssima, mas saborosa.
Na Luz, o clássico. Passámos uma semana de comentários e análises que, maioritariamente, colocavam o SLB numa inferioridade quase inultrapassável. Ora porque ia atrás na classificação, ora porque Rui Vitória nunca ganhara ao FCP, ora porque não tinha defesas-centrais, ora porque o Estádio da Luz era o salão de festas dos portistas. Mesmo assim, fui para o nosso Estádio, desconfiado perante tão doutas sentenças. Desconfiado de que o Benfica iria ganhar. E assim foi. Venceu com natural dificuldade, mas bem e merecidamente. Foi a equipa que, sobretudo no segundo tempo, mais quis ganhar o jogo. Como é hábito, os clássicos raramente são grandes jogos, são antes encontros para ganhar (ou perder). O de domingo não fugiu à regra e teve poucos momentos de espectacularidade. Se exceptuarmos os primeiros quinze a vinte minutos, o Benfica conseguiu, psicologicamente, ultrapassar o anátema de jogar retraído perante os portistas. Ao invés, o Porto pareceu sempre muito timorato, como se na cabeça dos jogadores estivesse, desde o minuto zero, o objectivo de um empatezinho. Prova disso, é o sabidão Iker Casillas ter, desde o início, retardado sistematicamente a reposição da bola em jogo, como fazem amiúde as equipas pequeninas. Foi de tal modo flagrante que o árbitro se viu obrigado a mostrar-lhe o cartão amarelo aos 19 minutos (o costume em Portugal é ser exibido aos 90 minutos), sob pena de o ónus recair sobre o próprio juiz.
O (di)lema do adversário pareceu, implicitamente, confiar no Lema do Benfica. Digo isto baseado no que, à saciedade, ouvi e li de opiniões, comentários e desejos nos dias que antecederam o clássico. Ou porque Lema passou automaticamente a «lesma» antes sequer de alguma vez ter sido visto a jogar, ou porque depreciativamente o argentino tivesse vindo de uma equipa do meio da tabela (Belgrano). Afinal nada diferente de Pepe, Jorge Andrade e Rolando que passaram pelo Marítimo, Estrela da Amadora e Belenenses antes de se estabelecerem no FCP. E também me lembro de Chidozie que se estreou há uns anos na Luz e que até se safou bem (mas isso é a excepção boa, porque azul-e-branca...).
Felizmente, Lema jogou e bem. Não perdeu uma bola nas alturas, não tremeu, meteu Soares no bolso. No resto foi acompanhado por outro lema, o do Benfica, que todos os jogadores souberam interpretar com galhardia e tenacidade: E pluribus unum.
É claro que o sempre ufano e vaidoso Fábio Veríssimo haveria de lhe cortar uma estreia bastante positiva, obrigando o Benfica a jogar 12 minutos com menos um jogador. Que raio de critério andava na cabeça do árbitro, no que toca à (in)coerência das decisões de natureza disciplinar? Num jogo desta importância, não hesitou em mostrar o vermelho a Lema num lance que nada o justificava (assim indo ao encontro da fita do portista André Pereira), para, logo a seguir, deixar passar uma acção imprudentíssima de Herrera - também amarelado - sobre Rafa. Como é possível um árbitro internacional ser tão descaradamente enviesado e parcial? Aliás, disciplinarmente, foi assim todo o jogo. Grimaldo na sua primeira acção faltosa levou logo um amarelo. Mas, por exemplo, Otávio fez uma, duas, três, quatro faltas e só à quinta foi avisado gestualmente que era a última sem cartão.
Num ambiente empolgante e com um público (benfiquista e portista) dentro dos bons limites da civilidade, destaco alguns jogadores do Benfica. Começo por Rúben Dias - que, aqui, já referi com alguma preocupação por certos momentos de jogo - como um verdadeiro capitão. Força, posicionamento, fibra, carácter, até se deu ao luxo de não dar pretextos para um qualquer cartão que sempre é requerido a priori pelos adversários. Vlachodimos sempre sereno, foi quase mero espectador. Já espeta-dor foi o antes renegado Seferovic que trabalhou muito e não falhou no momento decisivo. Grimaldo está com a corda toda: deu para Marega e para pôr a cabeça de Maxi Pereira em molho. Gostei também de Gabriel, vê-se que tem futebol nos pés e cabeça no jogo. Rafa, este ano com excelente atitude, é um espoletador por via da rapidez, verticalidade e poder de finta.

3. O Estádio da Luz é um grande palco, onde quase sempre se ganha, mas nem sempre se pode vencer. Não é nenhum salão de festas alheio, como, por estes dias, ouvi e li, com sobranceria inusitada.
Mesmo assim, fui consultar a descrição de alguns salões de festa, e encontrei lá o «Espaço Pétala Vermelha». Vejamos a sua descrição publicitária: «Salão para passar momento agradáveis, especialmente recomendado para fins de tarde. Cozinha completa com churrasqueira. Bar sempre aberto sem custo adicional e oferta de chocolate suíço, iluminação decorativa, relvado para pista de dança, visão panorâmica para o aeroporto».
Qualquer semelhança é pura coincidência.

