sexta-feira, 18 de março de 2016

Da pertença, da identificação e da prosa

"Beira Baixa, anos 70 e ser do Benfica.
Era-se do Benfica num sentido total, numa infância em que o 'ser do Glorioso' implicava uma radicalização na pertença que ia muito além da razoabilidade dos argumentos. Não se discute o Benfica, não se pensava o Benfica, não se questionava o Benfica. Era-se, sendo do Benfica. Era-se assim, naturalmente, como se a ordem cósmica de ser do Benfica tudo recolocasse no seu sítio. Quando os mais velhos faziam uma ou outra crítica, o exclusivo da observação ficava vedado ao assentimento dos mais jovens. E a crítica era sempre dirigida a um ou outro jogador, treinador ou dirigente e nunca, mas nunca, ao Benfica.
Ir ao Estádio da Luz era raro, caro, difícil, longínquo e quase utópico. Ir ao Estádio da Luz era como se um grego do século de Péricles ascendesse ao Olimpo para tocar os deuses. Definitivamente, era um privilégio e não um ritual. Os jogos chamavam-se 'partidas'  e estas imaginavam-se nas palavras relatadas e ouvidas na telefonia ou escritas e lidas no jornal desportivo das segundas-feiras (sempre A Bola e em dimensões de deserto filmado por David Lean). Tudo o que era imaginado era grandioso e tudo no Benfica da minha infância era imaginado.
Os jogadores eram uma espécie de heróis da Marvel: Nené, Bento, Humberto, Toni, Pietra, Alves, Chalana ou Shéu ombreavam com o Batman, o Super-Homem, o Homem-Aranha ou o Capitão América. A vantagem dos nossos estava na águia ao peito, no rubro da camisola e no facto de serem do Benfica. Mas eram tão imaginados uns como outros, tão inacessíveis uns como os outros, tão mitificados uns como os outros, tão mitificados uns como os outros. Este era o tempo da pertença, o tempo em que dizíamos e vivíamos o 'sou do Benfica'.

Lisboa, início do século XXI e ser Benfica
a entrar na casa dos 30 aporto a Lisboa, vindo de Coimbra. É um preâmbulo de 'adultez', o estádio passou a ficar ao virar da esquina, os heróis passaram a ser quotidianos, o Benfica passou a ser tangível, acessível, imediato e fácil. Quase sem me aperceber, a expressão 'ser Benfica' tomava o lugar de 'ser do Benfica', a identificação com o clube ultrapassava a pertença ao 'Glorioso'. Ontologicamente, de repente, a fusão surgia, a sublimação da pertença racionalizava-se, reflectia-se e intelectualizava-se. Os sentimentos passavam a estar ao serviço da razão. Não deixava de ser do Benfica ia mais além, Obrigava a que se questionasse o rumo do clube, as suas lideranças, as escolhas e os caminhos. O Benfica passava a ser também cálculo e opinião. Os jogadores passam a ser 'activos' quando outrora haviam sido 'heróis' e pelo meio raramente foram vistos como 'homens-pessoas'. As cadernetas de cromos são trocadas pelas estatísticas, estudos e análises do desempenho individual e colectivo dos futebolistas e da equipa. O relatório e contas de uma sociedade anónima desportiva passa a ser tão escrutinado como eram os Cadernos A Bola dos tempos idos. Ser benfiquistas é já mais feito de 'ser Benfica' do que 'ser do Benfica'. E a nostalgia de sentir miticamente o Benfica vai crescendo na exacta medida em que nos afastámos dessa idade de todos os possíveis. O resultado é o futuro que se advinha.
Brevemente, é muito possível que venha a engrossar o coro de vozes que dizem 'o Benfica é nosso'. É um processo estranho este de passar da pertença, à posse, é uma viagem que se faz passando pela identificação e incorporação. Garret diria que é com naturalidade que Dom Quixote se transforma em Sancho Pança. Camilo Castelo Branco dividiria isto, metaforicamente, em coração, cabeça e estômago. Desejo apenas que a cabeça não permita que venha algum dia a confundir o coração com o estômago e achar que a pertença legitima a posse."

