"O antecessor de Costa Pereira foi o único guarda-redes português a vencer a Taça Latina, primeiro troféu internacional oficial do futebol português.
José Manuel de Bastos - Nascido em Alquerubim a 17/10/1929 - Fez 11 épocas no Benfica e 169 jogos oficiais. Conquistou três Campeonatos Nacionais, cinco Taças de Portugal e uma Taça Latina
Foi o atletismo que o trouxe ao Benfica, influenciado por um irmão. Mas o futebol era a sua paixão e, aos 17 anos, passou a integrar a equipa de juniores, estreando-se a 15 de Dezembro de 1946, num jogo com o Belenenses para o Campeonato Distrital. Em 1948 foi chamado às reservas, acalentando com mais força, a partir de então, o sonho de saltar para a equipa de honra. Mas teria de esperar, numa altura em que Rogério Contreiras, Pinto Machado e Mário Rosa não lhe davam tréguas.
Em Dezembro de 1949, no Estádio Nacional, em jogo particular frente aos argentinos do San Lorenzo de Almagro, vestiu pela primeira vez a camisola da equipa principal. Mas Rosa estava firme no lugar, e seria preciso aguardar por Março de 1950 para o ver de novo entre os postes.
No dia 12 desse mês, sob o comando do britânico Ted Smith, o Benfica recebia, no Campo Grande, o Lusitano VRSA, em jogo a contar para a 21.ª jornada do 'Nacional'. Bastos equipou-se e só parou na última jornada, depois de se sagrar campeão nacional.
Em Junho viria o auge - a conquista do primeiro troféu internacional oficial do futebol português: a Taça Latina.
Num período em que o Sporting trocava a sua melhor música, gravando o mito dos 'Cinco Violinos', Bastos e companhia teriam de esperar por melhores dias no Campeonato. Mas na Taça de Portugal seriam três de rajada, durante aquele que é o melhor ciclo do Benfica na competição, com quatro vitórias consecutivas, contando a de 1948/1949, ainda com Contreiras entre os postes, e descontando a da época de 1949/1950, na qual a prova não se realizou. As três que foram de Bastos - 5-1 à Académica, em 1950/1951, 5-4 ao Sporting, em 1951/1952, e 5-0 ao FC Porto, em 1952/1953 - selaram esse ciclo mágico.
Em 1954/1955, a contratação de Costa Pereira remetê-lo-ia para segundo plano. Em 1955/1956 registaria nas provas nacionais uma época à sombra do novo guardião. Mas na Taça Latina seria o eleito de Otto Glória, fazendo em Itália os jogos que deram ao Benfica um terceiro lugar. Na época seguinte, é ele novamente o número um, vencendo o Campeonato Nacional e a Taça de Portugal. Joga a final da Taça Latina em Espanha, com derrota frente ao colosso Real Madrid.
Em 1957/1958 conserva a titularidade e faz história ao integrar a equipa que realiza em Sevilha, para a Taça dos Clubes Campeões Europeus, o primeiro jogo benfiquista em provas da UEFA.
Mas Costa Pereira estava por perto... Na época seguinte, nova e definitiva troca, com Bastos a alinhar em apenas dois jogos no Campeonato e quatro na Taça. Valeu-lhe a consolação de ser ele a celebrar no Jamor, pela quinta vez, num encontro selado aos 13 segundos, com um golo de Cavém que derrotou o FC Porto.
Seria este, pelo Benfica, o seu último jogo oficial. Em 1959/1960 faria três encontros pela equipa principal, mas de carácter particular, o último dos quais em Almada, frente ao Belenenses, que defrontara igualmente na sua estreia, ainda júnior, 13 anos antes.
A 17 de Maio de 1961 regressaria à Luz com as cores do Atlético CP. Pela frente tinha um Benfica também de reservas, mas com um miúdo que se estreava para lhe marcar três golos a dar início a uma lenda: Eusébio."
Luís Lapão, in Mística
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