sexta-feira, 8 de junho de 2018

É ouro!

"Ederson, Oblak, João Cancelo, Nélson Semedo, Lindelof, Rúben Dias, Bruno Gaspar, Mário Rui, Danilo, Renato Sanches, André Gomes, Bernardo Silva, Rony Lopes, André Horta, João Carvalho, Diogo Gonçalves, Gonçalo Guedes, Nélson Oliveira, Ivan Cavaleiro e Hélder Costa. Eis 20 jogadores formados, total ou parcialmente, no Seixal. Constituíam, sem dúvida, um excelente plantel, ao qual, em breve, poderiam ser acrescentados nomes como João Félix, Embaló, João Filipe, Ferro, Heriberto, Gedson, Florentino ou José Gomes.
Dos jogadores referidos, alguns estão na equipa principal, outros, há que dizê-lo, foram subraproveitados, houve também quem não cumprisse o destino que prometia, mas a maioria rendeu receitas milionárias. Daquele lote, as vendas ascenderam, seguramente, a mais de 200 milhões de euros. Em meia dúzia de anos.
Há duas formas de rentabilizar uma academia de formação: colocar jogadores na equipa principal a baixo custo, ou vendê-los no mercado por milhões. Num contexto totalmente mercantilizado, é muito difícil a um clube de um país periférico segurar talentos a quem outras ligas acenam com salários incomparavelmente maiores. Nesse sentido, o Benfica tem sido 'forçado' a optar pela segunda hipótese. Todos gostaríamos de ver mais alguns destes jovens na equipa A. Mas o mundo é o que é, e não aquilo que gostaríamos que fosse. E quem gere não o pode fazer com sentimentalismos.
Somos campeões de juniores, estamos a um empate do título de iniciados, e também na liderança do campeonato de juvenis. Colocamos inúmeros jogadores nas selecções jovens. O futuro continua a passar por aqui."

Luís Fialho, in O Benfica

O futuro

"Na próxima segunda-feira à noite, no Pavilhão Fidelidade, realiza-se uma importantíssima Assembleia Geral do Sport Lisboa e Benfica. Será para deliberar sobre o orçamento ordinário de exploração, o orçamento de investimentos e o plano de actividades, elaborados pela Direcção, para o exercício de 2018/19.
Os documentos já estão disponíveis, e uma leitura atenta permite encarar o futuro com a máxima confiança. Os pressupostos do orçamento são encorajadores - reforço contínuo do investimento na competitividade das modalidades e no eclectismo do Clube, aposta do futebol feminino, aumento das receitas do futebol de formação, crescimento das receitas de exploração do merchandising e crescimento das receitas de quotização. A principal preocupação do presidente Luís Filipe Vieira é o reforço do papel do Sócio como principal activo do SL Benfica. Como?
Através do lançamento da Solução Família e do Sócio Sub-23. Estas duas modalidades permitirão às famílias descontos significativos na inscrição de vários membros do mesmo agregado familiar. Apesar de estarmos a viver a melhor década de sempre, ao nível das conquistas desportivas, Luís Filipe Vieira faz questão de sublinhar a importância da coesão financeira, recusando enveredar por caminhos tortuosos, assentes num populismo irresponsável e de consequências graves para o futuro de qualquer instituição com a grandeza da nossa. Consciente das circunstâncias e da ambição que se impõe, o Presidente e a sua equipa estão a preparar a próxima época desportiva com a firme determinação em dar continuidade ao ciclo virtuoso de vitórias dos últimos anos."

Pedro Guerra, in O Benfica

"DMC"

"É por esta sigla que internamente, na Fundação, conhecemos o Dia Mundial da Criança. Bem se entende que o volume de comunicações e pedidos é de tal ordem, que o pragmatismo se encarregou de rebaptizar o dia com a sigla das suas iniciais para faciialitar trabalho. Por isso, uns meses antes, o DMC marca fez nas conversas e reuniões, a ressuscitar a preocupação anual de garantir espaço para mais e mais crianças e a antecipar a respectiva trabalhadeira. Escusado será dizer que este é um dos eventos que mais gostamos de organizar, seja pelo significado do dia, seja pela abrangência nacional, seja, acima de tudo, pela barrigada de sorrisos que de lá virá...

Uma coisa é certa: por mais que se prepare a coisa ou que se alargue o número de participantes, é sempre de arrasar a semana anterior e nunca conseguimos o pleno de satisfazer todos os pedidos. Isto apesar da colaboração extremosa dos vários departamentos do Clube que, bem vistas as coisas, já organizavam o Dia Mundial da Criança ainda nem havia Fundação, mas que agora são solicitados a colaborar como nunca e mostram-se à altura do desafio, como sempre!
Finalmente lá chega o DMC, a encher tudo o que é espaço exterior, com insufláveis, projectos, experiências e sintético, com futebol e pavilhões, com estações de experimentação de modalidades e arquibancadas, com os valores do KidFun e mais actividades. E bancadas a encher com crianças e mais crianças à espera que surja a águia Vitória numa explosão de confetti e alegria como só as crianças sabem ter.

É talvez por isto que tantos adultos participam no DMC, lembrando nos sorrisos que veem a criança que foram e que, no fundo, fica lá sempre para a vida!"

