sexta-feira, 3 de maio de 2013

Amesterdão aí vamos nós

"Ontem na Luz viveu-se uma noite que tornou o sonho realidade: Amesterdão, palco de páginas místicas da história do Benfica repete-se. Ontem o jogo, e a passagem à final foi limpinha, limpinha... O treinador Aykut Kocaman não hesitou em dar os parabéns ao Benfica mostrando, assim, que não é pequenino, pequenino, pequenino. E agora, Amesterdão aí vamos nós!
Poderemos ainda dizer que este Benfica não ganhou nada, mas é impossível dizer que este Benfica não lutou por tudo.
Na Madeira, o cansaço, a qualidade e motivação do adversário, não foram suficientes para tirar o Benfica do rumo do nosso objectivo principal. Ser campeão. Vamos seguramente sofrer contra o Estoril, mas acredito que com o apoio de 60 mil, numa Luz repleta de alma saberemos levar a equipa ao colo até à vitória.
A experiência de Jorge Jesus sabe que estar perto não significa conseguir e que um deslize é suficiente para deixar tudo a perder. Quando vemos o Barcelona de rastos percebemos que o Benfica não está assim tão cansado, mas é óbvio que nesta fase da competição há evidente desgaste. A segunda parte do jogo da Madeira faz-nos acreditar que está lá o suplemento necessário para se chegar ao título.
Aqueles minutos finais contra o Marítimo foram de um sofrimento pouco humano para os benfiquistas que aguentaram estoicos até ao fim. Conheço quem tenha ido passear ao minuto 74, quem tenha ido atestar o depósito ao minuto 79, quem tenha ido dar uma volta com o cão ao minuto 82 e até quem tenha ido para baixo da cama (como Artur Semedo) ao minuto 88. Tudo coisas completamente normais.
Os adeptos ficavam gratos à equipa se fosse possível vencer o Estoril sem matar alguém de enfarte do miocárdio, caso não seja, o importante é ganhar..."

Sílvio Cervan, in A Bola

Os mistérios do Estádio da Luz

"ÓSCAR CARDOZO é letal. Ontem, mais uma vez, foi fundamental numa épica vitória do Benfica. E não foi num jogo nacional, contra um adversário da terceira divisão. Foi na meia final da Liga Europa.
Marcou dois golos, carimbou o passaporte da águia para Amesterdão e, sobretudo, mostrou que não é por acaso que na Europa e de águia ao peito apenas o rei Eusébio marcou mais que ele. É pois Cardozo, o desengonçado avançado paraguaio, o mistério número 1 do Estádio da Luz. Não ele, pobre homem, que cumpre com zelo a missão para que foi contratado e semana após semana despacha os adversários.
Misterioso mesmo é o irracional relacionamento que com ele têm os adeptos da águia. Se ontem cantaram, aos saltos, «ele é perigoso, é o Óscar Tacuara Cardozo», muitas outras vezes o condenam pelos fracassos. Será, afinal, também um mistério do futebol? Ou da sociologia? O ídolo que rapidamente se torna vilão, para logo ser amado de novo.
Mistério número 2. Que mais tem de fazer Jorge Jesus para que quem manda no futebol do Benfica lhe prolongue o contrato? Um campeonato, outro por perto, uma final europeia, uma meia final, dois quartos, três taças da Liga. Tudo em quatro anos, depois de décadas à míngua. Pode ser caro o treinador que finalmente concretiza o Benfica à Benfica?"

