terça-feira, 7 de junho de 2016

"Viva o Benfica"

"A história dos geoglifos da vila da Malveira

Muito provavelmente não há benfiquista que não tenha conhecimento das homenagens ao Benfica efectuadas na Malveira. Porém, a história dos geoglifos na vila do concelho de Mafra remonta a muitos séculos antes da fundação do Clube 'encarnado'.
Reza a história que, pelo menos até ao segundo quartel do século XX, no dia 1 de Maio, a população subia ao Cabeço do Cerro com uma velha mó de moinho, transportada por uma junta de bois, e lavrava no solo 'o sentir do povo' em 'letras extraordinariamente grandes para de longe poderem ser lidas'. Depois, com a mó como mesa, tinha lugar uma 'longa patuscada em que o vinho e as especialidades da região' eram 'bastante lembradas e apreciadas'. 'Terminado aquele repasto (...), precede-se ao final do cerimonial (...): a mó (...) é lançada a rebolar pela encosta abaixo numa velocidade cada vez mais vertiginosa, de maneira a causar arrepios a quem, de perto, assiste ao desfecho'.
Rito pagão oriundo, segundo consta, dos moleiros da região, visava 'despertar a natureza do sono em que mergulhara desde o início do Inverno (...) e trazer de volta a fecundidade às pessoas, aos animais e às plantas'.
Em 1961, após a conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus, o Benfica figurou pela primeira vez nos geoglifos do Cabeço do Cerro com a frase 'Viva o Benfica'. No ano seguinte, repetida a conquista, os benfiquistas malveirenses reiteraram a homenagem. Mais recentemente, após a vitória nos campeonatos nacionais em 2005, 2010 e 1014, o Clube voltou a ser glorificado no cimo do monte, sendo que nos dois últimos a frase deu lugar a um gigantesco emblema do Clube.
Ao longo do século XX, há registos de outros geoglifos traçados no local. Entre eles: 'Malveira' em 1939; 'Paz no mundo', quando terminou a II Guerra Mundial; 'Vida por vida', aquando da fundação dos Bombeiros Voluntários da Malveira.
Actualmente, são vários os países onde esta prática ainda se mantém. 'Na Grã-Bretanha e na Irlanda, por exemplo, (...) todos os anos, no dia 1 de Maio, determinadas comunidades ascendem a uma colina (...) com o objectivo de revolverem penedos, após um manjar ritual fruído em conjunto'.
No Museu Benfica - Cosme Damião, as homenagens dos benfiquistas da Malveira não foram esquecidas: na área 16. Outros voos pode ver-se uma fotografia do tributo de 2010."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

1 comentário:

  1. Se sabia tinha esquecido.
    Or isso os museus são tão importantes.
    É o modo de cuidar da preservação da história.

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