Pedro F. Ferreira, in Mística

Fernando Ferreira entre nós

"Doado ao clube espólio do antigo atleta benfiquista e co-fundador do jornal Record.

Disse o escritor alemão Gotthold Lessing: 'É a intenção, e não a doação, que faz o doador'. A mais recente incorporação no nosso acervo é o espólio de um grande 'sprinter' benfiquista dos aos 1930 e 1940: Fernando Ferreira. Carlos, o filho, tinha na sua posse várias dezenas de medalhas e fotografias do pai, entre outros itens de interesse. À boleia do antigo director do jornal O Benfica João Sequeira Andrade - alguém a quem muito deve a historiografia do nosso atletismo - plantámo-nos em casa de Carlos, a fim de o conhecermos e ao espólio a doar.
Sentámo-nos com ele em redor de uma mesa, sobre a qual nos esperava, as relíquias do herói. Uma a uma, foram desfilando sob o nosso olhar e arrancando sem cessar as exclamações de Andrade, perfeitamente identificado com o tempo, as lugares, as pessoas e os factos a que respeitavam.
Debruçado em torno das fotografias, o decano jornalista foi nomeado cada um dos rostos. Carlos escutava-o atentamente e identifica alguns que a memória de Andrade não ia buscar. Menos sabido na matéria, assisti atento à troca de bolas. Aos nomes maiores que já conhecia, como os de Martins Vieira, Espírito Santo, José Araújo, Tomás Paquete ou Matos Fernandes, juntava agora outros tantos: Glória Alves, Pinheiro da Silva, José Esteves, Eduardo Lemos, João Pimenta...
Sobre o herói Fernando Ferreira, era redondo o retrato: velocista de eleição, professor de atletismo, preparador físico da equipa de futebol do Benfica e da Selecção, jornalista, co-fundador do jornal Record o seu primeiro director, entre outros cargos e actividades relevantes.
A 11 de Agosto de 1943, fazia a capa da revista Stadium. Da autoria de Nunes de Almeida e de beleza plástica admirável, a fotografia dada à estampa traduzida na perfeição o perfil de Fernando: força, técnica, elegância.
Várias décadas mais tarde, com esta imagem diante dos olhos, o filho Carlos fazia suas as palavras de Lessing: 'Quero doar ao Benfica estas memórias do meu pai porque é lá que são úteis. Penso que ele assim o desejaria igualmente'.

O corredor de barreiras
Pés a preceito
Nascido a 21 de Agosto de 1918, Francisco Ferreira abraçou cedo o atletismo. Já adolescente, meteu-se num táxi com um colega de liceu em direcção ao Estádio das Amoreiras, para tentar a sua sorte de 'encarnado'. Iniciava assim uma carreira que o levaria à conquista de vários títulos regionais e nacionais, em juniores e seniores.
Afirmou-se como corredor de barreiras já depois de ter saído vitorioso em provas de corrida de velocidade, salto em comprimento, estafetas e lançamento do peso, em campeonatos escolares. Liceal ainda, estabeleceu nos 83 metros barreiras o seu primeiro recorde.
Como sénior, estrear-se-ia nos Jogos Desportivos Nacionais, realizados no Estoril e organizados pelo jornal Os Sports, que lhe pintou o jeito: 'Pés que atacam bem o terreno'. Antevia-se já que as suas longas pernas o transformariam em corredor de barreiras. Assim foi. Nos 110 metros da especialidade, sucederia condignamente aos históricos Glória Alves e Martins Vieira, na antecâmara de Luís Alcide, Matos Fernandes, Cumura Imboá e José Carvalho.

Fernando e o Futebol
O preparador físico Fernando Ferreira na companhia do treinador Inglês Ted Smith, que deu ao clube o Campeonato Nacional e a Taça Latina de 1949/59, e as Taças de Portugal 1948/49 e 1950/51.

