terça-feira, 7 de junho de 2016

Um Oriente a Oriente do Oriente,,,

"Em 1970, o Benfica joga em Macau, no Japão e na Coreia do Sul. Nunca uma equipa portuguesa viajara para tão longe. Mas os céus do mundo eram cada vez mais os caminhos da águia.

Em 1970, o Japão recebia a Expo-70 e Portugal estava representado com um pavilhão em Osaka, inaugurado pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros da época, Rui Patrício.
Osaka, terceira cidade japonesa em população a seguir a Tóquio e Yokohama. O Benfica também tem de estar presente. O Benfica é cada vez mais uma imagem de Portugal além fronteiras, uma marca firme de sucesso e brilhantismo. E Eusébio, sempre Eusébio, encantador de pessoas, o homem que fascina espectadores com a sua potência felina de uma vida que transborda dele mesmo e se propaga no redor. Facto inédito - eis que uma equipa portuguesa de Futebol se desloca ao extremo-oriente. O Futebol português está de luto pela morte do jovem Nené, prometedor jogador da Académica. No dia seguinte a comitiva 'encarnada' deixa Lisboa em direcção a Macau, primeira paragem desta nova deslocação 'encarnada', quase directamente de África, onde uma semana antes defrontara em Luanda e Lourenço Marques uma selecção de Luanda e o V. Setúbal, por duas vezes, para o mais distante de todos os orientes.
Dois jogos na velha Cidade do Santo Nome. Duas vitórias, como não podia deixar de ser. 4-1 à selecção de Macau; 7-0 à selecção de Hong Kong. O público gosta. Mesmo num território onde o futebol nunca se fixou como alegria do povo e se preferem as corridas de cavalos e de galgos.
Nos sopés dos montes
A 'águia' não pára de voar. Os céus do mundo são os seus caminhos.
Borges Coutinho comanda o grupo, o treinador é Jimmy Hagan, os jogadores são - José Henrique, Fonseca, Malta da Silva, Barros, Humberto Coelho, Zeca, Adolfo, Jaime Graça, Matine, Vítor Martins, Simões, Nené, Eusébio, Artur Jorge, Raúl Águas, Messias e Praia. Dois jogos em Macau para aquecer os motores, e quilómetros e mais quilómetros. Um jogo em Kobe, viagem de comboio para Tóquio, por entre as montanhas em cujos topos se espreita o branco da neve.
Kobe: um dos maiores portos do país de onde saiu a principal fonte de emigração para o Brasil. No sopé do Monte Rokko, o Benfica vence a Selecção principal do Japão por 3-0.
E a surpresa geral. A televisão japonesa transmite os jogos a cores! Uma sensação! O Benfica faz golos e mais golos e todos eles vão de casa em casa, a cores, para alegria de toda a gente. Depois é a partida para a Coreia do Sul, registando-se em Seul o único empate da digressão. Só à sua conta, Eusébio marca 13 golos. Um número que lhe dá sorte. E duro, o regresso, estende-se por escalas e mais escalas: Seul-Osaka- Tóquio-Hong Kong-Bangkok-Bombaim-Teerão-Roma-Lisboa.
Mais duas taças para a sala do clube: Taça Cidade de Kobe e Taça Pavilhão Portugal/Japão. O brilho extraordinário de ouro e de prata.
De cada vez que viajam, os jogadores do Benfica coleccionam carimbos nos passaportes, escalas infinitas em aeroportos e o respeito de um público que sabe a força desse nome vermelho.
Ao contrário do que escrevia Álvaro de Campos, não há de ser a vida de bordo a matá-los. Mas havia glórias a procurar num Oriente a Oriente do Oriente.
Era lá que estava o Benfica nesse Verão de 1970.
Nada de estranho para quem esteve em toda a parte..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Justiça! Agredir um árbitro dá prisão

