quarta-feira, 18 de maio de 2016

O menino que levou a águia ao 'tri'

"Por mais que se transforme em indústria milionária, com recurso a meios científicos sofisticados em todos os níveis, a rua permanece como a tecnologia de ponta do grande futebol. Sendo um processo em vias de extinção, porque o Mundo mudou e a relevância do bairro tende a desaparecer como elemento preponderante da formação futebolística, a maioria dos génios continua a ser originária de cenários livres, por norma de dificuldade quando não de miséria. Renato Sanches é bom exemplo para medir o peso relativo dessa fase embrionária porque na Musgueira, onde nasceu e cresceu, só a bola o impeliu a sonhar e lhe deu prosperidade. A existência que parecia condenada à derrota social comum a tantos meninos como ele, abriu-lhe um horizonte de sucesso inalcançável de outro modo. A história, como de costume, é mais do que um relato desportivo. É uma história de vida cada vez mais rara.
Desarma à frente e ataca de trás; vive no meio mas exerce à esquerda e à direita. Chega a parecer um fantasma, porque ninguém acredita ser possível estar em sítios diferentes fazendo tanta coisa ao mesmo tempo. RS atua numa posição que permite a exaltação do talento mas também exige responsabilidade máxima no comportamento - e, naqueles terrenos onde tudo se decide, ainda incorre no erro de fazer o que sente onde está obrigado a fazer o que deve. No resto, é o super-homem em corpo de adolescente, com coragem para assumir todos os duelos e técnica para iluminar com lucidez, visão e habilidade o caminho que dá acesso à baliza contrária. É um fenómeno a transformar-se, instantaneamente, de vigilante do seu espaço em invasor do terreno inimigo, como protagonista de aventuras individuais, jogo combinado ou meros toques que põem em causa a solidez da muralha defensiva contrária.
Quando chegou introduziu paixão, aventura, exaltação, verticalidade, potência, sonho e esperança numa equipa órfã, de exemplo e entregue à fatalidade de um destino perdedor que parecia inexorável. Foi ele o exemplo do novo paradigma, a alma redescoberta de um clube sem soluções para gerir a herança vitoriosa de Jorge Jesus e o motor de arranque inesperado de um Benfica perdido na teia dos 7 pontos de atraso em relação ao Sporting ao fim de 8 jornadas. RS constituiu o mote de superação numa fase em que tudo estava em causa, como força motriz de alegria, compromisso e exemplo que contagiou um exército (a equipa) e uma nação inteira (o Benfica da cabeça aos pés). O efeito que teve na sensacional campanha encarnada juntamente com Pizzi) foi decisivo. É natural que os adeptos da águia o declarem inesquecível. Para eles e para quem gosta de futebol é muito difícil não sentir afeto por um futebolista assim.
RS revela algumas imprecisões comuns a jovens com 18 anos mas concentra quase todos os elementos de que são feitos os grandes craques; não assimilou ainda os benefícios da boa ocupação do espaço e do tempo de entrada aos lances, mas joga com intensidade máxima e maneja todos os elementos de força e velocidade; não é perfeito naquilo que o futebol exige de relevância tática, mas tem explosão, descaramento e boa relação com a bola, valores que o ajudam a ganhar etapas na construção e na rapidez com que coloca a equipa em situação de atacar a baliza contrária. Não é, nem podia ser, um jogador definitivo. Precisa de continuar a ouvir os mestres, sem perder o estímulo de antecipar o perigo e tomar as melhores decisões em posse; manter a humildade, não dar por concluida a aprendizagem e moderar o ímpeto selvagem que o caracteriza. No fundo, tem agora de interpretar o teste de exigência máxima a que vai ser submetido no Bayern para atingir o nível que só por preconceito, perversão ou ignorância lhe pode ser negado à partida: o de um dos melhores médios do futebol mundial da próxima década."