Mister 'Fair-Play'
Entre o espólio de Fernando Ferreira, encontram-se algumas notícias manuscritas e dactilografadas que documentam a sua actividade jornalística. Uma delas, do nosso jornal, bem reveladora de um traço de carácter que o acompanharia a vida inteira: o desportivismo.
Ao passar pela secretaria após uma derrota com o Belenenses por 2-5, havia, segundo Fernando lamentasse ter faltado em vão a um casamento ou perdido uma tarde de sol na Caparica para assistir à 'tragédia'. E Fernando conclui, numa postura que sempre lhe foi própria: 'O Benfica não pode ganhar sempre (...) Temos de aceitar a derrota'.
Ao homem que haveria de passar a vida a ensinar atletismo, norteava-o o espírito desportivo. Entre outras distinções, receberia o troféu Fair-Play do Comité Olímpico Português, o diploma da European Fair Play e a Medalha de Honra ao Mérito Desportivo.
Após uma vida dedicada à causa do desporto, Fernando Ferreira faleceria em Junho de 2007, com 88 anos."

Luís Lapão, in Mística

Bom a Bessa

"Lembra-se do dia 22 de maio de 2005? Provavelmente sim, mas eu refresco-lhe a memória: um a um com o Boavista e conquista do título nacional com Giovanni Trapattoni ao leme da equipa. Lembra-se da festa que foi? No relvado, nas bancadas, pelas ruas de Lisboa, do país, do mundo. Pois bem, este domingo o SL Benfica volta a um lugar onde já foi feliz. Tem sido assim desde a repescagem do Boavista (na secretaria) para a principal divisão do futebol português. É no estádio do Bessa, contra uma equipa liderada Erwin Sanchéz, o Platini dos Andes, que o bicampeão nacional vai dar mais um passo em direcção ao 35. E, para isso, todos somos necessários.
Vai ser bom voltar a ver este estádio pintado de vermelho, com o calor e a vontade dos benfiquistas do Porto. Gente de fibra esta que todos os dias tem pela frente os mais fanáticos dos antibenfiquistas. Os mais fracos já teriam desistido, mas os benfiquistas do Porto sabem como pegar o boi pelos cornos e não viram cara à luta. No domingo, o Bessa vai ser uma Catedral e, no relvado, os onze escolhidos por Rui Vitória vão fazer o que tem que ser feito: ganhar. Mais um jogo, mais um desafio, mais uma final para ser conquistada. Estamos a oito jogos do fim do campeonato. Não há adversários fáceis, não há campeões antecipados, mas há a chama imensa que aumenta a cada minuto. Adeptos, jogadores, técnicos e dirigentes, estamos juntos para chegar ao objectivo comum: ganhar. Ganhar uma bola perdida, um metro de terreno, uma vantagem no marcador, um jogo, outro, mais outro, um título e a glória.
Rumo ao Tri!"

Ricardo Santos, in O Benfica 

Grande Benfica!

"A vitória frente ao Tondela, somente quatro dias após o triunfo em São Petersburgo que carimbou a nossa passagem aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, foi uma demonstração cabal de que a nossa equipa não é afectada por tentativas infantis de-desestabilização, venham elas de patetas, dirigentes de coisa nenhuma ou ressabiados.
Os quatro golos marcados, dois por Jonas, agora o 34.º melhor marcador de sempre do Benfica em competições oficiais, elevaram para 70 o total do Benfica no Campeonato Nacional, perfazendo uma média de 2,7 golos por jogo, sinónimo do futebol atacante com veia goleadora que caracteriza a temporada Benfiquista.
Os 28 tentos apontados por Jonas nesta competição, somados aos 20 na temporada passada, colocam-no, em pouco mais de ano e meio, na 29.ª posição do ranking dos goleadores benfiquistas nesta prova. Para já são 24 por época, a melhor média de sempre no clube.
Mitroglou é quem, para além de Jonas, mais contribui para o pecúlio alcançado. 16 golos é assinalável, só é pena que o jornal A Bola, contrariamente aos dados oficiais, insista em lhe reconhecer apenas 15. Se seguisse o mesmo critério na temporada passada relativamente aos dois golos atribuídos a Jackson Martinez, mas concretizados por defesas na própria baliza (Bessa e Restelo), Jonas teria sido o melhor marcador oficial, assim como para o jornal em causa.
Termino com a conquista da Taça de Portugal de voleibol. Dos 14 títulos e troféus já decididos em seniores masculinos das sete principais modalidades na presente temporada, conquistámos oito, dando continuidade aos últimos anos em que o Benfica, indiscutivelmente, tem dominado o desporto nacional."