"Nos últimos dias, aconteceram coisas importantes no mundo da arbitragem. E qualquer uma delas seria válida para trazermos hoje a esta coluna.
Podia falar-vos sobre a tomada de posse da Direcção da FPF e do novo Conselho de Arbitragem, que acontecerá hoje, com a presença do presidente da FIFA, Gianni Infantino.
Podia também abordar a questão das alterações às leis de jogo, aprovadas em Março. Ao todo, foram 95 mudanças na letra e espírito da lei, muitas delas com impacto significativo no decorrer dos jogos. A analisar em breve.
Mas hoje a minha escolha é outra. Hoje respondo ao apelo do coração e escolho a mais importante de todas. Porque sempre que está em causa a saúde e a segurança de quem está no futebol, tudo o que é estrutural deixa de fazer sentido.
Lembram-se do Caso do Sobrado? Em Novembro de 2011, um árbitro assistente foi brutalmente agredido por dezenas de adeptos da equipa visitada, num jogo do Distrital da AF Porto, entre o Sobrado e o Rio Tinto.
A barbaridade foi tal que o Semedo, assim conhecido pelos colegas, correu risco de vida e foi internado durante várias semanas. Diagnóstico? Coisa pouca. Dentes e maxilares partidos, traumatismo craniano e deslocamento da retina do olho direito. Foi de tal forma grave que foi necessária cirurgia para reconstrução facial. Imaginem pois a violência dos socos e pontapés na cara, quando já estava caído e inconsciente no chão. Dispenso-me falar aqui das consequências psicológicas e emocionais e do impacto irremediável que esta situação teve na sua vida pessoal, profissional e familiar. E que ainda tem. Que terá sempre.
Quase cinco anos depois, a justiça portuguesa fez... justiça. E pela primeira vez em Portugal condenou a penas de prisão efectivas (confirmadas agora na Relação) alguns dos agressores identificados. A prisão de alguns dos arguidos (outros apanharam apenas penas suspensas) não é motivo de alegria para quem sofreu lesões gravíssimas na cabeça, tal como não o é para a sua família ou para o universo do futebol. Não há justiceiros nem vinganças agridoces em pessoas de bem. Não pode haver.
Mas teve o mérito de abrir precedente importante e de passar mensagem de prevenção inequívoca: bater nos árbitros (ou em qualquer outro interveniente desportivo) dá prisão. Dá cadeia. De verdade. E se tanta pedagogia, tanto diálogo, tanto apelo ao fair play nunca parecem desincentivar quem vai para um estádio apenas para agredir, que a consequência dessas acções o faça então. E que esta pena, neste caso justíssima, faça despertar nos potenciais arruaceiros de amanhã o receio de passarem a ver o sol aos quadradinhos durante muitos, muitos meses.
Sempre fui favorável à prevenção. Mas se ela se esgota sistematicamente em palavras, então que as acções sejam firmes, fortes e imparáveis. Seja em matéria criminal, seja por exemplo em questões de regulamentação disciplinar.
E que falta faz o endurecimento dessas no futebol português..."

Duarte Gomes, in A Bola

Os novos trabalhos de Fernando Gomes

"Decorrido o ato eleitoral que culminou com a eleição do dr. Fernando Gomes para presidente da FPF, é tempo de reconhecer a obra feita, de elogiar o cumprimento de todas as metas estabelecidas e de destacar a credibilidade governativa.
A expressividade do resultado eleitoral demonstra a comunhão de ideias entre a FPF e os seus associados que será fundamental nos anos vindouros, ainda que novos e duros trabalhos se avizinhem.
Sejamos realistas, os problemas estruturais do futebol português exigem muito mais do que um consenso alargado ou metas comuns. Sobre cada agente e cada instituição desportiva recai a responsabilidade de dar um passo em frente. O que hoje não merece discussão no papel amanhã terá de traduzir-se em acções concretas, com repercussão na vida dos clubes, jogadores e demais agentes. Cada um tem de assumir a sua responsabilidade, o seu papel, promovendo a pluralidade de opiniões, enriquecendo um projecto comum! 
Há muito que se impõem reformas estruturais. Discute-se hoje a arbitragem, nomeadamente a introdução de novas tecnologias no futebol (o que se saúda), em nome da verdade desportiva, como se fosse a panaceia que resolve todos os problemas, ignorando-se que a montante existem outros mais graves que a esvaziam. 
Resolver o problema da bola que entra ou não entra, da decisão acertada ou errada, diminui o incumprimento salarial, impede a propagação de actos de gestão danosa e fraudulenta ou condiciona o acesso à competição daqueles que violam reiteradamente os compromissos assumidos?
Nesta matéria, perdoem-me ser 'desalinhado', acho que devemos recentrar os nossos esforços a montante! Garantir condições de igualdade entre os competidores é o grande desafio! Fazer a justiça desportiva funcionar, independentemente da comum, ajuda!
O conceito de 'cidadania desportiva' vai muito para além do apoio a um programa de governação, significa identificar os problemas e aturar sobre eles com consciência crítica, encontrar soluções, construir pontes e premiar a seriedade.
Proteger os fundamentos do desporto, o futebol, os seus agentes, implica que cada instituição dê um passo em frente. Esse é o maior contributo que podemos dar ao dr. Fernando Gomes e à sua equipa!"

