quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Lixívia 18 (jogo atrasado)

Tabela Anti-Lixívia
Benfica ........ 56 (-4) = 60
Corruptos.... 61 (+9) = 52
Sporting .... 56 (+12) = 44

Somente um dos maiores escândalos do Tugão!!! Ao nível dos 80's e 90's...Ao nível do pior do Apito Dourado...

Um jogo que os Corruptos estavam a perder ao intervalo, com vários jogadores ausentes, outros em má forma... outros 'cansados'! Com um onze escolhido pelo treinador completamente 'errado' (4 defesas laterais!!!), as perspectivas para aquela 2.ª parte eram 'negras'!!!
Fácil: partem-se uns azulejos na casa-de-banho, faz-se algum barulho, invade-se o relvado, diz-se que se ouviu um qualquer barulho... Inventa-se que a bancada está a ruir...
Rapidamente se faz uma inspecção, e nada é detectado... Manda-se recomeçar o jogo, mas aqueles que invadiram o campo, não querem sair... Roubam as bandeirolas de canto, recusam-se a sair... Alega-se que não havia possibilidade de revistar os adeptos novamente, quando aquilo que era necessário era o relvado estar 'limpo'!!! Na pior das hipóteses, no final da partida, se houvesse gente que ficasse sem ver a 2.ª parte, poderiamexigir o reembolso do bilhete!!!
Não satisfeitos com toda esta pouca vergonha, a Liga em vez de marcar o jogo para as 24 horas seguintes (com os mesmos jogadores), como manda os regulamentos (não havendo nenhum razão lógica para não o fazer...), permite a 'fuga' dos Corruptos... E no meio de ameaças marca a 2.ª parte para 37 dias depois!!!!!!!!
Curiosamente 37 dias depois, os jogadores mais importantes Corruptos, que estavam lesionados, já não estão... Curiosamente, a fadiga já não existe... Curiosamente, jogadores que não estavam em péssima forma, recuperam... Curiosamente, no Estoril aconteceu o contrário!!! Os lesionados, continuam lesionados... e ainda venderam alguns jogadores, e 'compraram' outros que não podiam jogar, porque não estavam inscritos na data da 1.ª parte!!!
Resumindo, os Corruptos fazem 6 alterações ao 'intervalo' !!! Somente 4 titulares da 1.ª parte, foram 'titulares', na 2.ª parte...!!! Terminando o jogo, com 9 substituições!!! Recorde mundial, seguramente...!!!
O Estoril, que começou este jogo com 12 'impedimentos', só conseguiu apresentar como 'titular' 4 jogadores que começaram a jogo, no passado fim-de-semana com o Belenenses!!! (os Corruptos repetiram o onze, do último fim-de-semana). Eu até 'desculpo' as palavras do treinador do Estoril, quando admitiu que 'Até meteu dó...' ver os canarinhos a jogar!!! Nem vou por aí...!!! Se calhar devia...!!!

Como tudo isto não fosse suficiente, a dupla de apitadeiros, é do mais Corrupto possível! Corrupto aqui é usado com duplo-significado: adeptos dos Corruptos, e como adjectivo qualitativo!!!
Após 9 minutos de tentativas falhadas, com pouca réplica dos Estorilenses, e com a necessidade absoluta de recuperar a desvantagem de 0-1, nada melhor que validar um golo, com 4 jogadores em fora-de-jogo!!! Com a anuência do VAR...!!! O VAR chama-se Luís Ferreira: além de ter sido advogado no Apito Dourado, este ano também foi o VAR no Corruptos-Belenenses onde não viu 2 penalty's do 'tamanho do mundo' na área dos Corruptos (com 0-0), que dariam ainda a expulsão do Filipe... O ano passado esteve no absolutamente vergonhoso Benfica 3 - 3 Boavista e ainda no Corruptos - Tondela, onde jogadores do Tondela agredidos por jogadores Corruptos foram expulsos, simplesmente por terem sido agredidos!!!
(a resposta dos Corruptos nas redes sociais foi mostrar o lance do Corruptos-Benfica, onde houve um fora-de-jogo mal assinalado aos Corruptos, mas nesse caso o protocolo do VAR não permitia a rectificação da decisão, algo que aqui, neste lance, era óbvio)!!!

Tudo isto é vergonhoso, tudo isto seria suficiente para esta gente ir toda presa... mas isto é o Tugão!!!

Anexos:
Benfica
1.ª-Braga(c), V(3-1), Xistra (Verissímo), Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
2.ª-Chaves(f), V(0-1), Sousa (Tiago Martins), Prejudicados, (0-3), Sem influência no resultado
3.ª-Belenenses(c), V(5-0), Rui Costa (Vasco Santos), Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Rio Ave(f), E(1-1), Hugo Miguel (Veríssimo), Prejudicados, Impossível contabilizar
5.ª-Portimonense(c), V(2-1), Gonçalo Martins (Veríssimo), Prejudicados, (4-0), Sem influência no resultado
6.ª-Boavista(f), D(2-1), Soares Dias (Esteves), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
7.ª-Paços de Ferreira(c), V(2-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
8.ª-Marítimo(f), E(1-1), Sousa (Godinho), Prejudicados, (1-2), (-2 pontos)
9.ª-Aves(f), V(1-3), Almeida (Vítor Ferreira), Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
10.ª-Feirense(c), V(1-0), Godinho (Xistra), Prejudicados, (2-0), Sem influência no resultado
11.ª-Guimarães(f), V(1-3), Soares Dias (Malheiro), Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
12.ª-Setúbal(c), V(6-0), Godinho (Pinheiro), Prejudicados, Beneficiados, (8-0), Sem influência no resultado
13.ª-Corruptos(f), E(0-0), Sousa (Hugo Miguel), Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
14.ª-Estoril(c), V(3-1), Pinheiro (Manuel Oliveira), Beneficiados, Sem influência no resultado
15.ª-Tondela(f), V(1-5), Tiago Martins (Malheiro), Nada a assinalar
16.ª-Sporting(c) E(1-1), Hugo Miguel (Tiago Martins), Prejudicados, (5-0), (-2 pontos)
17.ª-Moreirense(f), V(0-2), Mota (Godinho), Nada a assinalar
18.ª-Braga(f), V(1-3), Soares Dias (Godinho), Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
19.ª-Chaves(c), V(3-0), Esteves (Vasco Santos), Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado
20.ª-Belenenses(f), E(1-1), Paixão (Rui Oliveira), Nada a assinalar
21.ª-Rio Ave(c), V(5-1), Manuel Oliveira (Vítor Ferreira), Prejudicados, Sem influência no resultado
22.ª-Portimonense(f), V(1-3), Xistra (Rui Oliveira), Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
23.ª-Boavista(c), V(4-0), Tiago Martins (Malheiro), Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado

Sporting
1.ª-Aves(f), V(0-2), Tiago Martins (Pinheiro), Nada a assinalar
2.ª-Setúbal(c), V(1-0), Paixão (Hugo Miguel), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
3.ª-Guimarães(f), V(0-5), Hugo Miguel (Sousa), Nada a assinalar
4.ª-Estoril(c), V(2-1), Godinho (Tiago Martins), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Feirense(f), V(2-3), Soares Dias (Tiago Martins), Nada a assinalar
6.ª-Tondela(c), V(2-0), Manuel Oliveira (Tiago Martins), Nada a assinalar
7.ª-Moreirense(f), E(1-1), Godinho (Pinheiro), Beneficiados, (2-0), (+1 ponto)
8.ª-Corruptos(c), E(0-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
9.ª-Chaves(c), V(5-1), Rui Costa (Esteves), Beneficiados, Prejudicados (5-2), Sem influência no resultado
10.ª-Rio Ave(f), V(0-1), Sousa (Capela), Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
11.ª-Braga(c), E(2-2), Xistra (Rui Costa), Beneficiados, (1-4), (+1 ponto)
12.ª-Paços de Ferreira(f), V(1-2), Tiago Martins (Xistra), Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
13.ª-Belenenses(c), V(1-0), Almeida (Godinho), Nada a assinalar
14.ª-Boavista(f), V(1-3), Godinho (Vasco Santos), Nada a assinalar
15.ª-Portimonense(c), V(2-0), Capela (Xistra), Nada a assinalar
16.ª-Benfica(f), E(1-1), Hugo Miguel (Tiago Martins), Beneficiados, (5-0), (+ 1 ponto)
17ª-Marítimo(c), V(5-0), Xistra (Esteves), Nada a assinalar
18.ª-Aves(c), V(3-0), Pinheiro (Sousa), Beneficiados, (2-1), Impossível contabilizar
19.ª-Setúbal(f), E(1-1), Veríssimo (António Nobre), Beneficiados, Sem influência no resultado
20.ª-Guimarães(c), V(1-0), Godinho (Hugo Miguel), Nada a assinalar
21.ª-Estoril(f), D(2-0), Mota (Luís Ferreira), Nada a assinalar
22.ª-Feirense(c) V(2-0), Luís Ferreira (Manuel Oliveira), (1-0), Beneficiados, Sem influência no resultado
23.ª-Tondela(f), V(1-2), Capela (Esteves), Beneficiados, (2-1), (+3 pontos)

Corruptos
1.ª-Estoril(c), V(4-0), Hugo Miguel (Luís Ferreira), Nada a assinalar
2.ª-Tondela(f), V(0-1), Veríssimo (Malheiro), Beneficiados, Impossível contabilizar
3.ª-Moreirense(c), V(3-0), Manuel Oliveira (Tiago Martins), Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Braga(f), V(0-1), Xistra (Esteves), Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Chaves(c), V(3-0), Rui Oliveira (Hugo Miguel), Nada a assinalar
6.ª-Rio Ave(f), V(1-2), Sousa (Godinho), Nada a assinalar
7.ª-Portimonense(c), V(5-2), Luís Ferreira (Sousa), Nada a assinalar
8.ª-Sporting(f), E(0-0), Xistra (Hugo Miguel), Nada a assinalar
9.ª-Paços de Ferreira(c), V(6-1), Manuel Oliveira (Veríssimo), Beneficiados, (5-1), Sem influencia no resultado
10.ª-Boavista(f), V(0-3), Hugo Miguel (Tiago Martins), Nada a assinalar
11.ª-Belenenses(c), V(2-0), Veríssimo (Luís Ferreira), Beneficiados, (0-2), (+3 pontos)
12.ª-Aves(f), E(1-1), Rui Costa (Esteves), Nada a assinalar
13.ª-Benfica(c), E(1-1), Sousa (Hugo Miguel), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
14.ª-Setúbal(f), V(0-5), Tiago Martins (Rui Oliveira), Beneficiados, (0-3), Impossível contabilizar
15.ª-Marítimo(c), V(3-1), Mota (António Nobre), Nada a assinalar
16.ª-Feirense(f), V(1-2), Veríssimo (Paixão), Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
17.ª-Guimarães(c), V(4-2), Soares Dias (António Nobre), Prejudicados, Beneficiados, (4-2), Impossível contabilizar
19.ª-Tondela(c), V(1-0), Godinho (Soares Dias), BeneficiadosPrejudicados, (2-0), Impossível contabilizar
20.ª-Moreirense(f), E(0-0), Luís Ferreira (Manuel Oliveira), Nada a assinalar
21.ª-Braga(c), V(3-1), Hugo Miguel (Almeida), Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado
22.ª-Chaves(f), V(0-4), Soares Dias (Mota), Beneficiados, Prejudicados, (3-0), (+3 pontos)
23.ª-Rio Ave(c), V(5-0), Xistra (Rui Oliveira), Nada a assinalar
18.ª-Estoril(f), V(1-3), Vasco Santos (Luís Ferreira), Beneficiados, (1-0), (+3 pontos)

Jornadas anteriores:
Épocas anteriores:
2016-2017
2015-2016

Tempos máximos garantido - Verdade desportiva ('Voucher' de tempo)

"Este medroso e incompetente árbitro não deveria arbitrar mais. Simplesmente vergonhoso. Uma bandalheira. Uma batota.

Eis a verdade desportiva em todo o seu esplendor mentiroso. João Capela arbitrou o Tondela - Sporting com um relógio que estica dedicadamente o tempo. Jogo empatado aos 90 minutos. Desconto de 4 minutos. Interrupção por lesão de jogador do Tondela aos 93m 42s, faltavam 18 segundos para se concluírem os 4 minutos de tempo adicional. Jogo reiniciado aos 96m 07s (interrupção de 2m 25s). Logo, deveria ter terminado 18s depois, ou seja, aos 96m 25s. Não houve nenhuma paragem do jogo depois de reiniciado. Golo do Sporting aos 98m 01s. Assim sendo, o desconto sobre desconto (até ao golo) foi de 4m 01s, ou seja 1m 35s depois de dever ter sido terminado. Aqui não há subjectivismos, faltas discutíveis ou lances duvidosos. Nem sequer já falo da brutal falta de William que originou a lesão do tondelense, e que nem sequer foi assinalada. Aqui, trata-se de pura cronometragem, quantificada, objectiva.
Jorge Jesus disse na flash interview que vira o árbitro indicar que dava mais 3 minutos, o que até era quase rigoroso (2m 25s de interrupção + 18s que faltavam). O golo salvador, porém, surgiu a seguir aos 4 minutos do redesconto.
Não sei a marca do relógio de Capela. Suspeito que é um Roskopf do século XIX, mais de acordo com o adestramento aritmético da cabeça do árbitro. Em qualquer caso, merece registar a patente do seu cronometro. É um 'roscofe', mas com modernices: tem incorporado um chip sensível à inteligência emocional, que lhe permite possuir um automatismo para o tempo máximo garantido e está conectado a um email inovador (capela.relogioestica@golo.com). Mesmo assim, necessita de um reciclagem aritmética baseada em adições (para uns) e subtracções (para outros). Como faria o relógio de Capela se fosse ao contrário?
Um último e caricato ponto: Coates na sua natural alegria resultante da dádiva arbitral festejou o golo tirando a camisola e correndo do meio-campo com ela no ar. Veria o amarelo, que por sinal o tiraria do próximo jogo. Capela nada viu. Auxiliares e quarto árbitro nada viram. Uma cegueira súbita e total. Uma anedota para o seu (deles) currículo.
Este medroso e incompetente árbitro não deveria arbitrar mais, havendo um pingo de decência nos órgãos decisores. Simplesmente vergonhoso o que se passou. Uma bandalheira. Uma batota que vale dois pontos. No fim do campeonato logo se verá cristalinamente a falta que um ponto sonegado ao Tondela lhe pode ter causado e se verificará se o bónus de dois pontos ao Sporting significou milhões a mais para si e milhões a menos para outros. A verborreia, pelos vistos, está a resultar. Assim se criou uma nova figura no luso futebol: a de 'vouchers' em forma de tempo de jogo. Uma nova espécie de 'banco de horas', que tanto jeito está a dar aos paladinos da guerra dos 'vouchers'.

