quarta-feira, 2 de maio de 2018

Venham as férias!

"Este jogo trouxe à tona uma série de equívocos desde o início da época, preparada com a ideia de que bastaria a 'inércia' e o hábito de se ganhar

Ataques: 62 contra 16. Cantos: 14 contra 0. Ainda cedo, 1-0. No fim, Benfica 2, Tondela 3. O penta que já estava quase arredado, já nem em sonhos acontecerá. Nada de trágico, depois de quatro campeonatos ganhos com todo o merecimento, é bom não o esquecer. Evidentemente que é muito custoso perder nestas circunstâncias. Mas, em boa verdade, é isto que faz do futebol uma não ciência, nem determinista e muito menos exacta. Se não houvesse este tipo de desfechos, o futebol, porque demasiado previsível, tornava-se ainda mais monótono do que até já aparenta ser.
O certo é que não nos podemos agarrar à falta de sorte ou à grande exibição do guardião tondelense Cláudio Ramos (a propósito, por que será que ele não é convocável para a Selecção Nacional ou será por não ser de um clube dito principal?).
Este jogo trouxe à tona, uma série de equívocos desde o início da época, preparada com a ideia de que bastaria a inércia e o hábito de se ganhar. Será assunto para, uma vez terminada a temporada, se reflectir e a esta questão voltarei então.
Bem sei que jogámos sem o essencialíssimo Jonas (sem ele o jogo é outra coisa, para pior), Jardel, Fejsa e não esquecendo Krovinovic. Como se isso não bastasse, o titularíssimo André Almeida lesionou-se na primeira parte. Mas, caramba, este jogo tinha de ser para ganhar!
Sinceramente, para além da derrota inédita e absolutamente comprometedora, custou-me ver Luisão, grande símbolo profissional do meu clube, a ser vítima de opções inadequadas e, muito provavelmente, a despedir-se sem glória. Sim, ele teve alguma responsabilidade nos golos do Tondela, mas não deveremos culpá-lo isoladamente. Disseram-me que Jardel (e Fejsa) não jogaram por estarem magoados (terá sido mesmo?). Acreditou-se que este seria ideal para Luisão voltar, ideia de que, aliás, discordo. Notável atleta com 37 anos e há mais de 4 meses sem jogar, a voltar aos relvados e logo contra uma equipa que naturalmente tinha como uma das suas (poucas) armas jogar em profundidade para as costas da defesa encarnada, o que exigiria rapidez de reacção e de corrida, foi demasiado imprevidente.
Um segundo caso: Seferovic, jogador que iniciou a época prometendo ser uma boa aquisição. Mas não é preciso ser mago ou adivinho para se perceber que, de há muito a esta parte, o suíço entra desmotivado, deslocado e perdido. Recordo aqui o princípio deste desmoronamento face ao penta. O golo de Herrera, que dá a vitória ao FCP, tem como afável espectador a meio-metro do portista nada mais nada menos que Seferovic. O homem entrou poucas vezes nos jogos e quando o fez teve 3, 4 ou 5 minutos para jogar. Assim sendo não fácil para um treinador motivar quem quer que seja.
Terceiro ponto: Raul Jiménez. O jovem mexicano corre que se farta, não vira a cara a qualquer jogada ou movimento e, neste jogo, até foi por isso que Pizzi acabou por marcar. Gosto do jogador, sem dúvida. Mas, na minha opinião, ficou definitivamente (ainda que mande a prudência não se usar esta palavra no futebol) evidenciado o carácter bipolar da sua eficiência. É um suplente insubstituível, mas um titular prescindível. É um eficientíssimo jogador de banco, mas um apenas razoável jogador de campo. Há atletas que são assim e devem ser potenciados naquilo em que são melhores.
Falta pouco para as férias... Porém, no próximo fim-de-semana haverá um jogo decisivo para atribuição do vice-campeonato, não apenas pela dignidade (recordo que o Benfica nesta segunda década do século foi sempre campeão (5) ou vice-campeão (3), mas porque estarão em jogo muitos e agora mais milhões face à possibilidade ou não de se atingir a fase de grupos na Champions. Com a vantagem agora do lado do Sporting, pois chega-lhe um empate sem golos. Ou, dito de outra forma, o Benfica terá pelo menos de empatar com golos. Impensável, semanas atrás...