Um 8 para o 36

"Se o Benfica quiser garantir o 36 na próxima época, a prioridade passa por não repetir erros da temporada passada. Parece paradoxal, tendo em conta que o Glorioso acabou por ser campeão, contra as expectativas iniciais. Mas, a frio, talvez valha a pena reconhecer que, de facto, o Benfica venceu, apesar de um planeamento atribulado.
É, hoje, claro que a digressão norte-americana, se colocou o Benfica na rota de muitos colossos do futebol mundial, foi uma má experiência e impediu a sedimentação de novos processos. O problema, aliás, não foi apenas do Benfica - as equipas que andaram embarcadas em viagens comerciais à volta do Mundo deram-se mal no início da época.
O principal erro foi mesmo a formação do plantel. Depois de uma segunda metade de 2014/15 em que era evidente a necessidade de encontrar um substituto de Enzo para a posição 8, o Benfica entreteve-se com um sem-número de contratações, não cuidando de encontrar atempadamente um titular para o centro do terreno. Ora, com Jonas em campo, não há volta a dar: como o brasileiro não pode jogar sozinho na frente, o Benfica tem de jogar com um meio-campo de dois jogadores. Com Samaris e Fejsa, a posição 6 está assegurada, mas o futebol do Benfica depende de um 8 com características muito particulares.
Esta temporada, a emergência do extraordinário Renato acabou por resolver a lacuna no plantel e ofereceu-nos o título. Com a saída do Bulo, o Benfica voltou à estaca zero. Encontrar um 8 de classe, titular de caras, não pode deixar de ser feito, nem - como em anos anteriores - adiado para o encerramento do mercado."

"Viva o Benfica"

"A história dos geoglifos da vila da Malveira

Muito provavelmente não há benfiquista que não tenha conhecimento das homenagens ao Benfica efectuadas na Malveira. Porém, a história dos geoglifos na vila do concelho de Mafra remonta a muitos séculos antes da fundação do Clube 'encarnado'.
Reza a história que, pelo menos até ao segundo quartel do século XX, no dia 1 de Maio, a população subia ao Cabeço do Cerro com uma velha mó de moinho, transportada por uma junta de bois, e lavrava no solo 'o sentir do povo' em 'letras extraordinariamente grandes para de longe poderem ser lidas'. Depois, com a mó como mesa, tinha lugar uma 'longa patuscada em que o vinho e as especialidades da região' eram 'bastante lembradas e apreciadas'. 'Terminado aquele repasto (...), precede-se ao final do cerimonial (...): a mó (...) é lançada a rebolar pela encosta abaixo numa velocidade cada vez mais vertiginosa, de maneira a causar arrepios a quem, de perto, assiste ao desfecho'.
Rito pagão oriundo, segundo consta, dos moleiros da região, visava 'despertar a natureza do sono em que mergulhara desde o início do Inverno (...) e trazer de volta a fecundidade às pessoas, aos animais e às plantas'.
Em 1961, após a conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus, o Benfica figurou pela primeira vez nos geoglifos do Cabeço do Cerro com a frase 'Viva o Benfica'. No ano seguinte, repetida a conquista, os benfiquistas malveirenses reiteraram a homenagem. Mais recentemente, após a vitória nos campeonatos nacionais em 2005, 2010 e 1014, o Clube voltou a ser glorificado no cimo do monte, sendo que nos dois últimos a frase deu lugar a um gigantesco emblema do Clube.
Ao longo do século XX, há registos de outros geoglifos traçados no local. Entre eles: 'Malveira' em 1939; 'Paz no mundo', quando terminou a II Guerra Mundial; 'Vida por vida', aquando da fundação dos Bombeiros Voluntários da Malveira.
Actualmente, são vários os países onde esta prática ainda se mantém. 'Na Grã-Bretanha e na Irlanda, por exemplo, (...) todos os anos, no dia 1 de Maio, determinadas comunidades ascendem a uma colina (...) com o objectivo de revolverem penedos, após um manjar ritual fruído em conjunto'.
No Museu Benfica - Cosme Damião, as homenagens dos benfiquistas da Malveira não foram esquecidas: na área 16. Outros voos pode ver-se uma fotografia do tributo de 2010."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

O monumento entre a Prisão e a Cidade do Futebol

"À beira do forte de Caxias onde Cândido de Oliveira foi torturado há um rotunda, é lá que o NAM o quer colocar como mais do que símbolo à resistência. Fique a saber como e o que ele penou depois de ser preso pelo seu próprio guarda-redes...

Perante a ameaça de Hitler invadir Portugal, criou-se, em Dezembro de 1940, com o patrocínio dos SOE, serviços secretos britânicos, a Rede Shell. Destinada a acções de espionagem (e eventualmente de guerrilha...) contra os nazis, Cândido de Oliveira tornou-se um dos seus principais agentes, o agente PAX. Aplicou à selecção o WM que Chapman inventara no Arsenal - e foi assim que à entrada de 1942 levou Portugal a brilharete: ganhou à Suíça, nas Salésias, por 3-0. 51 dias depois, às cinco de madrugada de 28 de Fevereiro, brigada PVDE entrou de restolhada na casa onde vivia e levou-o, preso, para Caxias.
Durante mais de 12 horas interrogaram-no sobre nomes e ligações, ajudas e arrimos - e Cândido disse anda. Partiram-lhes os dentes, racharam-lhe os lábios. Levou murros e pontapés - e ainda com um banco na cabeça. Pela sala da tortura passou António Roquete, que fora seu guarda-redes no Casa Pia AC e na selecção olímpica - e que, em 1930 se tornara agente da polícia política, ainda não se chamava PIDE, chamava-se PVDE.
Levantou-se rumor de que fora António Roquete, quem mais barbaramente o agredira - que não, revelou-o Maria Claudina Guerreiro Nunes, sua sobrinha:
- Era um rapaz muito pobre, o Roquete, o meu tio protegeu-o, garantiu-lhe refeições, ajudou-o a vestir-se, enfim fez com ele o que fazia com todos os casapianos que precisavam do que fosse... É verdade, que apesar disso, não se portou bem quando Cândido foi preso. Mas bater-lhe parece que não bateu. De qualquer forma, posteriormente, Roquete tentou uma aproximação, mas o Cândido recusou...