Jorge Miranda, in O Benfica

Como os mais reles ditadores

"Enquanto ao fundo do Campo Grande prossegue a rodagem daquele 'filme de terror', com múltiplas e movimentadíssimas cenas de acção, em interiores e em diversos locais ao ar livre, tanto em Portugal como, agora, até já no estrangeiro, tendo como protagonista o inenarrável actor que se habituou a fazer de maluco, em Campanhã, o principal personagem - inebriado por um mero brilharete de todo inesperado que lhe terá conferido a sensação de que o tempo voltava para trás - já começou a escrever a inevitável novela da sucessão. Na verdade, se, num primeiro assomo de bom senso, este parecesse dar razão às inexoráveis leis do 'rei do mundo', logo viria a recuar apressadamente, para esclarecer o seu pequeno universo regional quanto ao facto de que, também dali, ninguém o tira...
Esta conjuntural coincidência comportamental das duas figuras do mesmo métier agarradas ao poder, não deixa de ser muito interessante. Um é, sabe-se, manifestamente incontinente e desbragado: o outro, todavia, sempre se revelou mais habilidoso e mais obscuro. O primeiro é básico, primário e descomedido; o segundo é experiente, dissimulado, maquiavélico. Em princípio, na vida tudo os afastaria um do outro.
Porém, desde que um dia resolveram ajuntar-se num espúrio acasalamento 'contra natura', nunca mais ninguém separaria aquilo que o desígnio comum, afina, determinara reunir. Então, por isso mesmo, muito bem um para o outro: na defesa das manhas, na desfaçatez dos procedimentos e dos argumentários, a que não faltam ameaças nem a violência usada sob os métodos mais diversos e, sobretudo, por fim, na total (embora) dissimulada repulsa quanto às valências e virtudes da democracia.
Os dois, de um maneira ou de outra, agarraram-se ao poder, acastelaram-se nos seus próprios bastiões, estruturam mesmo os seus magotes-de-mão e criaram as suas próprias ficções. Mentiras atrás de mentiras e embustes sobre embustes no interior dos seus pequenos mundos e calúnias, vitupérios e volúpia de corrupção sobre os contrários. Nem um, nem outro, estão disponíveis para partilhar seja o que for, nos modelos que escolheram; detestam auditorias e actos eleitorais. Odeiam e invejam o Benfica.
Julgam-se eternos. Mas, ambos, como os mais reles ditadores, só hão de passar à história como gente sem carácter que nunca olhava a meios para atingir os tristes fins."

José Nuno Martins, in O Benfica

Sentido único

"(...) Por isso, temos de restituir a voz aos associados. A voz que os cobardes temem.

Um misto de estupefacção, revolta a apreensão perpassa todo o universo leonino. E tudo por causa de meia dúzia de pessoas (sob direcção de Bruno de Carvalho) que teima em agarrar-se, desesperadamente, às rédeas do poder mesmo sabendo que a sua qualidade de dirigentes está a chegar ao fim. É uma questão de tempo, não tenhamos dúvidas. Claro está que o autismo de que se encontram afectados não lhes permite enxergar a falta de dignidade e de respeito que, paulatinamente, lhes invade as entranhas e o espírito. E acredite, caro leitor, que fico triste por assistir a um tal estado de degradação do género humano. Tudo o que há de mais grotesco e patético em matéria de dirigismo desportivo, vamos encontrar nesta gente que tudo inventa e manipula para se manter à custa do Sporting Clube de Portugal. Que escondem estes desesperados? O que os leva a rasgar Estatutos do Clube e as Leis da República, ameaçando, ao mesmo tempo, a autoridade dos Tribunais, a comunicação social, os órgãos sociais e os associados? Insanidade? Teimosia? Medo? Em Fevereiro de 2017, portanto, há mais de uma no, neste mesmo jornal, tive a oportunidade de enunciar 'O meu manifesto'. Escrevi, entre outras coisas, que era contra os populismos e as posturas popularuchas. Que era contra a grosseria, a boçalidade e a má educação. Que era contra a perseguição a antigos dirigentes. Que era contra a ofensa a associados apenas porque tinham exercido o direito à crítica. Que era contra a venda de ilusões com uma mão cheia de nada. Que era contra a manipulação da situação financeira do Clube. Que era contra o desperdício de activos de qualidade. E que era contra aquele que não sabia fazer a destrinça entre adepto e Presidente, não aprendendo sequer a saber estar. Que pena estes juizos só agora merecerem acolhimento. Seja como for, urge, nesta hora, focar a nessa atenção naquilo que, realmente, é importante: destituir o Conselho Directivo e promover a anulação de toda e qualquer deliberação que provenha de órgãos espúrios que são fruto de mentes doentias e perversas para quem a noção do ridículo não tem limites. A vergonha que, no momento, invade o universo leonino, a diferença entre o que é essencial e o que é secundário e a esperança no futuro que já tarda, obriga e aconselha a contenção quanto aos momentos eleitorais que acontecerão no seu devido tempo. O importante é a recuperação e regeneração dos princípios e valores que nos caracterizam. Por isso, temos de restituir a voz aos associados. A voz que os cobardes temem."

Abrantes Mendes, in A Bola

Um dia que pode trazer novidades

"O cerco a Bruno de Carvalho (BdC) intensifica-se a resistência do ainda presidente à inevitabilidade soa a desespero, numa lógica de terra queimada que está a hipotecar o futuro do Sporting.
As iniciativas que vão acabar por promover a mudança em Alvalade surgem de três frentes diversas: no plano financeiro, o congelamento do empréstimo obrigacionista deixa o clube e a SAD sem meios para fazer face às obrigações imediatas; na órbita jurídica, as providências cautelares entretanto interpostas fazem o seu caminho, que desembocará numa Assembleia Geral destitutiva e provavelmente em algo mais, já que não é de afastar a possibilidade de BdC vir a ser inabilitado, no âmbito de um processo disciplinar, de participar em futuros actos eleitorais; e na relação laboral, uma vez que depois das rescisões de Rui Patrício e Daniel Podence, hoje tornadas irreversíveis, são aguardadas, nas próximas horas, mais cartas de jogadores a cortar unilateralmente com o Sporting.
É a tempestade perfeita que se abate sobre BdC que, alheio à realidade, procura adiar o inevitável, deixando o Sporting, a cada dia que passa, em situação ainda mais dramática.
Neste contexto, se é possível imaginar um BdC a viver num universo paralelo onde tem a solução magica para todos os problemas da humanidade, tornar-se mais complicado compreender e desculpar aqueles que estando perto do ainda presidente do Sporting o empurram para o abismo.
Hoje - com tudo o que está para acontecer - poderá ser um dos dias mais relevantes desta via dolorosa dos adeptos do clube de Alvalade."

