segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Lixívia 3

Tabela Anti-Lixívia:
Benfica.............6 (-3) = 9
Corruptos..........7 (0) = 7
Sporting............7 (0) = 7

Mais uma semana de choradinho Lagarto, e mais uma semana onde o Benfica foi de longe o Clube mais prejudicado pela arbitragem, e só não teve influência no resultado, porque uma improvável canhota do Jonas, emendou a incompetência militante dos apitadeiros...
Mais uma semana, onde ficámos a saber que um árbitro prejudica intencionalmente a Lagartada, quando marca dois penalty's a favor deles, e ainda invalida um ataque perigoso (jogador isolado), por fora-de-jogo inexistente... escândalo!!!

Na Luz mantenho o que escrevi na crónica, apesar de tudo, o árbitro, Jorge Ferreira, tentou não facilitar o anti-jogo do Moreirense. Foram várias as jogadas onde os jogadores do Moreirese ficaram na relva a pedir assistência, e o árbitro mandou seguir a partida (e os jogadores miraculosamente lá se levantavam!!!).. É verdade que em duas ocasiões na 2.ª parte, mandou a maca entrar, quando aparentemente não era necessário... Mas, temos que admitir, que ele tentou... Ao contrário da quase totalidade dos outros árbitros, que são passivos, e em alguns casos, até promovem eles próprios as estratégias de anti-jogo. A cultura generalizada nos Clubes em Portugal é abjecta, não existe respeito nenhum, por quem paga o bilhete... e os árbitros têm muita culpa, porque se não forem nas 'cantigas' das simulações, o número de jogadores que ficam a rebolar no chão, diminui imediatamente.
Infelizmente no resto do jogo, o árbitro teve uma arbitragem incompetente. Recordo, que no 'famoso' Moreirense-Benfica da época anterior, o árbitro foi o mesmo, e nessa altura ficou com 'fama' de ser Benfiquista, porque marcou o tal canto (que era penalty!!!) que não existiu, e o Benfica empatou... sendo que logo a seguir expulsou um porco Dragay, por palavras... E já na época anterior, tinha ficado ligado a um golo mal anulado em Belém, por indicação do Fiscal, no Belenenses-Benfica!!! Portanto, com este historial, o normal, quando tem a oportunidade de voltar a apitar o Benfica, é provar que nada lhe liga ao Benfica!!!
Disciplinarmente, perdoou vários cartões amarelos, principalmente ao Vítor Gomes... Tecnicamente, tentou deixar jogar viril, não marcou várias faltas a meio-campo, para os dois lados, mas os principais erros aconteceram nas áreas: não marcou um penalty sobre o Mitroglou aos 51 minutos: foi notório o agarrão na camisola, mesmo assim o Fiscal-de-linha, estava melhor colocado, devia ter avisado...; no 3.º golo do Benfica, novo penalty, desta vez sobre o Jiménez (agarrão descarado do Danielson)... mas o Jonas acabou por marcar golo. Tenho a certeza, que não marcaria penalty, caso não tivesse sido golo.
O lance mais absurdo, foi mesmo o 2.º golo do Moreirense. O próprio árbitro ficou quase com a certeza que tinha existido fora-de-jogo: após o golo, ficou cerca de 30 segundos, à conversa (via intercomunicador) com o Fiscal, foi visível no Estádio... Eu, que estava no outro topo, tive quase a certeza que era fora-de-jogo!!! Não existe desculpa, o lance é simples de ser assinalado. Existem lances de fora-de-jogo muito complicados de ajuizar, este não é um deles!!! Validar um golo destes, a 5 minutos do fim, só prova o clima de intimidação das equipas de arbitragem nos jogos do Benfica: o medo de errar a favor do Benfica, é tão grande, que acabam por tomar decisões destas... No dia que o Benfica ganhar um jogo, com um decisão errada do árbitro, será totalmente trucidado nos mérdias... O Circo está montado, toda esta conversa sobre a arbitragem, por parte dos Calimeros esverdeados, serve exclusivamente para isso...
Repare-se nos disparates Lagartos nos programas televisivos de ontem à noite: juravam a pés juntos que o Lisandro fez penalty sobre um adversário no tal golo em fora-de-jogo do Moreirense...; e um deles, ainda conseguiu ir buscar um suposto livre mal marcado sobre o Luisão, onde por acaso as imagens provam, que a falta existiu mesmo (empurrão nas costas), e que os jogadores do Moreirense não ficariam isolados, mesmo assim, com as imagens à frente dos olhos, não mudaram a cassete!!!
É por isso, que com todos os seus defeitos, devia haver um Pedro Guerra, em todos os debates futebolísticos televisivos, porque com gente desonesta, só mesmo à chapada!!!


Ainda estou à espera de melhores imagens (talvez zoom's), para ter uma melhor opinião do que se passou em Coimbra, mas com as imagens que vi (no jogo), é incompreensível todo este coro de gente indignada. E não estou a falar de jogadores, treinadores ou dirigentes Lagartos, ou mesmo dos adeptos confessos, estou a falar das virgens dos jornaleiros (profissionais supostamente independentes), que resolveram subscrever todas as queixas Lagartos do jogo contra a Académica!!!
Vamos lá caso a caso:
- no penalty contra o Sporting, já vi todos os ângulos, e não consigo ver quem toca na bola. Aparentemente, 'todos' vêem um toque do Adrien, e não tenho a certeza. Admito, no limite, até poderá ter sido falta do jogador da Académica, mas o Adrien também pode ter tocado, no pé do Estudante, e este tocar na bola... Mesmo assim, para não ficarem 'triste' dou de barato este suposto erro contra o Sporting, para efeitos da classificação!!!
- no suposto penalty sobre o Silimani, no 1.º tempo, não existe qualquer falta: existe um corte na bola, e no carrinho, existe um contacto normal... e ao contrário do que foi dito, a bola não ficou jogável. Basta rever o lance, à velocidade normal, para perceber que o Silimani nunca chegaria à bola, porque depois do ressalto de bola, o esférico ganhou velocidade...
- no penalty falhado pelo Adrien, continuo a afirmar que nestas situações, não existe falta, pois não existiu um acto deliberado. O movimento do Fernando Alexandre, é perfeitamente normal, quando alguém roda o corpo, para desviar-se de uma bola, o movimento dos braços, é exactamente aquele. Também admito, que em Portugal, costuma-se marcar este tipo de faltas, erradamente na minha opinião.
- no último penalty, o Fernando Alexandre foi burro, realmente tocou no Silimani, e depois o Argelino, teatralizou, como de costume, obrigando o Bruno Esteves a marcar penalty!!!
Além dos penalty's, recordo um fora-de-jogo, muitíssimo mal tirado à Académica, numa jogada, onde o avançado ficaria totalmente isolado...
Como se pode ver, foi um jogo com decisões difíceis, que os Lagartos transformaram num Circo mediático, completamente absurdo. Se todo o discurso Lagarto, é para provar uma qualquer teoria da conspiração, que todos os querem prejudicar, é difícil de compreender como é que uma equipa de arbitragem, termina o jogo, com dois penalty's a favor do Sporting, e ainda o fora-de-jogo (meio-golo) mal tirado à Académica, pelo mesmo fiscal-de-linha, que nada assinalou nos primeiros dois golos do Sporting, e afinal, o propósito, era 'roubar' o Sporting!!!
O nível de alucinogénos é tão grande, que nas reacções à expulsão do Judas, insinuaram que no Benfica, ele nunca foi expulso!!! Só na última época, foi expulso no Bessa e em Moreira de Cónegos...!!! A facilidade, como esta gentalha reescreve a História, é assustadora!!!


Não assisti ao jogo do Dragay, ouvi parte do relato, quando estava a caminho da Catedral. Foi engraçado ouvir os relatadores, a queixarem-se do critério disciplinar do árbitro... principalmente do amarelo ao Mini... Mais tarde vi a falta, e tenho a certeza, que os mesmos relatadores e comentadores, se o Mini tivesse no Benfica, e fizesse uma falta igual, reclamariam Vermelho directo!!!
Além da habitual impunidade disciplinar Corrupta, os únicos erros de registo, foram foras-de-jogo, para os dois lados... Todos, bastante complicados, o único que podia ter alguma consequência, é o tal já nos descontos, com o resultado feito, e que podia ter dado o 3-0 aos Corruptos!!!