Nuno Perestrelo, in A Bola

Euroáguia

"Foram 23 anos. O Benfica está de volta a uma final europeia e é fácil de entender o que significa, para um clube da dimensão social e desportiva do da Luz, pôr fim a tão longo interregno. Pode sempre argumentar-se que aquela dimensão vale por si só, mas o que conta mesmo são os registos históricos. O "estar no mapa". Era muito importante para o Benfica fazê-lo. Ganhe ou não em Amesterdão, há algo que já ninguém pode anular : as águias voltaram à ribalta.
Tinha aqui referido antes, que seria determinante abordar a segunda mão com o Fenerbahce com o "querer" chegar à final. Não chegava o "crer". Ora, o Benfica quis muito. A entrada da equipa encarnada foi brilhante, aos 10 minutos já tinha anulado a desvantagem (grande execução técnica de Gaitan) e até aos 20 não deu a menor hipótese ao adversário de sair da sua metade do terreno, embora não aproveitando mais duas óptimas hipóteses para aumentar a contabilidade.
A condição física do Benfica foi excelente. Mas parece difícil separar a superação dos jogadores do facto de sentirem que estavam no desafio que os poderia colocar numa final europeia, algo que qualquer futebolista pretende jogar, por muito que ganhar um campeonato seja marcante na respectiva carreira. Repare-se que os encarnados só "abanaram" emocionalmente a seguir ao golo de Kuyt, provavelmente mais pelas circunstâncias (arbitrais) em que sucedeu do que pelo golo em si.
No entanto, em apenas uma dezena de minutos, tudo voltou à normalidade. É aqui que dois homens assumem um papel fulcral para que se possa entender o que é hoje a estrutura do Benfica. Matic, com mais uma demonstração do que é aliar técnica a sentido posicional, e Enzo, com uma exibição absolutamente notável, trataram de repor os níveis de ansiedade da equipa no seu devido lugar, isto é, baixos. O 2-1 de Cardozo, que já tinha ameaçado antes, serviu para que o Benfica voltasse ao ponto anterior, ou seja, à necessidade de marcar apenas mais um para triunfar na eliminatória. Pouco depois Kuyt perde o empate à boca da baliza e, formalmente, o Fenerbahce acabou aqui.
A segunda metade do desafio resumiu-se à espera da confirmação do que se tornava já muito evidente. Coube a Cardozo, novamente, ditar a sentença. O paraguaio pode ser o ponta de lança mais irritante do mundo para muitos, mas mesmo estes não resistem a render-se a uma veia goleadora que, quando desperta, faz destas e doutras. E mais importante : resolve jogos. Acabou por ser a estrela maior numa equipa em que o sentido de solidariedade constituiu a palavra de ordem. Quando se vê Gaitan e Salvio a participarem activamente no processo defensivo, não é preciso acrescentar mais nada.
Agora, uma palavra para Jorge Jesus. Ninguém sabe em rigor como será o futuro dele, nem se continuará a passar pelo Benfica. Mas o técnico acaba de inscrever o seu nome na lista de treinadores encarnados que levaram a equipa a finais europeias. Graças a uma gestão do plantel como ainda não conseguira desde que chegou ao clube (nem no ano em que foi campeão), Jesus colocou o Benfica perante a possibilidade de discutir duas finais (uma doméstica e outra europeia) e de caminhar, em simultâneo, para o título. No fim, logo se verá o que vai realmente conquistar. Só que há aqui muito trabalho de Jesus, numa temporada em que, por razões várias, também teve de inventar aquilo que não tinha. Os já citados Matic e Enzo são, provavelmente, o melhor exemplo disto mesmo.
Uma arbitragem tão débil numa meia final europeia dá que pensar sobre a verdadeira qualidade de certos nomes que, pelos vistos, não são aquilo que parecem ser. Do ponto de vista disciplinar foi uma salada e no capítulo técnico idem aspas, ou pior. Mas será que vale a pena continuar a "desancar" os árbitros portugueses perante isto?
A Liga Europa é, desta vez, a via para a (re)afirmação europeia de Benfica e Chelsea. Na Champions falharam, mas o facto é que estão ambos na final da Liga Europa. Um reencontro. Todos se lembram da forma como o Benfica foi eliminado, na época passada, na Liga dos Campeões. Só que várias coisas mudaram entretanto nos dois lados. Este Chelsea é menos "resultadista" e este Benfica é menos "ingénuo". Além de que a decisão é numa única partida, o que faz toda a diferença. E, como diz a velha máxima, as finais não se jogam, ganham-se."

Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus

"O crescimento sustentado do Benfica ao longo da última década é uma realidade apenas refutada pela pior qualidade de cegos (aqueles que não querem ver) e tem como efeitos práticos um boom de sócios e adeptos, que anda de braço dado com uma qualidade competitiva sistematicamente a galgar patamares. Luís Filipe Vieira juntou ontem o seu nome, por feitos do clube dentro das quatro linhas, ao de outros grandes presidentes - Maurício Vieira de Brito, Adolfo Vieira de Brito, Borges Coutinho, Fernando Martins, João Santos - e vê solidificar-se a promessa eleitoral de fortalecimento do pilar desportivo do seu projecto para o Benfica.
Jorge Jesus, que em quatro épocas pode orgulhar-se de ostentar duas presenças nos quartos de final, uma na meia final e outra na final de uma competição europeia, ganhou direito a figurar na galeria de treinadores especiais do Benfica, onde Belà Guttmann é capitão de uma equipa formada por Fernando Riera, Elek Schwartz, Otto Glória, Sven-Goran Eriksson e Toni.
Quer isto dizer que a dupla formada por Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus que têm em comum a raiz popular e o triunfo na vida feito a pulso - deverá manter-se, num clube que nasceu do povo e para o povo, de olhos postos na conquista que falta ao Benfica: recuperar a hegemonia do futebol português, perdida durante a década de 90 do século passado para o FC Porto. Objectivo estratégico dos encarnados deverá ser o de não permitir a estagnação, criando formas de consolidação de um projecto desportivo que está, manifestamente, no rumo certo.
Que fique aqui postulado, para memória futura, que a noite de ontem representou, emblematicamente, o triunfo do trabalho complementar de dois homens: Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus."

José Manuel Delgado, in A Bola

Passos Coelho agradecido!

"Numa altura em que o governo de Passos Coelho - o mais impopular, déspota, tirano e castrador da história da Democracia portuguesa - se prepara para deixar o que resta deste País (são cada vez mais as famílias lusas que vão para o estrangeiro, da Venezuela a Angola, de França a Moçambique, com meia dúzia de pertences, à procura de futuro por mais uns quantos patacos) na miséria total com essa fobia de ter de encurtar seis mil milhões de euros na despesa do Estado, leia-se nos benefícios sociais, e tudo aponta no sentido de que a reforma passe para os 67 anos o que vai obrigar muitos de nós, não os donos do Poder, a trabalhar de cadeira de rodas - e quanto a isso, mesmo sendo impossível, quero dirigir toda a minha bílis e mais aquilo que se adivinha na direcção de Vítor Gaspar, o dono de Portugal, figura sinistra e seráfica que faz de nós estúpidos convencido de que vive em Marte e que este pedaço de terra não passa de uma estação orbital... -, a presença do Benfica na final da Liga Europa acaba por ser enorme bálsamo que entrou por todas as janelas do gabinete do primeiro ministro, pois sendo verdade que são seis milhões os adeptos encarnados e que há mais um grupo grande de gente que gosta de futebol que vê com bons olhos a presença benfiquista na decisão com o Chelsea, tem tudo para os distrair da realidade. Ou não, dependendo este sim ou não de se ter o estômago colado às costas ou de ainda haver direito para se conseguir uma vida normal: ir às compras, ajudar os filhos, pagar a prestação da casa, ser espoliado em múltiplos impostos, pagar o IMI.
Quanto à final de Amesterdão, onde o Benfica já foi feliz, parece-me, à distância de duas semanas, que o Chelsea está melhor apetrechado ou será que é desta que os encarnados matam o fantasma de Bella Guttman. Sem esquecer que Rafael Benítez é senhor para inventar e se o fizer..."

José Manuel Freitas, in A Bola

Com a bênção de Jesus, já é tempo de acabar com a maldição !!!


Benfica 3 - 1 Fenerbahçe

A nossa sina é sofrer, o nosso fado é levar com apitadeiros de merda, mas o nosso destino é vencer, contra tudo e contra todos. O regresso a Amesterdão, 51 anos depois, da última vitória Europeia, local onde o Jesus se estreou, fora de portas - com uma vitória -, ao serviço do Benfica, pode ser um sinal... Na última vez que defrontámos o Benitez - na penúltima para ser mais exacto!!! -, ele treinava o Campeão Europeu em título, e nós ganhámos, duas vezes, pode ser o segundo sinal!!!


Hoje, podíamos ter repetido os famosos 7-1 que os Turcos foram recebidos na última vez que tinham vindo à Luz!!! Mas isso teria sido demasiado fácil... Jogo gigante do Benfica, ultrapassando todos os obstáculos, os reais, e os que lá foram colocados... (é bom não esquecer, que estes senhores Turcos, fazem parte do restrito clube, de clubes condenados por Corrupção, estes, até tiveram o Presidente engaiolado!!!) Não sei se foram os Turcos, ou se foi o Platini e a sua pandilha, com o Colina na liderança, a fazer questão em manter a França no 5.º lugar no ranking da UEFA, mas mais uma vez fomos roubados, à grande e à francesa!!! Mas mesmo assim, esta noite, a fadiga foi esquecida, o doping da motivação, com o enorme empurrão das bancadas, foi mais que suficiente...


