quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Foi à sétima!...

"Quando Vitória aceitar que para o universo benfiquista a derrota colide com a história e grandeza do clube, estará encontrado o Ferguson que Vieira deseja ver nele

Rui Vitória pediu respeito, mas não se trata de menor respeito ou de ver as coisas pelo ângulo que mais convém a quem notícia ou crítica. É, sim, a realidade crua e nua e a dificuldade que o treinador do Benfica sente em lidar com ela. Seja quem for, aliás, porque o defeito é generalizado e os discursos, ora exaltados, ora sonolentos, primam pela vulgaridade, do primeiro ao último lugar da classificação. Não nascem Mourinhos, Jesus ou Klopps todos os dias, cada qual ao seu jeito, mas com especial aptidão para animarem os encontros com os jornalistas e enriquecerem o espectáculo.
Irritou-se Vitória na antevisão do clássico. Aliviou o espírito e ficou com as ideias mais arejadas para preparar um jogo que não seria apenas mais um. Tinha um significado muito especial apesar do seu carácter não decisivo como Sérgio Conceição teve o cuidado de sublinhar. E não foi por acaso que o fez. Protegeu-se e antecipou a reacção em caso de fracasso, como se verificou: deu os parabéns ao árbitro, jurou vitórias até ao fim e seguiu em frente, até à próxima estação. Depois se verá...
Investiu nesta estratégia comunicacional porque tinha margem de manobra (que já não tem), margem essa que faltava a Vitória, exactamente pela crueldade estatística de três empates e três derrotas nos jogos com o dragão enquanto treinador do Benfica. Faltava-lhe um triunfo como este, mas à sétima tentativa foi premiado. Faltava-lhe ultrapassar esta barreira de dúvidas e, de algum modo, fazer as pazes com os desiludidos adeptos pelo que aconteceu na última temporada em que o penta se esvaiu na sequência de derrota sofrida na Luz, precisamente diante do mesmo dragão em que à águia faltou a competência competitiva que anteontem revelou.
Os treinadores lidam mal com os reparos que lhe dirigem e Vitória não é diferente. Nenhum problema se vislumbra, no entanto, desde que se convença, que, em nível de exigência tão elevado, não faz sentido tenta desculpar cada derrota com vitórias passadas, porque para o universo benfiquista a palavra derrota colide com a história e a grandeza do clube, é como se não existisse.
Quando Rui Vitória compreender e aceitar essa certeza, quando os «triunfos à Benfica», como ele proclamou, deixarem de ser a excepção e voltarem a ser a regra e quando decretar no seu imaginário livro de leis e proibição de perder e a consequente responsabilização de quem não observar a norma, então estará encontrado o Fergunson que Luís Filipe Vieira deseja ver nele para consolidar o seu projecto futebolístico e, definitivamente, lançar o Benfica do futuro.
(...)"

Fernando Guerra, in A Bola

1 comentário:

  1. Tretas! Para alguns treinadores há boa imprensa porque são pagos para isso e outros como não alimentam as sanguessugas são perseguidos!

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