"Jorge Jesus regressa hoje ao posto de comando avançado da equipa do Benfica. Uma coisa é ser um general estratego, à distância, manobrando peças num tabuleiro, transmitindo ordens por mensageiros, outra bem diversa é vestir o colete antibala e descer ao campo de batalha, dirigindo as falanges homem a homem, tiro a tiro.
Nestes tempos de guerras virtuais e bombardeamentos por aviões não tripulados, o futebol que alguns pretendem entregar ao escrutínio electrónico continua a resistir como velha escola e métodos conservadores.
Jesus é um expoente desta velha escola, através de uma intervenção permanente sobre os jogadores, actuando como um 12.º jogador com uma intensidade rara e de enorme contraste relativamente ao estilo da nova vaga de treinadores saídos das universidades e cada vez mais formais e formalistas. Apesar da “boutade” a propósito da sua cátedra, das lições casuais em fóruns universitários e do reconhecimento filosófico de académicos eméritos, Jorge Jesus nunca conseguiu desfazer a faceta popular nem reprimir uma peculiar expressividade emocional que lhe tem custado alguns castigos e uma crescente perda de tolerância por parte dos adeptos do próprio clube.
Quando o Benfica ganha, o estilo de Jorge Jesus é apreciado e justificado como a melhor forma de tirar o máximo rendimento dos jogadores, mantendo-os à rédea curta. Quando o Benfica perde, para lá dos defeitos técnico-tácticos, acresce o cansaço relativamente ao estilo do treinador, acusado até de baralhar os jogadores com tanta linguagem gestual e gritaria para dentro do campo: uns não o percebem, outros não lhe ligam.
A sair de uma suspensão que terá penalizado a equipa, com alguns pontos desperdiçados e um retrocesso evidente na qualidade de jogo, Jesus promete não se deixar voltar a perder pelas emoções. Afinal, não terá sido das lições mais complicadas da sua longa aprendizagem, mas foi certamente das que mais lhe custaram: Jesus é um operacional sem paciência para joguinhos de estratégia nos bastidores do combate.
regresso ao banco é acompanhado de comentários críticos do presidente benfiquista, mal restabelecido da eliminação prematura da Liga dos Campeões que tanto significava para o clube, este ano. Depois de todos os altos e baixos de uma relação de invulgar resistência, Jesus ter-se-á colocado sobre o fio da navalha, desiludindo o presidente. Já não lhe basta ter de mudar o comportamento, parece que tem igualmente de alcançar resultados."
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