4. Mais uma corrida, mais uma paragem. O campeonato só volta lá para o fim do mês, com a mudança da hora. Até lá, os joguinhos da selecção, agora sem Cristiano Ronaldo - que se dá ao luxo de escolher os jogos que faz ou não faz, com a compreensão carinhosa do seleccionador - e uma eliminatória da Taça de Portugal para depenar franguinhos. Espero que, no Benfica, tal tempo sirva para dar o andamento necessário ao regressado Jonas, colocar o Krovinovic na grelha de partida para os jogos, aprimorar o momento do genial João Félix e - bem importante - fazer regressar o capitão Jardel ao eixo da defesa. Já agora, o que é feito de Ferreyra? Magoado, esquecido, decepcionado? E Zivkovic, um jogador que sabe, como poucos, aliar capacidade com utilidade?

Contraluz
- Emoção: os jogos de voleibol entre Benfica e Sporting são sempre empolgantes. Assim sucedeu no último campeonato, que os leões venceram por uma unha negra e agora no começo desta temporada, na Supertaça, que o Benfica venceu com o último set a terminar 36-34! Grande propaganda a esta rica e bela modalidade.
- Curiosidade: O Feirense. Ao fim de sete jornadas, coincidem neste clube a circunstância de ser a melhor defesa (3 golos) e... o pior ataque (4 golos). O que tem de bom e de mau esta situação? Será um reflexo do nível (ou falta dele) do nosso campeonato?
- Mistério: Novamente o VAR, desta vez em Braga. Última jogada que daria um penálti ao Rio Ave, mas da qual saiu, apenas, a expulsão do treinador prejudicado. Vá lá, admite-se a dúvida do árbitro em tempo real, mas visto na televisão é falta para grande penalidade em qualquer parte do mundo e em qualquer jogo. Que terá dito o VAR? Muito gostaria de saber o que inventou, quer dizer, o que disse ter visto sem ninguém mais ver...
- Incoerência: Cristiano Ronaldo está no olho do furacão. Não faço juízos sobre um caso que pode ensombrar a vida do nosso grande atleta e espero que, para seu bem, a situação lhe possa ter um final favorável. Mas não deixo de assinalar, a incoerência de tanta gente do Me too & Cª que, perante todos os casos até agora publicitados, logo sentenciaram, sem apelo nem agravo, contra os alegados violadores e se puseram ao lado das alegadas vitímas, boas ou más filhas da sociedade. Agora, neste caso embaraçoso e por cá, especialistas do «protesto de género» apenas balbuciam que, afinal, a rapariga de Las Vegas até pode ser uma prostituta. E eu pergunto: as prostitutas podem ser violadas?"

Bagão Félix, in A Bola

Pelo direito ao Coliseu

"Sérgio Conceição tem razão muitas vezes, mas errou quando, há um par de semanas, após uma exibição sofrível no Dragão, se insurgiu com os adeptos que estavam descontentes com o nível exibicional do FC Porto. Para o treinador, quem quer espectáculo devia dirigir-se ao Coliseu ou ao Teatro Sá da Bandeira. Não é nova esta dicotomia entre vencer ou oferecer espectáculo, como se fosse necessário escolher entre as duas. Claro está que todos os adeptos preferem vencer com um futebol medíocre, a perder com nota artística. Em todo o caso, nada impede que se concilie bom futebol com vitórias e, além do mais, quem melhor joga é, também, quem mais próximo fica de vencer, nomeadamente em competições longas.
Regresso a domingo, ao Estádio da Luz. Como todos os outros benfiquistas que se sentaram nas bancadas, não troco a vitória justa frente ao Porto por nada. Mas como, entre bilhetes de época para a família e subscrição da Sport TV, gasto bom dinheiro em futebol, tenho direito a exigir também espectáculo. Não só o futebol praticado no clássico foi pobre, como corresponde a uma trajectória de empobrecimento do jogar dos três grandes que deve ser motivo de reflexão.
Recorro, uma vez mais, ao excelente GoalPoint para dar conta do que se passou: um número risível de remates enquadrados (dois para o Benfica, um para o Porto); níveis negativos de eficácia nos passes verticais (42% e 38% e, no total, 221 passes falhados!), jogo muito físico (44 faltas) e recorde do ano em partidas da Liga para duelos aéreos (66) – o que constitui novo máximo, a larga distância, em clássicos desde que há registos. Na ressaca do jogo, na sua conta de Twitter, o analista do GoalPoint, Hernâni Ribeiro, traçava um paralelo com o que, praticamente à mesma hora, se havia passado no Liverpool-Man. City. Os 23 duelos aéreos do clássico inglês contrastavam com os 66 do Benfica-FC Porto. Pode, assim, concluir-se que enquanto uns abandonam o ‘kick and rush’, noutras paragens esta opção faz escola.
Estes indicadores podiam ser apenas uma curiosidade estatística. Temo bem que sejam mais do que isso: o resultadismo está a instalar-se no campeonato português e as explicações são várias.
Desde logo, um clima adversativo que reduz a propensão ao risco. Nos clássicos, os três grandes têm como prioridade anular o adversário e só atacam pela certa. Depois, uma diminuição evidente da qualidade individual dos protagonistas. Num passado recente, passaram por Portugal jogadores de topo. Hoje, há bastante qualidade nos plantéis do Benfica e do Porto. Contudo, já não há nem James, Falcao, Hulk ou Moutinho, de um lado, e Di María, Witsel, Gaitán ou Matic, do outro. Finalmente, no que é decisivo, os treinadores do Benfica e do Porto, se bem que com ideias muito diferentes, sacrificam uma ideia de jogo colectiva e associativa à eficácia. Nós, adeptos, não nos devemos conformar com isto."