Cândido, a tortura em Caxias...
Ainda de Caxias, Cândido de Oliveira enviou exposição a Mário Pais de Sousa, ministro do Interior, que era mais do que um lamento, é imagem da barbárie que se praticava:
- Só agora tive conhecimento da razão das torturas, morais e físicas, a que fui submetido: a escuridão total, a cela húmida e sem ar, sem luz e sem janela, o facto de ter sido obrigado a viver como um animal e a comer no chão durante dez dias inteiros, impedido de receber cuidados médicos apesar de ter um dente partido e ter sido forçado a usar o mesmo lençol durante esse mesmos dez dias. A polícia pensava que eu era um comunista, um traidor que queria derrubar o governo, mas não, fui apenas um patriota que desejava combater qualquer invasor do seu país...

Obrigatoriamente, o Cândido
À sombra do presídio onde, então, penava Cândido de Oliveira está, agora, a Cidade do Futebol. Entre um espaço e outro há rotunda - e é lá que João Maria de Freitas-Branco, vice-presidente do NAM, Movimento Cívico Não Apaguem a Memória, quer que se coloque monumento que seja mais do que uma homenagem a Cândido:
- O NAM foi criado em 2005 com o objectivo de manter viva a memória do que foi o Estado Novo e o período da Revolução e da transição para a Democracia. É uma instituição independente que acaba de editar resenha histórica dos seus 10 anos de actividade, da autoria de Raimundo Narciso, seu presidente do NAM. Vendo em marcha a construção da Cidade do Futebol apresentei em reunião do NAM a proposta para que se fizesse monumento que estabelecesse um ponto de união entre aquilo que é a Cidade do Futebol virada para o futuro e o velho forte de Caxias, símbolo do passado ditatorial, da repressão, do Mal, do mal institucionalizado que foi o Estado Novo - e além disso que evoque o histórico momento da libertação dos presos políticos na madrugada de 27 de Abril de 1974. A figura de Cândido de Oliveira impôs-se quase como uma obrigatoriedade, dada a intenção de estabelecer ponte entre a resistência anti-fascista e a actividade desportiva. Quem melhor para isso? Cândido reúne numa só pessoa um conjunto de qualidades, de competência, de acções no seio da sociedade que fazem dele a figura mais importante da história do futebol em Portugal. O admirado Eusébio é caso diferente. Cândido não se esgota no futebol, nem sequer no desporto. vai para além disso, simboliza o intelectual do desporto, há na sua prosa jornalística e não só uma dimensão literária.

O amargo silêncio da FPF
A ideia acolheu-se com entusiasmo, ao NAM, por si só, falta capacidade para lhe dar andamento:
- Razão porque estabelecemos dois contactos institucionais privilegiados. Um, em primeiríssimo lugar com a Câmara de Oeiras. O presidente Dr. Paulo Vistas revelou de pronto todo o empenho possível na concretização da obra. Também todas as forças políticas representadas na Assembleia Municipal mostraram simpatia à ideia. O segundo contacto foi com a FPF e aí...
Freitas-Branco calou-se por um instante, percebendo-se-lhe, amargo, o silêncio:
- O contacto com a FPF foi em Março e é com alguma tristeza que tenho de dizer que ainda não tivemos nenhum eco da sua reacção...
Custo? Ainda não se sabe, o NAM não tem dinheiro...
José Maria de Freitas-Branco não faz (ainda) ideia precisa do que pode custar a colocação da estátua de Cândido de Oliveira no Monumento entre a Prisão de Caxias e a Cidade do Futebol:
- Não há qualquer orçamento, de momento. Porque nós, o NAM, defendemos que deve realizar-se um concurso de ideias. Não queremos impor nada no plano da criação artística. Aliás, aproveito para revelar que motivei um jovem escultor meu conhecido, Fernando Roussado, a abraça-lo e ele já me deu a conhecer o seu projecto. Trata-se, porém, de iniciativa pessoal, o NAM não apresentou nenhuma proposta de autoria. Eu simpatizo com a ideia de explorar o olhar criativo de um artista já nascido no Portugal de Abril, mas repito: sendo o NAM uma instituição sem fins lucrativos, não temos capacidade financeira para avançarmos sozinhos, por isso nada se orçou ainda...