Dérbi de Alvalade foi o momento da Liga

"As várias decisões na Liga duraram até a última jornada. No topo, na luta pela Europa e despromoção houve incerteza e viveram-se muitas emoções.
O que ressalta é, naturalmente, a conquista do título pelo Benfica, mas também a conquista de um lugar europeu pelo Rio Ave e a surpreendente manutenção do Tondela.
A Liga é longa e o caminho nem sempre é a direito e por isso retenho uma frase dita várias vezes por Rui Vitória «as contas fazem-se no fim». Foi o mote, numa fase inicial da época em que os resultados obtidos não eram os melhores.
Isto serve para dizer que provavelmente poucos acreditariam que, depois do mau início, o Benfica pudesse ser campeão.
Por agora e numa competição longa como é a Liga, uns dados para perceber de que forma foi repartida a liderança. Até à 8.ª jornada, foi partilhada, com FC Porto e Sporting sempre na frente e o Benfica com mau arranque.
O FC Porto passou por lá sozinho apenas numa jornada, a 14.ª. O Benfica assumiu a liderança partilhada com o Sporting na 21.ª e na 25.ª passou a estar sozinho. Não mais de lá saiu.
O Sporting foi quem mais tempo passou isolado na liderança, entre a 8.ª e a 13.ª, entre a 15.ª e a 20.ª e entre a 22.ª e a 24.ª. Mas não importa ter sido a equipa que mais tempo esteve na frente: não foi o pretendido, o Sporting termina a época com um sabor amargo.
Ao longo da prova foi quem apresentou melhor qualidade de jogo, com um futebol agradável e que entusiasmava e terminou melhor que o Benfica. Mas isso não chegou.
À 13.ª jornada tinha dois pontos de avanço sobre o FC Porto e sete pontos de avanço sobre o Benfica. Entre a derrota na Madeira, frente ao União, e os empates consentidos em Alvalade perante Tondela e Rio Ave a diferença foi diminuindo. O empate em Guimarães na 24.ª jornada, imediatamente anterior ao confronto com o Benfica, tornou este momento decisivo e o Sporting não o ultrapassou.
Para o Sporting importa olhar para dentro e tirar conclusões. Quem teve sete pontos de vantagem sobre o seu adversário directo e permitiu três empates em casa e uma derrota em casa com o rival num momento decisivo da época tem de perceber como tudo isto aconteceu. Uma palavra para os adeptos que foram incansáveis no apoio, quer em Alvalade quer fora.
O Benfica partiu de trás, com um início de época complicado, mas conseguiu encontrar o seu caminho. Rui Vitória fez um grande trabalho, olhando para dentro e encontrando soluções. Depois de três derrotas nos confrontos com FC Porto e Sporting, o jogo de Alvalade a 5 de Março, acabaria por ser o teste final e decisivo. A vitória no jogo acabou por ser determinante, invertendo os papéis e transformando-se em teste ultrapassado.
Este acabou por ser, para mim, o momento da Liga. Daí em diante cada um fazia o seu papel. Ao Sporting competia vencer todos os jogo, ao Benfica o erro não era permitido.
Nenhum cedeu e a fotografia tirada a 5 de Março valeu até final. O Benfica valeu pelo seu todo, pelo espírito de equipa que apresentou, pela capacidade para sofrer e acreditar que era possível. Para a história fica o registo de um campeão com 29 vitórias, um empate e quatro derrotas e um saldo de 88 golos marcados e 22 sofridos, traduzidos em 88 pontos.
Vamos aos destaques.
Para mim, o rosto principal deste título é Rui Vitória. A sua chegada coincidiu com a guerra entre Benfica-Jesus-Sporting, em que cedo se viu embrulhado. Os maus resultados iniciais trouxeram desconfiança e fragilizaram a sua posição. Passou por momentos difíceis e complicados mas soube estar, reagir e encontrar o seu caminho e o da equipa.
Numa caminhada longa, o prémio chegou no fim.
A baliza é sempre uma posição importante em qualquer equipa e o Benfica tem dois bons guarda-redes. Júlio César esteve na maior parte do tempo mas a sua lesão fez Ederson entrar a 5 de Março, e logo em Alvalade. O jovem brasileiro correspondeu, deu segurança e tranquilidade e afirmou-se. Rui Vitória terá um bom problema para resolver na próxima época, caso fiquem os dois.
Jardel tem sido importante. Não deslumbra mas é eficaz e tem contribuído para a estabilidade da zona central, quer com Luisão, com Lisandro e nomeadamente com Lindelof. O jovem sueco entrou a 5 de Fevereiro no onze, aproveitou a oportunidade que surgiu e nunca mais saiu.
Renato Sanches transformou a equipa. A sua entrada no onze trouxe dinâmica, irreverência e uma capacidade de luta num sector muito importante. Aos 18 anos foi uma das figuras, revelando maturidade e personalidade.
Jonas e Mitroglou foram a dupla de ataque.
Mais do que falar nas suas qualidades, os golos que marcaram são o seu cartão de visita.
O brasileiro marcou 32 golos e foi o máximo goleador da Liga, o grego marcou 19. Juntos fizeram 58% dos golos e foram determinantes. O mesmo pode ser dito dos adeptos, decisivos no apoio à equipa.
Termino com o Tondela, que fez o que poucos pensavam ser possível. No final da primeira volta tinha oito pontos e estava a nove pontos da permanência. À 26ª jornada tinha apenas conquistado 13 pontos e estava a 11 da linha de água. De lá para cá uma recuperação fantástica: Petit foi o grande responsável por esta reviravolta, a equipa acreditou e foi conquistando pontos e vitorias improváveis. Acabou por conseguir um final feliz e surpreendente, em que vários factores se conjugaram: em ano de estreia na primeira Liga, o Tondela manteve-se.

P.S. Aguardo a lista dos 23 para o Europeu. Não acredito em surpresas."