Uma nota extra, sobre um assunto um pouco 'diferente', Rui Vitória:
Nas minhas crónicas dos jogos, tenho criticado a forma do Benfica jogar. Com o plantel que temos (mesmo desequilibrado), podíamos e deveríamos estar a jogar melhor. E não me estou a esquecer da forma como a pré-época, acabou por decorrer...
Agora, uma coisa é achar que temos que melhorar, outra coisa, é o ataque baixo... e revisionista!!!
Os últimos 6 anos do Benfica, foram bons, é verdade. Mas não foram sempre bons. Afinal perdemos três campeonatos. E mesmo nas épocas vitoriosas, houve momentos onde jogámos mal... Aliás, as épocas do Judas no Benfica, têm alguns padrões interessantes. Por exemplo, na maior parte delas, só começávamos a jogar um Futebol atraente a partir de Novembro... que normalmente durava até Fevereiro, com o regresso das Competições Europeias!!! A excepção foi mesmo a primeira época, onde começamos logo muito bem... E em relação aos finais de época, só nas últimas duas épocas melhorámos: primeiro, porque em 2013/14 fizemos uma rotação grande na Liga Europa, só com a Juve nas Meias-finais jogámos com os titulares; e na última época, a eliminação precoce da Europa, permitiu uma 'folga' física, e mesmo assim os jogos fora da Luz, foram quase todos um sufoco!!!
Também me parece evidente, que o plantel do Benfica, tem perdido qualidade (o Mercado está a dar as últimas neste preciso momento...!!!), na última época, isso foi evidente, as opções foram menores. Os problemas no meio-campo do Benfica, existem desde da saída do Enzo, e ainda não foram rectificados...
Dito isto, o Benfica não tem jogado de forma convincente, isso é óbvio. O Júlio César com o Estoril e com o Arouca teve demasiado trabalho (já com o Moreirense, foi um espectador!!!), e isso não pode continuar a acontecer... Ofensivamente, estamos demasiados estáticos, criamos poucos desequilíbrios, mas mesmo assim, somos muito provavelmente a equipa de todo o Campeonato, que cria mais jogadas de perigo!!! Mais que os Lagartos, e muito mais do que os Corruptos (que devem ser a equipa, que menos remata à baliza!!! Por larga margem!!!). E no jogo que perdemos, fomos altamente prejudicados pela arbitragem, com influência directa e indirecta no resultado.
Ainda no Sábado, ouvindo o relato, dos Corruptos, fiquei a saber que o 2.º golo dos Corruptos (livre directo), foi o 2.º remate à baliza do Estoril, isto aos 62 minutos de jogo!!! Imaginem se o treinador fosse o Rui Vitória, que estava na sua 2.ª época no Benfica, e que já teria gasto em compras algumas centenas de milhão de Euros, e aos 62 minutos, o Benfica fazia o 2.º remate à baliza?!!!
Eu sei que com o mal dos outros, nós estamos bem, mas os exageros, também não ajudam... E havendo capacidade de auto-critica, não será complicado analisar por exemplo as movimentações do Guedes na 2.ª parte do jogo com o Moreirense; ou ainda analisar as duas jogadas que acabaram com falhanços escandalosos do Jonas: com tabelas (1.º tempo) e/ou arrancadas (2.º tempo), para perceber que os mecanismos estão lá... agora é preciso repeti-los!!!
E como o Samaris afirmou no fim, com trabalho e treino, o Benfica tem tudo para triunfar...


Anexos:
Benfica
1.ª-Estoril(c), V(4-0), Tiago Martins, Nada a assinalar
2.ª-Arouca(f), D(1-0), Nuno Almeida, Prejudicados, (1-2), (-3 pontos)
3.ª-Moreirense(c), V(3-2), Jorge Ferreira, Prejudicados, (4-1), Sem influência no resultado

Corruptos
1.ª-Guimarães(c), V(3-0), Veríssimo, Nada a assinalar
2.ª-Marítimo(f), E(1-1), Hugo Miguel, Nada a assinalar
3.ª-Estoril(c), V(2-0), Duarte Gomes, Prejudicados, (3-0), Sem influência no resultado

Sporting
1.ª-Tondela(f), V(1-2), Xistra, Prejudicados, Beneficiados, (0-1), Sem influência no resultado
2.ª-Paços de Ferreira(c), E(1-1), Manuel Oliveira, Nada a assinalar
3.ª-Académica(f), V(1-3), Bruno Esteves, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado

Jornadas anteriores:
1.ª jornada
2.ª jornada

Épocas anteriores:

O que pensará o presidente da Liga?

"Será que Pedro Proença acompanha a tese de Bruno Carvalho segundo qual quem rouba dentro do campo deve ser preso?

Continua elevada a temperatura entre o Sporting e os árbitros. Depois de Moscovo, Bruno de Carvalho atacou fortemente a arbitragem dos jogos com o CSKA, Jorge Jesus também não se fez rogado e a expulsão, ontem, do treinador dos leões - e a solidariedade presidencial subsequente - não ajudou a qualquer détente. Felizmente, o campeonato para agora, entra em cena a Seleção Nacional, e isso pode criar uma trégua necessária. Porque o perigo de a contestação sair do âmbito leonino e alastrar a outras frentes é real e pode colocar um problema sério. No que respeita ao Sporting, Bruno de Carvalho colocou a fasquia da contestação aos árbitros muito alta. Ao centrar o discurso leonino nos homens do apito, o presidente do grémio de Alvalade conseguiu retirar o foco de insuficiências próprias da sua equipa, visíveis a olho nu em Moscovo, e isso, do ponto de vista estratégico, pode não ser negativo. Porém, ao chocar frontalmente com a arbitragem, Bruno de Carvalho entreabriu a caixa de Pandora e as consequências desse facto podem vir a ser relevantes.
Na campanha que entendeu patrocinar, reclamando prisão para quem rouba dentro do campo, será normal que Bruno de Carvalho pretenda ter o conforto da Liga de Clubes, que é um organismo autónomo da FPF para defender os interesses dos clubes com futebol profissional. Depois de tudo o que já foi dito pelos responsáveis do Sporting, ao longo das últimas semanas, em relação à arbitragem, seria normal que o presidente da Liga já tivesse vindo a terreiro, pronunciando-se sobre a matéria em apreço, dizendo de sua justiça, fosse no sentido de apelar à calma e à concórdia, ou fosse no sentido de apoiar o seu filiado Sporting. Acontece que Pedro Proença nunca se poderá sentir muito à vontade nesta matéria. A sua ligação à arbitragem é demasiado profunda (só estranho é que pensasse que podia estar no Comité de Arbitragem da UEFA e acumular essa função com a presidência da Liga...) e não estou a vê-lo a assinar por baixo aquilo que Bruno de Carvalho advogou na passada semana, sugerindo a prisão para quem rouba dentro do campo.
Os próximos dias mostrarão se Pedro Proença vai manter a invisibilidade em relação às queixas do Sporting ou se, ao invés, vai agir como presidente da Liga e assumir uma posição sobre o caso.

A inédita seca de Messi e Ronaldo
«É normal que o Cristiano Ronaldo queira marcar, mas ele sabe que não pode fazê-lo em todos os jogos. Vai marcar no próximo...»
James Rodriguez,  Jogador do Real Madrid
James Rodriguez, autor de dois golos fabulosos ao Bétis, mostrou-se pouco a vontade para abordar os 180 minutos que Cristiano Ronaldo leva na Liga espanhola sem atinar com a baliza. Esta situação anormal é potenciada pelo facto de o mesmo estar a suceder a Messi, que tem andado de candeias às avessas com o golo. Cristiano e Messi são sempre notícia. Desta feita por omissão...

ÀS
Nélson Évora
Merece a nossa admiração, não só pelos feitos desportivos, mas sobretudo pela resiliência que lhe permitiu sobreviver a demasiados unfotúnios. Em Nélson Évora, é a força interior que mais me espanta e mais se revela, essa capacidade de reinvenção que o levou, na última semana, de novo ao pódio de uma prova mundial.

(...)
Para a eternidade
Acabaram os Mundiais de atletismo em Pequim (do nosso contentamento pela perfomance de Nélson Évora) e a lenda Usain Bolt, o homem mais Rápido da história, aumentou. O mundo parou cada vez que o jamaicano esteve em pista e a notícia do seu triplo sucesso foi global e célere. Como ele. Por vezes, quando se esta a viver a Historia e esta passa à frente dos nossos olhos, temos dificuldade em apreender o alcance dos factos. No que toca a Bolt, trata-se de um homem do futuro, um meteoro que cruza os céus, rumo ao infinito e mais além.

Atentos no México a Raúl Jiménez
A imprensa mexicana de ontem assinalou com pompa e circunstância o primeiro golo de Raúl Jiménez pelo Benfica.
Trata-se do ponta-de-lança da Selecção do México, está à procura de um novo fôlego na Europa depois de um ano a marcar passo em Madrid e é natural que suscite curiosidade"

José Manuel Delgado, in A Bola

domingo, 30 de agosto de 2015

7.ª Supertaça: em jogo inacreditável...

Benfica 6 - 3 Fundão

Até poucos segundos do fim, estava a ser um dos resultados mais mentirosos da história do Desporto Mundial, sem exageros!!! No final dos 40 minutos, havia 71 remates para o Benfica e 9 para o Fundão, e o marcador marcava 3-3!!! O já habitual guarda-redes possuído, os postes, alguma aselhice, ansiedade, tudo misturado, fez com que o Benfica a 7m40 do fim do jogo, estivesse a perder por 0-3... mas o jogo só acaba, quando acaba. E se alguém alegar que naquele último minuto - quando o Fundão falhou o 2-4 escandalosamente, e o Brandi teve uma 'ajuda' no 3-3 -, que o Benfica teve sorte... então não devem estar bons da cabeça...!!!

É verdade que o jogo começou morno, mas o Benfica esteve sempre por cima do jogo, mas o massacre aumentou, e muito, de intensidade, depois do 0-2 (sem que o Juanjo fizesse uma defesa digna desse nome)!!! Se antes, já tínhamos sido superiores, depois do 0-2 - ainda no 1.º tempo -, foi um massacre impressionante até ao fim do tempo regulamentar!!! Autêntico jogo de bruxedo...!!!
Houve alguns momentos de precipitação, com tudo a correr mal, é normal, mas a equipa manteve-se unida... e acreditou!!! Apesar da natureza épica da remontada, recordo-me de um jogo no Fundão no Play-off, com uma história praticamente igual, e que terminou com um 6-3 para o Benfica... além de um jogo em Belém em 2008, também muito parecido

Este jogo, inaugurou uma nova variável no plantel do Benfica: devido ao numero de estrangeiros no plantel, 1 tem que ficar de fora, nas competições internas: o escolhido hoje, foi o Hemni (o Mário Freitas continua indisponível). O Patias, 'facilitou' o trabalho ao Joel, para o próximo jogo, ao fazer-se expulsar já depois do final da partida!!!
Uma nota ainda para arbitragem: horrível!!! Além da permissividade com o jogo agressivo contra o Benfica, os erros foram tantos, que perdi a conta... Só em reposições laterais ao contrário, foram dezenas!!!