Cadomblé do Vata (tauromaquia!!!)

"Analisando sem filtros a actual relação do futebol português para com o SLBenfica, apetece plagiar com tradução literal o estofador do filme "La Vitta é Bella", a quem Guido tenta sucessivamente roubar o chapéu: "vivemos tempos brutos... mas brutos, brutos". Há um vírus tal de falta de respeito para o com o Maior Clube Português, que a resposta a dar nunca pode ser baseada na hipocrisia. Para "tempos brutos" exigem-se acções "brutas e meio", sem medo de cruzar a linha limite dos princípios e valores. Não vale a pena andarmos com paninhos quentes a combater nevões incessantes de gelo. Se queremos limpar a estrada em direcção ao Marquês, temos que afiar bem o gume do limpa neves. 
A histeria colectiva é difícil de controlar, mas não é nada que dois chapadões nas ventas e um grito de "acorda fodasse" não resolvam. Leio no meio Benfiquista, que no final do SLB - FCP ocorreu um crime lesa pátria, quando nos altifalantes do estádio do "visitante do Dragão" cujo emblema aparece em tamanho mínimo nos grafismos da Sporting TV, passou um "Paso Doble" tauromáquico. Ao que consta, foi um profundo desrespeito pelo clube cujos dirigentes andam há mais de 30 anos a tentar acabar com o Sport Lisboa e Benfica, com o sucesso que se conhece... com um palmarés carregado de Supertaças até aos dentes, foram o clube mais titulado do país durante 3 anos... permitam-me fazer daqui uma vénia reverente e oiçam com atenção a minha salva de palmas. "Sandes" grandes c'um carago... com presunto e queijo,se faz favor.
Por muito que tente, não consigo ver onde está o desrespeito. Admitia tal suposição se os canalhas não tivessem sido avisados, mas segundo me disseram, houve uma troca de emails entre LFV e o técnico de som na semana antes do clássico, portanto no Dragão já todos sabiam o que se ia passar. Não minto, obviamente que temo as consequências de tal acto e estou até já preparado para ver o IPDJ condenar o SLB a 2 jogos de altifalante da Luz fechado. Têm é que mandar a intimação por correio porque LFV está sem telefones e meios de acesso à internet.
Tenho perfeita consciência que nada do que aqui escrevi ajudará a demover os mais fanáticos dos valores Gloriosos a guarda-los momentaneamente em modo hermético numa gaveta lá de casa. Era algo que tinha claro em mim quando iniciei esta pequena cruzada. Felizmente, no momento em que assumi o cargo de Cavaleiro Anti-Hipocrisia lembrei-me de nomear alguns fiéis escudeiros para comigo embarcarem nesta Cruzada. Peço-vos portanto o favor de contactarem com eles nos próximos dias... é uma questão de ler o Correio da Manhã, ver o Universo Porto e dar uns saltinhos à Sporting TV. Eles lá estarão para vos mostrar que o Paso Doble só peca por defeito... um par de bandarilhas no lombo de cada um é que era perfeito."

Esclarecimento...

"A Procuradoria-Geral da República (PGR) negou esta terça-feira, em comunicado, que o presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira, seja arguido no chamado caso dos emails, em que se investigam crimes de corrupção desportiva, como hoje foi avançado no Correio da Manhã.
“Ao abrigo do disposto no art.º 86.º, n.º 13, alínea b) do Código de Processo Penal, e na sequência de notícia vinda a público relacionada com o designado “processos dos emails”, esclarece-se: Neste momento, o referido inquérito tem um arguido constituído, não sendo nenhuma das pessoas mencionadas na notícia”, esclarece a PGR."