Benfica A+ e B+
1. Brilhante jogo contra o Boavista, uma equipa que derrotou o Benfica na primeira volta e que lhe havia tirado, nos últimos três jogos com ela disputados, 7 pontos em 9 possíveis. Uma primeira parte de alta qualidade, com alguns jogadores em excelente momento: Cervi, Zivkovic, Jardel, Rúben Dias e Grimaldo. A equipa está confiante, as jogadas saem com fluidez e a velocidade tem sido uma poderosa arma. Rui Vitória tem um atributo muito bom que é essencial num treinador de futebol nos tempos actuais: é um magnífico gestor de pessoas. Não vem para a praça pública inferiorizar os que têm de substituir um qualquer titular, procura encontrar soluções sem queixumes ou desvalorizações do plantel e, julgo, consegue construir um ambiente de trabalho unido e solidário.
Alcançar o almejado penta não se afigura fácil, depois de alguns pontos perdidos em fase de menor consolidação de processos. Mas está na luta e vê-se que os jogadores estão concentrados na consecução desse objectivo. Hoje, disputa-se a segunda parte do Estoril - Porto - incompreensivelmente adiado por tanto tempo, ao arrepio dos regulamentos - que será importante consoante o resultado final.

2. A 2.ª Divisão - volto a assim chamar-lhe - continua a ser uma prova bastante competitiva. Muitas equipas continuam a sonhar com a subida e outras tantas enfrentam o espectro da despromoção. Outro ponto que acho positivo nesta Liga é a possibilidade que é dada aos principais clubes de nela participarem através do que se convencionou chamar equipas B. É ou deveria ser uma oportunidade para lançar jovens e para servir de lugar para adaptações quer de jogadores portugueses, quer de estrangeiros que procuram chegar à primeira equipa. O Benfica tem tido ao longo destes anos exemplos magníficos desse modo de construir a equipa B. Basta recordar, nos últimos anos, Bernardo Silva, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Lindelof, Nélson Semedo, Rúben Dias, João Carvalho, Diogo Gonçalves, entre outros. Este ano lá despontem João Félix, Ferro, Heriberto, Gedson e outros atletas com promissoras expectativas. Mérito também para o técnico Hélder Cristóvão.
Acontece que, ultimamente, tenho visto com desagrado as prestações desta equipa B. Não sei o que se passa, mas, pelo que pude ver, há uma aparente desmobilização e uma clara desconcentração no modo de encarar os jogos. Até compreendo que não é tarefa fácil motivar os jogadores, ou, pelo menos, alguns deles. Por exemplo, lá estão alguns que vieram para o Benfica no último Verão, com algumas expectativas de poderem jogar no escalão superior. É o caso do ex-arsenalista Willock ou do eslovaco Chrien. No entanto, os últimos dois jogos foram catastróficos. Derrotado há uma semana, em casa, pelo Académico de Viseu por 1-5 e este fim-de-semana copiosamente derrotado também por 1-5 com o Real de Massamá, último classificado, que já não ganhava há mais de 10 jornadas! Não andarei muito longe da verdade se afirmar que toda a folha salarial do Real é inferior ao ordenado de dois jogadores que atrás citei. Em suma, alguma coisa tem de ser feita. Equipa A ou B ou C, é o Benfica que está em jogo...

O fim da tabela
Se o título se joga a três, a luta pela permanência joga-se a sete: Moreirense, Feirense, Aves, Estoril, Paços de Ferreira, Vitória de Setúbal e Belenenses (ou oito, se agora juntarmos o espoliado Tondela) curiosamente cinco clubes (com excepção do Feirense e Paços de Ferreira) que já tiraram pontos aos grandes. Vai ser certamente uma luta desesperada até ao último minuto da última jornada e percebe-se que qualquer pontinho pode ditar uma coisa ou o seu contrário.
A propósito, há quem diga que o calendário do Benfica é mais fácil do que do Porto e Sporting. Não tenho necessariamente essa opinião. Nesta altura é mais complicado jogar com uma destas equipas do que com equipas no meio da tabela já sem a pressão de serem obrigados a ganhar (veja-se, por exemplo, as goleadas do Rio Ave, Chaves e Boavista ou a quebra do Marítimo) e a jogar mais aberto. Dos citados sete clubes o Benfica vai jogar fora com o Paços de Ferreira, Feirense, Estoril e Vitória de Setúbal. Todo o cuidado é pouco...

Contraluz
- Estatística: Zero
O Porto é a única equipa que, ao fim de 22 jornadas, ainda não viu assinalado nenhum penálti contra si. O Marítimo é a única equipa que ainda não teve um penálti a seu favor.
- Regresso: Casillas
Visto de fora, parecia incompreensível o magnífico guarda-redes espanhol estar no banco, sobretudo na Champions. Foi preciso um frango de José Sá para tudo mudar.
- Compensação: 0-5 e 5-0...
... afinal a diferença entre o futebol de primeira água e o futebol de trazer por casa. Em larga medida, por causa da diferença abissal de recursos financeiros, mas também por causa da nossa permanente autofagia doméstica.
- Frase: «Um dos maiores problemas do futebol português foi ter perdido o sentido de humor», (Manuel Cajuda, em A Bola, 17/02/18)
- Cores: a proibida...
(peço desculpa por estar escrito a vermelho)!"

Bagão Félix, in A Bola

2028

"Hoje dei por mim a pensar no Sporting em 2028. Um mero exercício de imaginação, claro.
- O líder supremo anuncia a realização de testes nucleares.
- O líder supremo anuncia a construção de um muro na Segunda Circular.
- O líder supremo proíbe os casamentos de sportinguistas com benfiquistas.
- O líder supremo reafirma que não libertará os presos políticos.
- O líder supremo proíbe qualquer outro sportinguista de ter o seu nome.
- O líder supremo proíbe todos os sportinguistas de usarem vermelho e de sangrarem em público.
- O líder supremo reforça os poderes de Nuno Saraiva como director de propaganda.
- O líder supremo recebe a visita de Dennis Rodman, antiga estrela da NBA, do qual se tornou amigo.
- O líder supremo manda erguer uma estátua sua, junto ao estádio, com o seu nome.
- O líder supremo anuncia que os sportinguistas não podem sorrir, dançar ou beber durante um mês sempre o Sporting perder um título.
- O líder supremo decide que a primeira música que as crianças sportinguistas devem aprender não é o atirei o pau ao gato mas sim o mundo sabe que.
- O líder supremo informa que o seu nome só pode ser mencionado quando acompanhado por um adjectivo que o enalteça. Exemplo: querido.

P.S. - Neste mesmo ano, Luís Filipe Vieira diz que o Benfica não tem arguidos, apenas grupos organizados de suspeitos; Roger Federer volta a ser número um do ranking ATP; Portugal sagra-se campeão europeu do jogo do berlinde e a selecção é recebida por Marcelo Rebelo de Sousa em Belém; Quim recupera a titularidade no Aves; Rui Vitória lança o filho de Madonna na equipa principal do Benfica; Fábio Coentrão tem um descarga emocional; Jupp Heynckes renova pelo Bayern; Salvio é operado; realiza-se a segunda parte do Estoril - FC Porto; e o árbitro João Capela dá por terminado o Tondela - Sporting."

