"Benfica nada tem a temer no Dragão, porque confia nos jogadores e no treinador - outros não podem dizer o mesmo.
Noite europeia
Depois do tango argentino em Kiev, em Lisboa Salvio voltou a fazer a diferença! Um agarrão a Luisão, uma grande penalidade e mais uma vitória sobre o Dínamo de Kiev. Outra grande penalidade (agora contra nós) e uma enorme defesa de Ederson, a confirmar a nossa vitória. Eis o resumo de mais uma noite europeia, na qual voltámos ao nosso lugar, o primeiro, em igualdade pontual com o Nápoles, num dos grupos mais competitivos da Liga dos Campeões. Falta irmos à Turquia vingar o amargo empate com o Besiktas na Luz e ganhar em casa, na última jornada.
Regressando à noite europeia de terça-feira passada, um verdadeiro jogo de paciência, com o Benfica a dar continuidade ao bom momento que atravessa, embora, desta vez, com o realismo apropriado a um jogo europeu. Do jogo de terça, o (novo) azar de Fejsa (a sofrer uma entrada para vermelho directo). Tão útil que me fez lembrar a de Bruno Alves, contra Rodrigo, em São Petersburgo, a 15 de Fevereiro de 2012. Parece, não parece?
O choradinho dos apitos dourados
Estão abertas as hostilidades para o clássico. Sejamos realistas e não fujamos ao que nos querem oferecer.
Desde o recente empate do Porto no Bonfim que chovem recados, vindos de todos os lados (ou será do mesmo?). Inevitavelmente, com a crise instaurada para os lados do dragão, insurgem-se os santos, os anjos, os arcanjos, os querubins e os serafins lá da paróquia. Com essa crise não faltam lamentações (sem muro, por enquanto), incluindo o, até aqui, tema tabu, da política de comissões da SAD.
Bem sei que a possibilidade de existência de comissões, tanto nas renovações como na celebração dos primeiros contratos profissionais por jogadores vindos da formação - bem como o alegado envolvimento de familiares em negócios do clube e da SAD - são temas especialmente sensíveis (como bem o provam as recentes declarações de Angelino Ferreira, em entrevista ao jornal Expresso).
Mas, o que hoje aqui importa é outro tipo de declarações, as que mandam recados de atemorização para os adeptos de quem vai à frente no campeonato. Tão à frente que as palavras do representante de uma das suas claques, a propósito dos «roubos» a que dizem assistir não intimidam.
Defendem, estes, aliás que não podem ser «bons rapazes» e que devem ter uma conduta de «olho por olho, dente por dente». A mesma tese que eu defendo, e que foi título de um artigo que escrevi, quando partilhei aquela que deveria ser a postura do Benfica, em determinadas situações, e numa outra dimensão. Só que - embora agradeça a gentileza da pessoa em causa - não defendo, como alguns, a «guerra pela guerra», nem, tão-pouco, o «ódio eterno» aos adversários (embora fosse perder tempo qualquer tentativa de explicação às pessoas em causa, como, aliás, todos reconhecem).
Seria, como diz o povo, num velho ditado: gastar cera com maus defuntos!
Mas não podemos ter medo de quem nos ameaça, mesmo fisicamente.
De facto, além de nos odiarem - sim, os dirigentes, e os que lhes são mais próximos - precisam que não ganhemos.
Eu não odeio. Odeio, apenas, a batota... que cimenta a união contra o Benfica.
O mais engraçado, porém, é que falam em ódio, como se, no caso, fôssemos nós os culpados desses «roubos» que agora tanto os preocupam (e não a sua própria incompetência).
Eu sei que lhes dói muito a vantagem (confortável, sobretudo numa ida ao Estádio do Dragão) de cinco pontos, mas é preciso ter lata ou falta de memória para falar em alegados prejuízos das equipas de arbitragem ao clube deles, quando estarão para sempre associados ao maior escândalo de corrupção do futebol português.
Ao que tudo indica, estão a voltar ao tempo dos discursos agressivos, para atemorizar (os árbitros?), legitimando a violência. Já só falta a tese do colinho, que eles tanto gostam, mas lá chegarão!
Porque, sem argumentos no campo, querem atacar o Benfica, quanto mais não seja pela pressão, que já começa a ser criada, sobre as arbitragens!
Porque terão sempre queda para resolver as cosias à moda deles, que é como quem diz... voltando aos métodos do Apito Dourado (pois se deram tão bem com isso...).
Por nós, e sem qualquer preocupação com o que se vai dizendo e escrevendo por aí, por muito que isso lhes custe, queremos e vamos continuar a ganhar! Continuaremos a lutar jogo a jogo, pela verdade desportiva!
Sem chorar, sem intimidar e, muito menos, sem pressionar as nomeações.
Nada temos a temer e - já agora - confiamos em nós, nos nossos jogadores e no nosso treinador (eu sei que os outros não podem dizer o mesmo...).
No Dragão, para ganhar
Ainda que com toda esta atribulação, com as tentativas de intimidação conhecidas (onde anda a Liga?) vamos ao Dragão para ganhar! Não por ser contra o Porto, mas antes por ser o próximo e mais um jogo; e todos os jogos são para ganhar! Porque somos os melhores e os mais consistentes.
Jogando, por estes dias, um futebol que nos põe a implorar para o que o tempo não passe, para que o jogo não acabe, para que os descontos se prolonguem indefinidamente (sem ser para empatar, como acontece a outros).
De memória, recordo períodos de épocas de Jorge Jesus (muito especialmente nas primeiras jornadas da sua primeira época no Benfica), alguns jogos com Fernando Santos e muitos jogos com Sven-Goran Eriksson (especialmente na primeira época da sua primeira passagem pelo Benfica.
E, agora, com Rui Vitória, uma aposta ganha de Luís Filipe Vieira! Um treinador que, além de perceber muito de futebol (e não só de futebol, não é, prof. Manuel Sérgio?), assume as responsabilidades que tem de assumir e resolve todos os problemas - e não têm sido poucos esta época - com o carácter dos grandes líderes. Porque é para isso que lá está (e, já agora, recebendo muito menos, muito menos do que outros que têm desculpas para tudo, até para o que não tem desculpa).
Mas não nos iludamos: para ganharmos este campeonato vamos ter que jogar o dobro dos outros dois... juntos. Por isso, vamos ao Dragão com os pés bem assentes na terra e a humildade (de tricampeão).
Apresentaremos uma equipa unida, em torno de um espírito extraordinário, capaz de ultrapassar as muitas dificuldades com que nos fomos deparando. Especialmente lá, vamos entrar em campo e jogar à Benfica. Sem constrangimentos, sem receios e sem qualquer tipo de complexo, mas, acima de tudo, com muita competência e coragem. E muito menos, sem o deslumbramento ou as ostentações (de outrora) de outros. Para que todos possamos vencer, honrando quem muito venceu por nós. Por eles, mas, sobretudo, pelo Benfica!"
Rui Gomes da Silva, in A Bola