Rui Vitória: o rosto do título mais difícil (e grande vencedor da época)

"Rui Vitória merece todas as gotas de champanhe que os jogadores lhe despejaram por cima.
É claramente o grande vencedor da Liga. Uma espécie de personalidade do ano, eventual capa da Time se a Time metesse os olhos por cá e se permitem a brincadeira.
Passou, obviamente, por momentos difíceis. Esteve afastado do título e não apenas uma única vez, mas com aquele discurso monocórdico, cheio de frases-feitas, e com pouco significado, foi ganhando sobretudo tempo. Perdeu todos os clássicos e dérbis menos um, mas saiu a festejar no fim. Quem diria?
Jesus tentou levar a discussão para um bate-boca entre treinadores, mas Vitória nunca deixou. Foi também assim que começou a ganhar os seus jogadores, e depois os adeptos do seu clube em uníssono e em massa.
Primeiro, simpatia pelos constantes ataques, depois empatia.
É verdade que não respondeu sempre bem. E aquele «não sei se do outro lado vai estar uma equipa», que teve de explicar mais tarde, correu-lhe mal.
Na verdade, o que pode ter querido dizer era que acreditava no grupo no todo. Era esse o seu segredo, aquilo em que apostava tudo era na união do grupo. Olhando para esse momento e para tudo o que se passou depois, percebe-se o que quis dizer. Mesmo que na altura tenha ganho aquela que era mais equipa: o Sporting, a crescer já nessa altura para uma grande época.
Primeiro, havia que conquistá-lo, ao grupo. Passar da simpatia à empatia.
Jorge Jesus, que com os anos e a experiência tornou-se cada vez mais esperto na hora da atirar a pressão para cima dos outros, fez-se a si próprio vítima ao responder a uma pergunta no mínimo mal feita, sobre algo que Rui Vitória não tinha dito. E a bola de neve cresceu.
Deixando um pouco de lado a discussão sobre quem é melhor – e Jesus terá estado mal a puxar novamente os galões numa hora de festa para o rival – e porque, até nessa discussão, Rui Vitória precisará de tempo para poder ter os mesmos argumentos, a verdade é que, esta época, o técnico dos encarnados foi melhor. 
Ganhou.
Recuperou uma desvantagem de sete pontos.
Lançou jogadores que nunca tinham feito um minuto pela equipa principal, e em momentos adversos. 
Venceu no terreno do rival numa altura crucial na luta pelo título.
E não fraquejou mais.
Este título tem tanto de si, da sua forma de estar, de ver o jogo, como qualquer outro conquistado por Jesus. Da sua tranquilidade, e da sua confiança em si mesmo, que conseguiu passar aos jogadores em embates de pressão altíssima.
Este título era inevitavelmente mais difícil do que todos os outros conquistados por Jorge Jesus. E ganhou-o.
A verdade é que o impacto que teve no futebol dos encarnados não foi igual ao que teve Jesus quando chegou à Luz. Nem ao que o rival teve em Alvalade.
Mas também parece não ser um homem de roturas, e sim de consensos.
Façam-lhe uma vénia, mais do que qualquer outro merece a festa.

P.S. O Tondela merece mais do que um post scriptum, mas lembro que o MAISFUTEBOL fez um excelente trabalho a lembrar os méritos de Petit e dos seus jogadores, que ainda podem ler. Os números falam praticamente por si. Uma recuperação incrível e uma fé e um crer inabalável salvaram quem esteve condenado em muitas jornadas. A equipa foi uma imagem do seu treinador, e merece, sem dúvida, ficar na Liga."

Os montes Evereste conquistados por Petit e Lito Vidigal

"Nesta altura, é sempre mais fácil enaltecer quem vence ou se supera e corrigir quem não vence. Não há volta a dar e com isso, infelizmente, despreza-se muitas vezes processos tão ou mais importantes do que alguns resultados.
No caso dos treinadores portugueses Lito Vidigal e Petit, estes não só realizaram bons processos, como conseguiram resultados que lhes encheram a mente e o coração com sentimentos de objectivos alcançados. 
Veja-se e aprenda-se com o caso de Petit. Não se trata apenas da distância pontual. Teve de pegar numa equipa que estava destroçada emocionalmente e tinha efectivamente um conjunto de individualidades a precisar de ser potenciado ao máximo. Esteve condenada quase trinta jornadas. Foi obrigado a trabalhar, simultaneamente, as vertentes táctica, organizacional e emocional.
Não pode ser bem comparado ao feito do Leicester, mas deixa-nos água na boca ao vermos que é mesmo possível subir até ao nosso pico do Monte Evereste e que podemos aprender uns com os outros.
«Esta conquista do Monte Evereste ensina-nos que é preciso perceber que não é o melhor treinador o necessário mas o que reúne as competências necessárias para o nosso objectivo.»
A questão é perceber qual o tipo de treinador que conseguiria este feito. Petit não é o melhor treinador. Possivelmente não tem ainda o estatuto de um dos melhores técnicos portugueses. No entanto, teve e procurou aquilo que era necessário para este contexto. Um treinador que já tinha ao serviço do Boavista conseguido algo inédito enquanto jogador. Que sempre foi um atleta mais esforçado e dedicado que dotado tecnicamente. Que tem um modo de estar que apela sempre muito ao esforço. Que tem um discurso humilde e quase paternal.
Esta conquista do Monte Evereste ensina-nos algo que sublinhamos aqui: é preciso perceber que não é o melhor treinador que é necessário, mas sim, o treinador que reúne as competências necessárias para o objectivo a que nos propomos.