Supertaça de Portugal MasculinaResumo: SL Benfica 6-3 AD Fundão

Posted by Zona técnica - Futsal on Domingo, 30 de agosto de 2015
É sempre bom começar a época com mais um título: 7.ª Supertaça. É bom recordar que neste momento, somos o detentor de todos os títulos e troféus do Futsal nacional: Campeonato, Taça de Portugal, Supertaça.

Póvoa amarga...

Varzim 2 - 1 Benfica B


Não foi um jogo bem jogado - por ambas as equipas -, mas o Benfica fez o suficiente para empatar... O erro do Rebocho no 2.º golo do Varzim foi fatal... E se no golo do Renato tivemos alguma sorte, no assalto final, acabámos por ter muito azar...

Olhares acerca do futebol

"Uma viagem analítica pelo mundo dos direitos televisivos, com olhar atento para o que se passa no estrangeiro e, também, em Portugal.

1. Vivemos os últimos momentos do grande período da intermediação nas principais ligas europeias. É certo que em algumas ligas, cada vez mais poderosas sob o ponto de vista financeiro, a data limite não será o dia 31 de agosto. Mas serão sim os primeiros dias de Setembro. Agora que todos os clubes sabem as competições em que participam é tempo para uma reflexão global acerca desta indústria. Para uns olhares acerca do futebol. Que tem muitas especificidades. Desde logo sabemos que as regras do jogo económico têm no futebol um significado próprio. Distinto de muitos outros sectores e actividades. Há clubes, em rigor sociedades desportivas, que têm uma situação económico-financeira tão débil que em outras indústrias já teriam sido consideradas falidas. Mas não o são, mesmo com as singularidades jurídicas que a nossa legislação concebeu para a recuperação de empresas. Há outros clubes, em rigor sociedades desportivas, que compram e vendem jogadores a preços que parecem impossíveis e ninguém questiona a forma da respectiva avaliação. E os adeptos, e até os accionistas, mesmo que minoritários daquelas sociedades desportivas, parecem não sensíveis aos números apresentados e, igualmente, insensíveis à qualidade do produto que consomem.
2. Este tempo de intermediação, principalmente em razão das largas centenas de milhões de euros que já circularam no espaço europeu, tem na liga inglesa o seu centro. O seu centro de poder financeiro. Sem esquecermos alguns clubes como o PSG ou a Juventus, o Milão ou o Bayern de Munique. Daí que o exemplo inglês seja referência para outras ligas. A Inglaterra, e o seu futebol, é o exemplo perfeito da combinação entre o liberalismo económico e um profundo colectivismo. Há cerca de vinte anos o futebol inglês, abalado pela crise de violência, começou uma verdadeira revolução que o leva, no momento, a ser uma referência mundial e um espaço de atractividade de muitos milhões de adeptos desta modalidade que, pela simplicidade das suas regras, se tornou uma marca global. E com os ídolos de referência e de excelência. E o sistema igualitário de voto dos vinte clubes da principal Liga inglesa, a par do direito da federação inglesa, permitem uma estabilidade societária que ajuda a multiplicar as receitas, como as televisivas e comerciais, e a não exagerar nas despesas. A Liga inglesa já é, a par da FIFA e da UEFA, uma verdadeira multinacional.
3. Convém igualmente olhar para o que está a acontecer nas ligas francesa e espanhola. Em ambas tensões entre a Liga e a Federação. E em França um conflito com clubes da primeira liga a entrarem em ruptura com o sistema orgânico vigente e, criando o seu próprio sindicato, olham para o êxito da liga inglesa e procuram uma solução semelhante. O que implica uma significante alteração das relações de poder - e de força! - no conjunto do futebol francês. Em Espanha a tensão entre a Liga e a Federação é indiscutível. E a questão dos exclusivos televisivos é, tão só, um dos temas para essa tensão. Que atinge, já, as relações pessoais entre o Presidente da Federação e o Presidente da Liga. Talvez estas razões, bem relevantes, sejam a justificação para os programas eleitorais das principais forças políticas concorrentes às próximas eleições legislativas portuguesas serem quase que omissos na abordagem destas questões. Que bem sabemos queimam!
4. E queimam ainda mais em Portugal. Em razão de uma singularidade portuguesa. Entre nós temos uma televisão de clubes - a BTV - que detém os exclusivos dos jogos do clube (e também do Farense) e, ainda, e nesta época, os exclusivos das ligas inglesa, francesa e italiana. Temos, depois, um canal desportivo, igualmente pago, a Sport TV, que detém os direitos de transmissão de todos os outros clubes participantes nas competições profissionais e, também, de outras ligas importantes como a espanhola, alemã ou holandesa. E temos, singularmente, uma empresa liderada por Joaquim Oliveira que é detentora dos direitos exclusivos televisivos da quase generalidade das sociedades desportivas e é parceira societária da Sport TV. E esta singularidade portuguesa exige cautela e ousadia, capacidade de articulação e força negocial. E, também, um olhar permanente para as estratégias dos principais operadores, seja a NOS seja a MEO - agora Altice, ex-PT - e, também, para a possível alteração accionista em algum canal privado português. Sem nos esquecermos das novas realidades ligadas a jornais como a nossa A BOLA TV ou a CMTV. E, nesta matéria, a «distribuição» de eventos desportivos que a FPF está a fazer por diferentes canais é um sinal interessante acerca da sua posição face ao mercado existente. Onde a RTP com a Liga dos Campeões e as nossas principais selecções tem, claramente, e nas próximas épocas, uma posição bem destacada.
5. Para além destes aspectos convém não ignorarmos o peso da intermediação desportiva em Portugal. E este peso resulta de um dos principais actores mundiais neste sector de actividade ser português, Jorge Mendes. Sendo, necessariamente, um quase que abono permanente para algumas sociedades desportivas portuguesas. Ele é, neste âmbito, o porto de chegada e o porto de saída. Chegada de jogadores, sua valorização e partida pintada ouro em certos casos. Como no arranque da liderança comercial portuguesa e em que os Descobrimentos são um momento relevante, Jorge Mendes é quase que uma casa dos vinte e quatro. Onde tudo se decidia!
6. O que falta em Portugal é, também, a análise sistemática e sistémica dos dados. Há estatísticas, e muitas, acerca dos jogos. Mas não há uma ponderação profunda acerca dos dados económicos, das entradas de fluxos financeiros, do valor da intermediação, da origem das sociedades destinatárias das verbas da intermediação, do volume de impostos - sem ser o IVA - que o conjunto do futebol português paga ao Estado. Faltam estes estudos que não podem ser, como muitos, simples ou meros exercícios intelectuais. De forma que, na ante câmara da entrada em vigor das apostas online, se possa dizer «que o futebol português é assim»! E, dessa forma, percebem-se os mitos e sabem-se as verdades que marcam, há tanto tempo, o futebol português. Talvez seja o tempo. A questão é da vontade. E como, há alguns séculos, dizia Maquiavel «onde há uma vontade forte não pode haver grandes dificuldades»! Antes que estas se multipliquem!"

Fernando Seara, in A Bola

Coração...