João Tomaz, in O Benfica

Prioridades

"No momento em que o estimado leitor puder ler estas páginas, provavelmente já conhecerá o adversário do Benfica nos quartos-de-final da Champions League. Já saberá, pois, se o "Glorioso" tem poucas, muito poucas, ou quase nenhumas hipóteses de seguir em frente.
Numa perspectiva pragmática, é esse o naipe de possibilidades que esta fase da competição nos coloca, dada a colossal capacidade financeira e desportiva das forças em presença.
O sonho é legítimo, mas a realidade diz-nos que as obrigações externas do nosso Clube já estão, nesta temporada, amplamente cumpridas. Daqui em diante, há que desfrutar, sem dramas, e sem pressões que não sejam as de dignificar a camisola e preservar o prestígio internacional que Eusébio e seus pares nos legaram.
Paralelamente, temos um Campeonato ao rubro e uma liderança presa por um cabelo - a qual, precisamos de manter até ao fim, custe o que custar. Bela Guttmann dizia que o Futebol português não tinha rabo para duas cadeiras. E por essa Europa fora é já bem conhecido o chamado "Vírus Champions", que subtrai pontos nas ligas nacionais, quer nas vésperas, quer no rescaldo dos grandes jogos europeus. As explicações não vêm ao caso, mas não são do domínio da coincidência. Temos pois que analisar friamente o que queremos, o que podemos alcançar, e qual a melhor forma de o conseguir. Este Campeonato é, por múltiplos motivos, tremendamente importante para o Benfica. Porventura o mais importante da última década. É na sua conquista que tem de estar o foco de todos os profissionais da casa. Terá de ser essa a nossa prioridade absoluta. O resto se verá."

Luís Fialho, in O Benfica

O Mundo da Multimédia

"Em jeito de como quem não quer a coisa, a envolvente de multimédia ao redor das competições da Liga da Champions, é uma verdadeira loucura terrestre.
A empresa que detém o Marketing do licenciamento dos direitos de transmissão da multimédia das competições é a Team Football Marketing AG, com sede na Suíça em Lucerne, empresa subsidiária da Highligth Communications AG, também com sede na Suíça, através da Team Holding AG. Esta empresa (Team Marketing) teve o volume de negócios em 2014 de 412,578 milhões de francos suíços, sendo que este valor resulta da soma de quase três dezenas de empresas, das quais a Team Marketing é apenas uma. 
Para se ter uma ideia, a final realizada no Estádio da Luz, teve uma assistência "televisiva" aproximada de 380 milhões, sendo que, só em Espanha teve uma assistência de 12,7 milhões de pessoas. No entanto, foi o Brasil que contribuiu com maior assistência, cerca de 20 milhões.
Em suma, esta empresa gere os direitos de transmissão televisiva da UEFA, na modalidade da competição da Champions League. Assessora a celebração e negociação dos contratos com as diversas operadoras de multimédia a nível mundial.
(...), a situação das empresas de multimedia a nível mundial que tinham contratos celebrados com a UEFA, dos países da Albânia até à República Checa, em vigor em Fevereiro de 2016. Até aqui releva-se quanto à consagração de optimizações fiscais mais favoráveis, a Bélgica e o Azerbaijão.
(...), os contratos celebrados desde a Dinamarca até à Lituânia. Aqui, já verificamos um domínio de alguma optimização fiscal, com predominância da Modern Times Group MTG Limited.
Agora (...), os contratos celebrados com a Macedónia até à Turquia. Aqui encontramos como interessante, Malta, Eslovénia, Espanha e novamente a Modern Times Group (MTG), na Suécia.
Não podemos ir mais longe como gostaríamos, para verificarmos a optimização fiscal a nível dos sócios das várias empresas, aí sim, muito mais acutilante.
Mas podemos retirar já duas conclusões.
A primeira, o potentado dos negócios da Champions.
A segunda, a situação tida como normal em muitos países, da optimização fiscal.
Em Portugal é o que sabemos! É tudo proibido! Por isso aportar capital e impostos estrangeiros, esqueçam! Em concorrência perdemos!