«Como disse um colega seu de curso, Lito vai de forma diferente dos outros alcançando os seus feitos.»
E Lito Vidigal? É verdade que este Arouca começou desde de muito cedo a mostrar-se. A vencer o Benfica em Aveiro. A conseguir disputar os jogos, quer com os grandes quer com as equipas do seu campeonato, sempre até ao limite.
Vidigal está na linha dos treinadores que rapidamente dará o salto ou para um Sp. Braga ou para o estrangeiro. O estilo pode não cativar como outros, mas é mais do que eficiente. É verdade que o seu discurso pode ser menos fluído, no entanto consegue garantir o compromisso de quem é necessário: os jogadores.
O técnico português vai conseguindo alcançar bons resultados em todos os seus desafios. Tal como afirmou um colega seu no curso de treinadores da Liga – e eu não sei se será ou não o engraçadinho da turma –, Lito vai de modo diferente dos outros alcançando os seus feitos. É verdade. E, aqui, mais importante do que enaltecer os resultados seria perceber como é o treino deste treinador, como é estar no balneário, como é ouvi-lo e perceber como consegue o compromisso dos vários jogadores que lhe vão passando pelas mãos."

Começam outros campeonatos...

"O Benfica conquistou a Liga, com total mérito. Mais do que uma prova de qualidade em cada um dos jogos, um campeonato é regularidade competitiva, obtenção de resultados. Não há campeões do bom futebol, morais; há campeões e ponto final.
Começam agora outros campeonatos, já relacionados com a nova temporada e que lançam dúvidas e muita curiosidade sobre o que se vai passar com os três grandes do futebol português. Ainda é preciso jogar um Europeu, apoiar a Selecção, mas ao mesmo tempo Benfica, Sporting e FC Porto vão mexer e devem mexer muito.
No Benfica, depois desta época surpreendente, é provável que muitos jogadores possam sair. Renato já está no Bayern, e não é difícil prever que vão aparecer propostas para Lindelof, Ederson, Jonas, Gaitán... só para lembrar alguns entre os que se destacaram. É curioso que em ano de tri, depois do bi, o Benfica continue a ser marcado por revoluções constantes dos planteis, o que é sinal de trabalho bem feito mas também de muito para fazer a seguir.
O Sporting. Bem, no Sporting falta clarificar se Jorge Jesus fica ou não, o que determinará quase tudo. Mas Slimani dificilmente continuará a marcar golos em Alvalade, João Mário será complicado de segurar... há, porém, perspectivas de estabilidade para o leão. Assim, claro, Jesus cumpra o contrato.
E se Jorge Jesus não ficar no Sporting o mais certo é que o vejamos no banco do FC Porto já em 2016/17. O dossier é complexo, mas igualmente delicada é a situação portista, que precisa desesperadamente de um golpe de asa para inverter a queda das últimas temporadas. Não acredito que dêem a Peseiro a oportunidade de poder ser ele a liderar a transformação do dragão.
Há campeões e ponto. Mas o final estará sempre reservado para a época seguinte."

Nélson Feiteirona, in A Bola

Grande vitória

"Como diria há algum tempo Jorge Jesus, a melhor equipa de qualquer campeonato é aquela que chega ao fim no primeiro lugar. E, depois do primeiro golo na Luz, ficou certo de que os encarnados não iriam deixar fugir o título.

Terminou ontem um dos mais bem disputados campeonatos dos últimos tempos, que o Benfica venceu após uma impressionante luta corpo a corpo, disputado ponto a ponto, com um adversário também de alta qualidade, o Sporting, o que, por isso, valoriza ainda mais a conquista do clube encarnado.
A jornada final teve momentos de enorme suspense, que aliás se manteve durante largos minutos. Curiosamente, num curto espaço de quatro minutos, no decorrer da primeira parte, os leões ainda chegaram a assumir o comando da classificação, mas foi, de facto, sol de pouca dura.
Depois de fazer o seu primeiro golo na Luz, os encarnados instalaram definitivamente em todos a ideia de que o título não iria fugir-lhe, como de resto veio a acontecer.
Convenhamos que o Benfica é o justo vencedor. Acabou na dianteira, que assumiu a partir da vitória que alcançou no estádio de Alvalade à 25ª jornada, tendo acabado por chegar a uma pontuação record -88 pontos-, a que juntou igualmente o proveito de ter o ataque mais realizador, curiosamente 88 golos.
Como diria há algum tempo Jorge Jesus, a melhor equipa de qualquer campeonato é aquela que chega ao fim no primeiro lugar. E, no caso presente, é o resultado de uma assinalável regularidade, ultrapassada que foi uma fase difícil em que os comandados de Rui Vitória chegaram a ter sete pontos de atraso.
O triunfo é do colectivo benfiquista: dos seus jogadores, técnicos e Presidente, este último a constituir-se como uma peça fundamental da estratégia do clube, na qual é igualmente justo englobar uma massa adepta que apoiou a equipa incessantemente tanto nos piores como nos melhores momentos.
Fica por se saber que consequências sobram agora para a temporada que vai seguir-se. Certamente que até ao regresso, em Agosto, não faltarão histórias para serem exploradas até à exaustão."