Gonçalo Guimarães, in A Bola

Manto de silêncio prejudica o futebol

"No futebol, a arbitragem continua mergulhada numa lógica de sociedade secreta e dessa opacidade não retira qualquer benefício. Esta forma de estar potencia a desconfiança dos adeptos e revela-se contrária ao princípio da transparência que devia vigorar.
Seguramente, todos os adeptos de todos os clubes participantes na I Liga, gostariam de ouvir a versão de João Capela do trabalho por este realizado anteontem em Tondela. Seria altamente o árbitro de Lisboa terá razões que importaria trazer à praça pública, fundadas por certo na interpretação que faz das leis do jogo; mas se, por hipótese, o árbitro viesse confessar que se tinha enganado, esse acto de humildade mostraria apenas a falibilidade de cada um de nós em determinado momento. O pior, para o futebol, é deixar crescer o monstro da suspeição e a onda da revolta de quem se sente prejudicado - e neste particular os mais pequenos são sempre aqueles que mais levam para contar, embora a amplificação dada aos grandes subverta a escala real do prejuízo.
O Conselho de Arbitragem da FPF, que na presente temporada já encetou algumas acções, casuísticas é certo, de elucidação das massas a propósito do VAR, tem obrigação de dar explicações: seria importante que se conhecessem as notas dos árbitros em cada jogo e quais os critérios aplicados e por quem.
A luta pela transparência no futebol deve ser uma causa de todos. E há que exigir mais e melhor comunicação com os adeptos - que são o alfa e o omega do beautiful game - ao Conselho de Arbitragem. Sob pena de ninguém acreditar em ninguém."

José Manuel Delgado, in A Bola

PS: E que interessante seria ouvir as comunicações do VAR do jogo de hoje na Amoreira!!!

Acções têm consequências

"O erro do cronómetro de João Capela nem é particularmente grave por si próprio, mas acabou por ter consequências importantes. Ao dar mais tempo do que deveria, o juiz lisboeta acabou por permitir que o Sporting apontasse o golo de uma vitória muito difícil e que pode vir a ter peso nas contas do campeonato. Mas só se fala disto porque, claro, a equipa de Jorge Jesus marcou.
Aliás, bem mais difícil de entender na actuação de Capela acabou por ser a omissão no cartão amarelo a Coates, numa situação perfeitamente clara aos olhos das leis e sem dupla interpretação possível. Como erro, é bem pior até do que a falta grosseira não assinalada a William sobre Bruno Monteiro, um lance que, por mil e uma razões, pode ter sido visto dentro de campo de forma diferente.
Posto isto, faz bem o Conselho de Arbitragem dar 'cartões amarelos' aos árbitros que cometem erros com influência nos jogos. Não são nenhumas crianças, são muito bem pagos e, como qualquer profissional, deve ser responsabilizado quando não cumpre bem o seu trabalho. Os jogadores que ficam abaixo do exigido pelo treinador vão para o banco, eles também devem ir.
Num país normal, isto seria encarado com naturalidade. O problema é que, na selva em que se transformou o futebol português, até num ato normal de gestão humana haverá quem veja segundas intenções ou uma agenda escondida. Hoje, depois de lerem Record, haverá quem pergunte porquê só agora há um árbitro 'sancionado'. A resposta é simples: porque não reparou nos outros anteriores."

Dois primeiros classificados são os que menos faltas sofrem

"Pode parecer estranho, mas a verdade é que os dois primeiros colocados são as equipas que menos faltas sofrem dos adversários (Benfica 316 e FC Porto 326). Esta constatação é ainda improvável se se acrescentar que dragões (58) e águias (59) são os conjuntos que marcam mais golos e que, sem surpresa, costumam ter a bola muito mais tempo em sua posse do que os opositores.
Já o Sporting, terceiro colocado, é das equipas que mais faltas provoca. As 408 sofridas somente são suplantadas pelas 455 do Rio Ave e pelas 460 do V. Setúbal.
No final do polémico Tondela-Sporting, os responsáveis leoninos fizeram mesmo alusão a esta questão, salientando o elevado número da faltas sofridas (22) pela sua equipa neste embate, em contraste com as infracções cometidas pelos beirões noutros duelos. Ora, os dados provam que na derrota caseira (1-5) com o Benfica o Tondela foi pouco agressivo (8 faltas), mas no Dragão fez 22, o registo máximo de faltas que alguém cometeu contra os portistas.
Certo é que, em jogos com poucas faltas sofridas, os grandes ganham sempre. E com relativa facilidade. A vitória caseira do Sporting face ao P. Ferreira (2-1) é a única excepção.
E o contrário é verdade? Assim-assim. FC Porto e Sporting ganharam igualmente os jogos em que sofreram mais faltas, embora seja evidente que os resultados são claramente mais ‘apertados’. A excepção acontece com o Benfica. Os encarnados não sentiram problemas de maior contra o Sp. Braga (3-1), mas foram incapazes de vencer os outros dois jogos em que sofreram 18 faltas: na recepção ao Sporting e na deslocação ao Restelo (dois empates 1-1).

Sabia que...
Após a goleada sofrida com o Sp. Braga (0-5), o V. Guimarães é a defesa mais batida? Os vimaranenses já encaixaram 43 golos, sendo que nas últimas nove jornadas viram sempre a sua baliza violada.
Mercê da histórica vitória em Guimarães, o Sp. Braga saltou para terceiro na lista dos ataques mais efectivos? Os arsenalistas somam 48 golos, tendo ultrapassado o Sporting, que tem 47. À sua frente seguem apenas Benfica (59) e FC Porto (58).
O Marítimo somente concretizou um golo nos derradeiros sete jogos? Sem surpresa, os insulares – lado a lado com o Moreirense – são a equipa com menos golos na prova (18).
A jornada 23 foi a que teve mais remates na época? Foram totalizados 212 ‘disparos’, superando os 210 registados na jornada 16.
Tal como na ronda 9, também esta teve cinco expulsões? São as duas jornadas com maior número de vermelhos."


PS: Analise interessante em relação às faltas... seria importante, perceber em que zona do terreno as faltas são assinaladas. Por exemplo, nos últimos 30 metros, no meio-campo defensivo, etc...

Regresso à barbárie

"Continuam a chegar ecos da noite bárbara vivida em Guimarães. Ontem foi dado a conhecer mais um vídeo dos confrontos e é mais do que evidente que um dos nomes da ‘coisa’ podia ser batalha campal. É bom que a investigação não fique por lamentos e haja consequências. Grupos como os casuals – os de Braga, por exemplo, têm já uma longa lista de casos reprováveis – nada podem trazer de bom ao futebol. Estes 52 que foram interceptados pela polícia é fazê-los passar umas horas na esquadra em próximos dia de jogo. Pode ser que aprendam qualquer coisa.
No tempo em que o fanatismo passa até dos gabinetes para as claques, todo o cuidado é pouco. Estamos hoje mais próximos de fenómenos como os que nos chegam do futebol sul-americano ou de países europeus como Grécia e Turquia do que da Premier League, que soube afastar os energúmenos dos estádios. Temos legislação mais do que suficiente para fazer face ao problema. Mas precisamos que as autoridades ajam. De que serve aos pobres polícias abrirem autos e saírem feridos das escaramuças se depois são traídos por juízes e entidades como o IPDJ, que deixam o futebol viver à margem das leis?
O G15 parece um grupo interessado em resolver vários problemas do futebol português. É meter mais este na agenda. O tempo urge."


PS: Curiosa a opção do colunista em não escrever sobre o que se passou em Tondela!!! Mas não é surpreendente...