As meias da Champions
Tudo parece  conduzir a uma final, creio que inédita, entre o Real Madrid e o Liverpool. Já na remediada Liga Europa, cada vez mais afastada das luzes e do dinheiro da principal prova da UEFA, os jogos foram de uma pobreza franciscana e até um sofrível Marselha pode vir a vencê-la.
Duas notas, apenas sobre a Champions. A primeira para voltar a referir a escandalosa protecção do Real Madrid nesta competição. No ano passado foi o que se viu precisamente contra os bávaros Este ano, aquele penalti que impediu a Juventus de ir a prolongamento foi de bradar aos céus. E, agora em Munique, em caso de dúvida sempre a favorecer a equipa de Madrid e quando a acções disciplinares um tal de Carvajal só saiu por lesão, quando deveria ter saído mais cedo com meia-dúzia de cartolinas. É claro que são arbitragens à moda da UEFA, tal como a que deu a vitória ao Sevilha na final da Liga Europa contra o Benfica ou a que eliminou o SCP num jogo contra o Schalke por um penalti forjado. Mas sendo na UEFA, o respeitinho é muito bonito e tudo fica de bico calado. Assim os grandes da Europa se vão afastando cada vez mais dos outros considerados plebe para a lógica (e interesses) uefeiros que, não por acaso, adiam o mais tempo que podem, os VAR e suas variantes. Há quem lhe chame conservadorismo e prudência. Eu chamo-lhe proteccionismo e desfaçatez.
A segunda nota, para referir o notável jogo em Liverpool. Assim sim, o futebol até é um desporto lindo. Ao longo de tantos anos de jogos europeus, este é para mim um dos que ficam no pódio da memória. Curiosamente, um dos que também guardo bem teve como interveniente o mesmo Liverpool que, na final europeia, perdendo ao intervalo por 0-3 contra o soberano Milan, virou o resultado e ganhou a Taça. Velocidade, lisura, golos, movimentos, cor, entusiasmo, técnica, houve do melhor neste fabuloso jogo. E lembrar que a equipa de Jurgen Klopp ficará provavelmente em terceiro no seu disputadíssimo campeonato inglês, tal qual a Roma. Estas constatações evidenciam quão, só por milagre, outra equipa fora das principais Ligas pode chegar a esta fase da competição. E recordo que o Liverpool perdeu Coutinho para o Barcelona em Janeiro e não se ressentiu - bem pelo contrário - com um tridente atacante que creio ser o melhor do mundo neste momento. O egípcio (viva a globalização dos artistas!) Mohamed Salah demonstrou talentoso e que, se houver justiça, este ano pode e deve ser um sério concorrente de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi na já saturante competição-a-dois da Bola de Ouro.

Contraluz
- Despedida: Andrés Iniesta
Despede-se do Barcelona antes de completar 34 anos. Esteve no seu clube 21 anos, o que hoje é quase uma excentricidade. Ganhou todos os títulos, quer no Barça, quer na selecção espanhola. Jogador de incomparável categoria, atleta exemplar, profissional de grande correcção, sem adornos ou marketing aparvalhado. Só lhe faltou - a ele e ao seu companheiro Xavi Hernández - uma merecida Bola de Ouro.
- Homenagem: Óquei de Barcelos
Apesar de ter perdido nos penáltis a final da Taça CERS em hóquei em patins, uma espécie de Liga Europa desta modalidade e jogada em casa do adversário. Foi pena não ter vencido, o que seria inédito, pela terceira vez consecutiva. Ao contrário do futebol, continua a haver excelentes exemplos das nas modalidades de pequenas equipas que têm conquistado títulos cá e lá fora. Citando exemplos, a Oliveirense, também no hóquei e basquetebol, o ABC no andebol, o SC Espinho e Fonte do Bastardo no voleibol."

