"Estéreis as opiniões a propósito da polémica sobre a utilização da substância Meldonium, que em 2016 já despoletou boa centena de casos positivos de doping. Enquanto uns se insurgem contra a publicidade dos resultados dos testes realizados anteriormente, quando a substância não estava na lista de substâncias proibidas, outros questionam a falta de estudos que determinem o período de tempo que a substância se mantém no organismo depois de terminar o seu consumo.
E que tal explicar a razão médica para todos estes atletas consumirem esta substância? Será que estes atletas são todos doentes do coração? Ou a usavam como doping? Usavam para melhorar o seu desempenho desportivo? O Meldonium foi descoberto há cerca de... 40 anos (!) para combater problemas cardiovasculares.
Esta facilidade em aceitar que os atletas consumam substâncias que têm como finalidade combater doenças das quais não padecem - desde que não sejam proibidas - demonstra a profunda e preocupante crise de valores que se abate sobre o desporto.
A essência do combate à dopagem é mesmo essa: evitar o recurso a substâncias que aumentem artificialmente o rendimento desportivo.
«Dados os acontecimentos dos últimos doze meses, porque não permitem que os atletas se dopem?». Esta foi a surpreendente questão colocada ao presidente da Agência Mundial Antidopagem. Sir Craig Reedie respondeu: «Não! A liberalização do uso de drogas para melhorar o desempenho significaria mover-se num mundo desportivo no qual ganha o atleta com o melhor químico!»
As impensáveis proporções a que chegou o escândalo do doping e corrupção no desporto deve-se a muitos anos de fazer de conta e olhar para o lado a muitas pressões para manter um determinado status quo.
Quando caírem na real, verão que o rei vai nu!"
Mário Santos, in A Bola
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