Se o seleccionador olímpico era ele...
Se a FPF não entrar no apoio financeiro ao projecto, o COP pode entrar? Já entrou doutro modo...
- Cândido de Oliveira não foi apenas jogador e treinador de futebol, também fez râguebi, atletismo e luta, da sua cabeça saiu a ideia da Volta a Portugal em bicicleta, era o seleccionador da equipa que nos Jogos Olímpicos de 1928 ficou à beira de ganhar uma medalha...
- ... E como jornalista, além de fundador de A BOLA, foi um dos mais notáveis que Portugal teve. Gosto de acentuar que o jornalismo é, à sua maneira, uma forma de escrita literária, nele era sempre assim...

- Pois, mas o que eu lhe queira perguntar era se, atendendo ao facto de Cândido de Oliveira estar muito para além do futebol não deveria envolver neste projecto o Comité Olímpico também...
- O Prof. José Manuel Constantino logo que soube do projecto do NAM mostrou o maior entusiasmo e interesse nele e, aliás, tem-me ajudado muito nesta batalha pela sua concretização...

- Já lhe falou na possibilidade de o COP se envolver financeiramente no projecto se a FPF não o quiser fazer?
- Não, nisso não falámos.

- Outra hipótese para o pagar é o envolvimento do governo - ou não?
- Eventualmente, embora ainda não tenha sido feita abordagem nesse sentido porque o NAM tem a correr outro projecto que envolve o governo, tem incidência sobre o espaço da prisão da Caxias, está a ser negociado com o Ministério da Justiça e não quisermos sobrepor projectos. Mas, claro, não está posta de parte a hipótese de se tentar o envolvimento do governo, se necessário...

- Não deixa de ser uma obrigação moral de qualquer governo...
- Concordo. Muito se disse já sobre o futebol como elemento de alienação. Sem o querer negar, gostava de enfatizar o facto de a prática do jogo, bem como o espectáculo futebol, com a sua enorme dimensão cultural, estética, sócio-antropológica, política, poder, e dever, constituir real factor de educação cívica no seio da sociedade. O nosso bom Cândido compreendeu isso e por isso merece de todos nós a homenagem que o NAM quer fazer...

Sem a FPF, a memória atraiçoada...
José de Freitas-Branco garante: o projecto não é megalómano e os custos não são exorbitantes.
- Se a FPF chutar para canto a ideia o Monumento na Cidade do Futebol...
- Achamos que o projecto, pela sua filosofia, o seu simbolismo, a ideia do NAM deve ser financiada pela autarquia e pela FPF. O futebol é hoje uma indústria que move milhões e para a FPF creio que não seria um investimento significativo, porque não estamos a falar de um projecto megalómano, que tenha custos exorbitantes...

- Não teme, porém, que no silêncio que tem recebido da FPF possa haver algum indício de contravapor - ou mesmo de uma forma de negação em particular na ideia?
- Não posso acreditar nisso.

- Porquê? Porque, fazendo-o, a FPF estaria a atraiçoar a memória de Cândido de Oliveira, a sua figura, o que ele representa?
- Julgo que não há nenhuma decente direcção da FPF que possa não simpatizar com a ideia de ter à entrada da Cidade do Futebol um monumento evocativo de Cândido de Oliveira e dos valores nele encarnados - independentemente das posições políticas que hoje se possam ter. Cândido de Oliveira é, aliás, figura digna, consensual, uma personalidade marcante no Portugal do século XX, um residente empolgado sem conotação partidária, um incansável lutador pela Liberdade e pela Democracia. Por isso, sofreu, por isso pagou preço que se sabe. E, 'last but not least', ainda não recebeu a devida homenagem nem o reconhecimento nacional que merece.
Do 'pântano da morte' à rotunda
O dinheiro que o governo de Salazar lhe roubou e a desculpa da doença que o desviou do Brasil...

Depois de quatro meses preso em Caxias, a 20 de Junho de 1942 Cândido de Oliveira foi embarcado no paquete Mouzinho com destino ao Tarrafal, construído em Cabo Verde à imagem de campos de concentração nazis. Por mais de uma vez, a embaixada inglesa exigiu ao governo de Salazar que o libertasse. Sem resposta, os SOE idealizaram raptá-lo de lá.
Na primeira vez gizaram plano que previa recurso a um barco francês - mas como Lionel Oliveira, o irmão de Cândido, era comandante de navio mercante, o Alfarrarede, ofereceu-se para ser ele a fazê-lo. Decidiu-se que a operação largasse cabo a 22 de Fevereiro de 1943, horas antes, por indicação do embaixador inglês foi «estrategicamente suspensa».