John McEnroe,o terrível, veste a pele de estadista

"O último Open da Austrália revelou o nome de Tennys Sandgren, um norte-americano de mãe sul-africana, pai americano e avô sueco, que rapidamente passou de bestial a besta por terem-se descoberto no Twitter mensagens (entretanto apagadas) indicadoras de homofobia, racismo e tendências de extrema direita.
O sucesso dos quartos de final de um torneio do Grand Slam passou quase para segundo plano e os media e as redes sociais exacerbaram a polémica ligada às ideologias supostamente defendidas pela antiga estrela do ténis universitário.
Felizmente para Tennys Sandgren a súbita e inesperada passagem do anonimato para o centro do ‘planeta ténis’ aconteceu aos 26 anos, numa altura em que está psicologicamente mais estruturado para aguentar a enorme pressão mediática e pública a que foi sujeito.
Nas conferências de imprensa defendeu-se. Clamou pela liberdade de expressão, atacou a hipocrisia dos media e negou muitas das acusações. Alguns jogadores que o conhecem melhor, como John Isner, asseguram que é um «bom rapaz», mas da fama não se livrará tão cedo.
No meio desta tempestade, foi quase irónico que tenha sido o histórico enfant terrible do ténis, John McEnroe, a dar uma lição de serenidade, mas também de intransigência face à intolerância.
Na sua rubrica O Comissário transmitida pelo Eurosport, McEnroe recorreu à sua veia política democrática, quase antirrepublicana, para passar uma mensagem digna de um estadista.
É impossível transcrever na totalidade, como gostaria, o conteúdo notável de McEnroe, mas aqui ficam alguns excertos e exorto-vos a consultarem o vídeo no Facebook:
«Não estou aqui para julgar-te. Não te conheço, não sei qual a educação que recebeste, mas ouvi-te dizer que queres aprender e que só tens 26 anos. (…) Em 1937, o grande jogador alemão Gottfried von Cramm recebeu um telefonema de Adolf Hitler a desejar-lhe boa sorte antes de um encontro em Wimbledon. Poucos meses depois foi detido e perseguido pelos nazis por ser homossexual. (…) Em 1969 Arthur Ashe viu-lhe recusado um visto para jogar na África do Sul porque era negro. Entrou então numa guerra contra o apartheid e conseguiu que esse país fosse excluído da Taça Davis. Entretanto, Billie Jean King encetava o seu combate pela igualdade de géneros no desporto e na sociedade. (…) Ao brilharmos no court temos uma responsabilidade. Como cidadãos do Mundo temos de ostentar uma mensagem: ‘Abracemos as nossas diferenças’. Asseguro-te que enriquecerás dez vezes mais do que com qualquer vitória em torneios do Grand Slam»."

A vitória de Federer... Mirka Federer

" "Se a minha esposa me diz para parar, eu deixo o ténis sem qualquer problema (...). É o meu maior apoio. É por causa dela que eu continuo, caso contrário, teria parado de ser jogador de ténis. Ninguém me apoia como ela e faz um excelente trabalho com as crianças. A vida seria muito diferente sem ela."
Roger Federer

Passados poucos dias de mais uma vitória emblemática de Federer, que o transportou novamente para o primeiro lugar do ranking mundial - algo quase impensável num jogador com 36 anos, colocando-o, aliás, como o jogador mais “velho” a ocupar este lugar (desafiando todas as questões fisiológicas que poderiam “contrariar” esta possibilidade) - surge de novo o nome de Mirka Federer.
O reconhecimento público que Federer faz ao papel que a esposa desempenha, enquanto suporte emocional e, no caso, inclusive mentora da sua carreira desportiva é, desde há muito, do domínio público até porque, contrariamente à discrição exibida por Mirka, Federer sempre fez questão de ressalvar a importância do seu apoio, nas diferentes etapas da sua carreira.
O tema, em boa verdade, vai muito mais além do que a própria Mirka... o tema e a reflexão que se impõe, será certamente questionarmo-nos sobre o (importantíssimo) papel que os cônjuges desempenham (ou podem vir a desempenhar) na carreira dos atletas.
Este é um daqueles temas que, seja do ponto de vista da investigação (onde até existem alguns estudos), seja do ponto de vista da intervenção (raríssima), tem merecido muito pouca atenção.
De facto, enquanto que o tema dos 'Pais' é já uma preocupação (tema este que já foi alvo de atenção aqui na Tribuna Expresso) em diferentes modalidades, procurando ajudá-los a encontrar o seu “papel desportivo” no percurso dos seus filhos, quando se aborda (confesso que raríssimas vezes – para não dizer nenhuma) o tema dos cônjuges, gera-se um gigante silêncio...
... ou isso, ou no caso dos atletas masculinos, o que aparece, mais frequentemente, são “rankings” das namoradas/mulheres mais “sexy’s” (??)... o que, se calhar, com um efeito parecido ao “boost” que se sente quando se ingere um quadrado de chocolate, momentaneamente, deverá colmatar algum tipo de lacuna que o atleta possa ter... no que respeita à sua auto-imagem como “homem”... o que, necessariamente, não implica uma alteração do seu rendimento (em competição).
Voltando ao processo desportivo e, simplificando, há uma decisão que deve ser tomada:
- Fazem (ou não) parte , os cônjuges, do processo desportivo?
Se considerarmos que não, então talvez não haja sequer pertinência na discussão do tema...
Se considerarmos que sim, então, será no mínimo muito pouco estratégico (para não dizer “pouco inteligente”), não tentarmos, de facto, enquadrar os mesmos, naquele que é o processo desportivo, onde o seu companheiro(a) se movimenta... às vezes, quase 24h por dia.
Atendendo a que estas pessoas, interagem maioritariamente com os atletas (pelo menos de uma forma mais significativa) na sua fase adulta, onde, necessariamente, se espera que ocorram os melhores desempenhos e a carreira dos mesmos se consolide... talvez seja, de facto, oportuno envolvê-los. 
Atendendo a que, de forma positiva ou negativa, acabam por poder ter um impacto (igualmente positivo ou negativo, depende do Atleta) no rendimento dos Atletas (por vezes de forma determinante)... talvez deva ser reequacionada a pertinência e importância da sua inclusão no processo desportivo.
Urge, em boa verdade, repensar todo o processo desportivo, procurando englobar toda a complexidade, multidisciplinariedade e multidimensionalidade que o mesmo comporta, identificando clara e cirurgicamente todos os agentes que impactam no rendimento dos Atletas para, de uma forma sistémica e integrada (na minha experiência, a única possível), podermos munir os diferentes intervenientes (onde, supostamente, se devem incluir, pais e/ou cônjuges), com as ferramentas que possam favorecer a optimização do rendimento desportivo do Atleta.
Porque, de facto, em Alto Rendimento vinga quem, cada vez mais integra todas as variáveis sistémicas, com o propósito claro de elevar o todo à Excelência, através da optimização de todas as (às vezes, aparentemente “pequenas” e/ou “invisíveis”) partes.
Este é, sem dúvida, o desafio."

A raiva está a dominar tudo?