Justa homenagem

"Lito Vidigal, natural de Luanda, mas com longa permanência na cidade de Elvas, cidade de que fala sempre de forma elegante e reconhecida, acaba de ser distinguido pela edilidade alentejana com um voto de louvor aprovado por unanimidade por todo o elenco municipal.

Lito Vidigal é um dos nomes fortes do campeonato que no domingo vai correr os taipais.
Depois de ter passado com sucesso por diversos clubes, o último dos quais o Belenenses, onde não lhe foi permitido levar mais longe um trabalho muito meritório, aceitou treinar o Arouca com o objectivo de tentar melhorar as anteriores posições do clube.
Na época de 2013/2014, a sua estreia na Liga, o Arouca alcançou um agradável 12º lugar, para na temporada seguinte baixar para a 16ª posição, um lugar acima da linha de água, embora com a vantagem de cinco pontos sobre o primeiro despromovido, o Gil Vicente.
Os dirigentes arouquenses viraram-se então para Lito Vidigal, conscientes de que fariam uma boa aposta escudada pelos bons resultados alcançados antes pelo treinador e pela qualidade do futebol que sempre procurou imprimir às equipas que comandou.
O campeonato não podia ter começado melhor: na jornada de abertura o Arouca foi arrancar três pontos a Moreira de Cónegos, para a seguir vencer o Benfica no estádio municipal de Aveiro. À segunda ronda os comandados de Lito Vidigal assumiam o comando da classificação.
A uma jornada do fim, o Arouca ocupa sensacionalmente o quinto lugar, e tem já lugar assegurado na próxima edição da Liga Europa.
Lito Vidigal, natural de Luanda, mas com longa permanência na cidade de Elvas, cidade de que fala sempre de forma elegante e reconhecida, acaba de ser distinguido pela edilidade alentejana com um voto de louvor aprovado por unanimidade por todo o elenco municipal.
Trata-se de um gesto de grande dimensão e que pode ser apontado a outros municípios como um bom exemplo a seguir.
Vidigal, que jogou e treinou O Elvas-Clube Alentejano de Desportos, tem boas razões para se senti honrado por ter feito parte de um clube que outrora foi grande a nível nacional e onde pontificaram jogadores de grande qualidade à frente dos quais o lendário Patalino, que chegou, no seu tempo, (1949/50/51) a avançado-centro da selecção nacional."

Jogo duplo

"Uma coisa é o jogo no relvado, outra é viciar resultados com incidência directa nas apostas. A detenção de várias pessoas ligadas às apostas desportivas deve abrir caminho para acabar com uma chaga que há muito atingiu o futebol em todos os continentes.

Depois de uma silenciosa operação de investigação a diversos agentes do futebol, desencadeada por um número considerável de agentes judiciários, a bomba rebentou no último sábado, dia em que foram efectuadas diversas detenções após concluída a derradeira jornada do campeonato da II Liga. 
Ao todo, foram então detidos 15 elementos, entre jogadores, dirigentes e pessoas relacionadas com o negócio das apostas desportivas, e com ligações aos históricos Oriental e Leixões, e ainda à Associação Desportiva Oliveirense.
Após uma demorada fase em que foram identificados todos os elementos detidos, começam na manhã desta terça-feira, no Campus de Justiça, os interrogatórios a cargo de magistrados do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa.
O processo iniciou-se por via de uma denúncia da Federação Portuguesa de Futebol a que a Justiça deu seguimento durante alguns meses até chegar a conclusões que levaram às detenções já referidas. Foi um trabalho demorado, mas que acabou por produzir resultados.
A viciação de resultados desportivos, com incidência directa nas apostas, está na base de um processo que promete clarificar diversas situações, e ao mesmo tempo abrir caminho para que seja possível atacar uma chaga que há muito atingiu o futebol em todos os continentes, e que agora parece ter chegado até nós.
O que se espera é que a justiça seja implacável face a crimes hediondos que, a existirem, não merecem perdão.
Só assim o exemplo frutificará e ajudará a limpar um campo conspurcado que o futebol rejeita, para salvaguardar a sua própria sobrevivência."

