terça-feira, 17 de novembro de 2015

Alcoolismo académico

"Uma reportagem televisiva sobre excesso de bebidas alcoólicas mostrou uma competição de caloiros sob tutoria (?!)de veteranos universitários. Deveriam entrar em locais de venda de bebidas para as ingerir, somando pontos. Quanto maior a graduação alcoólica mais pontos obteriam. Ganharia a equipa mais pontuada, isto é, mais alcoolizada!!!
Professor universitário há 40 anos, conhecendo a evolução das atitudes estudantis, seguidor da imprensa, não me surpreendeu a insanidade da prova. O que me chocou foi o ar assertivo da jovem veterana travestida de líder que se julga importante, ao explicar o que se passava como algo perfeitamente normal e adequado. Alguma centelha de (má) consciência haveria nos que se esconderam das câmaras por detrás das capas do traje académico, ali muito mal honrado. Este caminho para o estado alterado de consciência, via bebedeira, visava a socialização dos recém-chegados à Universidade! Não é preciso ser Doutor, nem Mestre, nem Licenciado para saber que constitui agressão à saúde...
Se os organizadores socializassem discutindo livros, temas sérios, procurando elevar a cultura, talvez descobrissem que o passatempo que promovem não está ao nível de quem aspira a ser elite por via do conhecimento que é suposto adquirirem pela via académica. Reconheço que há grande quantidade de estudantes muito acima daquele estádio cultural. Receio que a colocação dos alunos em função das médias, tendo virtudes, tende a hierarquizar o tipo de cidadãos que chegam às diversas faculdades. As que exigem médias superiores tenderão a receber cidadãos mais preocupados com o conhecimento e valorização, relegando as acessíveis a médias mais baixas para o risco de acolher quem mais dificilmente será elite cultural de referência.
Assim, talvez os primeiros emigrem para paragens onde a sua preparação seja mais valorizada e os segundos se quedem, acabando por gerir o País.É a lógica da nossa História."

Sidónio Serpa, in A Bola

1 comentário:

  1. alguem disse.


    E "outros" é-lhes entregue beneficamente os "comando de pasquins" que guiam na direcção que lhes convém e não a éticamente correcta e as que deveriam seguir, tais como os manuais da postura jornalistica ensinam e éticamente sugerem por serem as mais leais para todos, mas destas fogem a sete pés.

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