Bagão Félix, in A Bola

A integridade das competições

"A jornada 33 da edição 2017/18 da Liga ficará, por certo, marcada pela consagração do FC Porto e por uma melhor definição do acesso à terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões. Mas nesta penúltima ronda há mais em jogo. Basta olhar para a cauda da tabela onde seis emblemas lutam pela permanência entre os maiores. Teria sido, pois, sensato, se a Liga dos Clubes, quando procedeu à marcação dos jogos, olhasse sobretudo ao espírito da lei, que privilegia a equidade, e não à letra do regulamento, que vai abrir portas a um inevitável desconforto de alguns clubes.
Os seis envolvidos na luta pela sobrevivência vão participar em quatro jogos, e seria do mais elementar bom senso que estes se realizassem à mesma hora. E mesmo para a situação do VAR, que deveria mobilizar meios para quatro partidas em simultâneo, haveria, por certo, uma solução.
Assim, o que vai acontecer é que no próximo domingo há dois jogos à mesma hora (16h), o Moreirense - D. Aves e o Estoril - V. Setúbal, ficando reservado o FC Porto - V. Setúbal para as 20.15. Mas, mais grave ainda, é que o Paços de Ferreira - Rio Ave se realize na segunda-feira às 20h, ao arrepio de qualquer razão desportiva. Falarão os detentores dos direitos televisivos mais alto? É provável que sim. Mas a Liga, apesar de não estar a incumprir, com esta calendarização, nenhum preceito regulamentar, devia ter tido outra sensibilidade, mais bom-senso, e acima de tudo respeito pela integridade da competição. Porque o que está em jogo é imenso e apesar de ser futebol não pode ser tratado com os pés.
(...)"

José Manuel Delgado, in A Bola

PS: Não está contra os regulamentos, porque os regulamentos foram alterados, e feitos à medida dos interesses da PorkosTV...!!!

A dívida e a dúvida

"Com o conflito de Abril com os jogadores, Bruno de Carvalho criou um monumental berbicacho. Agora é obrigado a gastar energias a resolvê-lo. Há que reconhecer que tem sido bem-sucedido. Recuou no conflito com os jogadores, desligou a conta no Facebook com visíveis efeitos positivos na escala de Richter da crispação e a ideia de convocar uma assembleia-geral para o destituir parece ter caído por terra, vergada aos últimos resultados desportivos.
Pacificados os jogadores (pelo menos nas aparências), amansados os sócios (certamente não todos) e silenciados os opositores (deixou de se falar neles), faltava passar a mão pelo pêlo dos investidores, dos quais as SAD dependem cada vez mais para se financiarem. Tarefa a que o presidente do Sporting se dedicou num artigo de opinião publicado ontem no ‘DN’.
Depois das dúvidas sobre a solidez da SAD levantadas pelo adiamento do reembolso da emissão obrigacionista de 30 milhões de euros, Bruno de Carvalho faz, naturalmente, um autoelogio à forma como gere as contas. O mais interessante é que ficamos a saber que, nos últimos meses, conseguiu "negociar uma melhoria das condições da reestruturação financeira" acordada em 2013. Segundo o próprio presidente do Sporting, em vez de 135 milhões de euros, a SAD terá de pagar apenas 40,5 milhões para comprar ao Novo Banco e ao BCP os Valores Mobiliários Obrigatoriamente Convertíveis (VMOC) detidos por estes.
Em vez de um euro por cada título, o Sporting vai pagar apenas 30 cêntimos, um desconto de 70%. Com a reestruturação do que já havia sido reestruturado, o Sporting consegue um perdão de 94 milhões de euros. Bruno de Carvalho garante que no início da próxima época terá 17,5 milhões para comprar VMOC suficientes para que o clube não perca a maioria no capital da SAD. Consegue mais: pode reforçar a participação e diluir a de Álvaro Sobrinho.
É o sonho de qualquer presidente, o pesadelo do costume para a banca. Os contornos da operação não são conhecidos – estranha-se não ter havido um comunicado à CMVM – mas é, no mínimo, polémico haver mais uma reestruturação em que os bancos ficam a arder (a anterior chegou ao Parlamento depois de uma petição). Claro que a última coisa que querem é ser accionistas de clubes, pelo que uma oportunidade para se verem livres destas dívidas é bem-vinda. Mas a que preço?
Convém lembrar que os bancos estão impedidos de aumentar a exposição dos seus balanços às SAD e compelidos a baixá-la. É por isso que os clubes precisam cada vez mais de recorrer às emissões obrigacionistas para substituir a dívida bancária. A dúvida é: haverá apetite para tanto? Pelo sim, pelo não, Bruno de Carvalho já está a vender a sua e a denegrir a dos outros."