Benfica 3 - 2 Moreirense


Suspeito que a continuar assim, o coração dos Benfiquistas, não vai aguentar muito mais tempo..!!!
Não é fácil escrever sobre este jogo: voltamos a cometer erros parvos, menos no que os outros jogos, é verdade, o Júlio César desta vez foi quase um espectador (isto com um Moreirense acessível... mas que acabou por ter uma eficácia de quase 100% !!!). No ataque, voltámos a demonstrar ansiedade, falta de soluções, jogadores sem saber o que fazer com a bola... mesmo assim falhámos golos 'impossíveis' de falhar, massacrámos (2.ª parte), mais uma vez podíamos ter goleado... mas acabámos o jogo, em sofrimento.
A equipa continua a dar tudo, creio que ninguém pode acusar os jogadores de falta de atitude, mas nota-se uma tremenda falta de confiança. Alguns queixam-se do excesso de cruzamentos, pessoalmente só os maus cruzamentos (e hoje foram muitos), são escusados, hoje marcámos dois golos em dois bons cruzamentos, se fosse sempre assim... O problema, é que no momento do remate, a bola parece queimar...
Além disso, continuamos a perder bolas, em zonas proibidas, e aí o Pizzi (e o Samaris em algumas ocasiões) tem culpa no cartório... Quando os laterais estão em posição ofensiva, nos passes feitos na zona central, não se pode perder a bola, simples... Ainda por cima, quando estamos a falar de passes fáceis...
Tenho reclamado a necessidade de contratar um '8', e este jogo, ajudou a explicar o meu ponto de vista: o Talisca na Luz, neste jogos, chega, mas precisamos de alguém com competência nas coberturas e na pressão, e que tenha a capacidade de passe do Talisca, mas com melhor decisão...
Esta paragem para as Selecções, vem no momento certo, para ser perfeito, só mesmo os jogadores ficarem todos no Seixal!!!
Júlio sofreu dois golos, e não fez uma defesa digna desse nome...; o Luisão, nunca foi rápido, mas na forma como o Benfica está a jogar, fica muito mais exposto, com o regresso do Jardel, será um erro o Lisandro ir para o banco; o Lisandro cometeu um erro parvo no 1.º golo do Moreirense... é verdade, que o deveria existir alguém naquela zona, mas o corte, naquelas circunstâncias, tem que ser feito pela linha lateral... no resto da partida esteve muito bem; o Nelsinho fez talvez o seu pior jogo, muitos passes falhados, e aparentemente com medo de subir...; o Eliseu esteve regular, sem grandes notas de destaque... mas a verdade, é que o Benfica melhorou muito, quando o Nico passou a ser o nosso defesa-esquerdo... precisamos de um lateral, rápido, que saiba cruzar...; o Samaris fez um grande jogo, terá sido o melhor jogador durante os 90 minutos...; o Pizzi voltou a desiludir, esteve melhor que no jogo com o Estoril, mas falta-lhe capacidade de fazer passes de ruptura... com o Talisca, mesmo com os bloqueios mentais do Baiano, a circulação de bola entre os flancos aumentou imediatamente...
O Vítor Andrade provou que ainda não pode ser titular no Benfica... pouco participativo, e mais uma vez foi demasiado individualista... às vezes, existem jogadores, que produzem muito quando saltam do banco, mas rendem pouco quando são titulares, neste momento da carreira do Vítor parece que é um desses casos; o Nico curiosamente começou mal... com muitas más decisões, melhorou muito no 2.º tempo... e quando baixou para defesa-esquerdo foi decisivo com 2 assistências; o Jonas falhou golos impossíveis... a forma como festejou o golo da vitória, pedindo desculpas, é elucidativo... o jogo só foi emocionante, porque o Jonas não 'quis' acertar na baliza, mas no final marcou o golo decisivo...; o Mitrogolou está mais enquadrado nas movimentações da equipa, mas tem algumas limitações... meter bolas pelo ar para o Mitro não resulta, agora quando recebe a bola de costas, no chão, é perigoso... basta recordar a forma como assistiu o Samaris para o 2.º golo; Raúl Jimenez estreou-se na melhor maneira na Catedral, primeiro toque na bola: golo!!! Tem mais mobilidade do que o Mitro, poderá ser titular dentro de pouco tempo...; boa 2.ª parte do Guedes, bem nas diagonais, e praticamente não perdeu bolas...
No Estádio, mesmo estando na outra baliza, fiquei logo com a ideia que o 2.º golo do Moreirense estava fora-de-jogo. Pareceu-me ter ficado um penalty por marcar sobre o Mitro. Mesmo assim, e apesar da tentativa descarada de fazer anti-jogo por parte dos jogadores do Moreirense, tenho que elogiar a forma como o árbitro tentou, não cair na tentação de parar o jogo, sempre que um jogador ia para o relva, principalmente na 2.ª parte... Em algumas ocasiões, foi 'obrigado' a mandar entrar a maca (duas dessas vezes, foi 'enganado'!!!), mas pelo menos tentou 'lutar' contra o anti-jogo, algo tão raro em Portugal, que só por isso merece um elogio!!!
Segunda-feira fecha o mercado. É verdade que neste momento, o ideal seria a equipa começar a jogar um futebol, organizado, confiante, e ganhador!!!
Será errado pensar que algumas contratações de última hora, podem 'salvar' a época, mas também é errado, pensar que vier quem vier, nada se alterará.
Precisamos, na minha opinião de 3 jogadores: defesa-esquerdo; extremo; e médio organizador de jogo.
As informações que me chegaram, é que a intenção da Direcção, é mesmo essa. Mas não está fácil. Suspeito que a noite de Segunda será emocionante!!!

sábado, 29 de agosto de 2015

6 quilos, 10 quilos, 14 quilos

"O Benfica ainda só conseguiu ganhar um dos oito jogos que disputou e, perante isto, a boa notícia na Luz é que Taarabt já perdeu seis quilos. À falta de outro género de sucessos, se houve coisa que resultou desde a abertura dos trabalhos no Seixal foi o programa de perda de peso de Taarabt. Agora, com seis quilos menos de Taarabt talvez pudesse Rui Vitória, com o que sobrou do marroquino, inventar uma espécie de transportador de jogo com pé de canhão como o Benfica não tem desde o tempo do grande, do enorme Isaías.
Um funcionário (ou ex-funcionário do Benfica, tanto faz) foi alvo de uma perseguição na A1 vendo-se obrigado pela polícia a encostar o automóvel onde viajavam calados dez quilos de cocaína. O volume apreendido desfaz qualquer ideia benigna de que o embrulho em trânsito se destinava ao consumo do condutor. Tudo indica que se trata de um caso de tráfico desmantelado pelas autoridades e um caso em que o nome do Benfica aparece envolvido. Justo e devido no entanto, é saudar a nossa polícia sempre que faz o seu trabalho sem olhar à cor ou às cores dos grandes meliantes, dos pequenos chantagistas ou dos ladrões mais vulgares e atrevidos. Este episódio ocorreu há um mês e na notícia que foi dada no princípio desta semana pelo "JN", excepção feita à referência ao nome do Benfica e ao parágrafo francamente preconceituoso e indiscriminado para "os cidadãos de nacionalidade colombiana", não há muito mais que possa ferir susceptibilidades. O Benfica não será certamente um narco-clube como se constata olhando para a sua tão remediada realidade. Fosse o Benfica um coio funcional de traficantes de alto gabarito e não andaria todos os anos a vender meia equipa aos milionários da Europa e de Singapura. Antes nadaria em dinheiro. Provavelmente à vista de toda a gente.
O Sporting também perdeu 14 'quilos' e em menos de meia hora. Vai direitinho para a Liga Europa, onde a vida é mais fácil, ainda que pior remunerada. Na competição principal o sorteio ditou o reencontro de Mourinho com o Porto e o encontro do Astana com o Benfica. Esse mesmo, o Astana! Por muito mal que lhe corram os trabalhos com o Atlético Madrid e com o Galatasaray, só muito dificilmente conseguirá o Benfica não se qualificar para a Liga Europa. Ainda que o Astana possa não ter pior equipa do que o Arouca."

Não te deixaremos cair, Nelson Évora

"Esta quinta-feira, ao ver Nelson Évora voar para o bronze nos Mundiais de atletismo, depois de anos de calvário, lembrei-me da extraordinária Vanessa Fernandes. Já ninguém se lembra de Vanessa. Chegou a melhor do mundo no triatlo em 2007, conquistou a prata nos Jogos Olímpicos de 2008 e depois caiu no abismo da depressão. Mas eu lembro-me bem daquela prova olímpica, em 2008, também ali em Pequim, onde Nelson foi campeão olímpico e onde agora voltou a ser feliz. Há seis anos, Vanessa viu fugir a tricampeã mundial Emma Snowsill para o ouro e parecia perder gás na luta por uma medalha olímpica. Quem, como eu, seguia a corrida, temeu o pior. Foi então que se ouviu a voz do pai, Venceslau Fernandes, que venceu a Volta a Portugal aos 39 anos e só parou de pedalar aos 45: "Aguenta, Vanessa, aguenta! É até cair! É até cair!".
Foi, ao mesmo tempo, assustador e emocionante. Há uma parte de nós que não pode deixar de se chocar por ver um pai querer levar uma filha ao limite. Mas há outra que se emociona com a superação de uma atleta perante as adversidades, capaz de ir buscar forças onde estas pareciam não existir. Não sei se Vanessa ouviu os incentivos berrados pelo pai, mas ela lá aguentou. Tanto que conquistou uma medalha de prata que lhe soube a ouro, admitiu no final. Mais tarde, quebrou. Nunca mais foi a mesma, desapareceu das competições, caiu no esquecimento. Quando esboçou um regresso e lhe perguntaram do que sentiu mais falta enquanto esteve afastada, respondeu: "Da dor". Nenhum poeta o escreveria melhor.
Esta dor não é fingimento. Experimentem perguntar ao Nelson Évora o que sentiu quando, já depois de ter acabado um treino, decidiu voltar para trás para dar mais um salto e, crac, sentiu a tíbia partir-se. Perguntem-lhe o que sentiu quando soube que não podia defender o título olímpico, quando foi operado seis vezes em quatro anos, quando lhe disseram que corria o risco de lhe amputarem a perna direita. Perguntem-lhe o que é querer saltar e não poder, darem-no como morto para o atletismo, perder patrocínios, questionar-se se valia a pena sofrer tanto. Logo ele, que tinha sido campeão olímpico e mundial, que não tinha mais nada a provar a ninguém. Podia ter desistido, ninguém o recriminaria. Agora, perguntem-lhe o que sentiu esta quinta-feira quando, ao último salto, ali naquele Ninho de Pássaro onde conquistou o ouro olímpico, conseguiu o bronze nos Mundiais e arrancou o dorsal do peito, apontando para o seu nome, como quem diz que a Fénix renasceu.
Agora acreditamos nele, mas houve uma altura em que só ele acreditava. Há dois anos, disse-me que voltaria mais forte do que nunca e que ainda ambicionava chegar aos 18 metros, barreira mítica que só cinco atletas na história do triplo salto conseguiram ultrapassar. E eu interrogava-me se seria determinado ou ingénuo, porque um homem não poderia ser mais forte depois de ter fracturado a tíbia e passar mais tempo em cirurgias e em fisioterapia do que nas pistas. Nelson ainda não é o mais forte do mundo, mas não duvidem de que os adversários já estão de olho nele para os Jogos Olímpicos do próximo ano, no Rio de Janeiro.
Esta quinta-feira, como quando Rosa Mota (maratona, 1988) e Fernanda Ribeiro (10.000m, 1996) correram para o ouro, como na prata de Vanessa em Pequim (triatlo, 2008) e de Obikwelu em Atenas (100m, 2006), como no bronze de Rui Silva (1500m, 2004) e em tantas outras conquistas do atletismo e do desporto nacional, voltei a estar colado à televisão (e, agora, também à internet). Portugal não parou para ver o Nelson saltar como faz quando a seleção de futebol joga num grande campeonato, mas devia tê-lo feito. Porque ele é um exemplo do melhor que o país tem e do melhor que podemos ser se acreditarmos em nós. Tudo nele é sangue, suor e lágrimas, esforço, determinação e devoção. Quem tanto sacrificou para ali estar, merece toda a atenção e todos os aplausos. E merecia que o "Correio da Manhã", o "i" e o "Sol" não se tivessem esquecido dele nas primeiras páginas desta sexta-feira.
Infelizmente, há uma elite pseudointelectualoide que despreza o desporto, porque o desporto é coisa das massas. Nunca terão lido Albert Camus, o filósofo que foi guarda-redes de futebol até aos 17 anos e que não prosseguiu uma carreira promissora devido a uma tuberculose. "Depois de ter visto muitas coisas em muitos anos, tudo quanto sei com maior certeza sobre a moral e as obrigações dos homens devo-o ao futebol e ao que aprendi no Racing Universitário de Argel", escreveu nos anos 50.
Depois da prova, Nelson Évora deu um salto ao Facebook para deixar uma curta mensagem aos fãs. "Vocês sabem o que este bronze representa". Haverá quem pense que é pouco para quem já foi o melhor do mundo. Não é. É um feito incrível para quem sofreu o que ele sofreu. Merece bem estes versos que Manuel Alegre dedicou a Carlos Lopes, depois de o português ter vencido a maratona olímpica em 1984: "Mais do que ser primeiro/ herói é quem / sabe dar-se inteiro / e dentro de si mesmo, ir mais além"."