José Manuel Delgado, in A Bola

Imaginação e compreensão

"Imagine que há um clube no qual se demitiram a maioria dos órgãos sociais, com a Direcção a sobreviver presa por um - ou dois - elemento(s), conforme as interpretações.
Imagine que há um clube em que os jogadores da sua equipa profissional, equipa técnica e restante staff de apoio foram agredidos no seu local de trabalho e o presidente dessa instituição diz que o capitão de equipa foi um dos principais culpados do sucedido.
Imagine que há um clube no qual o presidente não foi à final da Taça de Portugal porque os titulares dos principais órgãos de soberania lhe fizeram críticas directas ou indirectas e os jogadores dessa instituição não queriam que ele estivesse sentado no banco.
Imagine que o capitão e maior símbolo da equipa de futebol apresenta o pedido de rescisão e, na carta justificativa, apresenta como argumento que não consegue trabalhar com o presidente.
Imagine que o treinador dessa equipa que nunca tinha saído de Portugal aceita um convite de um emblema duma potência futebolistica do calibre da Arábia Saudita porque já não aguenta trabalhar com esse presidente.
Imagine que o presidente da Mesa da Assembleia Geral desse clube marca uma assembleia geral destitutiva mas a Direcção diz que esta é ilegal e nomeia uma comissão transitória que agenda outras duas AG, mas lidos os estatutos de trás para a frente, da frente para trás, frente e verso, não está prevista.
Imagine que o segundo maior accionista da sociedade desportiva desse clube coloca acções para a destituição do presidente e, entretanto, um dos administradores nomeados pelos credores se demita.
Imagine que o presidente desse clube não se demite porque justifica que, acima de tudo, estão os superiores interesses do Sporting. Imaginar até pode imaginar, mas compreender... talvez seja mais difícil..."

Hugo Forte, in A Bola

Para a competição é medida adequada se tudo ficar como está

"Quase a terminar a época desportiva, não quero deixar de comentar alguns acontecimentos que marcaram a vida dos jogadores, de forma negativa, e que, como presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, acompanhei com especial preocupação, e dar nota pública da atuação do Sindicato na defesa da classe e da profissão que exercem.
Não posso deixar de destacar o ambiente de suspeição, que assumiu formas de generalização, sobre a conduta profissional dos jogadores, geralmente na forma de especulação sobre uma má prestação desportiva associada a práticas ilícitas em fenómenos marginais.
Preocupa-me, particularmente, que em muitos casos este ambiente de suspeição apareça na sequência de denúncias anónimas, prontamente noticiadas pela imprensa e exploradas do ponto de vista mediático, sem qualquer preocupação com a veracidade das fontes ou respeito pelo segredo de justiça.
Preocupam-me, ainda, as denúncias públicas feitas por alguns dirigentes, que em vez de tratarem internamente estes assuntos e lançarem mão do procedimento disciplinar, preferem expor e desvalorizar os seus activos.
Além dos danos para a imagem da competição, preocupam-me os danos pessoais e profissionais para os atletas visados, dificilmente reparáveis no contexto de uma profissão de desgaste rápido e curta duração.
Quero deixar claro que nesta matéria, independentemente dos clubes, dirigentes e adeptos gostarem ou não, o Sindicato tem feito o que lhe compete, como é sua obrigação: defender a honra, o bom-nome e a reputação dos jogadores.
Por um lado, tem disponibilizado todo o apoio aos jogadores visados em processos judiciais, no respeito escrupuloso da sua presunção de inocência, contribuindo para que tenham um processo justo e todos os seus direitos sejam defendidos; por outro, tem prestado toda a colaboração às autoridades para que sejam descobertos os verdadeiros fenómenos ilícitos e para que apenas sejam visados os verdadeiros prevaricadores.
Isto significa que o Sindicato não é tolerante ou conivente com qualquer fenómeno ilícito, que adultere a verdade desportiva ou ponha em causa a competição, mas antes que está ao lado da classe que representa e lhe confia a defesa dos seus legítimos interesses.
Lutamos sempre pela defesa do bom-nome da profissão! De forma a que as acções de uns não sejam vistas como uma conduta de todos, mas também pela declaração de inocência dos que são injustamente acusados e por uma decisão justa para os que são culpados.
Em todos os casos, defendemos a dignidade pessoal e profissional do jogador. Estivemos, estamos e estaremos sempre ao lado dos jogadores na defesa daqueles que forem os seus interesses e direitos.
A justiça deve funcionar de forma célere e exemplar, mas nos locais próprios e por quem a deve exercer.
Quero aqui recordar que a propósito do clima de suspeição que recaiu sobre os jogadores, os capitães de equipa dos clubes da 1.ª e 2.ª Ligas manifestaram ao Sindicato a vontade de tomar uma posição de força, o que levou a que promovêssemos reuniões com a FPF, com a Liga e com a Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, nas quais os mesmos manifestaram o seu descontentamento e frustração por cada acusação feita a um colega de profissão, na praça pública, sem qualquer possibilidade de defesa.
Na sequência destas posições, o Sindicato transmitiu de viva voz a sua preocupação com o escalar de violência aos responsáveis máximos do futebol português, exigindo respeito pela classe. Além disso, debateu com os seus interlocutores institucionais medidas para resolver um problema que, manifestamente, nenhuma instituição conseguiu, até à data, resolver.
No início da próxima época desportiva, o Sindicato e os capitães de equipa voltarão ao tema e, em face do que tem sucedido, ponderam uma toma de posição mais enérgica, não pondo de lado parar a competição, para que todos reflictam de forma séria sobre o futuro do futebol em Portugal.
Preocupa-nos muito a violência gratuita, sob diversas formas e em diferentes contextos: rixas entre adeptos, insultos e tentativas de agressão a agentes desportivos, danos materiais e invasão dos locais de trabalho, como sucedeu no centro de estágio do Vitória SC e na Academia de Alcochete.
Quero, aliás, realçar que os eventos de Guimarães e de Alcochete, de enorme impacto público, se destacam pelo sentimento de insegurança e temor gerado, pela quebra da confiança dos jogadores na capacidade da sua entidade empregadora para os resolver, pelo que importa, de imediato, prevenir que outros eventos da mesma natureza se repitam.
Como sempre foi apanágio deste Sindicato, sem prejuízo de tomadas de posição institucionais, a nossa intervenção no apoio aos jogadores resulta, sempre, a pedido dos mesmos.