PS: A petição está online, devem todos assinar... O que se está a passar é extremamente grave! No mínimo dos mínimos deveria se saber que foram os dirigentes e administradores da Banca que criaram as VMOC's, que voltaram a emitir novas VMOC's, que as renovaram... e agora, os responsáveis por este perdão vergonhoso!!!
Tenho a certeza que os nomes envolvidos nestas negociata, se forem cruzados com os membros da Comissão de Honra da candidatura do Babalu, ou com a lista de sócios dos Lagartos... ou até num universo mais pequeno: ex-Presidentes Lagartos, tenho a certeza que haverá coincidências, que, repito, no mínimo dos meninos dariam um processo por gestão danosa!!!

Globalização, xenofobia e racismo

"Homens notáveis como Jean Monet, o “primeiro europeu”, como ficou conhecido, e outros políticos, trabalharam no sentido de criar uma “Europa unida’’

A História da Humanidade, está cheia de conflitos, guerras, perseguições e genocídios, no passado, que atingiram na Europa, o seu “clímax”, com as duas guerras mundiais, de 1914/18 e de 1939/45, em que a Alemanha destruiu a Europa e causou 60 milhões de mortos, tudo em nome da superioridade da raça ariana, tendo levado, através da eugenia a experiências tendentes, com cruzamentos de genes, à criação de uma raça pura e perfeita, o que por sua vez levou à morte de milhões de judeus, na chamada “solução final”, o Holocausto, e ainda de ciganos e outros.
Homens notáveis como Jean Monet, o “primeiro europeu”, como ficou conhecido, e outros políticos, trabalharam no sentido de criar uma “Europa unida”, sem guerras, em que os países e as pessoas, passavam a ter o direito à paz, ao crescimento e desenvolvimento, à educação, á saúde e sobre tudo, à “felicidade bruta”, como disse Tinbergen, em oposição ao “P.N.B.” (produto nacional bruto) , ou seja, primeiro as pessoa depois o Estado, que devia estar ao serviço dos cidadãos, e não o contrário.
Daqui nasce a ideia do Humanismo com uma política do “Desenvolvimento Humano”, com direito ao acesso á Literacia, ao trabalho, à saúde, e a um rendimento mínimo que permita um nível de vida compatível com a dignidade humana.
Compatibilizar tudo isto com a evolução sofrida na Europa nos últimos séculos, desde os conservadores, liberais e radicais, não foi fácil, nem é, já que há tentações, enormes, de seguidores do capitalismo selvagem, e das ideias liberais, que levaram, e levam, a grandes desigualdades sociais, que chegaram, no séc. XXI, à actual situação, aberrante, de 96% da população mundial ter o mesmo rendimento de apenas 4%.
Esta situação á insustentável e pode anular as boas intenções dos construtores da “União” Europeia”, já que, só através da violência da guerra será possível voltar a redistribuir os recursos existentes, de forma mais equitativa, ou seja, o antídoto contra o Holocausto, é o “Desenvolvimento Humano”, o aperfeiçoamento do ser humano, através da solidariedade social, da repartição, justa, dos rendimentos com uma tributação progressiva, e com um estado social que permita, ao mesmo tempo, uma vida digna, longa, com coesão social, com a protecção da família, a célula mais importante da sociedade, e, como já foi dito, com felicidade, através da realização pessoal e profissional.
Só que, enquanto a Europa, e o mundo, começam a descobrir que a globalização pode ser um bom “negócio” para as trocas comerciais e evitar a guerra, entre países, eis que surge a xenofobia, ou seja, a antipatia por pessoas ou ideias e coisas estrangeiras, ao mesmo tempo que aparecem fenómenos de racismo, em que certos países tomam para si a ideia de pertencerem a uma raça superior, demonstrando um etnocentrismo exacerbado, que põe em causa a estabilidade e as relações entre países do Norte e do Sul, todos caucasóides, mas uns, Nórdicos, outros Alpinos, outros Dináricos e ainda os Mediterrâneos, estes últimos acusados, pelos do Norte, de serem subdesenvolvidos e, possivelmente, pertencentes ao Terceiro Mundo, expressão criada por George Balandier.
Para agravar tudo isto temos um novo “equilíbrio” mundial à vista, difícil, com a ascensão da Índia e da China, a potências mundiais, com a Rússia a tentar recuperar o seu lugar na cena mundial e os “E.U.A.” a votar à política isolacionista de Monroe, deixando de garantir a segurança dos países da Europa, que terão de passar a contar só com os seus recursos próprios, aplicando 2 ou 3% dos seus “PIB”, (orçamento), na defesa, para além do Brexit que coloca Portugal numa situação difícil, porque tem uma aliança com a “G.B.”, há mais de 600 anos. Tudo aduzido, talvez a única solução possível, e pacífica, venha a ser o recurso à diplomacia, através do Desporto, com ocorreu com as duas Coreias, nos Jogos Olímpicos de Inverno.
É que o Desporto, une, aproxima, cria amizade e respeito entre adversários, o que de facto é único."