Nelson Marques, in Expresso

Que achar de Bruno? É bestial ou besta?

"Bruno excede-se nas ameaças, nas acusações, nas subjectividades. Em matéria de verbo não condescende nem transige. Mas terá razão?

No futebol, e não apenas na classe dos treinadores, os protagonistas são divididos, sem preocupações ou remorsos, em duas categorias: há os bestiais e há as bestas. Trata-se duma visão obviamente básica, na maioria dos casos sem outra razão que não seja a ausência de razão e o sobejo duma intuição alucinada. Esta realidade torna-se mais evidente quando alguém foge da normalidade vigente ou da previsibilidade e entra numa marginalidade de discursos e comportamentos. E o caso do presidente do Sporting, Bruno de Carvalho.
Para alguns sportinguistas Bruno é o messias que anuncia a boa nova dum clube que não se resigna às injustiças do mundo e às aberrações das satânicas gentes que dominam o futebol. Porém, para quase todos os outros Bruno é apenas um Maquiavel renascido, um Belzebu regressado, um bruto e um desmiolado com incontida sede de protagonismo.
Devo dizer que, depois das últimas cintilantes actuações do presidente do Sporting, cresceu o número de opositores, na razão directa do aumento da fé fecunda dos seus fiéis seguidores.
Bruno excede-se nas ameaças, nas acusações, nas subjectividade. Bruno excede-se, sobretudo, na forma de dizer e de escrever a um povo imaginário, como se fosse um líder revolucionário na plena coragem da subversão. Por isso fala em trampa com a humildade intelectual de quem quer que todos o entendam e, por isso, baixa o nível da proclamação. Poderia dizer que o mundo do futebol é fétido, que o reino está tão podre como o da antiga Dinamarca. Mas Bruno, em matéria de verbo, não concede nem transige. Os moralistas ficam vermelhos de vergonha, os conservadores ficam amarelos de indignação, os opositores ficam verdes de raiva e os adversários ficam azuis de inclemência.
É manifesto que Bruno não é um homem ponderado.
Mas o problema maior é o de saber se, apesar de Bruno ser o que é ou o que finge ser, tem razão. Do ponto de vista formal, quando fala dos malefícios da arbitragem, é verdade que o Sporting tem sido prejudicado. Particularmente na Europa, onde tem sido tão regularmente prejudicado que nos pode levar à conclusão de que se trata mais dum castigo premeditado que dum acaso de mera circunstância. E, se assim for - o que é muito provável que seja -, remete-nos para uma primeira e indiscutível realidade: quem não tem força nem notoriedade melhor será que tenha uma estratégia de luta. Dar o peito às balas, quando a armadura é a pele do corpo, não é coragem, é suicídio.
Sinceramente, não me choca a brutalidade (não confundir com frontalidade) discursiva de Bruno de Carvalho, apesar de o presidente do Sporting fazer os possíveis e os impossíveis por chocar tudo e todos. Apenas lamento que tanta e tão fulgurante energia seja desperdiçada sem qualquer préstimo ou resultado notável.
Temo, no entanto, que o Sporting continue a ser um alvo demasiado exposto e demasiado vulnerável e a única coisa que não entendo é que Bruno de Carvalho não se preocupe com isso, sabendo, como terá de saber, que não é ele próprio, enquanto mero cidadão, que estará em causa, mas a instituição que diz defender com espada em riste, mas deixando-a à mercê dos canhões inimigos.
Eu sei que há quem pense que a gritaria é apenas um modo de diversão para evitar a discussão de factos negativos. Há mesmo quem diga que é uma maneira inteligente de fazer a defesa dum treinador que estaria, agora, em posição de ser atacado. Seja como for é perigoso. As pessoas podem vir, apenas, a achá-lo louco."

Vítor Serpa, in A Bola

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Sem razões para festejar

"A última jornada do Campeonato mostrou que nenhum dos três candidatos ao título está a jogar o suficiente para ser considerado favorito. Bem sei que é início de época, mas não há em nenhuma das massas adeptas de Benfica, FC Porto e Sporting muitas razões para festejos. Em bom rigor, só têm festejado os percalços da concorrência.
O Sporting falhou o apuramento para a Liga dos Campeões, diria até que foi de lá tirado com a mão, mas há no discurso leonino um problema: como se queixa sempre já ninguém liga quando tem razão. Desta vez tem razão, quer na primeira, quer na segunda mão contra os russos, houve erros que prejudicaram os portugueses. Mas isto é como a parábola: tantas vezes indevidas se grita fogo, que quando há fogo já ninguém acredita.
Para os objectivos de Bruno Carvalho foi uma derrota difícil de digerir mas para os de Jorge Jesus foi uma derrota sem consequências. Veremos para o Sporting.
Como quero que o Benfica jogue melhor, não fico nestas linhas a queixar-me de uma arbitragem contra o Arouca que nos prejudicou consistentemente até ao último segundo. Acredito num Benfica, que fique a salvo de erros dos árbitros em jogos deste género. Espero que assim seja já amanhã contra o Moreirense. 
Fantástico Nélson Évora, que campeão! A fibra com que por três vezes foi buscar uma medalha perdida, mostra uma vez mais a argamassa de um dos mais brilhantes atletas que Portugal conheceu. É do Benfica e merece o aplauso e reconhecimento.
O sorteio da Liga dos Campeões ditou um grupo equilibrado. O sorteio terá sido bom se o Benfica estiver bem, e mau se não jogarmos bem. É o Benfica a ditar a sua própria sorte. Ir longe na Champions não é só viajar até Astana. Temos que acreditar em nós e não na sorte. Importante mesmo é ganhar amanhã ao Moreirense!"

Sílvio Cervan, in A Bola

O adeus de Platini e o futuro do prémio

"Mónaco - Michel Platini terá entregue, ontem, o troféu de Melhor Jogador na Europa (MJE) pela última vez enquanto presidente da UEFA: se nada de anormal acontecer, o francês vencerá a eleição para presidente da FIFA, a 26 de Fevereiro.
Será curioso perceber que futuro terá o MJE sem Platini, pois foi ele a criá-lo, em 2011, com o objectivo de trazer de volta o espírito que presidiu à criação da Bola de Ouro da France Football, em 1965, destinada apenas a jogadores europeus (é por isso que nem Pelé ou Maradona a venceram, enquanto Platini a ganhou por três vezes).
Desde a sua primeira edição, a intenção de Platini esteve sempre presente: impedir que a FIFA fosse a única protagonista na escolha anual do melhor jogador do mundo (lembre-se que a Bola de Ouro da France Football fundiu-se, em 2010, com o prémio Jogador do Ano FIFA). E desde logo com uma diferença: dar a escolha, apenas e só, a jornalistas, nascendo aí uma parceria com a European Sports Media (ESM, da qual A Bola é fundadora), que faz a ponte com um jornalista de cada um dos países das 54 federações membros da UEFA.
É legítimo questionar como será em Agosto de 2016: Platini em Zurique, sentado na cadeira de Blatter, assistindo pela TV à obra criada exclusivamente por ele, ao mesmo tempo que os assistentes e técnicos da FIFA já preparam as formalidades para a Bola de Ouro, entregue em Janeiro.
Não acreditamos que o MJE caía com a saída de Platini. Mas cinco anos ainda não foram suficientes para fazer deste troféu um concorrente ao FIFA Ballon d'Or. O impacto mediático criado é reduzido, o evento morre logo após o início do sorteio da Champions e até o nome não ajuda: é demasiado técnico, pouco sexy e nem a estatueta foi, sequer, baptizada. Nem que fosse conhecida como Michel, tal como me dizia ontem um jornalista nórdico: «Um Michel de prata»."