Noutro contexto, esta eliminatória até teria sido fácil, pessoalmente, acho que o Bordéus é melhor equipa que o Fenerbahçe, mas as variáveis são foram iguais: enquanto os Turcos, já longe do título no Campeonato, apostaram tudo nesta eliminatória, o Benfica 'geriu' o 1.º jogo, e foi obrigado a adiar para segunda-feira no Funchal a partida do Campeonato, jogando com todos os titulares, enquanto o Fenerbahçe jogava praticamente com a equipa B na Liga Turca, um dia antes.


Não é justo destacar jogadores individualmente, todos tiveram muito bem, mesmo aqueles onde as coisas ofensivamente não correram bem, não se pouparam na entrega... de todos os elogios, que se podem usar para descrever a época do Benfica, a solidariedade é um dos mais importantes, e é muitas vezes esquecida nas analises... Mesmo assim, tenho que destacar 4 jogadores: Matic, imperial, com um depósito de energia infinito; Salvio, depois de no meio da época ter feito alguns jogos para o trapalhão, nesta ponta final tem sido fundamental; Cardozo, matador, na história do Benfica, na Europa, melhor que o Tacuara - em golos - só Eusébio, não é opinião pessoal, é estatísticaEnzo, hoje se me obrigassem a escolher um MVP, seria o Enzo, a atacar e a defender magnifico... Mas todos merecem os parabéns, inclusive o Maxi que vai falhar a final devido aos Amarelos, porque se sacrificou em nome da equipa, parando um perigoso contra-ataque sem hesitações, sabendo quais seriam as consequências.


Mas depois da festa, é preciso regressar à Terra. O caminho para Amesterdão começa na segunda-feira, com o Estoril. A vitória do Benfica, não só nos coloca mais perto do título no Campeonato, como poderá permitir 'gerir' a deslocação ao antro Corrupto. Qualquer outro resultado, põe tudo aquilo que fizemos até agora em causa... acredito que fisicamente este jogo deixou marcas, mas a margem de erro continua a não existir... e tal como esta noite, só com o apoio de todos, os nossos objectivos podem ser alcançados, exige-se, pelo menos, 50 mil na Segunda...!!!


PS: Esta noite, numa Meia-final Europeia, fui sozinho para Lisboa. Todos os convidados recusaram!!! Nos últimos dias, vários Benfiquistas têm-me mostrado interesse em ir ao jogo com o Moreirense, supostamente o jogo do título. Perguntam-me se arranjo bilhete, e se tenho boleia. Tenho respondido: "vão para o caralho!!! Se fosse eu que mandasse, vocês não entravam!!!", nem numa Meia-final Europeia conseguimos encher a Catedral, que praticamente é Meia-Catedral, comparada com a antiga!!!
Parabéns a todos que estiveram na Catedral, e que ajudaram a criar um ambiente digno do Inferno da Luz, a todos que vivem longe e não puderam deslocar-se, por motivos de trabalho, ou por motivos financeiros, fica para a próxima, aos outros, aos Campeões do sofá: vão para o caralho!!!

Benfica vs Fenerbahce Europa League Highlights

Mourinho no Chelsea só na Benfica TV

"Mourinho guardou bem o segredo do futuro em Inglaterra, mas, neste tempo de suspeitas, é de desconfiar que tenha revelado o segredo a Luís Filipe Vieira em boa hora.