Apoio aos jogadores do Sporting
Após a criminosa invasão da Academia de Alcochete e com muitos dos atletas ainda em estado de choque, o Sindicato foi chamado a intervir, visando numa primeira fase a articulação com as autoridades para a protecção policial aos jogadores.
Posteriormente, a 16 de maio, reunimo-nos com o plantel do Sporting Clube de Portugal. 
Procurámos, nesse momento particularmente difícil para os jogadores, que prevalecesse o sentido de responsabilidade, o diálogo e concertação. Actuámos com a maior reserva e evitámos especulações sobre qualquer decisão a tomar individualmente. Prova disso foi que, não obstante a enorme dificuldade e pelos motivos tornados públicos através do comunicado emitido nesse mesmo dia, o grupo decidiu ir a jogo na final da Taça de Portugal.
Desde esse momento e até à data, o Sindicato não teve manifestações públicas, não teceu qualquer comentário sobre as decisões, individualmente, tomadas pelos jogadores.
Infelizmente, existe uma lamentável tendência para menorizar a vontade dos jogadores e uma conveniente amnésia, em momentos de crise, dos direitos e garantias fundamentais que, enquanto trabalhadores, lhes são inalienáveis.
Aproveito para realçar que, não obstante todos sabermos que o processo de decisão de um atleta profissional implica a consulta de diferentes interlocutores, em especial o seu intermediário, não é aceitável a permanente insinuação de que os atletas não decidem por si, são instrumentalizados para adoptar determinados comportamentos e que não são responsáveis pelas suas escolhas.
O Sindicato não pactua com essa visão, separando claramente as matérias a abordar com o colectivo, da análise da situação individual de cada jogador e respeita, sempre, a sua decisão consciente e informada.
Para que fiquem esclarecidas quaisquer dúvidas, os jogadores do Sporting solicitaram o apoio do Sindicato, numa primeira fase, enquanto grupo, e, após a final da Taça de Portugal, individualmente, para obterem aconselhamento jurídico relativamente a um, eventual, procedimento de resolução do contrato de trabalho desportivo com justa causa.
O departamento jurídico do Sindicato, liderado neste processo pelo dr. Tiago Rodrigues Bastos, tem apoiado individualmente os jogadores do Sporting.
Como acima dissemos, independentemente de se gostar ou não, a nossa função é estar ao lado dos jogadores, sobretudo nos momentos mais difíceis, defendendo intransigentemente os seus direitos, avaliando os riscos e prestando a assessoria necessária no âmbito da relação jurídico-laboral.
Em conclusão, ao contrário do que alguns pretendem, o Sindicato estará sempre com os jogadores que, neste caso em concreto, têm mantido uma conduta irrepreensível e dignificado a classe dos profissionais de futebol.
Ainda sobre este caso, seria fácil tecer comentários, responder às centenas de solicitações dos media, alimentar exercícios de especulação. Seríamos, certamente, a entidade em melhores condições para o fazer. Porém, conscientes da nossa responsabilidade e atentos os interesses a preservar, vamos continuar a privilegiar a reserva e o apoio aos jogadores, aqueles que depositaram em nós toda a sua confiança.
Reitero, o nosso compromisso é com os jogadores!"

Planear o futuro

"Estamos a cerca de um mês do regresso das equipas aos trabalhos de preparação da nova temporada e o mercado de transferências deste verão já dá sinais de alguma agitação. Os clubes portugueses não são excepção neste ritmo de entradas e saídas. Além da escolha de novos treinadores em alguns casos, está em marcha o trabalho de planeamento dos plantéis para atacar a próxima época e, pelo que se tem visto nos últimos anos, esta etapa pode ter um peso importante na performance das equipas ao longo do ano.
A construção de um plantel equilibrado, com opções fiáveis para todas as posições, é sempre o objectivo primordial. Para os treinadores é fundamental terem um grupo capaz de dar resposta a um calendário exigente, com muitos jogos e várias provas. A máxima de dois jogadores por função costuma ser o ponto de partida. Mas, acima de tudo, o grande requisito é a qualidade, para que a equipa não se ressinta consoante as alterações que vão sendo feitas.
Para os dirigentes existe a necessidade de conseguirem receitas extraordinárias com a venda de jogadores e, em simultâneo, encontrarem novos activos para o grupo que está a ser composto. Ao mesmo tempo, surge a necessidade de tentar não enfraquecer a equipa e garantir que as entradas serão capazes de garantir o mesmo rendimento (ou até mais) dos elementos que partirem.
Neste aspecto, além de uma actuação rápida e certeira no mercado, há também que esperar pelo melhor momento para se efectuarem determinados negócios. Previamente, o trabalho de observação, no sentido de fazer detectar jogadores com potencial de rentabilização desportiva e financeira, é essencial para que se consiga incrementar o nível competitivo de uma equipa. E há ainda que contar com o aproveitamento de recursos existentes que, como vimos esta época no FC Porto, também pode ser decisivo.
Pelos lados do Dragão podemos constatar que as principais preocupações, de momento, estão na defesa. As saídas de quatro elementos do elenco da época passada (Ricardo Pereira, Diogo Dalot, Ivan Marcano e Diego Reyes) obrigam os dragões a terem de encontrar substitutos, pelo que é previsível que cheguem – ou regressem de empréstimo – dois laterais e dois defesas-centrais (o brasileiro João Pedro parece ser a primeira contratação).
Apostado em não cometer os mesmos erros do passado, o Benfica já colmatou as lacunas que o seu plantel pareceu evidenciar ao longo da última temporada e que acabaram por determinar um enfraquecimento da equipa de Rui Vitória. As águias garantiram um novo guarda-redes (Vlachodimos), um lateral-direito (Ebuehi), um defesa-central (Germán Conti) e dois avançados (Facundo Ferreyra e Nicolás Castillo). Para já, os encarnados parecem ter mais opções defensivas e juntam ainda mais poder de fogo ao ataque, e além do matador Jonas passam a ter dois novos avançados, que juntos apontaram 48 golos esta temporada que findou.
No Sporting, há ainda muitas incógnitas pela frente. Confirmada a saída de Jorge Jesus do comando técnico da equipa, terá de encontrar um novo timoneiro. Além disso, será necessário perceber com que jogadores irá o futuro treinador contar. Muitos atletas pretendem mudar de ares e isso pode obrigar os leões a uma reformulação profunda do seu plantel. O lateral Bruno Gaspar, assim como o central Marcelo e o extremo Raphinha, são apostas confirmadas. E os regressos de nomes como Matheus Pereira, Carlos Mané ou Francisco Geraldes podem ser uma realidade.
Com o Mundial à porta, os clubes não vão parar. Há que garantir as melhores armas para o próximo ano.