"Neste fim de semana, nos jornais e nos canais de notícias, fui obrigado, por dever profissional (ai se eu fosse livre, meu Deus, ai se eu fosse livre!...), a viver entre o congresso do PSD e a assembleia geral do Sporting. Nos dois conclaves, organizados, encenados e disciplinados, apenas, para consagrar os líderes das respectivas agremiações, encontrei , em graus diferentes, uma mesma doença, crónica: raiva .
A raiva afecta há anos as nossas sociedades e inundou o espaço público. Primeiro começou nas caixas de comentários dos sites de jornais, depois nas redes sociais.
Os cérebros bem pensantes das elites do nosso mundo cometeram uma primeira estupidez: eles tornaram relevante manifestações verbais de raiva na internet e toda a sua insanidade, toda a sua brutalidade, toda a sua inconsequência. Assustados e com o amor-próprio ferido pela falta de respeito da populaça pela sua suposta sabedoria, eles fizeram a raiva digital, anónima, passar do pobre estatuto catártico de frustrações individuais para o nível elevado de fenómeno social, real, com direito a tentativas de regulamentação, limitações à liberdade de expressão, e até criminalização, tudo acompanhado pelos óbvios anúncios de futuros cataclismos civilizacionais, caso não se conseguisse calar os inoportunos.
De umas meras bestas que diziam coisas bestiais na world wide web, os idiotas praticantes do insulto vazio passaram a ter a dignidade de serem vistos como líderes de opinião, gente indicadora de tendências sociais ocultas, comunicadores do pensamento inconfessado de uma maioria silenciosa. 
Uns espertos viram na credibilização da raiva uma oportunidade financeira: o exercício profissionalizou-se e vanguardas organizadas passaram a promover ou a tentar destruir reputações pessoais, ideológicas, empresariais, institucionais, conforme a vontade do cliente ou a cor da militância.
Na fase seguinte deste processo aconteceu o impensável: a elite, a respeitável elite que tanto criticou a a rudeza da plebe que sabia utilizar o Facebook, decidiu juntar-se a ela: e foi ver jornalistas, juristas, economistas, médicos, professores, publicitários, empresários, políticos, engenheiros e muitos, muitos doutores a inundar as redes sociais para comentar, a golpes de palavrão, calúnia e boato, o mundinho que gira à volta dos seus interesses pessoais, profissionais ou políticos.
Em todo este processo o futebol foi um motor de reacção. A discussão de taberna da minha adolescência, regada a álcool, facciosismos e bofetada ocasional passou para a internet e, depois, em mais uma estupidez das elites, para as televisões, onde se institucionalizou, onde se "normalizou". 
Ler, ver e ouvir jornalistas e políticos que, num dia, teorizam, circunspectos, sobre o futuro da Europa, a reforma da Segurança Social ou as medidas do Orçamento do Estado e, no dia seguinte, gritam descontrolados num debate futebolístico ou destilam clubismo cego num texto de jornal, manifestando mais paixão pelo fora--de-jogo do que pela vida dos portugueses, só podia dar mau resultado - e o pior não é a degradação da imagem das respectivas profissões, o pior é que a política passou a ser discutida como o futebol.
Do direito à liberdade de expressão, óbvio, que estes comentadores de política e futebol exercem; do direito à liberdade de expressão, óbvio, das pessoas que vão para as redes sociais dizer o que pensam, nasceu, perversamente, a raiva, que é antidemocrática. A raiva é antidemocrática porque a raiva é cega e, por isso, impede que vejamos o que os outros têm para nos mostrar.
A raiva é antidemocrática porque é surda e, por isso, não deixa que ouçamos o que os outros têm para nos dizer. A raiva é antidemocrática porque é antissocial e, por isso, deixa-nos enquistados num grupo fechado de pessoas e ideias. A raiva é antidemocrática porque se alimenta do ódio e só quer destruir, eliminar, calar quem discorda de nós. A raiva é antidemocrática porque é alienante, não admite oposição, e por isso dá mãos livres e mais poder a quem espalha esta doença.
Esta raiva é o pão do autoritarismo moderno, uma ideia de exercício do poder que justifica palavras do líder do Sporting, Bruno de Carvalho, contra a imprensa e que motivaram, logo a seguir, agressões de adeptos do clube a jornalistas.
Esta raiva também a vi, noutro grau, no congresso do PSD quando foi, embora brevemente, assobiada a escolha para a vice-presidência do partido de Elina Fraga, que, por sua vez, deu sinais de padecer da mesma doença quando foi bastonária dos advogados e entendeu que uma decisão política de alteração do mapa judiciário, má, muito má mesmo, era motivo para uma queixa-crime contra todos os membros do governo de Passos e Portas: se cada má decisão política, onde não haja suspeitas de corrupção ou favorecimento, desse cadeia, que raio de exercício do poder poderíamos esperar?...
Por mim, pretendo combater esta doença, a raiva. Afinal, como as coisas estão, hoje em dia, ser-se revolucionário é ser-se bem educado."

A morte de “comandos”

"Já são 17 o número de mortos contabilizados nos “comandos”, cuja responsabilidade atribuímos ao “Estado Maior do Exército”

É absolutamente incompreensível que, em tempo de paz, morram “comandos”, ou melhor, instruendos para os “comandos”, por incompetência dos instrutores militares.
Não aceitamos que no século XXI, se ande “para trás”, no tocante à preparação física, ensinada e praticada no Exército, pois regrediu, de tal forma que levou à morte de vários “comandos”.
Pelas nossas contas, já são 17 (dezassete) o número de mortos (baixas), contabilizados nos “comandos”, cuja responsabilidade atribuímos ao “Estado Maior do Exército”, que de facto, não foi capaz de equacionar, devidamente, com seriedade e objectividade, esta questão da preparação dos instrutores de Educação Física do Exército.
Desde 1964 que a Academia Militar começou a sentir grandes dificuldades, neste sector, e por isso viu-se obrigada a recrutar licenciados, civis, em Motricidade Humana, porque os militares de carreira, estavam no Ultramar, na guerra, desde Março de 1961.
De assinalar que estes civis até foram “obrigados” a leccionar, “ginástica de aplicação militar”, já que não havia quem a pudesse leccionar, por ausência de recursos humanos.
Vinte anos mais tarde, por acção e influência, de licenciados, em Motricidade Humana, pela Universidade Técnica de Lisboa, mas militares de carreira, foi criado o “Grupo Disciplinar de Motricidade Humana”, com cadeiras teóricas, de “Metodologia do Treino” (D-302) – Métodos de Treino –, e de “Desenvolvimento e Adaptação Motora” (D-301), para além da “Prática Pedagógica”, ensinar a ensinar, que no seu conjunto, deram aos futuros Oficiais do Exército competências profissionais superiores, nesta área, com reflexos positivos nos resultados, e com ausência de mortos. 
Isto durou cerca de 20 (vinte) anos, até que, por volta de 2001/2002, o comandante da Academia Militar, com o suporte, certamente, do “Estado Maior do Exército”, daquela altura, extinguiu esse “Grupo Disciplinar de Motricidade Humana”, com os resultados que estão à vista...
Hoje sabemos que foram razões políticas, partidárias e pessoais, que levaram à extinção do “G.D.M.H.”, de modo a afastar um docente das ditas disciplinas teóricas que, ao contrário de outros, não era “Leninista”, nem apaniguado do “Lenine”...
Mas por essa irresponsabilidade, ninguém, até hoje, foi responsabilizado, facto, para nós, incompreensível.
Também muito grave, a nosso ver, é o actual “Estado Maior do Exército” permitir que a instrução de treino físico, seja “leccionada” por pessoas sem creditação académica, ao nível da licenciatura, pela Universidade, e que seja feita por pessoas com apenas 6 (seis) meses de preparação com um “pseudo-curso” de Educação Física em Mafra.
Estamos a assistir ao “julgamento” dos responsáveis directos (no terreno), na praça pública, com acusações muito graves, do Ministério Público aos réus, de irresponsabilidade, e não só... 
Não compreendemos que não haja, para o futuro, a ideia de reparar o erro, praticado no passado.
Esta devia ser a resposta do actual “Estado Maior do Exército”, pois, acreditamos que são pessoas sérias, e bem intencionadas, e que só querem o bem do Exército e do país.
Foram formados na Academia Militar, aonde aprenderam a servir o país, não através de uma profissão, mas sim de um “Sacerdócio”, e que, inclusive, estavam dispostos, se necessário, a dar a vida para proteger, e salvar, a Nação.
Juraram isso, e nós assistimos, a esse juramento, durante 40 (quarenta) anos, e por isso esperamos que alguma coisa mude, por que, de outra forma, pensamos, que a não ser assim, ou haverá pedidos de exoneração de funções, ou afastamentos compulsivos, para que, no futuro, não haja militares, a serem acusados, pelo “M.P.”, na praça pública, de serem irresponsáveis e responsáveis pela morte de militares.
Quem está “em cima” tem obrigação de proteger os que estão “abaixo”, e ao mesmo tempo, de defender a honra, e a dignidade, do Exército e da Academia Militar, que é uma Instituição ímpar e que preparou, prepara e preparará, no futuro, grandes chefes militares que irão enquadrar, em caso de guerra, a população em armas (Exército), de modo a defender o País e a preservar a Nação."