LUDWIG VAN BEETHOVEN morreu sem terminar a sua 10.ª sinfonia. O mesmo voltou a acontecer na noite desta última terça-feira ao Real Madrid que morreu nas meias-finais daquela que seria a sua 10.ª Liga dos Campeões. É a velha maldição da décima sinfonia.
José Mourinho, o maestro, conduzirá certamente ao longo da sua carreira muitas outras orquestras que, mais ano menos ano, o levarão até à sua terceira Liga dos Campeões. Por isso nem perdeu tempo com minudências.
Assim que o jogo com o Borrusia de Dormund terminou, o treinador português apressou-se a informar os jornalistas espanhóis que lhe têm ódio de que, a partir da próxima temporada, vão ter de se dar ao trabalho de passar a odiar outro treinador de uma qualquer outra nacionalidade, porque ele, José Mourinho, conta estar bem longe daqueles ambientes infetos de Chamartín.
Mourinho é um mestre nestas coisas das palavras ditas a tempo e a horas. Não vai ganhar a 10.ª Liga dos Campeões do Real Madrid, o valioso troféu com que ambicionava esfregar o focinho de todos os seus detractores, portanto melhor foi avisá-los logo, ainda a quente, de que não perdessem tempo a discutir a sua continuidade em Madrid.
Anteontem, na dita conferência de imprensa que se sucedeu ao Real Madrid-Borussia de Dortmund, ninguém ouviu José Mourinho anunciar que o próximo passo da sua caminhada profissional seria o Chelsea. Mas não houve quem não depreendesse exactamente isso.
Mourinho irá regressar a Stamford Bridge e, ontem mesmo, a imprensa adiantava que Roman Abrahmovich iria disponibilizar uma verba de 118 milhões de euros para o português fazer deles o que muito bem entender no sentido de recolocar o Chelsea a lutar pelo título inglês.
O problema do Chelsea é interno. Fora de portas não há nada a apontar aos blues. São os campeões europeus em título e, este ano, são os grandes favoritos para o triunfo na Liga Europa, competição em que estão praticamente apurados para a final depois da vitória em Basileia.
Na temporada passada os de Londres foram campeões europeus com o italiano Roberto Di Matteo e na corrente temporada correm sérios riscos de vencer a tal Liga Europa sob o comando do espanhol Rafa Benítez. E o que é isso interessa? É Mourinho quem o dono e os adeptos do Chelsea querem ver sentado no banco para reatar a velha relação interrompida com alguma aspereza mútua, longe dos modos que se esperariam entre um magnata russo e um treinador português.
Redobrados motivos de interesse para nós portugueses terá, assim, o campeonato de Inglaterra a partir de 2013/2014. E quem quiser ver jogar o Chelsea de Mourinho terá de ser assinante da Benfica TV porque o Benfica já há muitos que adquirir em exclusividade os direitos de transmissão dos jogos da Premier League.
Perante os jornalistas espanhóis, a afícion do Madrid e a vasta comunidade internacional que lhe segue todos os passos, Mourinho guardou bem guardado o segredo do seu futuro em Inglaterra mas, neste tempo de suspeitas, é de desconfiar que Mourinho tenha revelado o segredo em boa hora a Luís Filipe Vieira.
E o presidente do Benfica, rápido e hábil negociante, não perdeu tempo. Avançou com a proposta da Benfica TV e fez o negócio que, à luz dos recentes acontecimentos, aparenta ser cada vez melhor.
No ramo do audiovisual estamos em grande, está visto.
Isto leva a supor que José Mourinho, tal como Jô Soares se revelou um grande benfiquista ao levar Deco e Casagrande ao ser show da TV Globo para se espraiarem em considerações pouco abonatórias do FC Porto, é também ele, o tal Mourinho, um grande benfiquista disposto a tudo para que o Benfica seja levado ao colo até ao título e levado em ombros no seu combate de morte com a Sport TV.
Disposto até a perder a 10.ª do Madrid para poder ir para o Chelsea ser feliz à vontade e aumentar exponencialmente o número de assinantes da Benfica TV.
E com 118 milhões de euros para poder ir às compras até é de prever que José Mourinho ainda venha a prestar mais uns bons serviços ao Benfica. O recente aumento da cláusula de rescisão de Matic para 50 milhões de euros é disso um sinal. Na Luz ninguém anda a dormir. Isto está tudo ligado.

O espírito das esposas de Viseu desceu sobre os nossos adversários opinion makers. Vai a coisa em inglês em homenagem ao regresso do Mourinho ao Chelsea e aos jogos da Premier League na Benfica TV...
Tal como as esposas de Viseu, os nossos adversários agora tiram matrículas. Tiram matrículas a tudo o que mexe. Depois, muito aborrecidos, atiram com as matrículas ao ar à espera de ouvir o barulho que fazem quando batem no chão. Que bom vê-los assim.