Plano para a fuga do Tarrafal...
Tentou-se outra, entretanto. Que, com a ajuda de um guarda, Cândido de Oliveira fugisse do campo do Tarrafal a nado do forte, a caminho dum salva-vidas que se lhe lançasse, pela calada da noite, sendo, depois, os dois resgatados por um navio da Royal Navy - deixando o bote com o casco para cima sugerindo que tinham morrido afogados. Cancelou-se também - porque Salazar decidira abrir os Açores aos Aliados e prometera aos ingleses soltar todos os envolvidos na Rede Shell, ao perceber que a sorte da guerra se inclinara para os Aliados...
Do Tarrafal voltou, assim, Cândido de Oliveira a 31 de Dezembro de 1944. Levaram-no ao Júlio de Matos - para «quarentena da febre amarela» e «análise de estado psíquico». Após seis dias no referido para hospital foi transferido para o «Depósito de Presos de Caxias». Para cada mês na cadeia exigiram-lhe 1500 escudos para «pagamento do quarto e da alimentação» (sim, os presos políticos tinham de suportar o cárcere e o resto...) e só a 27 de Maio o restituíram a liberdade condicional.
Quando o deportaram tinha 35 contos de economias, o Estado apoderou-se delas por achar que era «dinheiro da espionagem». Salazar deu-lhe a soltura mas manteve-lhe a exoneração de Inspector Geral dos Correios. «Arruinado» e «sem trabalho», sugeriu ao SOE que lhe arranjasse «qualquer coisa no Brasil». Arranjaram - e marcaram-lhe viagem para os primeiros dias de 1945. Não partiu, queixou-se de problemas de saúde. Não, não foi bem por isso que não partiu, foi porque outro sonho se lhe ateara, noutro sonho de envolvera - com Vicente de Melo e Ribeiro dos Reis na fundação de A BOLA.

Auschwitz de via reduzida
Do Tarrafal saíra, com livro na cabeça. Escreveu-o, magistral, na denúncia dos seus horrores - é O Pântano da Morte. (Obviamente só foi publicado em 1974). Numa das suas páginas, ao Tarrafal chamou Auschwitz de via reduzida. Arrepiante é o que conta sobre a famosa Frigideira e não só... (Vá lá, Cândido não passou por suplícios como outros passaram, a ele tiveram-no preso em «regime especial», fora do «arame farpado». Davam-lhe uma pequena área para passear e só era fechado das 8 da noite às 5 da manhã...)

O simbolismo da rotunda
Perguntando-lhe se, por um acaso (ou não...), a FPF não participasse no financiamento do monumento com Cândido de Oliveira na rotunda da Cidade do Futebol, isso o feria de morte (e lhe atraiçoava a memória) Freitas-Branco afirmou:
- Eventualmente. Porém, quero acreditar não haver tão grande risco, em face do empenhamento que tenho observado da parte do Dr. Paulo Vistas, presidente da Câmara de Oeiras, e do consenso entre as forças políticas na autarquia. Mas acredito que a FPF não deixará de se associar ao que é fundamental: fazer-se num local carregado de simbolismo, a homenagem a uma personalidade singular, a Cândido de Oliveira. Fazendo-o, estamos a enaltecer a atitude e o espírito pró-democrata, pré-liberdade, pró-desenvolvimento, pró-progresso, celebrando, do mesmo passo, o gesto libertador que ocorreu naquele local, em 1974, e que marca a história do Portugal contemporâneo."

António Simões, in A Bola

Talvez o maior benfiquista em Hollywood

"(...)
- Por sugestão sua conversamos em Sintra. Escolheu o local por ser perto da sua casa ou por sentir aqui - onde de resto já muitos filmes foram rodados, até com reflexo hollywoodesco, como A Nona Porta de Romam Polanski, com Johnny Depp - alguma energia cinematográfica?
- Foi mesmo por ser perto de casa. Moro em Ranholas. Até podíamos ter conversado lá em casa mas esteve a chover e está tudo sujo no jardim. Sou amigo do dono deste restaurante onde estamos. Venho cá muitas vezes e acaba por ser também onde recebo amigos quando estou em Portugal. Sintra, lá está, como disse, tem uma magia qualquer. Uma solidão. Não tenho vizinhos, o que é fantástico. Em Santa Mónica, nos EUA, vivo num condomínio mesmo em frente à praia mas sempre cheio de gente.

- Em Portugal é famoso; nos EUA, apesar de muitos anos de carreira, pela dimensão do mercado a exposição é menor. Ao viajar entre os dois países passa de um Joaquim Almeida para outro?
- As pessoas aqui na terra que me conhecem não param para conversar. O português é tímido. O espanhol é pior, chamam-te para ires com eles. Aqui notam quando passo, ouço o meu nome, normal. Quando isso deixar de acontecer, ou um pedido de autógrafo, é porque não estamos a trabalhar e isso será bem pior. Ocasionalmente ouço actores de novela afectados com isso e lembro-lhes que devem aproveitar, porque passam a fronteira e ninguém os conhece. Na Califórnia as pessoas estão tão habituadas a ver actores e actrizes que nem ligam, não se espantam.