Benfiquismo (CVII)

Um dos momentos mais significativos da festa do Tri...
Quando um de nós,
tem a oportunidade de levantar o Caneco...
junto de nós,
festejando connosco...
com a alegria de quem participou
efectivamente na caminhada!!!

Um daqueles momentos que marca a diferença...
para um passado recente.

O ano da alma

"Um tipo qualquer do Sporting marcou o terceiro – podia ir ver quem, mas não importa. Naquele dia, pareciam todos o Van Basten e nós uma colecção de pinos de madeira – e muita gente começou a deixar o estádio. Obviamente pensámos fazer o mesmo… Ainda estávamos na primeira parte e tudo acontecia ali, debaixo das nossas barbas, na “baliza grande”. Três secos do Sporting, em casa, e nós incapazes da menor réplica. Então, o meu irmão lembrou aquele mantra que os adeptos tantas vezes repetem sem pensar: “Benfica até morrer”. Era ou não era? Isso queria dizer alguma coisa ou não valia nada? Éramos daqueles que só aparecem nos dias de festa ou dos que sofrem com a sua equipa até ao fim?
E então ficámos. Nós e uns bons três quartos do estádio. O Sporting não marcou mais nenhum, mas também não fomos capazes sequer do ponto de honra. E, no entanto, ali por volta do minuto 70, veio o momento que deu sentido a tudo, à decisão de ter ficado ali com a cabeça entre os ombros, àquela noite que de outro modo seria para esquecer… A Luz inteira começou a cantar: “Eu amo o Benfica”. E cantou, cantou, cantou. Durante 10 ou 15 ou 20 minutos, sabe-se lá. Durante muito tempo. Em campo, a equipa continuava a não fazer nada, mas agora não era por impotência; era porque parecia ter parado para assistir, boquiaberta, àquele espectáculo insólito. Os adeptos não debandavam, não assobiavam, nem sequer se limitavam a cruzar os braços e esperar o apito final. Cantavam e aplaudiam. Se os jogadores não eram capazes, nós éramos; se o treinador não sabia o caminho, nós sabíamos; se alguém ali ainda não tinha percebido o que era o Benfica, nós explicávamos. E se alguém queria desistir, não ia ser à nossa frente. Aquele momento absurdo – nenhum de nós o poderia saber então – explica, melhor do que qualquer outro, porque é que, no final do ano, o campeão seria a equipa que estava a perder por 3-0 e não a que estava a ganhar.
Não há propriamente muitas amostras tão representativas da Portugalidade como os benfiquistas. Eufóricos nas vitórias, catastrofistas nas derrotas, nervosos, fatalistas, peritos na arte do “eu avisei” e outros totobolas de segunda-feira. Mas, nos últimos anos, qualquer coisa aconteceu. Amadurecemos, ganhámos mundo, fizemos as pazes com muita coisa. Despedimo-nos das maiores figuras do passado e adaptámo-nos bem a um mundo futurista onde tudo quanto fazemos de bom ou mau pode ressoar, imediatamente, pelos quatro cantos do globo. Deixámo-nos de mitos, fizemo-nos à realidade. Custou, mas foi. E ganhámos com a troca. 
No Verão, tínhamos perdido o treinador para um rival e o subcapitão de equipa para o outro. Não ganhámos nos 90 minutos um só jogo da pré-época e limitámo-nos a meia dúzia de contratações que não entravam no onze. A direcção avisou que os tempos eram de contenção financeira e aposta na formação. Lamentámos, mas aceitámos. Tínhamos acabado de ser bicampeões, de ir a duas finais europeias, vendido jogadores para as equipas mais poderosas do mundo, atraído a atenção de grandes patrocinadores internacionais, vivido muitas grandes tardes e noites, nacionais e europeias, em nossa casa e a muitos quilómetros dela. Este ano, seria doutros. Sem ressentimentos.
Até que Jorge Jesus nos deu uma razão para correr.
Primeiro, foi o discurso do “cérebro”. Que estava tudo igual na Luz, mas que o “cérebro” tinha ido embora. Mais as provocações e mensagens antes do jogo da Supertaça. Nessa altura, Jonas, um fenomenal internacional brasileiro com apenas um ano de casa, deu o mote. No fim da partida, foi ao autocarro do Sporting e apontou o dedo a JJ. “Respeita os jogadores do Benfica”, diz-se que disse. Mais tarde, veio a tentativa de humilhar Rui Vitória. O indivíduo que não tinha unhas para o Ferrari. Que não era colega dele porque não o considerava treinador.
Então nós, benfiquistas, que começámos a época com aquele slogan do “um passado de glória, um futuro de Vitória” a que era difícil saber o que faltava mais, se a qualidade poética, se a convicção. Então nós que, antes de começar o tal derby infame, aplaudimos muito quando o speaker leu o nome do nosso técnico, como quem tenta mostrar à ex-namorada de quem ainda gosta que está muito melhor com a nova. Então nós, que nos tínhamos resignado a ficar um aninho à míngua, fomos obrigados à voltar para a luta.
