"Como triste costume, a participação da Selecção Nacional de futebol petrifica o País, conquistando todas as atenções e quase suspendendo toda a actividade. As televisões entendem que é fundamental sabermos se os jogadores estão bem-dispostos, se riram na hora certa e o que pensa a D. Miquinhas sobre a Selecção. Como se fosse pouco, os mais altos responsáveis dão bitaites sobre o estado de forma dos atletas. O ridículo chega quando é admitido que o estado físico de um jogador pode afectar o espírito dos portugueses.
Infelizmente (ou não), o estado de forma dos jogadores em nada afecta a produtividade do País, a taxa de desemprego, a dívida pública ou os índices de prática desportiva. Surfando esta onda, a comunicação social entretém-se a encher chouriços de manhã à noite com repetições - à náusea - de imagens de autocarros a estacionar e jogadores a treinar. Inacreditável...
Após o imprevisto empate contra os islandeses, logo passa tudo de bestial a besta! Dentro desta pobreza de espírito generalizada, a dúvida era apenas quanto aos números da goleada. Ora, o alto rendimento não é nada disso e nas modalidades, como o futebol, onde a densidade competitiva é profunda, não há vencedores antecipados.
Felizmente, temos uma EQUIPA de futebol competitiva, capaz de ganhar. No entanto, há muitas formas de encarar a competição e a romaria e soberba já nos custaram muitos dissabores. Sirva isso de exemplo para os nossos atletas que vão competir em Agosto, nos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, pois, para a maioria, não há fases de grupos e se corre mal a primeira competição... acabou!
Depois da competição, não faltarão oportunidades para entrevistas e recepções. Até lá, concentração e determinação, pois, a perder, que seja pelo valor dos adversários e não por demérito nosso."
Mário Santos, in A Bola
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