- Há muito que terá deixado de se sentir emigrante na América?
- Eu tenho nacionalidade americana. Sinto-me em casa lá também. Tenho dois passaportes. O americano, porém, só uso para entrar e sair dos EUA. Claro que se um dia me vir nalgum sarilho muito longe de casa uso o americano para pedir ajuda, porque desconfio que a embaixada americana me resolverá o problema mais depressa... Mas sinto-me muito português ainda, não me sinto americano.

- Cumpriu o sonho?
- Cumpri. E estou outra vez a trabalhar bastante. Tem a ver com a idade. Estou a chegar aos 60 e estão a dar-me papéis outra vez. E há menos concorrência, porque alguns actores, envelhecendo, deixam de representar. Mas sou um refilão, quando não tenho trabalho refilo porque não tenho trabalho e quando tenho refilo porque tenho.

- Pela sua versatilidade e fluência linguística trabalha em vários circuitos, uns de maior exposição, como o de Hoolywood - Our Brand Is Crisis - foi o último filme, com Sandra Bullock e Billy Bob Thornton -, e outros menos populares, na Europa. O que prefere?
- Gosto mais de fazer cinema, europeu ou americano, só isso. O futuro está na televisão, nas séries, há mais trabalho, mais actores a representar. Mesmo agora estou a filmar um filme em Londres.

- Que filme?
- De acção. Estou a fazer de francês. Chama-se The Hitman's Bodyguard. O assassino é o Samuel L. Jackson, o Ryan Reinolds é o guarda-costas. Há uma julgamento em Haia, uma testemunha num processo contra o presidente da Bielorússia, interpretado pelo Gary Oldman... Eu faço de agente da Interpol mas sou 'toupeira', infiltrado...

- Ao longo dos anos quantas dessas estrelas foram ficando amigos ou amigas?
- Na verdade não tenho muitos amigos actores. No meio são sobretudo realizadores, directores de fotografia, câmaras...

- Por princípio?
- Os actores falam muito da profissão. Chateiam-me.

- Nunca entrou num filme sobre desporto. Porquê?
- Nunca calhou. Mas nos do Joaquim Leitão há sempre cenas em que tenho de fazer de adepto do Sporting. Ele faz de propósito, porque sabe o benfiquista que eu sou...

- Custa-lhe assim tanto entrar nesse personagem?
- Um bocadinho mas tudo bem, é trabalho. E uma vez - agora me recordo - estive quase para entrar numa série nos EUA, do Robert Rodrigues, que envolvia futebol. Mas depois achei que não fazia muito sentido.

- Como era?
- Era sobre um polícia que se infiltrava no futebol - no soccer, portanto - para investigar a corrupção do dono da equipa. Mas era um polícia já com 25 anos que de repente começava a jogar... Achei irrealista, os jogadores começam desde miúdos. E quem o ensinava era uma jogadora de futebol feminino, que tinha mais experiência.

- A verdade é que nos EUA a equipa de futebol com títulos mundiais e medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos é a feminina...
- Sim, tudo bem, mas entrar numa equipa com 25 anos era impossível, não fazia sentido.

- Não há muitos filmes bons sobre futebol, se pensarmos bem...
- Tem razão. Olhe, sou amigo do Ron Shelton, que fez muitos filmes ligados a desporto, o 'White Man Can't Jump' e o 'Bull Durham', com Kevin Costner, filmes sobre basquetebol e basebol. E ele fez também filmes sobre pugilismo - nesse tema há muitos claro. Mas futebol, realmente, nem por isso.

- Vi há pouco tempo o Dammed United, sobre a passagem efémera do Brian Clough pelo Leeds, antes de rumar ao Nottingham Forest para ser bicampeão europeu. Muito interessante. A propósito de Nottingham Forest e os fenómenos desportivos, acompanhou com certeza a vitória do Leicester na liga inglesa.
- Claro que sim. Nos EUA, em LA, não consigo ver muitos jogos do campeonato português. E não me interessa, confesso. Lá vejo as ligas inglesas, espanhola, sobretudo. E o Benfica na Champions. De resto, sigo o Benfica pela Net. E vou ver os jogos quando estou em Portugal. Mas a liga inglesa, com competição, é a mais excitante de todas.

- A casa do Benfica mais próxima é em São José, ainda na Califórnia mas mais próxima de São Francisco. Não lhe fica em caminho...
- É longe. Mas, mesmo à distância, o benfiquismo, não esmorece.  Um homem não muda de Clube.

- Falávamos do Leicester como fenómeno europeu mas nos EUA, pela forma como o desporto se organiza - com franchises, drafts, tectos salariais -, a alternância de ciclos é quase regra...
- Está tudo organizado para o espectáculo. Quando se sabe quem ganha não é tão espectacular. No desporto dos EUA nada parece tão emocional do ponto de vista de quem organiza as provas. O que se quer é espectáculo. O que se torna pessoal e emotivo são as histórias, os símbolos, os jogadores. Agora vive-se muito a história do, o melhor de todos, como se chama...