Jesus é um excelente treinador toldado por uma vaidade incomensurável. Com o ego a ocupar-lhe importante espaço cerebral com patetices como a ideia de ser o único técnico do mundo que se preocupa com quantos milímetros tem a relva, não vê que é, repetidamente ultrapassado não por um, mas muitos treinadores: Vítor Pereira, André Villas-Boas, pelo treinador do Bayer Leverkussen que lhe ganha sempre que quer, por uns albaneses quaisquer que lhe dão 3-0 sem espinhas, etc). E não lhe ocorre, calcula-se, que, em vez de tentar enganar os tontos falando de sorte e de azar, talvez devesse explicar como conseguiu perder uma vantagem de sete pontos. Depois de, no Benfica, já ter desperdiçado uma de quatro num campeonato e noutro uma de cinco.
Diz-se que o médico que só percebe de medicina nem de medicina percebe. Jesus é um caso idêntico, aplicado à ciência da bola. É espantoso que um profissional tão experiente não compreenda que o futebol é um desporto colectivo. Que ninguém está acima da equipa. Que os factores emocionais são decisivos. E uma série de outras frases batidas, justamente, por uma razão: por serem elementares.
JJ chegou a ter o campeonato no bolso, mas conseguiu fazer com que o título 2015/16 deixasse de ser uma questão desportiva e passasse a ser uma questão pessoal. De repente, não havia benfiquista, do adepto mais banal ao jogador mais bem pago, que não tivesse decidido que era questão de honra dar-lhe uma lição.
E foi assim que uma equipa que, em Dezembro, estava em terceiro lugar, a cinco pontos do segundo e a sete do primeiro, em Maio era campeã. Foi assim que uma equipa que, em 13 jogos, já tinha perdido três e empatado um, ganhou 20 dos 21 que faltavam. Foi assim que uma equipa que, além de tudo o resto, perdeu por lesão, durante longos períodos, o guarda-redes, o capitão e esteio da defesa, o trinco e os alas e jogadores mais desequilibradores do ataque, bateu o recorde de campeão português com mais pontos de sempre.
Naquele dia de Outubro em que estávamos a levar três na pá e, porém, cantámos o amor pela nossa equipa, mostrámos o que devia ser óbvio, mas que uns, às vezes, esquecem e outros, pura e simplesmente, nunca perceberam: que, no futebol, ninguém ganha sozinho.
Claro que Jesus tinha sido importante nas vitórias recentes do Benfica. Mas, ao contrário do que ele provavelmente ainda hoje pensa, quem as ganhou não foi ele; foi o Benfica. Era Jesus o cérebro? Não creio. Luís Filipe Vieira é que trouxe Jesus. É que segurou Jesus contra tudo e todos. É que trouxe Rui Vitória. Luís Filipe Vieira é que é o cérebro. Mas mesmo que o cérebro fosse Jesus. Quem ganha jogos, campeonatos, combates, não é o cérebro; é a alma. E a alma somos nós.
Foi a alma que acompanhou a equipa por todo o país e a empurrou para a vitória, mesmo na recta final, quando, no limite das forças por culpa de uma grande campanha internacional, não conseguia jogar bem. A alma que bateu o recorde de lotação das bancadas da Luz. A alma de Ederson, Lindelof, Gonçalo Guedes, Nelson Semedo, de uma série de miúdos que, há um ano, andavam entre o Rio Ave e a II Liga e, este ano, chegaram a silenciar Madrid, São Petersburgo e Munique. A alma de Jiménez, sempre sem medo de ser feliz. A alma de um miúdo de 18 anos chamado Renato Sanches que aguentou todos os ataques soezes da direcção de um clube que insistiu em comportar-se como um bando de arruaceiros (não há, a esse título, exemplo mais ilustrativo do que a expulsão de Bruno de Carvalho duma discoteca às cinco da manhã, em véspera de jogo do Sporting – que, já agora, o Sporting perdeu). E, é claro, a alma inquebrantável de Rui Vitória, que resistiu como um homem a todas as provocações, enquanto construía uma equipa que ultrapassou todas as dificuldades sem nunca se refugiar numa só desculpa.
Vendo as imagens das comemorações de ontem, é evidente para qualquer adepto que muitos rostos se repetem nas fotografias destes três anos: Luisão, Gaitán, Fejsa, Salvio, Jardel, Sílvio, André Almeida, Luís Filipe Vieira, Domingos Soares de Oliveira, Lourenço Coelho, Rui Costa, Shéu, até o departamento médico, até o treinador de guarda-redes. E Paulo Lopes, claro!, Paulo Lopes. E nós, nós todos lá atrás na bancada ou em volta deles. Nós, o Benfica.
O Sporting fez um grande campeonato. Adrien, João Mário, Bryan Ruiz, Slimani, entre outros, também estariam bem como campeões. Muitos sportinguistas que acompanharam e apoiaram orgulhosamente a sua equipa não são, com certeza, representados pelos modo do comité de incendiários que, este ano, entendeu gerir um clube centenário e com milhões de adeptos como se fosse uma associação de estudantes. Mas este ano, depois de tudo o que aconteceu, tinha de ser nosso. E foi extraordinariamente nosso. Foi o ano do 35. O ano do primeiro tri de muitas das nossas vidas. O ano da alma."