O momento de Cristiano
Depois de conquistar a sua 5.ª Liga dos Campeões na carreira, enriquecendo ainda mais o seu recheado palmarés, Cristiano Ronaldo está a prestes a participar no Mundial pela 4.ª vez. Para a nossa Selecção, o capitão será uma peça fundamental nas aspirações de chegar o mais longe possível. É um elemento que pode catapultar a equipa para um patamar mais alto. E a nível pessoal, numa altura em que se fala na saída do Real Madrid, é um momento de afirmação e uma oportunidade para mostrar que as qualidades estão intactas e tem ainda muito para dar.

Desafio para Marco Silva
Marco Silva tem um novo desafio na Premier League. Depois de ter treinado equipas que aspiravam apenas à manutenção naquele país, o Hull City e o Watford, segue-se agora um histórico do futebol inglês, o Everton. Com mais argumentos financeiros para lutar por um lugar na primeira metade da tabela e, quem sabe, conquistar uma vaga nas competições europeias do ano seguinte, o técnico português tem agora a missão de tentar fazer melhor do que o 8.º lugar alcançado pelo clube esta temporada. Aos 40 anos, a cotação do treinador está em alta.

O estado do leão
Num clube que ao longo da época mostrou ser competitivo e ter uma equipa capaz de jogar ‘olho no olho’ com grandes nomes como Barcelona, Juventus ou Atlético Madrid, toda a instabilidade que surgiu ao longo dos últimos meses no reino do leão assume contornos difíceis de decifrar por completo. O Sporting vive um momento conturbado e as soluções parecem não estar à vista. Jogadores rescindem, dirigentes demitem-se, a contestação aumenta, mas Bruno de Carvalho pretende continuar. No meio disto tudo, a nível desportivo, conseguirá a próxima época ser preparada nas melhores condições?"

Alegres dias do país triste

"No dia 20 de Junho de 2004, Lisboa fervia. Nós, na selecção nacional, vivíamos numa espécie de mundo dentro do mundo.

No dia 20 de Junho de 2004, Lisboa fervia. Nós, na selecção nacional, vivíamos numa espécie de mundo dentro do mundo. Uma bolha entre Alcochete e os estádios, a tranquilidade sem gente à nossa volta e a gente nas ruas, na festa incrível dos dias alegres do país triste. As coisas tinham começado mal, mas à saída do jogo da Grécia, no Porto, a mágoa que vivíamos da derrota inaugural foi lavada pelas pessoas que se empilhavam nos passeios aplaudindo o autocarro que tomou o caminho do aeroporto.
No regresso vínhamos todos, como escreveu um dia Vasco Lourenço. Todos e mais inteiros. Antes de toda aquela euforia que tomou conta dos adeptos de Portugal existia uma nuvem negra de dúvidas sobre a selecção. Lá dentro, a amizade. Uma amizade tão grande, tão alargada que ainda hoje, 14 anos depois, nos encontramos uns com os outros, procuramos saber uns dos outros, dedicamos tempo uns aos outros.
Aquilo que vivemos durante o Euro 2004 foi único! Nas vitórias e nas derrotas. Ganhámos todos; perdemos todos.
Contra a Espanha, nos minutos finais, no banco e em redor dele, ninguém conseguia ficar sentado. Uma excitação quase infantil de premonição. Uma confusão de notícias contraditórias vindas de Faro, onde a Grécia defrontava a Rússia: que a vitória portuguesa por 1-0 serviria para nós e para os espanhóis. Não, não servia. E nós, todos nós, aguentámos firme como se estivéssemos de mãos dadas. E estávamos mesmo. Continuamos de mãos dadas: no futebol e na vida."

Choque, corrupção e um toque de voodoo: assim se fez a receita do Haiti

"Em 1974 os haitianos apuraram-se pela primeira e única vez para o Mundial numa história que conta protagonistas improváveis e golos quebra recordes. É ler para crer

Se lhe perguntarem qual é a primeira coisa que lhe vem à cabeça quando dizem o nome Haiti, o mais provável é que a escolha seja entre o terrível terramoto de 2010 ou a prática do voodoo. Com algum grau de certeza, o futebol nem sequer andará perto da discussão. Falamos de um país com muito pouca história na modalidade, sem futebolistas de renome ou grandes troféus. Só que a história que existe, vale por muitas.
No Mundial de 1974, onde uma das mais míticas selecções de sempre, a Holanda do futebol total de Cruyff, foi derrotada na final pela anfitriã Alemanha, que contava com craques como Beckenbauer ou Muller, houve também espaço para o pequeno Haiti deixar a sua marca. Que começou com a qualificação inédita para a competição da FIFA.
Após a qualificação perdida no último jogo para o Mundial 1970, o regime ditatorial que governava o Haiti definiu o apuramento para a próxima edição como imperativo e tratou de tudo o fazer para o conseguir. O presidente era então "Baby Doc" Duvalier, filho de "Papa Doc", e um dos mais novos chefes de estado de sempre do alto dos seus 20 anos. Sob pressão intensa para liberalizar o regime, olhou para o futebol como forma de ganhar os mentes e corações do seu povo e tratou de investir. Com dinheiro fresco de um pacote financeiro de boa vontade internacional dos EUA, criou uma conta bancária especial para a federação, investiu num centro de treinos, num novo estádio e deu melhores condições aos jogadores.