- O Steph Curry?
- Não, não - como é possível esquecer o nome? -, o dos Cavs!

- O LeBron.
- O LeBron James, claro, que depois de Miami voltou para a terra dele e isso está a ser vivido com emoção por quem gosta dos Cavs. Mas na organização tudo é feito para não haver desigualdades. No enquadramento do futebol europeu o que o Leicester fez é heróico. E o clube vai ficar rico.

- Escrevia há duas o Wall Street Journal que em 2018 o Leicester, com o dinheiro da Champions e das transmissões televisivas, vai estar entre os 20 mais ricos do Mundo.
- A sério? Impressionante. Nos EUA o soccer também está a ganhar força.

- Soccer? Já corre o risco de começar a chamar soccer ao futebol?
- Lá tenho de chamar...

- Vive em Santa Mónica, na Califórnia. Acompanha alguma equipa da cidade? Ou de Los Angeles?
- Já fui ver os Lakers. Mas este ano estiveram mal. E LA vai voltar a ter um franchise de futebol americano, o que é entusiasmante. Passarei, pela lógica, a torcer um pouco por essa equipa também. E de vez  em quando acompanho as finais dos Kings no hóquei no gelo. No basebol gosto dos Angels e dos Dogders - estes já foram de Broollin, o que é estranho. Mas no basebol, na verdade, continuo fã dos Giants e dos Jets, de Nova Iorque. Quando fui para os EUA vivi 27 anos na cidade e não esqueço isso.

- No futebol o LA Galaxy não lhe diz nada?
- Não. Mas o clube é gigantesco. E não só esse. Os estádios andam sempre cheios. Cada vez mais. É incrível o crescimento e o investimento.

- Santa Mónica tem uma lendária comunidade surfista e é também um berço do skateboarding. Nunca se deixou influenciar por actividades radicais?
- Nem por isso, confesso. Gosto de sol, da praia, do clima. Só isso.

- Quando o Abel Xavier jogou em LA chegou a cruzar-se com ele?
- Claro. Quando ele chegou e combinámos o primeiro almoço eu disse-lhe que vivia em Santa Mónica e ele quis ir ter comigo. Primeiro enganou-se no caminho; tive de ficar à espera de o ver na estrada, mas estava com receio de não dar por ele no meio do trânsito... Que ingenuidade minha... Era impossível não ver chegar o Abel Xavier com aquele cabelo amarelo num Bentley branco de estofos vermelhos. Jantámos uma vez vezes num restaurante italiano em Santa Mónica. É uma pessoa, interessantíssima, muito inteligente. O penteado é estranho, porém. Muito LA, por sinal.

- Tendo nacionalidade norte-americana, imagino que possa votar nos EUA?
- Sim. Estou inscrito no partido democrata. Acho que a Hillary acabará por ascender e ganhar. E as pessoas hoje estão mais conscientes do óptimo trabalho que o Obama fez. Foi um dos melhores.

- Sobretudo ao nível da imagem internacional. Mas persistem problemas internos.
- Mas desculpe: há hoje menos desemprego do que quando ele chegou, o Dow Jones valorizou, a economia está a funcionar outra vez. Disse que tirava militares de cenários de guerra e tirou. Na Síria está a tentar resolver o problema mas não entrou em mais guerras, saiu de guerras! Acontece sempre o contrário com republicanos no poder. O Trump tem piada na televisão mas como presidente deixaria de a ter.

- Choca-o o discurso anti-islâmico, anti-hispânico, anti...
- Antitudo! Claro que fico. Reconheço que ele, por não ser político, fala de maneira que chega a uma classe menos educada. Veremos o que acontece no Midwest quando chegar o tempo das eleições nacionais.

- Esses estados costumam ser decisivos pelas oscilações.
- Sim. Eu nunca esperaria ver Trump chegar tão longe. Acho que, no fim, ele não ganhará, porque alguns republicanos mais conservadores votarão Hillary. E espero até que esta influência de Trump divida os republicanos de maneira a que o Congresso e o Senado tenham maioria democrática.

- Que Obama não teve.
- Ele não fez mais porque não deixaram! Mas deu seguros de saúde a 30 milhões de americanos, agilizou processos de criação de empregos e empresas com incentivos. Ao contrário do que acontece em Portugal -  e sei bem, porque tive negócios e alguns ainda estão em tribunal. Aqui em Portugal, se alguém abre um negócio é para lhe caírem em cima! E se por acaso o negócio correr bem pior ainda! É melhor se o negócio lhe correr mal... Lá o envolvimento é diferente, sobretudo na política. Ainda por cima nós portugueses falamos muito dos outros estereotipamos tudo, como essa ideia dos americanos serem burros em geografia por não saberem onde é Portugal no mapa. Queria ver o português médio localizar os estados dos EUA no mapa... E a maior parte são maiores que Portugal."

Entrevista de Miguel Cardoso Pereira, a Joaquim de Almeida, in A Bola