A águia do Rio das Pérolas

"O Benfica de Macau conseguiu a proeza de se tornar tricampeão do velho território que dava pelo nome de Cidade do Santo Nome de Deus. Uma espécie de antecipação daquilo que pode acontecer à beira Atlântico, a tantos milhares de quilómetros de distância.

Macau - No tempo da mestra palmatória, quando as paredes das salas de aula tinham penduradas as fotos de suas excelências o Presidente da República e o Presidente do Conselho e um mapa-mundi com as colónias portuguesas num orgulhoso destaque colorido, aprendíamos a recitar: «Cidade do Santo Nome de Deus Macau, situada no delta do Rio das Pérolas, tem 16 Km quadrados e é formada pelo território de Macau e pelas Ilhas de Taipa e Coloane».
Dezasseis quilómetros quadrados entretanto transformados em trinta e três pela irresistível força das areias e dos aterros sobre os quais se erguem edifícios de mais de cem andares de altura. Trinta e seis casinos que movimentam milhões de euros por dia, um crescimento nítido e gigantesco que entra pelos olhos dentro a cada regresso.
Gosto de Macau, por mais diferente que vá sendo, ano após ano. Há ainda nos restaurantes da Rua de Pequim o cheiro inconfundível das ervas cozidas; na Taipa, a par dos grotescos Venetian e Sheraton com as suas Praças de São Marcos e Torre Eiffel de pacotilha, as travessas de ruelas de uma Lisboa antiga; em Coloane o Ngnai Tim Café e sua estreita mancha de areia virada para um mar sem ondas.
Na Cidade do Santo Nome existe um Benfica campeão, bicampeão, e agora tricampeão. A Liga de Elite, que se disputa desde 1973, tal como a Liga de Hong Kong, é separada do campeonato chinês de Futebol. Congrega dez equipas. Nos últimos dois anos, o campeão foi a Casa do Benfica de Macau, mais retoricamente conhecido por Benfica de Macau. Fundada em 1951, demorou tempo a dedicar-se ao Futebol maior deste Futebol menor que por aqui se joga, assim meio abandonado pelo público que prefere as corridas, de cavalos ou de cães se os cavalos não correm, ou os campeonatos de «Bolinha», um jogo de sete-contra-sete à moda do futsal, que tem um sem número de seguidores e, por coincidência, também o Benfica como último campeão.
Sob o comando de Henrique Nunes
Henrique Nunes velho conhecido de tantos anos no comando do Feirense, foi-nos contando coisas sobre a sua experiência como treinador deste Benfica do Rio das Pérolas enquanto a noite avançava húmida e morna por sobre a varanda do «António's», junto à Rua dos Clérigos. Na equipa desta época, que comanda o campeonato no mais profundo dos sossegos, seguida a longa distância pelo Tak Chung Ka (10 pontos de avanço) e pelo rival de sempre Sporitng (12 pontos de avanço) estão quatro portugueses - Filipe Aguiar, Marco Meireles, Rui Nibra e Carlos Leonel - que também jogam na Selecção de Macau, 194.º do «ranking» da FIFA, com tudo o que tal classificação possa explicar.
No próximo dia 20 de Maio, Benfica e Sporitng defrontam-se no «derby» macaense - na primeira volta, no Campo da Universidade, o Benfica venceu por 2-1. Mas ninguém tem dúvidas de que os 'encarnados' serão campeões, tendo chegado à 14.ª jornada com catorze vitórias e 66-1 em diferença de golos. Pois... Que diferença! O Sporting de Macau é mais antigo do que o Benfica - a sua fundação data de 1926 e de lá vieram, para a metrópole, figuras gradas como o grande Rocha ou Pacheco. Nos títulos, essa antiguidade não tem expressão: só foi campeão do território uma vez, em 1991.
Parente pobre das multidões, o futebol de Macau tenta, de quando em vez, erguer-se dos escombros de um desinteresse quase universal, se deixarmos de lado o diminuto apoio da pequena comunidade portuguesa da região.

No último domingo, o Benfica de Macau jogou fora frente à Casa de Portugal - como se, em Macau jogar fora ou em casa não fosse a mesma coisa - e ganhou como de costume: 6-0. E garantiu o tricampeonato. Algo que o Benfica deste lado do Mundo também está à beira de conseguir. Uma antecipação, portanto. Que não admira. Afinal é a Oriente que nasce o sol..."


Afonso de Melo, in O Benfica