domingo, 22 de outubro de 2017

Ler, ouvir e falar

"Graeme Souness foi um jogador extraordinário e um treinador mediano como acontece e acontecerá a tantos outros ídolos por esse mundo fora. Também sempre houve e haverá treinadores extraordinários que foram jogadores banais mas não foi de todo o caso deste escocês que passou pelo Benfica como treinador na gerência de Vale Azevedo e publicou agora as suas memórias. Souness não deixou de lado a sua experiência no futebol português. "Nunca iríamos ganhar um campeonato. Poderíamos aproximar-nos do Porto, o clube dominante, mas havia sempre o sentimento de que nunca teríamos um trabalho limpo da parte de certos árbitros quando jogássemos no Norte onde estava sediado o poder do futebol português. Naquele tempo, o Benfica nunca iria ganhar um campeonato", escreve no seu livro publicado agora, em 2017.
O "naquele tempo" a que se refere é 1997. Não se lembrou, porventura, Souness que o problema não se verificava apenas nos jogos "no Norte" mas também nos jogos no Centro, no Sul e nas Ilhas Adjacentes tal como ainda hoje pode ser constatado em toda a sua glória "vintage" através do Youtube. Tendo, nos tempos de hoje, conseguido o Benfica ganhar 4 campeonatos de enfiada já tardava, convenhamos, a aparatosa contraofensiva de quem perdeu esse "poder" a que se refere o escocês que, não sendo um génio da táctica, nunca foi um tipo distraído. No que diz respeito à contraofensiva, aí está ela. Mas para atingir as ansiadas proporções do processo judicial do Apito Dourado falta-lhe ainda muita coisa. Falta-lhe, sobretudo, Youtube. Porque no despique entre o ouvi-los falar e o ler e-mails ganha o "ouvir" por 10-0. O ouvir não deixa dúvidas.
Também ao Benfica vem faltando por estes dias alguma coisa de essencial. Não são advogados nem directores de comunicação, nem a palavra de comentadores fervorosos, de ex-futuros-dirigentes ou de futuros-ex-dirigentes. Falta ao Benfica, e aos benfiquistas, a voz essencial do seu presidente. E faltava a PJ mas já chegou.
José Sá vai ser o guarda-redes do Porto hoje no Dragão e Mile Svilar vai ser o guarda-redes do Benfica amanhã nas Aves. Sérgio Conceição fará sentar Iker Casillas no banco e Rui Vitória sentará Júlio César no mesmo lugar. A questão com Casillas é do foro disciplinar enquanto a questão com Júlio César é do foro técnico. O guarda-redes espanhol está habituado a estas penalizações porque já passou pelo mesmo com José Mourinho no Real Madrid. O guarda-redes brasileiro, por sua vez, já se habituou com Rui Vitória a ser preterido em favor de concorrentes mais jovens como lhe aconteceu com Ederson por mais de uma época e meia. Em Janeiro, quando abrir o mercado de inverno, veremos o que resulta destas situações em termos práticos. E financeiros, claro. O aspecto financeiro é importante. Mais para uns do que para outros, muito mais."

1 comentário:

  1. Cara Leonor,

    É preciso ter muito cuidado com aquilo que se escreve, muito mais do que com aquilo que se diz.
    Mas na realidade, quando o que se fala é gravado, então o valor do escrito e falado pode por vezes equivaler-se.
    Não tentem minimizar o valor real do conteúdo de documentos. Sejam eles quais forem. A menos que estejamos perante falsificações.
    Então essa sim poderia ser a permissa mas temo que não seja essa a realidade.
    Assim sendo, o conteúdo dos documentos ou das conversas que também elas foram transcritas para documentos, o conteúdo, esse sim, pode e deve ser alvo de comparação.
    Até hoje, em termos de conteúdo ainda nada vi que me cause preocupação a nível de qualquer possível penalização desportiva ou criminal.
    Espero que não surja nenhuma má surpresa entretanto, porque se existe algo de que me orgulho enquanto benfiquista é da nossa postura no que ao desporto e competição diz respeito.
    E, em minha mente, não passa sequer a ideia de algum dirigente do Glorioso conspurcar o bom nome de uma instituição centenária e imaculada como é o Sport Lisboa e Benfica com práticas duvidosas que possam visar a subversão das regras do jogo jogado.
    Estou, pois, nesse particular tranquilo.
    Já o mesmo não poderei dizer quanto à gritante incompetência com que os responsáveis do Sport Lisboa e Benfica estão lidando com a situação.

    Uma quebra de segurança da ordem de grandeza da que existiu no sistema informático do Sport Lisboa e Benfica é algo demasiado grave para ser negligenciado.

    Os benfiquistas têm de compreender que o que sucedeu e está a suceder é culpa exclusiva própria.

    É como alguém saír de casa e deixar a porta aberta e, depois de todos os bens serem leiloados sem o seu conhecimento, vir dizer que não estava preparado para lidar com ladrões.

    Estamos a brincar com coisas demasiado sérias.

    Os documentos estão aí nas mãos de alguém, prontos a serem divulgados um por um e não há tribunal no mundo que o vá conseguir impedir.

    Quando um determinado bem entra no mercado negro já foi. Deixou para trás de si o rastro. Já não será mais possível localizar. É como ouro derretido.

    Eu pergunto-me o porquê de os documentos ainda não estarem todos expostos.

    Esse sim é o meu maior ponto de preocupação.

    Viva o Benfica!

    Redheart

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