HOJE o Benfica jogo com o Fenerbahçe a segunda mão da meia-final da Liga Europa e, para estar na final, tem de dar a volta a um resultado de 0-1. Não há impossíveis em futebol.
Há 23 anos que o Benfica não vai a uma final europeia e um sucesso nesta noite frente aos turcos seria justamente celebrado pelos adeptos.
Celebrado por todos os adeptos, o que se justifica na plenitude. Celebrado pelos muitos mais velhos que viram o Benfica ganhar finais europeias, pelos simplesmente mais velhos que só viram o Benfica perder finais europeias e pelos mais novos que nunca viram o Benfica jogar uma final europeia.
É verdade que sim. Seria uma festa e mais um motivo de orgulho numa temporada de excelente nível que ainda não terminou e em que o Benfica ainda não ganhou nada, o que convém sempre recordar aos mais efusiantes.
O Fenerbahçe é um adversário muito combativo, como se viu em Istambul na semana passada, que vem a Lisboa desfalcado de alguns dos seus melhores jogadores mas altamente motivado para fazer a sua própria História no tapete da Luz.
O Benfica que comparecerá perante o Fenerbahçe é um mistério. Pode ser que apareça o Benfica avassalador da segunda parte do último jogo do Funchal. Mas também pode aparecer o Benfica tímido dos primeiros 35 minutos do jogo com o Sporting. Ou, pior ainda, o Benfica incapaz de trocar a bola entre si como o que apareceu durante quase todo o jogo de Istambul.
Isto porque, nesta altura do campeonato, aspirar à comparência de um Benfica quase perfeito, como foi, por exemplo, nos dois jogos com o Bayer Leverkusen, é abusar da sorte.
Pois abusemos sem dó nem piedade. Boa sorte para logo, benfiquistas.
Embora, com toda a franqueza, me dê mais que pensar o jogo com o grande Estoril-Praia para o campeonato na próxima segunda-feira do que o jogo com os turcos a contar para a aventura europeia.
Prioridades. Feitios.
Que ninguém se lesione. Isso é que é mesmo muito importante.

CERTAMENTE por cansaço de ver tirar tanta matrícula e embalado pela boa vitória no Funchal, resolveu o Benfica vir oficialmente a terreiro tirar a matrícula aos cinco penalties que terão ficado por marcar contra o FC Porto nesta Liga e, como se ão bastasse, para tirar a difícil, quase mirabolante, matrícula aos zero penalties assinalados esta época contra o FC Porto. Para quê? Para sermos iguais aos outros em pequenez."

Leonor Pinhão, in A Bola

Agora é hora de realizar o sonho

"O Benfica pode estar a horas de regressar a uma final europeia, após 23 anos de ausência. Desde Viena 1990, onde o Benfica perdeu afinal da Liga dos campeões europeus para um soberbo Milan de Rijkaard (autor do golo), Baresi, Maldini, Gullit e Van Basten, que o clube português não está numa final europeia, que é, sempre, uma fantástica montra e um jogo de consagração internacional.
Ninguém pode levar a mal que Jorge Jesus continue a dizer que o primeiro objectivo da época é o título de campeão nacional. O técnico do Benfica também sente que é esse o primeiro grande sonho dos adeptos benfiquistas, mas perante uma oportunidade de ouro de regressar a uma final do futebol europeu, não há como não encarar os 90 (ou 120) minutos de jogo como um momento crucial da época.
Bem sabemos - e já escrevemos - que esta equipa do Benfica está no limite da resistência. Bem sabemos que o desgaste, em especial, no campeonato, pelo confronto palmo a palmo com o FC Porto numa luta brava pelo título, se faz sentir em cada jogador e em cada jogo. No entanto, seria um pecado quase mortal que o Benfica não conseguisse dar a volta ao resultado de Istambul e não ganhasse o direito a estar em Amesterdão na final da Liga Europa, provavelmente, defrontando o Chelsea, o que tornaria essa final mais brilhante aos olhos do mundo.
É o momento de fazer história ou de passar ao lado dela. Técnicos e jogadores do Benfica têm de ter presente esta realidade indiscutível. Têm de perceber que todos os sacrifícios valem a pena, porque é chegado o tal momento crucial em que a equipa se deve obrigar a passar do sonho à sua realização. É sempre bom que um homem sonhe, mas nenhum sonho pode alguma vez bater a realidade."

Vítor Serpa, in A Bola