Fernando Urbano, in A Bola

Bronzes para o Rio

"Sucedem-se os eventos em diversas modalidades com disciplinas no Programa Olímpico e, consequentemente, os decisivos apuramentos para os Jogos Olímpicos (JO) Rio 2016. Nos distintos sistemas de qualificação, há muitos nos quais o resultado nos Campeonatos do Mundo é determinante. Outros centram-se na obtenção de determinada marca e há ainda os que valorizam o ranking mundial. Temos ainda modelos em que o atleta conquista a quota garantindo assim a sua participação e outros em que a quota é atribuída ao país.
A canoagem conseguiu seis quotas no Campeonato do Mundo. Fernando Pimenta com uma inédita medalha de bronze no K1 1000 metros assegurou a primeira que veio a ser aumentada para quatro com o quinto lugar do K4 1000 metros (Fernando Pimenta/João Ribeiro/Emanuel Silva/David Fernandes), Hélder Silva com um 8.º lugar na C1 200 metros e Teresa Portela com um 9.º lugar em K1 500 terão garantido mais duas vagas. Uma equipa que há anos se destaca no desporto português e que só não foi alargada a mais quatro atletas por umas malfadadas milésimas de segundo (0,018) que impediram o K4 500 (Joana Vasconcelos/Francisca Laia/Beatriz Gomes/Helena Rodrigues) de garantir a participação olímpica.
Os Mundiais sucedem-se e resultados como o espectacular desempenho de Nelson Évora, que o levou ao bronze com a sua melhor marca do ano, sinal de superação, ou a decisão técnica que afastou Telma Monteiro podem repetir-se.
A um ano dos JO, Portugal contabiliza duas medalhas de Bronze em Mundiais de disciplinas do programa do Rio 2016. Em período homólogo, para Londres 2012, o único medalhado era Rui Bragança no taekwondo, mas, apesar disso, não teve acesso aos JO.
Preparar-se pois estes resultados, os bons e os menos bons, não vão determinar o resultado no Rio 2016."

Mário Santos, in A Bola

Perdoe-se-lhe a ignorância, mas não a difamação

"Para que não me digam que quis fugir ao assunto, uma nota breve sobre a derrota em Aveiro: demos avanço a um Arouca que soube aproveitar uma das boas oportunidades de golo que dispôs nos minutos iniciais da partida. O resto do jogo resume-se à nossa ineficácia, tão gritante que me leva a pensar que de nada nos valeria se o árbitro tivesse assinalado uma grande penalidade evidente sobre Mitroglou na 1.ª parte. Já a sua permissividade às perdas de tempo dos arouquenses e a aparente selectividade na amostragem dos cartões amarelos, beneficiaram, indubitavelmente, o nosso adversário. Não fosse o péssimo resultado obtido, não dedicaria uma única linha ao desafio.
Isto porque, apesar de achar que o presidente do Sporting é considerado, por muitos Benfiquistas, um tolo a quem nem sequer deve ser dada conversa, considero que as suas acusações ao nosso Clube são graves e não poderão ser ignoradas, sob pena do seu teor, por ausência de resposta, se perpetuar e, assim, validar o mais pérfido argumentário anti-benfiquista.
Acusar-nos de manipulação da data de fundação e do número de Campeonatos é próprio de um ignorante que desconhece que o SLB comemora desde sempre a sua fundação em 1904 e que a FPF, no seu relatório de 1938/39 (ano da mudança de nome de '1.ª Liga' para 1.ª Divisão'), refere expressamente que as provas são as mesmas. Mas a afirmação do que manipulamos o número de Sócios e adeptos é, se infundada, difamatória.
Não cabe, ao SLB, considerar inimputável o presidente da terceira maior potência desportiva portuguesa. Em defesa da nossa honra, deveria ser-lhe exigido que se retrate ou que prove, em tribunal, o que afirmou."

João Tomaz, in O Benfica

Tempo de Vitória

"Apesar do que ouvi, em Aveiro e ao longo da semana nos vários órgãos de comunicação social, gostei do jogo frente ao Arouca, no último Domingo. Gostei da insistência ofensiva da equipa e da persistência do jogo de meio-campo.
Apostando num esquema táctico claramente de vitória, o novo treinador começa a encontrar a sua própria ideia de jogo e do seu próprio esquema táctico.
Tudo fizemos para vencer o Arouca e merecíamos, de longe, esses três pontos. Mas o Futebol é mesmo assim e, quem gosta verdadeiramente da modalidade e do espectáculo, sabe retirar as ilações devidas.
Eu retirei três ilações, que quero partilhar esta semana com os leitores. Assumo-as e por elas sou responsável:
- Rui Vitória está lentamente a consolidar um esquema de jogo extremamente ofensivo no Benfica, que irá resultar de uma das épocas mais goleadores dos últimos anos.
- Rui Vitória está a apostar num trabalho de dupla ofensiva Motroglou-Jonas que se revelará uma parceira infernal para os adversários.
- Rui Vitória está a definir e a construir uma equipa que, ao mesmo tempo que se revelará eficaz, proporcionará um enorme encaixe financeiro ao Clube ao longo dos próximos tempos.
Este é, por isso, não tenho dúvidas, o tempo de Vitória e um tempo de vitórias. Em Maio falaremos."

André Ventura, in O Benfica

Levanta-te e ri

"É tão fácil cair na depressão quando a nossa equipa sai de campo sem os três pontos. O jantar de domingo cai mal, o pequeno-almoço de segunda custa a passar, as piadas dos colegas de trabalho doem mais. O árbitro apita para o final do jogo e o mais fácil é pedir que rolem cabeças. Exige-se tudo, critica-se ainda mais. É normal. ninguém gosta de perder. E muito menos nós, Benfiquistas. Eu, pelo menos, detesto perder. Fico seriamente irritado e desconfortável (para não usar linguagem menos própria), mas não me vão ouvir nunca assobiar a equipa ou quem faz parte dela.
Posso até reclamar com uma perda de bola, uma falta de empenho ou uma substituição menos conseguida, mas logo a seguir estarei a aplaudir uma grande defesa, um passe magistral ou um corte milagroso.
Posso até levar as mãos ã cabeça quando a bola passa a rasar o poste da outra baliza (a dos "maus") e ficar de rastos quando percebo que nem jogando três horas a bola vai entrar, mas não contem comigo para deitar abaixo quem serve o SL Benfica. Com esta ou com outra Direcção. Com este ou com outro treinador. Com estes ou com outros jogadores.
Na segunda-feira acordei com um sabor amargo na boca.
Olhei-me ao espelho, revi mentalmente o jogo com o Arouca, lavei bem a cara e deitei para trás a frustração - com o Moreirense a história será diferente. Mas por que razão é que haveria de cair na depressão? Sou Bicampeão, ainda estamos na segunda jornada do Campeonato, o meu Clube não comprou nenhum jogador lesionado ou de qualidade duvidosa por mais de 20 milhões de euros, não estou há 13 anos sem ganhar um Campeonato, não vivo de favores de amigos banqueiros...
Carrega, Benfica!"

Ricardo Santos, in O Benfica

"E" de Europa

"O sorteio da Liga dos Campeões de ontem vai permitir ao Benfica entrar na história da prova: será, tal como o FC Astana, a equipa que vai jogar mais longe de casa. Entre Lisboa e a capital do Cazaquistão são acima de 6.000 km - é mais longe do que de Lisboa a Nova Iorque. Oficialmente, a antiga república soviética é um país transcontinental, com uma pequena parte a oeste dos Montes Urais e, por isso, na Europa. Mas pouca gente percebe como é que uma nação que territorial e culturalmente é quase toda asiática faça parte da UEFA - sim, o 'E' da sigla significa europeia.
Israel também fica na Ásia, mas há questões políticas a justificar a sua presença entre as federações europeias. A Turquia também está quase toda na Ásia, mas alguns dos principais clubes - Galatasaray e Besiktas, por exemplo - até têm a sede no Velho Continente, além de os turcos, culturalmente, serem muito mais próximos dos europeus do que dos asiáticos.
No caso do Cazaquistão, o FC Astana é um clube artificial, fundado em... 2008, sem apoio popular, e alimentado com os dinheiros públicos das riquezas naturais do país, em especial gás natural e petróleo. Tudo para dar prestígio a um regime político alérgico à democracia - o líder do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, que é presidente honorário do clube, está no poder desde a independência, em 1991, e já foi eleito até 2020.
Mas a UEFA parece não se importar. Um dia destes, a Champions jogar-se-á também em alguns países africanos. Haja dinheiro."

Nélson e os outros

"O futebol e os seus psicodramas, mais as suas mirabolantes operações de compra e venda de última hora, em Portugal e nas principais ligas europeias, bem que reclamam a nossa atenção exclusiva de um modo quase possessivo, mas desta feita teremos mesmo de ser implacavelmente impermeáveis. A culpa é de um homem de raiz cabo-verdiana nascido na Costa do Marfim, mas português de verdade. Chama-se Nélson Évora e já conquistou medalhas de metais diversos, como ouro, prata ou bronze, representativas de feitos de distinta relevância, com particular ênfase para as douradas nos Campeonato do Mundo de Atletismo de Osaka em 2007 e nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, sempre na disciplina de triplo-salto. Ontem voltou a conquistar uma medalha no Campeonato do Mundo que está a decorrer no Ninho do Pássaro da capital chinesa. Isto depois de, já neste ano, ter vencido o Campeonato Europeu de Atletismo em Pista Coberta disputado em Praga. Trata-se, por conseguinte, sem qualquer dúvida, do melhor atleta português. A sua marca, porém, ultrapassa em muito o brilho das medalhas, precisamente pela razão que leva a reconhecer o especial esplendor do bronze que ontem conquistou. Porquê? Porque esteve praticamente três anos sem poder competir, em consequência de impiedosas lesões que consecutivamente contra si atentaram. Ainda por cima quando já se acercava dos trinta anos, limiar que no imaginário popular português - que não italiano ou americano, por exemplo - corresponde ao terminus de uma carreira de alta-competição. Agora Nélson Évora volta a provar que aquilo que faz de si um atleta superior é sobretudo o animus que habita o seu corpus. Este é o instrumento que salta mais de 17 metros. Aquele é a entidade que lhe confere identidade."