A propósito de lideranças

"Quando precisarem de uma explicação concisa para o fenómeno Trump, ponham os olhos em Steve Kerr, treinador dos estratosféricos Golden State Warriors. Duas vezes vencedor da NBA com a equipa de Oakland e mais outras cinco como jogador, ao lado de Jordan nos Bulls e de David Robinson nos Spurs.
Como muitos outros na NBA, Kerr tem sido uma voz lúcida perante a demência egocêntrica que varre a política norte-americana. Logo na ressaca da eleição de Trump, o treinador recordava, "o principal desapontamento com estas eleições foi o nível do discurso. Deve existir algum decoro, respeito e dignidade associados à eleição de presidente. E foi como se tudo tivesse sido deitado janela fora. Talvez devêssemos ter visto isto a chegar ao longo dos últimos dez anos – quando se olha para a sociedade, quando se olha para o que é popular. As pessoas recebem milhões de dólares para irem para a TV gritarem umas com as outras, seja no desporto, na política ou no entretenimento. Parece-me que era apenas uma questão de tempo até contaminar a política".
Devíamos ter visto este fenómeno a chegar. Até porque, como nos revelam exemplos próximos, até nas mais improváveis geografias, as revoluções culturais têm sempre mais adeptos do que antecipamos.
Precisamos, por isso, como de pão para a boca, de quem lidere pelo exemplo. E quando se olha para o futebol em Portugal o panorama é confrangedor. O que me devolve a Steve Kerr.
Na semana passada, na sequência da sua 250ª vitória como treinador na NBA, numa partida contra os Phoenix Suns, Kerr não treinou a equipa. Não foi nenhuma greve de zelo. Pelo contrário. Sentou-se no banco, só que a equipa foi treinada pelos jogadores: substituições, preleções nos time-outs, orientações tácticas e até, soube-se depois, scouting do adversário, tudo coube aos atletas. Foi surpreendente ver o coração da equipa, Draymond Green, que estava lesionado, de fato e gravata, desconfortável com a prancheta na mão, mas convicto a dar instruções nos time-outs, ou Steph Curry a intercalar triplos do meio da rua com indicações sobre trocas defensivas.
Houve entre os jogadores adversários quem visse na decisão uma falta de respeito. Nada disso. Trata-se, antes, de uma demonstração de que a liderança pode ser participada e envolver todos, sem hierarquias rígidas, nem cultos de personalidade. E de que numa equipa bem treinada, com princípios de jogo enraizados, até o "Manel pode treinar".
Eu que já torcia pelo basket entusiasmante dos Warriors, desejo, agora, ainda mais a sua vitória este ano. Da mesma forma que celebro, com nostalgia, os sucessos da Democracia Corinthiana de Sócrates. É uma forma de ter esperança de que algo mude no futebol português e não se consolide a ideia de que, para vencer, é preciso ultrapassar várias linhas vermelhas: legais, éticas ou apenas verbais."

As reformas de Infantino

"Gianni Infantino, presidente da FIFA, manifestou preocupação com a redistribuição de receitas no futebol e com um sistema de transferências que, não obstante movimentar montantes cada vez mais elevados, mantém um retorno escasso para federações e clubes, atrofiando o desenvolvimento da modalidade.
Na óptica dos praticantes, constata-se que a crueldade do sistema é ainda maior, pois não se verifica um retorno efectivo da riqueza gerada pelo ‘negócio futebol’ em medidas ou programas que os beneficiem directamente, seja ao nível da educação, da saúde e protecção social e das garantias laborais. As assimetrias na competição estão a aumentar, é facto que clubes de nível médio têm menos capacidade para competir. Pelo meio, deparamo-nos com a perigosa estatística da FIFA de um terceiro lugar para Portugal nas comissões pagas a intermediários.
Existem alterações a promover e a FIFPro, em representação dos jogadores, terá uma preocupação com o desenvolvimento da modalidade, mas sobretudo com as condições mínimas essenciais que devem ser garantidas a qualquer jogador a nível global. Implicará o reequilíbrio uma regulamentação desportiva totalmente diferente? Devem ser desenvolvidos novos procedimentos? Que limitações/condições devem estar associadas à transferência e qual o retorno de cada parte envolvida? Todas estas questão devem ser aprofundadas pela ‘task force’ que no momento prepara as primeiras alterações ao regulamento de transferências da FIFA.
O Sindicato completa 46 anos de existência na sexta-feira e para assinalar a data teremos várias novidades ao longo deste ano, centradas, como sempre, nos verdadeiros protagonistas."