Um velho druida à procura da magia...

"Às vezes os grandes jogadores devem ser recordados nas derrotas para percebermos a sua importância nas vitórias. E Bento foi grande. Foi enorme mesmo naquela noite negra do Liverpool na Luz em 1984.

Houve poucos como Bento. Ou, melhor, houve ele, apenas. Não era somente a eficácia; era o estilo. Aquela aura de coragem que levou para lá da morte.
O Bento que ia para através dos lances, remando por entre pernas de defesas amigos e adversários ferozes. O grito! A raiva tantas vezes incontida.
Vi o Bento em tantos e tantos jogos, que não valeria a pena citar nenhum.
Mas eu recordo o Bento para além do Bento. O Bento quando ficava abalado pelas falhas que não permitia a si mesmo. Porque ele zangava-se com os companheiros e com os opositores, mas zangava-se sobretudo consigo próprio.
Aquela noite fantasmagórica contra o Liverpool, na velha Luz.
Aliás, duas noites fantasmagóricas contra o Liverpool. Mas para já a da cabeçada do Ian Rush e a bola a passar-lhe risonhamente por debaixo das pernas.
Chovia em Lisboa como se fosse em Inglaterra. Uma chuva grossa de maus pressentimentos.
Já houvera um golo em Anfield evitável. O Benfica queixou-se dos holofotes que o encadeavam. Barafustava. O cabelo comprido, solto. O bigode farto.
Depois, na Luz, um desânimo tomando conta dele e da equipa com ele.
O Liverpool crescendo com o noite e com os trovões.
Bento não merecia aquela noite.


O vendaval!!!
Foi um vendaval da melhor equipa da Europa.

As coisas são como são: naquela noite, sorte dos que puderam ver ao vivo o Liverpool.
Sorte dos que tinham podido ver o anterior Liverpool: de Ray Kenedy e Jimmy Case, e Hughes e Steve Highway e aquele impressionante Terry McDermott que parecia ter luvas nos pés.
Logo aos treze minutos, Nené ia a passar e fez um golo.
Nené era assim: aparecia do nada para os golos.
Cinco anos depois também fez um golo na tremenda noite de um Liverpool que já era outro.
Choveu. Choveu sempre.
E o Bento desesperado, quatro golos sofridos: Whelan(2), Johnston, Rush.
Amaldiçoando as bolas que entravam, o desastre que se abatia sobre o Benfica. Sentir que não podia, que a fortuna lhe virava as costas, troçava e fazia negaças à sua vontade de ser perfeito.
Ás vezes, é preciso recordar os grandes nas derrotas para perceber a sua importância nas vitórias.
E Bento era grande. Era muito grande.
Era enorme quando voava. As asas de Bento.
Era infinito quando trepava sobre ombros e cabeças, lá no alto ao encontro da bola, joelhos à altura dos pescoços alheios, ele, a sua ideia fixa da defesa impossível.
A noite da Luz que Bento não merecia foi também a tarde maldita de Saltillo que lhe partiu a perna e a carreira.
O Bento que, uma vez, em Famalicão, se saiu aos pés de Reinaldo para somar quase vinte pontos na cabeça.
Venho eu aqui, a estas páginas, falar da infelicidade de um guarda-redes único que viveu tantas tardes e noites felizes. Porque quero recordá-lo como homem e, os homens, quando têm de se medir com os deuses, ficam a perder.
O que vi  Bento fazer durante anos e anos fica marcado a giz branco na lousa negra da memória.
Negra como a noite do Liverpool na Luz.
E o Bento, encharcado até aos ossos, zangado consigo mesmo e com o mundo que lhe tombava sobre os ombros, era como um druida antigo à procura da sua magia perdida.
Foi uma imagem formidável.
Para sempre!"