Ideia económica geral
De se utilizar tantas vezes esta palavra, a mesma corre o sério risco de ficar gasta nos tempos mais próximos.
A Economia é (devia ser) uma ciência que estuda os fenómenos da produção, distribuição e consumo de bens e serviços.
É fácil de verificar, que no meio de 7 mil milhões de habitantes no Planeta Terra, seja difícil de prever qual será o comportamento económico de cada um. Na maioria dos casos, até o facto de alguém ter acordado com os "pés de fora", irá limitar e conduzir o seu comportamento económico nesse dia. Por estas e muitas outras razões similares, que de tão complexas dariam milhares e milhares de páginas, é que a economia é que faz com que todos os habitantes deste Planeta não tenham o mesmo nível de vida. A grande regra é que os recursos são escassos e não chegam para todos. Daí que existam uns que são vencedores e outros que são perdedores.
Imaginem a todo o minuto, adaptarem-se os recursos ao número de pessoas existentes no Planeta!
Impossível!"

Pragal Colaço, in O Benfica

A Jonas o que é de Jardel

"O que o benfiquista Jonas está a fazer na corrente edição da Liga é extraordinário. Acumular 28 golos em 26 jornadas representa qualquer coisa de invulgar, tanto em Portugal como em qualquer campeonato europeu. Estes números ganham especial relevância quando os comparamos, seja com a história recente da nossa Liga, seja com aquilo que se passa, por exemplo, nas Ligas que integram o top 10 europeu.
Olhemos, primeiro, para dentro. Entre o final da década de 1990 e os primeiros anos deste século. passou por Portugal uma 'máquina de golos' chamada Mário Jardel. Foi durante cinco anos o melhor marcador da Liga, com 42, 37, 36, 30 e 26 golos. Pois bem, depois dele e até à actualidade, apenas um jogador conseguiu superar o 'pior' campeonato de Jardel: Jonas. Cardozo e Jackson Martínez, por exemplo, 'só' igualaram esse registo de 26 remates certeiros. E entre outros, é bom não esquecer que andaram por cá goleadores como Acosta (22), Pena (22), Hulk (23), Nuno Gomes (24), Liedson (24), Lisandro López (24) ou Falcão (25). Mas Jonas, depois de fazer algo nunca visto no período pós-Jardel ainda vai, certamente. ultrapassar o 4° melhor acumulado do compatriota (30 golos). Se fosse fácil já alguém o teria feito nos quase 15 anos que passaram desde o 'adeus' de Super Mário.
Vejamos agora o que se passa lá por fora. Jonas leva neste momento uma média superior a um golo por jogo. Apenas um jogador o acompanha nesta façanha, precisamente o também brasileiro Alex Teixeira, com 22 golos apontados pelo Shakhtar (Ucrânia). Mas como entretanto foi para a China, já não conseguirá manter a média nas 26 jornadas que tem este campeonato. Ronaldo em Espanha (27 em 29), Lewandowski na Alemanha (24 em 26), Higuaín em Itália (27 em 29) e Ibrahimovic em França (27 em 30) ainda podem lá chegar, ao contrário de Promes na Rússia (ll em 20), Diaby na Bélgica (13 em 30) ou Vardy e Kane em Inglaterra (19 em 30).
Se Jonas continuar tão inspirado nas últimas oito jornadas a Bota de Ouro europeia poderá ir parar ao pé dele, como um dia acabou no de Jardel (duas vezes, uma ao serviço do FC Porto e outra a jogar de leão ao peito). Seria o regresso à Luz do símbolo máximo dos goleadores, depois de Eusébio."