Paulo Teixeira Pinto, in A Bola

Mercado, sorteio, crença e campeões

"Jogam-se as últimas cartadas do mercado, cada vez mais perto do encerramento. No Mónaco, Luís Filipe Vieira e Jorge Mendes tentam encontrar soluções para problemas que já podiam estar resolvidos. Em Lisboa, Rui Vitória desespera por boas notícias, ciente de que ainda não tem as mesmas armas que outros tiveram. Não deixa de me espantar, confesso, que a grande preocupação seja um lateral-esquerdo. Olho para o plantel e vejo carências mais evidentes. Mas como dizia um companheiro de redacção, o melhor reforço seria a permanência de Gaitán. Aí sim, o treinador teria razões para sorrir. Já as finanças encarnadas nem por isso. Mas essas já não parecem a maior preocupação, como há tempos acontecia. É a vida.
O sorteio da Champions foi simpático para as equipas portuguesas. Papões claramente identificados, mas capacidade de discutir os resultados com as outras e os parentes pobres também transparentes. Temos hipóteses, claro.
Acreditar é preciso e Sá Pinto tem esse condão. A coragem de assumir o Belenenses e de tentar o impossível com um plantel todo português. Parabéns ao treinador, aos jogadores, mas também a Rui Pedro Soares. Capacidade para ver além do óbvio e olho para treinadores são características do líder. E tem uma ideia para a SAD. A festa fica para depois, que o mais difícil vem agora.
Nelson Évora deu mais uma alegria a todos os portugueses. A fibra de um homem vê-se na capacidade de ultrapassar as adversidades e voltar onde poderia parecer impossível. Évora é um desses campeões. Felizmente, ao longo da história este pequeno país à beira-mar plantado tem tido o seu quinhão de heróis. Obrigado, Nelson. Brilhante. Parabéns!"

Uma mensagem para... Rui Gomes da Silva (ou a carta que Rui Vitória me poderia ter escrito no Domingo à noite)

"Por todos os que no Domingo, em Aveiro, não se cansaram de gritar Benfica mesmo na avdersidade, vamos a isso!

«Meu caro Rui, 
Sei que não é normal um treinador escrever a um adepto...
Não, não se trata de falar ou, tão pouco, convencer um vice-presidente, nem de encontrar uma justificação para lhe dar, porque disseram-me que, fazendo, nesse dia, 57 anos, deixou a família, os filhos e foi até Aveiro, ver o MAIOR QUE PORTUGAL... não ganhar!
Sabemos - os dois - que os verdadeiros benfiquistas estão sempre com a equipa, nos bons momentos, mas, especialmente, nos momentos menos bons.
E, relembrando isso mesmo, sem tirar um milímetro ao compromisso de ser eu próprio (como fez questão de sublinhar, na passada segunda feira, à noite) assumirei, com toda a frontalidade, as minhas escolhas, o meu modelo de jogo, as minhas ideias, a minha responsabilidade!
Mas isso não me impede - como sei que, melhor do que ninguém, perceberá - de buscar, no rol das recordações de todos nós, os momentos menos bons no passado que foram ultrapassados e acabaram em vitórias... nesses mesmos campeonatos.

2013/2014
Lembra-se do início do campeonato de 2013/14? Vínhamos - nós, Benfica - de um ano horrível, com a perda de tudo o que havia para perder!
Depois de 3 campeonatos oferecidos, não sem antes nos prometerem... jogar sempre o dobro!
Pois, nessa maldita época de 2012/13 - como na de 2010/11, ou na de 2011/12, de que agora ninguém tem memória - tínhamos perdido o campeonato com o empate com o Estoril, em casa, e com uma derrota no último minuto de um jogo em que bastava só dar ordens para colocar a bola fora do nosso meio-campo...
Vínhamos de uma final europeia perdida no último minuto de um jogo, onde o banco já só se preocupava com o prolongamento...
Para já não falar da final do Jamor, onde a minha alegria de ter ganho a Taça de Portugal, ficará, para sempre, manchada com o facto de o ter feito contra o meu Benfica...
Pois, na época seguinte, a 18 de Agosto de 2013, começamos a perder 2-1, na Madeira, contra o Marítimo (eu sei que esteve lá) e, no jogo seguinte, a 25 de Agosto de 2013, estávamos a perder 1-0, em casa, com o Gil Vicente, ao minuto 90, para só marcarmos aos 90+2 e aos 90+3.
Sabe como acabou a época? Campeões nacionais, com a Taça da Liga e a Taça de Portugal (faltando, apenas, para ser um ano perfeito, ganhar a final europeia mais fácil de toda a história do Benfica)! 

2004/2005
E ainda se lembra da antepenúltima jornada da época de 2004/2005? Vínhamos - nós, Benfica - de 11 anos de travessia no deserto por força de opções tomadas no passado a que nunca quereremos voltar.
Nesse dia, 7 de Maio de 2005, jogávamos em Penafiel, naquilo no que poderia ser o jogo de um título anunciado...
Com a velha raposa, como é conhecido Giovanni Trapattoni, no banco, também nesse dia, jogamos o suficiente para ganhar!
Mas - com a arbitragem de Pedro Proença (uma constatação de facto, não uma crítica nem recado para ninguém) - perdemos 1-0.
Também aí tudo parecia ter desabado, mas, obrigados a ganhar na jornada seguinte a um dos rivais, foi isso mesmo que fizemos.
Para, depois, a 22 de Maio de 2005, festejarmos no Porto, no Bessa (eu sei que esteve lá) a conquista do 32.º campeonato!

1993/1994
E, já agora, lembra-se do campeonato de 1993/94? Tínhamos - nós, Benfica - acabado de resistir a um dos mais ignóbeis ataques de alguém (porque nascido fidalgo) que se julgava acima da justiça com que a História faz o seu caminho.
Pois nessa época, a 21 de Novembro de 1993, com a arbitragem de José Pratas (mais uma mera constatação de facto) perdemos 5-2, em Setúbal (eu sei que também esteve lá).
Sabe como acabou a época?
Campeões nacionais (para não falar de um dos jogos mais empolgantes que me lembro, como benfiquista,... os 4-4 de Leverkusen, a 16 de Março de 1994).

1961/1962
E, por último, já revisitou os dados da época de 1961/62?
Eu sei que tinha 3 anos e eu não era, sequer, nascido...
Mas empatamos em casa com o Sporting da Covilhã e com o Belenenses, empatamos fora com o Olhanense, com o Belenenses e com o Vitória de Guimarães e perdemos fora com a Académica e com o Sporting da Covilhã...
Era Béla Guttmann o treinador e fomos... CAMPEÕES EUROPEUS... pela segunda vez!

E HOJE?
Claro que assumimos o facto de sermos BICAMPEÕES e de querermos voltar a ganhar! Mas, para isso, temos, obrigatoriamente, que libertar-nos do passado - e eu sei que tenho que ser o primeiro a fazê-lo! Porque se o passado fosse o que queríamos, seria, por certo, presente! Como - concordo consigo - não nos podemos preocupar com o futuro.
Citando Pep Guardiola, na alta competição não há tempo, não há futuro. Tudo se passa como se não houvesse amanhã. Sei o que quero, por onde vou,... até porque acredito que só os fracos não tem convicções.
Sei, como diz Epicuro, que «os grandes navegadores devem a sua reputação aos temporais e às tempestades» .
Estou pronto para combater e vencer essa guerra feita de muita conflitualidade. Pode garantir que podem contar comigo para isso.
Teremos, ao mesmo tempo, que impor (ninguém nos dará nada) o respeito que nos é devido. Por mim, cá estarei. Mas, essencialmente, por todos os que, no domingo em Aveiro, mesmo na adversidade, não se cansaram de apoiar o Benfica,... vamos a isso!
Um abraço (de adepto para adepto)».

SE EU FOSSE...
...ÁRBITRO NESTA ÉPOCA DE 2015/16
Perceberia a imensa pressão a que vou estar sujeito... Preparar-me-ia, psicologicamente, para responder a todos os ataques de carácter e de competência de que vou ser alvo...
Reconheceria que, nos jogos do Porto e do Sporting, aconteça o que acontecer - por culpa dos jogadores ou dos respectivos treinadores - serei eu o responsável por todos os resultados que não acabem com as vitórias dessas duas equipas...
Saberia que em todos os jogos do Benfica - por melhor que Rui Vitória prepare cada jogo e por melhor que Júlio César, Nelson Semedo, Luisão, Jardel, Lisandro, Eliseu, Sílvio, André Almeida, Samaris, Fejsa, Pizzi, João Teixeira, Gaitán, Jonas, Vítor Andrade, Carcela, Jimenez, Mitroglou, Gonçalo Guedes, e, até, Sálvio, daqui a uns tempos, joguem - serei eu o responsável por todos os resultados que não acabem com a derrota do BICAMPEÃO NACIONAL...
Teria consciência que os Tribunais de Opinião Desportiva serão implacáveis comigo, quando o Porto ou o Sporting não ganharem, e serão coniventes com os meus erros se eles prejudicarem o BENFICA...
Mas, ainda assim, seria um HOMEM DE CARÁCTER, apitando de acordo com a minha consciência, com a minha competência, resistindo aos que me dizem que o... "vento está a mudar", porque... perceberia que, de onde me dizem que vão soprar esses novos ventos só vêm correntes de ar com cheiro a bafio dos tempos que envergonham a arbitragem e o futebol português,... dos tempos do APITO DOURADO. ...

...DE UMA EQUIPA QUE ESTAVA PARA IR À CHAMPIONS
Começava a acreditar nos avisos do Rui Gomes da Silva sobre a ilusão acerca do cérebro e das suas consequências sobre os adeptos desprevenidos (o amor cega...)."