Afonso de Melo, in O Benfica

30 minutos à Benfica

"Nas meias-finais da Taça de Portugal 1938/39, o Benfica reverteu a derrota da 1.ª mão e venceu o FC Porto por 6-0.

Em Junho de 1939, as meias-finais da Taça de Portugal reservaram um emotivo confronto entre FC Porto e Benfica. O primeiro jogo, que se realizou na Cidade Invicta, no Campo do Lima, ficou marcado, pela desorganização dos 'encarnados', que se reflectiu na pesada derrota por 6-1. A imprensa avançou que, possivelmente, a eliminatória já estaria resolvida: 'O Benfica não jogou como sabe. Foi traído, talvez, com a ideia de defender um resultado pouca carregado, e deixou que o Pôrto defendesse estrondosamente, atacando a fundo, um resultado que o tornará, quási pela certa, finalista...'.
Na partida da 2.ª mão, os adeptos encheram o Campo das Amoreiras, acreditando que os 90 minutos seriam suficientes para reverter o resultado anterior. Os jogadores 'encarnados' partilhavam do sentimento, e entraram determinados a ganhar a eliminatória. Nos primeiros minutos do jogo criaram várias jogadas de perigo. Contudo, o Benfica chegou ao intervalo com o 'magro' resultado de 1-0 a seu favor. Apesar do domínio, estavam longe da margem de que necessitavam. Teriam de realizar uma segunda parte perfeita. E assim aconteceu.
Uma jogada fantástica de Espírito Santo alavancou os 'encarnados' para uma exibição fantástica. 'Rogério lançou Espírito Santo. Este encaminhou-se velozmente para a baliza dos portuenses. Já dentro da grande área, Guilhar desarmou-o com uma rasteira. O árbitro ordenou a marcação de uma grande penalidade'. Valadas, encarregue da marcação do penálti, fez o 2-0 na recarga. O Benfica agigantou-se e em 15 minutos fez três golos. 'Durante momentos o entusiasmo, no campo, atingiu as raias do delírio. Muitos espectadores abraçaram-se, agitando-se bandeiras'. Pouco depois, Valadas fez o golo por que todos os adeptos do Clube esperavam. A alegria dos lisboetas contrastava com a tristeza dos portistas.
O desânimo era enorme e pior ainda ficaram quando, aos 75 minutos, 'António Palhinha deu ordem de expulsão a Reboredo. Então, os jogadores do Porto, obedecendo à indicação dos directores que estavam nos camarotes, abandonaram o terreno'. O FC Porto despedia-se assim das Amoreiras e da competição, dando razão aos adeptos benfiquistas que confiavam que o Clube viraria o resultado em 90 minutos. Afinal, nem precisou de tanto.
Pode saber mais sobre o Benfica na prova rainha na área 5 - A 'Taça' do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Benfiquismo (DCCCV)

Vítor Silva & o responsável pelas Luvas Pretas...!!!

Juniores - 9.ª jornada - Fase Final

Benfica 4 - 0 Corruptos

Grande vitória, e os números só não foram mais pesados, porque desperdiçamos uma quantidade absurda de oportunidades só com o guarda-redes pela frente...

Merecíamos mais...

Sporting 3 - 2 Benfica
25-19, 19-25, 22-25, 25-17, 16-14

A novela começou com a vergonhosa inscrição deste Sporting, com o seleccionador nacional (e treinador do Sporting) a convocar jogadores, exclusivamente para poderem ser inscritos como jogadores dos Lagartos, para permitir a inscrição da Divisão de Elite, sendo que alguns jogadores já nem fazem parte do plantel, e outros foram para a bancada nesta Final...!!!
Depois um Clube falido, caloteiro, que não paga aos Bancos e fornecedores (foi ontem anunciado um vergonhoso perdão bancário de €95 milhões), com vários processos em Tribunal por falta de pagamento contra, tem um orçamento brutal em todas as modalidades, no Volei pelo menos o dobro do Benfica... isto por 'cima da mesa' porque também é sabido que vários atletas das modalidades andam a receber por 'baixo da mesa' para fugir aos impostos!!!