Convergências e entendimentos

"Por razões conhecidas e já debatidas até à exaustão, que não valerá a pena voltar a enunciar, a época 2015/16 revitalizou a rivalidade futebolística entre Benfica e Sporting e, nesta fase, a oito jogos do fim da Liga, os eternos rivais de Lisboa são os mais fortes candidatos ao título, mantendo-se o FC Porto na corrida, é certo, mas de forma mais discreta e menos convicta.
A vertente desportiva desta equação só pode ser bem-vinda: o Sporting dobrou o investimento e tem mostrado, na frente interna, argumentos apreciáveis; o Benfica, enveredando por uma nova política, segue líder em Portugal e vai conhecer hoje rival na Liga dos Campeões. Ambos os emblemas têm sido seguidos, em casa e fora, por um número muitíssimo expressivo de adeptos. No entanto, infelizmente, não há bela sem senão...
O clima social está radicalizado, e o apelo ao bom senso e à contenção deve, assim, constituir uma obrigação. Não me parece curial que se ande a deitar mais achas para a fogueira, salgando feridas que estão por cicatrizar. E menos avisado será fulanizar inimigos, tornando-os alvos de mentes mais fracas e por isso sugestionáveis.
Haverá quem pense que os jogos começam a ganhar-se fora das quatro linhas, no condicionamento dos adversários e demais agentes com intervenção directa nas partidas. Porém, o que conta, o que vale, é o que é feito dentro de campo. Por mais bélico que seja o discurso, não resiste a um golo falhado de baliza aberta...
Citando Marcelo Rebelo de Sousa, «urge recriar convergências, redescobrir diálogos, refazer entendimentos, reconstruir razões para mais esperança»."

José Manuel Delgado, in A Bola

Jogar em Portugal e na Europa

"A UEFA percebeu há muito que a Europa do futebol não é diferente da Europa económica, social e política. A força da instituição tem razão proporcional com a dimensão do mercado. Por isso a Champions League não pode parar no tempo, e assim provoca alterações também na Europa League. Que ninguém fique surpreendido com alterações próximas ao modelo competitivo de ambas. Claro que ser campeão nacional continua a ser importante, cada vez menos para a implementação e negócio das sociedades desportivas de topo, mas decisivo para aumentar a base de apoio no próprio país. Contudo, o mercado globaliza-se e as equipas portuguesas para conseguirem ser competitivas nas provas internacionais têm de aumentar receitas. Como tal, não faz sentido considerar estas competições secundárias em relação ao campeonato nacional. A maior valorização da marca dos seus activos, entenda-se jogadores em primeiro lugar, mas também todos os outros profissionais, e o aumento das receitas directas, justificam que nunca se desista delas.
O Real Madrid - que ainda não perdeu na Champions, tal como o Barcelona - tem nesta competição a possibilidade de vencer um troféu. Mas não são só os merengues nesta situação. Muitos outros lutam também por boa prestação europeia, na salvaguarda do prestígio, entre eles alguns gigantes.
Em relação às equipas portuguesas, o Braga fez muito bem em valorizar-se na Liga Europa, com todos os custos que essa opção tem, enquanto que o Sporting - não desvalorizando a competição, o discurso foi mais na tentativa de retirar pressão - não apostou na mesma. O Porto tentou o impossível e o Benfica entrou no grupo restrito dos quartos da Champions.
A Europa não fez mal a ninguém, bem pelo contrário, fortaleceu quem conseguiu chegar mais longe."

José Couceiro, in A Bola

Superliga Europeia é viável?