Frenesim Sobrenatural
Os resultados começaram a aparecer e quando a CONCAF decidiu mudar as regras de apuramento para um mini campeonato em que todas as equipas jogavam entre si, os responsáveis viram a sua oportunidade. Por razões que nunca foram totalmente esclarecidas, decidiu-se que todos os jogos iam realizar-se no novo estádio Sylvio Cator em Port-au-Prince, capital haitiana, perante um público de 30 mil não se coibiu de criar um ambiente infernal e uma milícia pretoriana, os "Tonton Macoute", que faziam ameaças ao abrigo do regime.
Elementos que se juntaram todos para aquele que acabou por ser o jogo decisivo da fase de qualificação, contra Trindade e Tobago. Os haitianos ganharam por 2-1, num jogo em que quatro golos limpos foram inexplicavelmente anulados aos adversários, bruxos foram convocados para fazer feitiços voodoo nas bancadas e músicos especiais colocaram os adeptos num frenesim que, quem lá esteve, descreve quase como sobrenatural.
"As artes negras ajudaram o Haiti a ultrapassar-nos, não me podem dizer que aquele jogo foi justo e tratado por cima da mesa", acusou o avançado Steve David. Seja como for, após mais uma vitória contra a Guatemala, a histórica qualificação estava garantida, com o próprio "Baby Doc" a descer aos balneários para agradecer aos jogadores, classificando-os como heróis. Num ambiente de verdadeiro carnaval, a festa foi longa em Port-au-Prince.
Apesar dos atletas continuarem a ser amadores, o presidente deu-lhes seis meses só para se prepararem para o Mundial e a viagem para a Alemanha foi feita com a esperança. Eram os únicos, pois na imprensa foram descritos como não tendo genética para defender e oriundos de um país onde "as pessoas vinham de burro para se juntar a ver o jogo em ecrãs gigantes nos bairros de lata para capital."

Desfeiteado por Sanson
Clássica desconfiança ocidental que, ainda assim, não antevia nada de bom para o primeiro jogo contra a eterna candidata Itália que, entre outros, contava com Dino Zoff. O guardião vinha de 12 jogos a nível internacional sem sofrer um único golo e, recentemente, tinha sido capa da "Newsweek" como "O melhor do mundo." Mais fácil era saber quantos é que os haitianos iam sofrer.
Na primeira parte, nenhum, perante uns transalpinos cada vez mais frustrados. E depois, apareceu Emmanuel Sanson. Logo no início da segunda parte, o avançado foi lançado em profundidade pelo colega Philippe Vorbe e após ganhar em velocidade ao seu marcador, só tinha Zoff pela frente. Seguramente não podia ser desta? Foi, e com que classe. Bola para a frente, guarda-redes no chão e golo. Estava quebrado o recorde do italiano com o tento mais famoso da história do Haiti, para choque de todos os que estavam a ver. A equipa até acabou por perder 3-1, mas disso, como acontece nestes casos, ninguém se recorda.
Se este jogo encheu a nação de orgulho o segundo redundou numa derrota por 7-0 frente à Polónia "que podia ter sido por mais", segundo Philippe Vorbe, e acabou com as hipóteses de apuramento para a fase seguinte. A partida com a Argentina acabou com novo golo de Sanson (num belo remate de longe) e nova derrota, desta feita por 4-1. O importante já estava feito.

Os jogadores foram acolhidos como heróis no país, que nunca voltou a repetir o feito e viu 20 mil pessoas a despedirem-se de Sanson em 2008, outra vez no estádio Sylvio Cator, como o marcador do "golo que humilhou Dino Zoff", com honras de emissão em directo na televisão para um país parado. Bastou um remate para a história."

Agora, sim o Mundial

"Discurso de Fernando Santos é garantia de que Portugal está no bom caminho

Terminada a fase de experiências públicas, Fernando Santos tem agora uma semana para preparar em sossego o jogo com a Espanha, abertura do enigmático Grupo B, confronto de candidatos a seguir, além da fase de grupos, quando nem sequer se fará nesta altura uma ideia maturada sobre os benefícios do primeiro lugar. Se a lógica o continuar a sê-lo depois de disputados os confrontos do Grupo A, a escolha será entre defrontar o Uruguai, adversário forte, ou a Rússia, oponente mais fraco mas anfitrião, com as implicações associadas, desde o apoio do público à importância para o negócio de deixar para trás demasiado cedo a equipa da casa.
Sendo o importante ajuizar o que foi dado ver aos portugueses nos últimos desafios de preparação, é claro o processo evolutivo no capítulo da concentração, afinal de contas o mais importante quando não há impedimentos, pois jogar a bola sabem todos de sobra. A tareia encaixada com a Holanda (0-3) em Março foi parcialmente assustadora, mas esse era um tempo de pensar noutras coisas, os compromissos dos clubes eram mais importantes. Quando o foco de todos - transferências à parte - se virou para a Selecção, os três jogos recentes revelaram o acerto esperado ainda que a prestações. A Tunísia serviu para mostrar alguma descompressão já fora de tempo e erros preocupantes por serem incomuns. O empate com a Bélgica repôs os valores básicos do rigor, ficando o ataque à espera de Ronaldo. Ontem, viu-se que o caminho está a ser percorrido a passo firme. A sobriedade e clareza do discurso de Fernando Santos é disso o melhor garante."

Boa sorte, ‘Lucho’

