"A posição de guarda-redes tem, para o adepto, duas leituras: se é da nossa equipa, é um dos onze, como qualquer defesa, médio ou avançado. Se é da equipa contrária olhamo-lo - futebolisticamente falando - como equiparado a um poste.
Se é dos nossos, desvalorizamos o ataque oponente, perante a eficiência do nosso guardião. Afinal, a diferença entre ele e um colega apenas estará nas mãos, pecado para uns, meio de trabalho para ele. Se é dos outros, uma exibição brilhante do guarda-redes é desvalorizada com apressada afirmação de «grande sorte». Uma bola que não dá golo porque o número 1 a defende equivale a uma bola nos ferros ou coisa semelhante. É como se a equipa tivesse 10 elementos e um quase-jogador que até tem equipamento diferente. Desvaloriza-se o seu trabalho.
O mesmo se passa nos penalties. Se o nosso guardião defende o castigo, o mérito é dele. Se for o keeper contrário a defender o remate, só há demérito de quem o aponta e raramente merecimento na defesa.
Na 1.ª jornada da Liga perguntaria emocionalmente falando - de que se queixa o Estoril, se o imperial Júlio César foi um dos onze do Benfica em campo? Na 2.ª jornada, e ao invés, diria que a bola não entrou na baliza do Arouca porque Bracalli teve toda a sorte do mundo, como se ele não fosse um dos onze arouquenses.
Difícil sina, a dos guarda-redes. O seu objectivo é impedir o golo. Por isso, um erro é sempre visto à lupa, ampliado, mesmo que se siga a uma série notável de defesas. Afinal, ele é o último reduto do castelo, aquele a quem se pede o possível e o impossível."
Bagão Félix, in A Bola
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