Neste contexto todo a gente pensava que o Benfica não teria qualquer hipótese... mas não foi bem assim, lutámos, e com um bocadinho mais de 'seriedade', até podíamos ter ganho!!!
O jogo foi bem jogado, os jogadores das duas equipas entregaram-se e nem as pressões constantes do Chefe Maia e companhia pareciam incomodar o Benfica!!! Mas no Set final, duas decisões erradas, foram fatais: o 4-3 para os Lagartos devia ter sido 3-4 para o Benfica; e o 14-13 para os Lagartos, devia ter dado o 13-14 para o Benfica e respectivo Match Point!!! Sendo que este erro do árbitro absurdo, existiu uma claríssima 'invasão'... Isto com o Violas a ser agredido a meio do Set decisivo... como já é habitual nos Pavilhões Lagartos: no Futsal o comportamento animalesco tem sido muito acima do aceitável!
Tenho a certeza que a mudança de cadeira do Babalu no 5.º Set, colocando-se atrás do árbitro, foi uma mera coincidência!!!

O Benfica não pode entrar em maluqueiras, espero que a escolha do treinador seja a mais acertada, e não espero uma revolução no plantel: Violas e Mrdak fizeram um final de temporada muito bom... e o Winters também...!!!

Este foi o último jogo do Professor Jardim. Obrigado por toda a dedicação e trabalho... uma vida! Como jogador e como treinador!!! Obrigado...

O Benfica preso por arames

"O jogo com o Tondela acabou por ser um retrato sintético da temporada do Benfica. Começámos a ganhar para, logo depois, a equipa soçobrar, parecer um conjunto banal, sem princípios rudimentares na organização defensiva e com défices de qualidade individual. No entanto, tal como aconteceu a partir de Guimarães, na segunda parte, o Benfica reergueu-se, apresentou um futebol dominante e podia ter chegado à vitória. Só que, no último fôlego, a equipa colapsou, trazendo à tona problemas de fundo, inscritos desde Agosto. No fundo, com o Tondela, como ao longo do ano, o Benfica foi-se aguentando preso por arames.
Permanece um mistério que um clube que podia conquistar um inédito penta, tenha feito uma fortuna em vendas e não tenha reinvestido quase nada. A baliza é o caso mais evidente, mas está longe de ser único. Depois de Oblak, Júlio César e Ederson, ter Varela como guarda-redes principal é estranho. Como é incompreensível que nunca houvesse uma alternativa a Pizzi (e que o jogador com perfil mais próximo, Horta, tenha sido emprestado ao Braga e agora vendido para os EUA). Na posição 6, Fejsa acabou por jogar quase sempre apenas porque fizemos poucos jogos (e, se tivéssemos tido muitos jogos, sem Fejsa, a equipa não iria longe). Já na defesa, a segunda unidade está a anos luz da primeira: quando falta um dos titulares nas laterais ou no centro da defesa, o cenário é deprimente.
A falta de ambição e as poupanças do Benfica vão sair bastante caras. Sem campeonato e com a Champions em risco, as receitas caem brutalmente, ao mesmo tempo que as necessidades de reforçar a equipa vão aumentar (à custa da dívida!). A aposta no Seixal faz todo o sentido, mas ninguém é campeão apenas com aposta na formação.
Depois há Jonas. Numa equipa com fragilidades no processo colectivo, a presença do brasileiro em campo ajuda a suprimir as debilidades, liga o jogo interior, oferece contundência atacante e maturidade emocional. Quando falta Jonas, o Benfica perde qualidade e os resultados revelam-no. Na próxima temporada, não esquecer, Jonas – provavelmente o melhor estrangeiro que equipou de vermelho – fará 35 anos.
Para o fim, o treinador. É fácil identificar os erros cometidos por Rui Vitória, mas foi também ele que teve o golpe de asa para alterar o sistema, que apostou em jovens e que soube gerir o balneário. O seu principal erro foi mesmo ter aceitado disputar o penta com este planeamento de temporada.

