terça-feira, 19 de maio de 2015

A grandeza do Benfica

"Só na comemoração do título de 2013, Pinto da Costa arriscou sair dos Aliados para destacar festejos em outros pontos, como no Funchal e em Luanda. Creio que não mais do isso...

O Marquês nunca viu nada assim, foi a frase escolhida pelo jornalista Miguel Cardoso Pereira para titular a peça de última página da edição de ontem de A BOLA, destinada à cobertura da «impressionante festa do bicampeonato» e que teria reunido mais de 200 mil pessoas. Em Lisboa, porque a «multidão de uma só cor: vermelho» estendeu-se pelo País, pela Europa, pelo Mundo, através de expressão de incomensurável grandeza que Pombal nunca presenciará até à noite de domingo, nem Pinto da Costa que tanto se esforçou para adiar o que, sabendo inevitável, jamais aceitou testemunhar: o colapso da até aqui inexpugnável estrutura que desde 1995 transferiu para o Porto o centro de decisões do futebol português, em consequência dos títulos (14 Campeonatos e oito Taças de Portugal), mais uma Taça UEFA, uma Liga Europa, uma Champions e uma Taça Intercontinental, e do poder que lhe trouxeram no campo das influências. É uma realidade: há vinte anos que o FC Porto põe e dispõe a seu bel-prazer, porque ganhou muito mais do que os outros, foi reconhecido internacionalmente e retirou desse prestígio benfeitorias imensas das quais se serviu como é do conhecimento público para eternizar a protecção do tal 'manto protector' que houve, mas cujo nome do beneficiário Lopetegui trocou.
Um bicampeonato bastou para fazer explodir a grandeza do Benfica e provar que duas décadas do ocaso futebolístico não foram suficientes para diminui-las: a 'força do SLB', como os seus adeptos gostam de dizer. Espantoso sinal de vitalidade que, com a perspicácia que o caracteriza, o presidente portista tenta, e desejava que não se verificasse, por jamais ter ultrapassado as fronteiras de bairro, em obediência à velha teoria da pequenez, do género nós contra todos. Que me recorde, aliás, só na comemoração do título de 2013, Pinto da Costa arriscou sair dos Aliados para destacar festejos em outros pontos do país, mais no Funchal e em Luanda. Creio que não mais do que isso...
Em contraponto, o objectivo de Luís Filipe Vieira desde o primeiro dia se norteou por uma perspectiva de futuro, que procurava uma base sólida de sustentação que lhe permitisse anular o domínio do rival portuense. Foi campeão em 2010, mas o salto revelou-se curto. Em 2011, o fracasso reinstalou-se em época para esquecer. Depois, mais dois anos de anseios frustrados. Finalmente, na temporada transacta, face a um FC Porto arrogante e convencido de que, a seguir a Vítor Pereira, qualquer nome, desde que respaldado na 'estrutura anti-sísmica', teria sucesso. Paulo Fonseca entrou em cena como solução barata e cómoda, apesar de impreparada. Como resposta, o Benfica voltou a ser campeão e Vieira viu ter-se-lhe deparado a oportunidade por que tanto esperava para desferir o contragolpe certeiro. Sentiu-se apoiado pela disponibilidade de um treinador que, em sua opinião, lhe dava garantias de estabilidade competitiva em período de desinvestimento financeiro. Além disto, ele próprio, habituado a andar depressa e a combater em várias frentes, além de proporcionar o melhor que existe no mercado em matéria de condições de trabalho, decidiu-se por uma presença próxima e mais assídua, embora discreta, junto do grupo do futebol profissional, como forma de corporalizar e robustecer, em todos os momentos, a união que tanto preza.
Este título reveste-se, por isso, de um significado especial, em função das alterações que provocará a breve prazo, parecendo-me serem cada vez menos as dúvidas sobre a inevitabilidade de uma mudança de ciclos no futebol, com o Benfica a recuperar a liderança perdida para o FC Porto. Pode argumentar-se que, em rigor, nas seis épocas que contabiliza ao serviço do emblema da águia, Jorge Jesus não conseguiu inverter a tendência conquistadora do dragão, mas pelo menos teve o mérito de travá-la. Não é muito, mas foi o primeiro passo..."

Fernando Guerra, in A Bola

2 comentários:

  1. Lá está: o guerra a virar a casaca.
    O objectivo é claro, justificar o insucesso do porko. Mas a forma é errada. As razões não são essas. Estes jornalistas têm de despejar na sanita todas as prostituições intelectuais que fizeram nos últimos 30 anos para poderem começar a reflectir novamente de uma forma clara e limpa.
    Mais um texto de merda.

    CARREGA BENFICA!

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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