Rui Gomes da Silva, in A Bola

Comunicado

"Em Julho passado, no âmbito de um processo de investigação mais vasto e no cumprimento do seu dever, a Polícia Judiciária deteve em Sintra um ex-funcionário do Sport Lisboa e Benfica.
A Polícia Judiciária contou de imediato com a colaboração do Sport Lisboa e Benfica, postura que se mantém e manterá. Foi neste enquadramento que a PJ teve acesso ao antigo espaço que o referido ex-funcionário ocupava no estádio, tendo recebido, sobre o mesmo, toda a informação solicitada.
O Sport Lisboa e Benfica, como qualquer outra instituição, não é responsável pela prática de actos ilícitos dos seus ex ou actuais funcionários fora das suas competências profissionais.
A forma leviana, incorrecta e cheia de insinuações como a notícia tem vindo a ser divulgada por alguns órgãos de comunicação visa, objectivamente, atingir o bom-nome e a honorabilidade do Sport Lisboa e Benfica, comportamento que não vamos tolerar ou consentir.
Assim, irá o Sport Lisboa e Benfica denunciar, pelos meios e nos locais adequados, estes comportamentos e reclamar aos seus responsáveis a devida compensação pela reiterada violação do direito ao seu bom-nome."


PS: É sempre mau quando notícias destas saem ligadas ao Benfica. Mas é bom ter consciência que é impossível controlar a vida extra-profissional de todos os funcionários do Benfica (várias centenas).
O mais importante, é perceber que o Sport Lisboa e Benfica, colaborou e vai continuar a colaborar, com as autoridades, para o total esclarecimento do caso... Tal como já aconteceu noutras infelizes situações (poucas).
No final, será bom saber, que a investigação foi feita sem interferências, que o processo seguiu para a acusação, e caso existam provas, os culpados sejam punidos...
Ao contrário, do que acontece noutros locais...
Também é importante, durante a época que está a começar, perceber que o Grupo Cofina (que inclui entre outros, o Rascord e o Correio da Manhã...), tem interesses financeiros, na Sporting SAD. Não é uma opinião, é um facto... Não é por em causa a independência da linha editorial, é um facto indesmentível, basta saber quem são os accionistas...

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Champions 2015/16

Ficámos a saber ao fim da tarde a nossa sorte na Champions desta época. E terá sido mesmo, um dos sorteios mais benévolos, desportivamente, para o Benfica, nas últimas épocas.

Benfica

O Atlético tem a obrigação de ganhar o grupo: vice-campeão europeu em 2013/14 (na Luz), Campeão Espanhol nessa mesma época, o orçamento dos Espanhóis é muito superior ao do Benfica, temos 'perdido' vários jogadores para o Atlético, tem um bom treinador, que conseguiu transformar uma equipa, com espírito perdedor, numa equipa ganhadora, jogando feio, mas sempre muito competitiva...
O Galatasaray, está num processo parecido com o Benfica: está a ver os seus rivais internos a gastar muito dinheiro; e a época também não começou com vitórias!!! Tem algumas 'estrelas' Mundiais, a caminho do fim da carreira, tem a vantagem do ambiente caseiro, mas um bom Benfica, ganhará... Sendo que o último confronto na Luz, deixou-nos um pouco traumatizados!!!
O Astana, em teoria seria a equipa mais acessível da competição. Eliminou o Apoel do Domingos, tem a base da Selecção, que recentemente jogou com Portugal... mas além da motivação de jogar na Champions, vamos ter que ultrapassar o 'autocarro' nos dois jogos...

Em condições normais, vamos lutar com os Turcos pelo segundo lugar, com uma esperançazinha no 1.º!!! Agora a Liga Europa, no pior dos cenários, deve estar assegurada...

Mas mais importante, do que o sorteio, foi mesmo o calendário!!! É que a 1.ª jornada, realiza-se nas vésperas da visita ao Antro Corrupto, e uma viagem longa, ou um jogo complicado, podia-se ser prejudicial (para ambas as competições). Mas acabou tudo bem... 1.º jogo, na Luz com o Astana, e 2.º jogo em Madrid.
Sendo que a deslocação a Istambul será na véspera do Benfica-Sporting!!! A sequência começa com uma paragem para as Selecções, o regresso será com um jogo da Taça de Portugal, e meio da semana (quarta-feira) o jogo da Champions, e no fim-de-semana seguinte, o tal jogo com os Lagartos... sendo que as Osgas jogam nessa Quinta-feira para a Liga Europa!!!
Situação idêntica na deslocação ao Cazaquistão (10 horas de viagem... será a maior deslocação de sempre da Champions League!!!): Selecções; Taça de Portugal; jogo em Astana; e deslocação a Braga (também jogará na Quinta-feira anterior na Liga Europa)!!!
Estes jogos (do campeonato), em situação normal, deveriam ser marcados para Segunda-feira...

Recordo que alguns dos resultados negativos do Benfica na Champions, nos últimos anos, começaram nas primeiras jornadas, numa altura onde o 11 titular ainda estava a ser definido, com vários jogadores a entrarem e a sair nos últimos dias do mercado... O ano passado, por exemplo, perdemos com o Zenit na Luz, na 1.ª jornada... também me recordo de um empate, que soube a pouco, em Glasgow após as saídas do Javi e do Witsel...
Desta vez, com o Astana na Luz, e logo a seguir com o jogo 'não fundamental' de Madrid, temos quase a certeza, que a nossa passagem aos Oitavos-de-final vai ser decidida a partir da 3.ª jornada - nos finais de Outubro... -, numa altura onde o Benfica tem a obrigação de ter a equipa estabilizada...

Uma curiosidade, esta ano - para já -, não vamos ter Quartas-feira Europeias na Luz, vamos ter 'somente' Terças-feiras Europeias!!!

15 de Setembro - Benfica-Astana - terça-feira
30 de Setembro - Atlético-Benfica- quarta-feira
21 de Outubro - Galatasaray-Benfica - quarta-feira
3 de Novembro - Benfica-Galatasaray - terça-feira
25 de Novembro - Astana-Benfica- quarta-feira
8 de Dezembro - Benfica-Atlético - terça-feira 

Surpresa?

"Acontece poucas vezes. Desta vez foi à 2.ª jornada da 1.ª Divisão (perdão, Liga Nos, que à falta de acento, leio tal qual como leria liga-nos): os três candidatos não ganharam. Perderam 7 dos 9 pontos em disputa. Bom prenúncio da parte dos clubes mais modestos? Ou mau prenúncio dos grandes? E quem diria, o Arouca - que ainda não jogou no seu relvado - com todos os pontos e sem sofrer golos?
Curiosamente - lá fora - também o Real Madrid não ultrapassou um primodivisionário, a tetracampeã Juventus perdeu em casa, o Chelsea está a 5 pontos do líder.
Vários aspectos foram evidenciados neste início: quanto ao Benfica, sobressai a má preparação do início de época e equívocos no plantel, que já se haviam visto no jogo com o Estoril, mas que J. César disfarçou com grande exibição; quanto ao Porto, é notória a falta que, por ora, fazem jogadores nucleares (sobretudo Jackson, Danilo e Oliver), associada às habituais estranhas decisões de Lopetegui; quanto ao Sporting, o fulminante efeito Jesus e a excessiva propaganda de supostos grandes craques evidenciaram a necessidade de pôr os pés bem assentes no chão (Tondela já havia sido um equívoco).
Está aí à porta o minuto 59 das 23 horas do dia 31 de Agosto. Tempo, ainda, para ajustar plantéis e para, em jeito de carrossel, jorrarem comissões por todo o lado.
«Não deixes para amanhã o que deves fazer hoje» é um avisado adágio popular que, pelos vistos, não conta assim tanto. Citando Mark Twain, Agosto é o mês de «não deixar para amanhã, o que se pode fazer depois de amanhã». Com os campeonatos a decorrer, a UEFA acha ético tudo isto."

Bagão Félix, in A Bola

As duas faces do guarda-redes

"A posição de guarda-redes tem, para o adepto, duas leituras: se é da nossa equipa, é um dos onze, como qualquer defesa, médio ou avançado. Se é da equipa contrária olhamo-lo - futebolisticamente falando - como equiparado a um poste.
Se é dos nossos, desvalorizamos o ataque oponente, perante a eficiência do nosso guardião. Afinal, a diferença entre ele e um colega apenas estará nas mãos, pecado para uns, meio de trabalho para ele. Se é dos outros, uma exibição brilhante do guarda-redes é desvalorizada com apressada afirmação de «grande sorte». Uma bola que não dá golo porque o número 1 a defende equivale a uma bola nos ferros ou coisa semelhante. É como se a equipa tivesse 10 elementos e um quase-jogador que até tem equipamento diferente. Desvaloriza-se o seu trabalho.
O mesmo se passa nos penalties. Se o nosso guardião defende o castigo, o mérito é dele. Se for o keeper contrário a defender o remate, só há demérito de quem o aponta e raramente merecimento na defesa. Na 1.ª jornada da Liga perguntaria emocionalmente falando - de que se queixa o Estoril, se o imperial Júlio César foi um dos onze do Benfica em campo? Na 2.ª jornada, e ao invés, diria que a bola não entrou na baliza do Arouca porque Bracalli teve toda a sorte do mundo, como se ele não fosse um dos onze arouquenses.
Difícil sina, a dos guarda-redes. O seu objectivo é impedir o golo. Por isso, um erro é sempre visto à lupa, ampliado, mesmo que se siga a uma série notável de defesas. Afinal, ele é o último reduto do castelo, aquele a quem se pede o possível e o impossível."

Bagão Félix, in A Bola