"É sempre mais fácil trabalhar em cima de vitórias. A frase consta naquele manual de instruções básicas que parece acompanhar muitos dos nossos treinadores mas também se pode aplicar a outros níveis deste magnífico espectáculo/negócio que é o futebol. Veja-se o caso do Benfica. Em cima do sucesso desportivo, o clube da Luz soma triunfos no capítulo financeiro, facilitados, lá está, pela tranquilidade dos últimos quatro títulos consecutivos. Não nos deixemos enganar, claro que Luís Filipe Vieira quer ganhar o penta. Mas o tetra dá-lhe créditos suficientes para olhar/encarar o mercado sem medo de deixar sair, supervalorizados, os seus principais activos. Até agora tem-se dado bem com essa estratégia e não há motivos para fazer diferente. Assim se explica que na Luz tenham já entrado mais de 110 milhões de euros, recorde absoluto na história da águia, que até tem fama de vender caro. E o mercado ainda agora está a começar.
Claro que há riscos numa política deste género. O FC Porto já viveu tempos igualmente áureos e agora é o que se vê. Daí que este mercado de transferências estivesse, percebe-se, a preocupar os benfiquistas, que têm visto os rivais (bem, em especial o Sporting) a reforçar-se com nomes de peso, numa espécie de tudo ou nada pela conquista do título. Nesse capítulo, a notícia ontem dada por A Bola de que o Benfica quer fazer regressar Renato Sanches foi recebido com natural entusiasmo. Não porque Rui Vitória ganharia um reforço de peso - veremos se a vontade de clube e jogador chegam para concretizar o negócio -, mas por ter mostrado que na Luz estão atentos ao mercado. Que as vitórias não são sonolência, só tranquilidade. Isto ainda vai mexer muito..."
Ricardo Quaresma, in A Bola
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