"É um rumor que se vem repetindo nas últimas décadas e que no último mês ganhou novamente força. Alguns dos principais emblemas europeus estão a defender a criação de uma Superliga Europeia, uma supracompetição que pudesse reunir a nata do futebol europeu a nível de clubes. Não é de estranhar que esta eventual proposta surja como forma de pressão, junto da UEFA, no sentido de distribuir mais dinheiro aos clubes, numa altura em que a liga inglesa passará a ter receitas televisivas milionárias que ultrapassam mesmo a Liga dos Campeões.
O cenário de vermos equipas como o Bournemouth, o Watford ou o Crystal Palace, entre outras equipas, em teoria, da segunda metade da tabela da liga inglesa, a obterem receitas superiores a alguns dos principais clubes alemães, franceses, italianos e até espanhóis (se tirarmos Barcelona e Real Madrid da equação) será provavelmente uma realidade a partir da próxima temporada. Atentos a esse fenómeno, clubes como Bayern e Juventus estão a aparecer como defensores de um novo modelo de competição continental, que permita obter ainda mais receitas e consiga rivalizar com algumas provas norte-americanas (como a NFL) em termos de valores no mercado mundial.
Com o modelo das competições europeias em vigor a terminar em 2017/18, este soar do alarme em relação a uma eventual Superliga Europeia parece acima de tudo uma abertura de negociações para que os clubes possam receber mais dinheiro e consigam garantir a sua competitividade desportiva e financeira face ao fenómeno inglês.
Além disso, hoje em dia, e tal como acontece com os clubes portugueses, uma época sem Champions cria enormes dificuldades financeiras às equipas, face à escassez de receitas. E vão-se multiplicando as sugestões, desde uma competição fechada a uma prova em que alguns clubes garantem presença fixa, com mais jogos e prémios avultados.
Não acredito em grandes revoluções, mas o caminho para uma grande competição, que se possa apelidar de campeonato europeu, parece ser desejo unânime entre os principais clubes do Velho Continente. As desigualdades vão aumentar em relação aos países da periferia e resta saber que tratamento será dado ao mérito desportivo que se vier a verificar nas ligas internas. Um clube com um trajeto idêntico ao do Leicester City, com possibilidades de se sagrar campeão inglês pela primeira vez na sua história, ficaria de fora desta eventual competição?
E apesar de isso já estar a acontecer nos dias de hoje, a verdade é que uma competição deste género traz consigo o risco de agravar ainda mais as diferenças entre estes grandes clubes e as restantes equipas dos seus países, colocando em causa o equilíbrio financeiro e competitivo dos próprios campeonatos nacionais. Antes de qualquer mudança nas provas europeias, seria importante que as ligas nacionais pudessem desenvolver, possivelmente em conjunto com a UEFA, um mecanismo de financiamento sustentável para poderem corresponder e 'conviver' de forma sã com uma prova desta magnitude.
E qual o papel dos clubes portugueses relativamente a uma eventual Superliga Europeia? Participantes ou meros observadores? É uma boa questão. Ninguém quererá ficar de fora e perder o embalo financeiro que uma prova deste calibre pode gerar. Mas as portas, pela vontade de alguns intervenientes, não estão totalmente abertas aos clubes nacionais. No período pós-Platini e depois da saída de Gianni Infantino para a FIFA, a UEFA tem aqui um dos seus grandes desafios. Será difícil agradar a gregos e troianos, mas tudo indica que algo vai acontecer."

O rei vai nu!