Nota: o Benfica tem-se insurgido – e bem – contra julgamentos baseados em informação libertada a conta-gotas e assente em violações de correspondência privada. Não escondo o incómodo com o que já se sabe, mas uma coisa são notícias, outra é o teor de uma eventual acusação. Por isso mesmo, foi com estupefacção que percebi que o Benfica promoveu activamente o conteúdo de uma denúncia anónima (como aquelas contra as quais se tem insurgido!) com acusações atentatórias do bom nome de pessoas concretas. Este passo (em falso) envergonha-me enquanto benfiquista e é, ao mesmo tempo, um tiro de pólvora seca e um precedente muito grave."


PS: O Pedro aparentemente foi envenenado pelos seus amigos do Expresso...! O Benfica não 'promoveu' nada, o Benfica discutiu uma notícia pública. E que ao contrário das manipulações anteriores, é bastante credível...
Quem tem atentado diariamente contra o bom nome do Benfica, é o Expresso, liderado pelo Pedro Candeias, que num País a sério já não tinha carteira profissional!

Eles têm Salah, e pode nem ser suficiente

"Tentem fazer conversa com um scouser. Se for vermelho por dentro, e cinco em cada seis são, é provável, muito provável, que pare de falar inesperadamente, de olhos esbugalhados, e comece a cantar, primeiro baixinho, depois cada vez mais confiante
We’ve got... Salah!
O eco acende toda a sala, como se de um musical se tratasse. Pint a meio na mão mais hábil, à frente, a dar o ritmo à cantoria, cada vez mais inflamada. 1, 2, 3...
Salah!
Mane Mane
And Bobby Firmino
(Já repararam que os nossos amigos não sabem dizer Firmino?)
But sold Coutinho
But that no matter at all actually
Coz we’ve got
Salah!
I just can’t believe
You left us for another club
I just can’t believe it’s true
But we’re not the Bitters
I know we’ll be alright
Jurgen Klopp will put us through
With Salah!
Têm razão. Uns com Messi, outros Cristiano. Há quem se apoie em Neymar. Hazard. De Bruyne. Griezmann. Ainda quem se queixe de não ter nada disso, e mesmo assim consiga sair para o trabalho todos os dias com um sorriso nos lábios.
But we’ve got... Salah!
Já sabemos, e não é coisa pouca.
O novo melhor jogador entre mortais, claramente abaixo dos outros dois, yin e yang eternos e intocáveis, cujos nomes nunca se dizem baixinho. Messi e Ronaldo.
Há algo obrigatório. Em Agosto começa de novo, e irá repetir-se sempre, enquanto tiver de provar que não é só uma ideia a curto prazo. Tem de ser. Salah tem de fazer dez anos disto, para sequer poder comparar-se. Dez, quinze anos. Se o conseguir então falamos.
Depois sim, venham cá ter comigo.
Neymar está lesionado. Este Chelsea não eleva ninguém ao topo, nem se deixa elevar por ninguém. O Atleti ainda se recupera por e para Simeone. O City é uma máquina colectiva, construída como puzzle de peças raras e debruadas a ouro, capaz de desconstruir-se e reconstruir-se em várias equipas diferentes, dependendo das ideias do seu treinador.
Coz we’ve got Salah!
Sim, e Salah é o remate em curva na diagonal da direita para dentro, ou a corrida paralela à linha, distribuindo daí passes e cruzamentos decisivos. É o virtuosismo em velocidade, o drible em progressão, o complemento da verticalidade de Mané e Firmino. É também ele explosão, mas sobretudo inteligência.
Acredita que é Messi. Tem esse direito mesmo que ainda esteja longe. Kloppo não lhe dirá menos que isso ao ouvido, antes de cada encontro. Talvez seja essa a injecção de adrenalina que lhe faltou tantas vezes em Londres.
É esse moral do tamanho do Egipto, essa soberba de Faraó, que o faz ir para cima do defesa como um atropelamento à espera de acontecer. Não há dúvida de que a Champions seria a coroa ideal. O ceptro para o mais entusiasmante jogador do ano.
Só que conquistá-la poderá ser ainda tão duro como chegar ao topo do Monte Sinai."