"Luis Suárez foi um cromo incontornável no Mundial de há quatro anos. A imagem da mordidela em Chiellini foi aquela que mais perdurou no planeta mediático, até mais do que a mão diabólica de 2010 contra o Gana. De facto, a dentada tornou-se viral em toda a parte e acabou por o queimar, inclusivamente no retardamento da sua estreia pelo Barcelona, o clube por quem assinou depois de uma época em que jogou uma barbaridade pelo Liverpool.
Acreditem, porém, que não foi o incidente com o defesa italiano que mais me impressionou, ou aquele que ficou mais vincado nas memórias da Celeste no Mundial do Brasil. Isto porque ainda hoje tenho uma veneração muito particular pelos dois golos estrondosos que marcou na Arena Corinthians à Inglaterra, na baliza de Joe Hart.
Honestamente, não sei eleger qual foi o melhor deles, mas sei que ambos foram celebrados por ‘Lucho’ com uma emoção inacreditável, muito pela recuperação que ele fez em tempo recorde da cirurgia ao joelho, um mês antes. Um mês! E lembram-se a quem ele foi dedicar, não se lembram? 
Era muito cedo fazê-lo jogar com a Costa Rica na primeira jornada. E também por não o terem em campo acabaram por perder contra os Ticos. O atacante messiânico tinha de voltar no jogo seguinte e fê-lo de uma maneira bem impressionante, com a Inglaterra. Isso, sim, é uma história “daquelas”, mas que acabou meio abafada pelo momento de insanidade com ‘Chiello’.
Ou seja, Luis Suárez, agora na Rússia, vai fazer algo que não teve possibilidade de fazer há quatro anos: começar o torneio logo no seu exórdio. Será em Ekaterimburgo, contra o Egipto, que, por sua vez, talvez não tenha Salah disponível para a estreia por causa da maldita lesão no ombro, resultante da projecção de Ramos em Kiev.
Tenho um carinho especial por Tabárez e é com muita admiração que o vejo no banco do Uruguai. Se os ‘charrúas’ têm a identidade de futebol que têm, devem-na ao longo trabalho do “Maestro’ na Celeste. Mas estes são tempos de mudança, em que o seleccionador também se preocupou em juntar centrocampistas que tivessem melhor controlo de bola que anteriores titulares como Diego Pérez, Arévalo Ríos, Álvaro González ou o simbólico Pablo García.
Hoje, Bentancur põe logo outro perfume e Torreira, craque da Sampdoria nas últimas duas épocas, é uma formiguinha já comparada a Verratti, também pela associação rápida ao passado comum no Pescara. Torreira pode não tirar logo o lugar a Vecino, médio mais físico do Inter, mas ter ficado à frente de Valverde na convocatória já é indicativo da fasquia que ele pode vir a estabelecer.
Há boas sensações no futebol uruguaio. E esta ideia de ver médios mais esclarecidos na linha de quatro unidades também faz com que Cavani não tenha de fazer tantas vezes os movimentos de recuo que eram típicos de Forlán na coexistência com Suárez. Cavani não é segundo-avançado, mas vai ter de os fazer e isso limita-o.
Mas tudo o que puder servir para que o atacante do PSG não tenha de insistir em demasia nas deslocações para zonas exteriores, vai beneficiar a equipa. Suárez e Cavani devem estar perto da baliza e é na aproximação da grande área que a bola lhes deve chegar. Com melhores médios a gerar uma boa circulação de bola até ao ataque, a bola já poderá chegar mais finalizável para os dois predadores da frente."

Causa justa + Prova = Justa causa


"Na opção pela resolução contratual, o praticante desportivo deve pois ter presente o ónus probatório que sobre si recairá ao nível dos factos constitutivos da justa causa.

Logo após os incidentes na academia de Alcochete, ouviram-se vozes de uma possível resolução contratual promovida pelos jogadores e equipa técnica de futebol profissional do Sporting Clube de Portugal, com fundamento na alegada violação de deveres de segurança. Sabemos já que alguns jogadores tomaram tal opção.
Numa reflexão mais geral e abstracta, importa, desde logo, recordar que o contrato de trabalho desportivo é um regime especial face ao regime do contrato individual de trabalho. Esta especialidade implica prudência na combinação de ambos, já que os princípios e objectivos que num se visam assegurar podem ser diametralmente opostos aos do outro.
Na resolução com justa causa, enquanto no contrato de trabalho típico a possibilidade de desvinculação por parte do trabalhador é, em regra, livre, obrigando apenas a um aviso prévio, no contrato de trabalho desportivo – e salvo estipulação de uma cláusula de rescisão – o praticante desportivo não pode desvincular-se livremente e encontra-se, em princípio, obrigado a cumprir o contrato.
Visa-se a criação de condições para o desenvolvimento da competição, num ambiente “controlado” do ponto de vista da concorrência e da especulação, o que é aliás traço típico do conjunto regulatório do contrato de trabalho desportivo.
De acordo com o regime do contrato de trabalho desportivo, só constitui justa causa “o incumprimento contratual grave e culposo que torne praticamente impossível a subsistência da relação laboral desportiva”. Trata-se de um conceito mais exigente do que o previsto no Código do Trabalho. Exige-se uma culpa grave, um comportamento especialmente censurável que torne impossível a subsistência da relação de trabalho desportiva. Excluem-se assim comportamentos negligentes, com exceção, porventura, de casos de negligência manifestamente grosseira.
Ao contrário do que sucede no Código do Trabalho (em que o legislador exige diferentes graus de censurabilidade ou “gravidade” da conduta, consoante a resolução seja promovida pelo trabalhador ou pelo empregador), no caso do contrato de trabalho desportivo, a intensidade deste juízo de censurabilidade é exactamente igual, independentemente de provir do clube ou do praticante.
A conduta, para além de especialmente grave, deve ser também imputável ao empregador (clube) ou ao praticante desportivo. Esta pode não ser tarefa simples. É que, não existindo uma presunção de culpa susceptível de inverter o ónus da prova, caberá ao praticante desportivo a prova dos factos constitutivos da justa causa. No caso da violação de deveres de segurança, caberá ao interessado a prova de que os factos ocorridos resultaram da grave e culposa violação de regras de segurança pelo clube, os quais tornaram “impossível” a subsistência do contrato.
Na eventualidade de vir a ser considerada a inexistência de justa causa, tal poderá até significar a fixação de uma indemnização tendente ao ressarcimento pelo praticante desportivo dos danos causados ao clube em consequência da resolução. Importa ter presente que o activo de uma SAD assenta na sua estrutura, jogadores e equipa técnica, em torno dos quais orbitam elementos essenciais à vida da SAD (financiamentos, garantias, receitas de imagem, marcas, merchandising, etc.). 
Independentemente das coberturas ou garantias contratuais que o praticante desportivo consiga obter, em última instância será ele o responsável pela potencial ilicitude da ruptura. Na eventualidade de resolução unilateral e sem justa causa por parte de um praticante desportivo, presume-se que o seu novo clube, a existir, interveio na cessação, estabelecendo-se um regime de solidariedade no pagamento da indemnização que seja devida ao clube anterior pela cessação ilícita. Neste campo, importa também não esquecer os potenciais efeitos do não reconhecimento da justa causa no processo de desvinculação desportiva de um praticante e as limitações daí decorrentes ao nível da participação em competições profissionais.
Na opção pela resolução contratual, o praticante desportivo deve pois ter presente o ónus probatório que sobre si recairá ao nível dos factos constitutivos da justa causa: a violação grave e culposa, imputável ao clube e que determine, no imediato, a impossibilidade prática da manutenção do contrato."