"Estéreis as opiniões a propósito da polémica sobre a utilização da substância Meldonium, que em 2016 já despoletou boa centena de casos positivos de doping. Enquanto uns se insurgem contra a publicidade dos resultados dos testes realizados anteriormente, quando a substância não estava na lista de substâncias proibidas, outros questionam a falta de estudos que determinem o período de tempo que a substância se mantém no organismo depois de terminar o seu consumo.
E que tal explicar a razão médica para todos estes atletas consumirem esta substância? Será que estes atletas são todos doentes do coração? Ou a usavam como doping? Usavam para melhorar o seu desempenho desportivo? O Meldonium foi descoberto há cerca de... 40 anos (!) para combater problemas cardiovasculares.
Esta facilidade em aceitar que os atletas consumam substâncias que têm como finalidade combater doenças das quais não padecem - desde que não sejam proibidas - demonstra a profunda e preocupante crise de valores que se abate sobre o desporto.
A essência do combate à dopagem é mesmo essa: evitar o recurso a substâncias que aumentem artificialmente o rendimento desportivo.
«Dados os acontecimentos dos últimos doze meses, porque não permitem que os atletas se dopem?». Esta foi a surpreendente questão colocada ao presidente da Agência Mundial Antidopagem. Sir Craig Reedie respondeu: «Não! A liberalização do uso de drogas para melhorar o desempenho significaria mover-se num mundo desportivo no qual ganha o atleta com o melhor químico!»
As impensáveis proporções a que chegou o escândalo do doping e corrupção no desporto deve-se a muitos anos de fazer de conta e olhar para o lado a muitas pressões para manter um determinado status quo.
Quando caírem na real, verão que o rei vai nu!"

Mário Santos, in A Bola

Bayern Munique

Aí vamos nós, até à Baviera!!!
As opções eram curtas, as dificuldades eram reais, com todos os sete possíveis adversários... sendo assim, o meu único desejo, era jogar a 1.ª mão, a 5 de Abril, Terça; e a 2.ª mão, a 13 Abril, Quarta-feira!!! Algo que acabou por se concretizar...!!!
Ao 'contrário' (6 e 12 de Abril), íamos ter mais uma polémica no Tugão, com o Benfica a tentar adiar o Académica-Benfica, e os Anti's a chorarem baba e ranho!!!

Em 6 jogos oficiais, nunca ganhámos ao Bayern... 4 derrotas e 2 empates!!! (1975/76: 0-0 na Luz; 1-5 em Munique - 1981/82: 0-0 na Luz; 1-4 em Munique - 1995/96-. 1-4 em Munique; 1-3 na Luz) Este histórico, é suficiente para contextualizar as nossas dificuldades. Além disso, vamos jogar com o Bayern 'infectado' pelo vírus do Barça!!!
Eu sou daqueles que acha 'injusto' (e 'chato'!!!) o tipo de jogo do Guardiola, o último Benfica-Barcelona na Luz, ainda está fresco na memória de todos... Por tudo isso, as probabilidades do Benfica passar, são baixas... Mas como é óbvio, não é impossível...

O Bayern tem algumas lesões na Defesa... o ano passado quando jogou com os Corruptos, tinha também muitos lesionados, principalmente no Ataque, pessoalmente preferia o cenário do ano passado! Também preferia jogar 1.º na Luz, mas se derrotámos a Gazprom (principal patrocinador da Champions), também podemos derrotar a Adidas, principal parceiro da UEFA e da FIFA !!!

Fazendo já uma antevisão ao primeiro jogo, creio que será desta vez, que o Rui Vitória vai reforçar o meio-campo, usando uma estratégia parecida, com a que usámos em Braga... A Juventus 'deixou' o Dybala em Turim, neste 2.º jogo... e a coisa esteve quase a correr bem!!!

Mas neste momento o jogo do ano é no próximo Domingo no Bessa... e depois ainda temos o Braga com os particulares das Selecções pelo meio, a atrapalharem muito...!!!

Uma última nota, para mais um sorteio Uefeiro, que saiu exactamente como a UEFA queria: as 'principais' 4 equipas, não se vão defrontar nos Quartos!!! Barça, Bayern, Real e PSG, muito provavelmente os 4 semi-finalistas!!! Mais uma vez, que Sorte... para os cofres das televisões!!!

Wolsburgo - Real Madrid
Bayern - Benfica
Barcelona - Atlético Madrid
PSG - Manchester City