Uma estratégia para treinadores, segundo Gustavo Pires e António Cunha

"Os autores do livro Agôn – Homo Sportivus: Estratégia & Estratagemas (Edições Afrontamento, Porto, 2017) são dois dos estudiosos, mais destacados e activos, do Desporto, em língua portuguesa. Refiro-me ao Doutor Gustavo Pires e ao Dr. António Cunha. Acerca do Doutor Gustavo Pires, posso adiantar, sem receio, que a qualidade e a diversidade das universidades onde leccionou e das tribunas onde subiu e dos livros e trabalhos científicos que produziu, dão-nos a medida da seriedade e da especialidade dos temas versados. Não cultiva a flor da simpatia; não sabe organizar, como tantos outros, a publicidade do seu indiscutível valor; manifesta um desdém olímpico por algumas imbecilidades que, na direcção e gestão do desporto, se consideram “príncipes perfeitos”; não esconde a irresponsabilidade, a inconsciência, a alienação a mentira – nem sinuoso, nem insinuante, é, no meu entender, um dos universitários mais cultos que, ao longo da minha vida (que já não é curta) eu conheci. Para mim, a cultura é a aliança do saber e da vida, precisamente o que Gustavo Pires manifesta, quando fala ou escreve sobre desporto. O Dr. António Cunha foi um exímio praticante de andebol, tanto como jogador, como conceituado treinador, chegando mesmo a treinar, durante vários anos, a selecção nacional desta modalidade e ainda, com inesquecíveis êxitos, o F.C.Porto, o S.L.Benfica e o Sportting C.P. Foi membro efectivo do Comité Técnico de Alta Competição da Federação Portuguesa de Andebol Também regeu a disciplina de Metodologia e Treino do Andebol, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Mais havia, para salientar, no seu brilhante currículo desportivo, no que ao andebol diz respeito. Quedo-me agora, por aqui, não deixando de salientar que, neste livro, a síntese teoria-prática é de uma tal perfeição que tudo, nele, parece um pretexto para, em tom de conversa culta, manifestar um grande amor pelo desporto.
Venho dizendo, há muitos anos já, que “o desporto é o fenómeno cultural de maior magia, no mundo contemporâneo”. Portanto, o desporto não é táctica e técnica e fisiologia tão-só. Porque as relações teoria-práxis estão ganhando uma importância crescente, ao longo da História das Ciências e da História da Filosofia, pode escrever-se, hoje, que da resolução deste problema depende a legitimidade de um tema de que se ocupem tanto o filósofo como o cientista. Na resolução das relações entre a tecnociência e a acção tem de resultar um conhecimento onde o homem todo e todos os homens possam rever-se. Com o racionalismo, a razão pura, teórica absorveu, por completo, o ato de conhecer. Se, por exemplo, a filosofia se divorcia, por completo, do mundo da tecnociência, no meu modesto entender, torna-se dispensável. Por outro lado, se a tecnociência manifesta uma incompatibilidade insanável, na relação com a filosofia, o conhecimento científico descamba normalmente numa especialização, incapaz de abranger as exigências da complexidade humana. Encontram-se historicamente esgotadas as cogitações dos que proclamam o divórcio filosofia-ciências: é que, sem as ciências, a filosofia é mera retórica e, sem a filosofia, a ciência desconhece os valores que a humanizam, isto é, que des-ocultam os seus objectivos primeiros. Hoje, nem a ciência pode tornar-se numa filosofia de substituição, nem a filosofia uma “doutrina de segurança”, com respostas fáceis para perguntas difíceis. Não é este o lugar para invocar o nome de Habermas, Adorno, Horkheimer e Marcuse. Mas é a altura de dizer que uma teoria do conhecimento deverá transformar-se numa “teoria crítica” que saiba encontrar a prática fundante e a teoria norteadora, tanto nas ciências humanas como nas ciências da natureza.
Gustavo Pires e António Cunha sabem tudo isto que venho de escrever e, daí, a sua afirmação: “Na realidade, o pensamento estratégico, no abstracto da oposição das partes, na agonística do jogo e na dialética das vontades, abre um vasto campo de reflexão que deve suportar o processo de tomada de decisão nas suas dimensões política e técnica, no âmbito do desporto em geral e, muito especialmente, do futebol, onde, todas as semanas, estão em jogo muitos milhões de euros (…). Assim sendo, a arte do treinador, que se traduz na sua atitude estratégica relativamente à preparação de cada jogo em particular e do campeonato em geral, está transformada numa questão fundamental, na organização da vitória que determina a vida das equipas, dos clubes, das regiões e dos próprios países” (op. cit., pp. 9 e 11). Investigam, depois, os autores “o pensamento de um conjunto de estrategas militares que, de alguma maneira, podem ajudar a estruturar o pensamento estratégico dos treinadores. Abordaremos também o pensamento de alguns estrategistas que, muito embora não se enquadrem perfeitamente, na dinâmica do encontro direto que caracteriza a ação do treinador, não é por isso que deles não podem decorrer úteis ensinamentos para a condução da equipa e a organização da vitória” (p. 13). Desde T’ai Kung (séc. XI a. C.), Sun Tzu (2300 a. C.), Tucídides (460 a.C. – 400 a. C.) e Aníbal (247 a. C. – 183 a. C.), passando por Maquiavel (1469-1527), Joly de Maizeroy (1719-1780), Napoleão Bonaparte (1769-1821), Antoine-Henry Jomini (1779-1869), Carl von Clausewitz (1780-1831), até Georges Clemenceau (1841-1929), André Beaufre (1902-1975), LIdell Hart (1895-1970), Henry Mintzberg, Michael Porter e mais alguns – Gustavo Pires e António Cunha apresentam-nos uma portentosa colecção de livros e de conceitos, de densa especulação e de contacto diuturno com os grandes estrategas e estrategistas, que a História nos aponta. Agôn – Homo Sportivus: Estratégia & Estratagemas preceitua uma pedagogia concreta, uma inteligência clara e segura e uma argúcia tão viva, que não há por aí treinador desportivo que o não deva meditar e sociólogo que o não deva ler. Demais, uma obra para integrar a biblioteca de Institutos Superiores e Faculdades dos mais diversos saberes.
“Um país jamais será economicamente competitivo, se não for culturalmente competitivo. E só será culturalmente competitivo, se tiver uma forte educação competitiva. E a educação competitiva começa no ensino do desporto, a partir da concepção da superestrutura dos programas da disciplina de Educação Física dos ensinos Básico e Secundário que, em termos de desenvolvimento, devem articular a jusante com a rede de clubes desportivos da estrutura desportiva federada. Nesta conformidade, as várias modalidades desportivas, através das respectivas Federações, devem ser sujeitos activos, numa futura curricular dos programas de Educação Física, de maneira que a disciplina possa contribuir para a melhoria do Nível Desportivo do País” (p. 67). É evidente que se trata de uma competição entre seres humanos e portanto, com valores a ter em conta. E assim a estratégia, neste caso, é um saber para um diálogo com uma filosofia prévia a toda a ciência que, noutros saberes e aqui, torna o conhecimento científico válido e humanizante. Na página 142 desta obra (que nos oferece um mosaico rico sobre os diversos aspectos como a estratégia pode estudar-se) pode ler-se: “A estratégia é um fenómeno acção/reacção em que todo e qualquer movimento de um dos protagonistas deverá suscitar uma resposta do outro; um ato de reflexão criativa, num ambiente agónico que questiona a própria sobrevivência da equipa; um processo de reflexão, que deve anteceder o planeamento estratégico, que se limita a estabelecer o processo metodológico, que visa atingir determinados objectivos, mais ou menos integrados”. Insisto no que já escrevi: este é um livro que nenhum treinador deve deixar de meditar e nenhum sociólogo deve deixar de ler. Pela primeira vez, em língua portuguesa, surge um livro, com verdadeiro valor científico, para a explicação e a compreensão do fenómeno “estratégia, na competição desportiva”.
A razão limitante dos que pretendem fazer da Educação Física e do Desporto, subsidiários e satélites “atentos, veneradores e obrigados” da biologia, como se ela pudesse exaurir ou preencher a complexidade humana; o economicismo interesseiro de outros que dão prioridade gnosiológica e axiológica ao lucro e à compra e venda de jogadores; as imbecilidades palatinas que, aqui e além, descobrimos no governo dos clubes desportivos – talvez não entendam, em toda a sua magnitude, o valor inestimável deste livro, que não tem par, no âmbito da “estratégia, na competição desportiva”, em língua portuguesa. Urge dizer ainda que tem vigorado realmente, mesmo entre as elites clássicas (políticos, intelectuais, escritores, artistas, etc.) um pronunciado esquecimento e, nalguns casos. até desprezo, pelo desporto como prática socialmente organizada. Eu sei que as expressões “Actividade Física”, “Educação Física”, “Preparação Física”, de acentuado pendor cartesiano, muito concorrem à indiferença e ao desinteresse de muitos. No entanto, embora estas expressões não retratarem, fielmente, a prática profissional dos “professores de Educação Física”, que tem em vista a complexidade humana, não há razões plausíveis para desconhecer que as aulas de Educação Física, designadamente nos ensinos Básico e Secundário, completam, com a sua singularidade e intransmissível novidade, o que as demais disciplinas do currículo não podem, ou não sabem dar. O livro Agôn - Homo Sportivus: Estratégias & Estratagemas é da autoria de dois “professores de educação física” que pretendem estudar a “estratégia”, como facto e como valor, bem longe das taras cartesiana, positivista, empirista. E fazem-no com um brilho tal e com tamanho rigor, na interacção ciência-filosofia, que podem repetir, sem receio, as palavras de Heraclito de Éfeso a um grupo de presumidos curiosos: “Aqui, também moram os deuses”."