Benfica resolve, Sporting adia

"O Benfica tem aproveitado o alarido nacional em volta da dramática crise do seu vizinho rival para ir reforçando o seu plantel. Tem-no feito de forma discreta, sem grandes luzes da ribalta, mas de uma forma significativa e, enfim, com qualidade e com critério.
Ficarão satisfeitos, os benfiquistas, por saberem que o clube mudou de política desportiva e de rumo; e apenas, pelo menos os mais atentos, entenderão que esta mudança peca por tardia e que a ter acontecido uns meses antes poderia ter proporcionado, ao clube, o ambicionado penta.
FC Porto e Benfica preparam-se, pois, para uma nova época empolgante e de acesa discussão do título. Não me parece, entretanto, que o Sporting possa estar em condições de fazer o que tem feito nos últimos anos, ou seja, fazer parte do grupo dos comandantes. Arrasado por um terramoto que ameaça não deixar pedra sobre pedra da estrutura de Alvalade, o futuro leonino é negro e mais preocupante em cada dia que passa.
Aliás, a informação passada ontem por Bruno de Carvalho, no sentido de que não se demite, nem se demitirá, é uma não notícia, uma vez que todos, apoiantes e opositores, esperavam que assim fosse. Sozinho contra o mundo, eventualmente crente na sua condição de divindade, o homem que se tornou no problema principal do Sporting só sairá da cadeira que ocupa ou pela força dos votos, ou pela asfixia económica da sociedade que gere, ou, então, por força da decisão judicial.
Nota Final - A Selecção Nacional foi recebida no Palácio de Belém pelo Presidente da República. Ele é o primeiro adepto da equipa de todos nós."

Vítor Serpa, in A Bola

Loucura... troglodita!

"BdC: o poder segundo Maquiavel. E fim da picada em ilegalidades/rebaldaria!

No fundo?! Híper problemão sportinguista: cada dia que passa, o que já está no fundo - clube a SAD do futebol - ainda mais se afunda! Sugado num terrível turbilhão de despautério que já atingiu píncaros de devastadora loucura, o Sporting só uma forma tem, e tão óbvia!, de sair desse inferno: a democracia de eleições. Mas ela é rejeitada por quem se arvora em dono daquilo tudo!!!
Sim, Bruno de Carvalho (tal como todos os órgãos sociais... - estapafúrdia necessidade de frisá-lo!) foi democraticamente eleito e com maioria rondado 90%. Ainda mais categórica foi a eleição de Bettencourt!; e, porque tão depressa contestado, teve a hombridade de se demitir antes do final do mandato. O mesmo fizera Dias da Cunha, quando claques exigiram saída do treinador; saiu com ele... E idêntico atitude teve Godinho Lopes, neste caso antecipando-se a AG para sua destituição.
Bruno de Carvalho e os 6 acólitos que lhe restam no Conselho (?) Directivo recusam admitir como é degradante serem... lapas! Saldo dos últimos meses: plantel principal do futebol, ultrapassados limites de vergasta presidencial no rol de SMS e textos no Facebook - seguindo-se um «foi chato...», face a nunca antes vista violência! - o que deseja de BdC é vê-lo pelas costas... e a enorme distância; também contra BdC, e com absoluta firmeza, treinadores, director clínico, Mesa da AG, Conselho Fiscal e Disciplinar, mais, e tão significativamente, inúmeros sócios que tanto o apoiaram e agora lhe proclamam «Basta!». Ontem, demissão na SAD. A de Guilherme Pinheiro, decerto não por acaso quem acordou com a Gestifute a fórmula financeira para transferência de Rui Patrício - de seguida vetada, levando o capitão, tão vilipendiado após 17 anos no Sporting!, a fazer o que não queria: rescindir contrato (qual gota de água transbordando copo cheiinho de amarguras).
Alto risco de mais futebolistas o fazerem, com inerente e brutal agravamento do problemão financeiro... já existente? Querem lá saber! - as lapas.
Rápido teste eleitoral? O tanas! Então, o tão fervoroso amor ao Sporting não passa por certificação de qual é a vontade dos sócios?! Estranhíssimo! Tanto que permite lamentável especulação: alguma coisa a esconder? Independentemente disso, situação financeira no fio de arame. Duas reestruturações de dívida bancária tiveram, para o comum cidadão, muito que se lhe diga... - frise-se: não só as do Sporting... felizmente, não sofro desse mal; mas, se o tivesse, muito lamentaria um banco não me aceitar argumento deste tipo: «Devo €140 milhões e não poderei pagá-los; ficamos pro €45 milhões». Bem verdade: dívidas bancárias enormes são problema... dos bancos). Quanto ao adiamento do pagamento de empréstimo obrigacionista, que BdC proclama ter sido vitória como prova de confiança!, eis o óbvio: devem-me dinheiro, garantem-me impossibilidade de pagar no prazo contratado e podem-me mais 6 meses para ser ressarcido; que faço? Entre nada e esperança, ainda que desconfiado, o mais natural é aceitar. Raio de vitória do devedor!

Tudo isto não bastava! BdC e seus acólitos passaram a golpe de estado! Tentar substituição da eleita Mesa da AG (demissionária, mas estatutariamente em funções) por outra por eles nomeada (!) é apogeu do nunca visto em qualquer entidade! E marcar AG à revelia de quem para isso possui exclusivo poder completa o fim da picada em ilegalidades! Absoluta rebaldaria!
Tragicamente Maquiavel. Ética moral não interessa na manutenção do Poder.
Loucura... troglodita!"

Santos Neves, in A Bola