quinta-feira, 31 de outubro de 2013

E Pinto da Costa fez as pazes com o Youtube

"O presidente do FC Porto disse que todos os dias revê o golo do Kelvin e que há dias em que vê seis vezes. Ainda bem. Graças ao golo do Kelvin o presidente do FC Porto fez as pazes com o Youtube.

OUVI, como tanta gente, as palavras autorizadas de Joseph Blatter pronunciadas na Oxford Union Society, entre gente fina, portanto, sobre a grande questão que divide o planeta do futebol: quem é o melhor jogador do mundo dos tempos presentes, Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo?
Vi também, como tanta gente, o momento de humor do presidente da FIFA, imitando primeiro Messi a dançar e a jogar e, depois, Cristiano Ronaldo a marchar e a jogar.
A imitação do português é um extraordinário momento de espectáculo em qualquer palco do mundo. Da Broadway até ao defunto Parque Mayer, de um qualquer esconso de stand-up em Xangai até aos mil teatros e teatrinhos de Avenida Corrientes, em Buenos Aires, o público, rendido à fidelidade dos retratos, aplaudiria Sepp Blatter de pé por todo o mundo.
Interpretei as palavras de Blatter e a representação física de Blatter como uma demonstração inequívoca de que prefere o português ao argentino, enquanto personalidade. E que, por mais que tente, não se consegue decidir entre os dois, enquanto jogadores. Foi, por isso, com espanto que acabei por constatar que estou completamente isolada nesta opinião.
O momento histriónico de Joseph Blatter foi entendido, de uma maneira geral e muita gritada, como um insulto a Ronaldo e como a declaração de preferência declaradíssima pelo argentino.
O presidente da Federação Portuguesa de Futebol insurgiu-se. O presidente do Real Madrid exigiu um pedido de desculpas formais ao presidente da FIFA. As estações de televisão passaram e repassaram aquele minuto do suíço em Oxford e a conclusão foi sempre a mesma: Blatter fez pouco de Ronaldo e prefere Messi.
Continuo na minha. Blatter chamou a Messi «um bom rapaz» que é aquilo que, normalmente, se chama a qualquer desenxabido eficiente, sem ponta de graça mas com bom coração.
E pela representação que fez de Ronaldo, um G.I. Joe a ferver em adrenalina e sentido de missão, pareceu-me, francamente, que o presidente da FIFA nos quis dizer que preferia mil vezes sair uma noite com Cristiano Ronaldo do que tomar um pequeno-almoço com Lionel Messi.
E quem, no seu perfeito juízo, não o preferiria?
Toda a gente entendeu de modo diferente o que, para mim, não serve para colocar em causa a qualidade do stand-up de Joseph Blatter. É o que acontece por vezes em muitas salas de espectáculos. O texto é fácil, o público é que é deseducado. Então quando mete futebol, a deseducação é geral.
A boa notícia é que se tivermos o imenso azar de não nos qualificarmos para o Mundial do próximo verão, já temos mais uma desculpa: como se já não nos bastasse o malandro do Platini a manusear o sorteio para nos calhar a Suécia, ainda tivemos o palhaço do Blatter a achincalhar o nosso melhor jogador e capitão da Selecção Nacional. É com estas coisas que a malta se consola.
Espero que Cristiano Ronaldo, o artista, não seja como a malta toda. E como os artistas, regra geral, se compreendem, acredito que o artista português percebeu perfeitamente a mensagem que lhe foi dirigida pelo artista suíço. E, como gosto muito de show business, espero ver brevemente Cristiano Ronaldo festejar um golo imitando a imitação que dele fez Blatter.
Só para calar as más-línguas.
Devo dizer ainda, e sempre em defesa de Joseph Blatter, que concordei com ele também quando, na mesma ocasião, em Oxford, afirmou com grande clareza que Zlatan Ibraihmovic está perfeitamente ao nível quer de Messi quer de Ronaldo. É também essa a minha opinião.

TENHO visto muitos benfiquistas zangados - ah, aquelas coisas das rivalidades... - por no Museu do FC Porto existir um recanto todo dedicado ao golo do Kelvin, o golo que deu o título ao dono do museu na temporada passada.
Estão zangados pelo recanto em si - Espaço K, chama-se - e estão zangados porque o lance do golo é exibido ininterruptamente em ecrã gigante, desde que o feliz proscrito brasileiro pegou na bola até no momento em que Jorge Jesus se ajoelhou.
Basicamente é isto. Uma homenagem à grandeza do Benfica.
Vejam lá se no Museu do FC Porto existe algum recanto especial para aquele campeonato triunfalmente ganho ao Sporting com a mão do Ronny? Não. Claro está que não.

O Museu do FC Porto foi oficialmente inaugurado a 28 de Setembro mas só abriu portas ao público a 26 de Outubro festejando logo o seu 12.º aniversário. É muito mais antigo do que o Museu do Benfica.
Na cerimónia de abertura ao público, no fim de semana passado, o presidente do FC Porto disse que todos os dias revê o golo do Kelvin e que há dias em que o vê seis vezes.
Ainda bem.
Graças ao golo do Kelvin o presidente do FC Porto fez as pazes com o Youtube.

TAMBÉM gostei das pazes feitas entre Jorge Jesus e Manuel Machado, como ficou evidente no fim do último jogo no Estádio da Luz. Os dois treinadores cumprimentaram-se com grande cordialidade. E mais do que isso, trocaram sorrisos e palmadinhas. Isso mesmo, misters! Já cansava o vosso desamor que não enobreceu nenhum dos dois.
Para nós, benfiquistas, é um descanso. Agora quando já podemos usufruir tranquilamente do discurso de Manuel Machado sem termos que embirrar com ele, por solidariedade com o nosso treinador. O inverso pensarão, certamente, os adeptos do Nacional. No fundo, o que todos queremos é sossego e boa disposição.

QUANDO o assunto é hooliganismo, já devem calcular que a minha equipa preferida é só uma: a da polícia.
Há uma década, quando morreu um adepto do Sporting naquela triste final da Taça do Jamor, juntei sem hesitar o meu nome a um abaixo-assinado pedindo à direcção do Benfica, à época presidida por Manuel Damásio, por rever drasticamente o apoio prestado às claques.
E ainda há bem pouco tempo lamentei aqui que um adepto do meu clube tivesse despejado um singelo prato pela cabeça abaixo de um ex-atleta especialmente embirrante de um clube rival.
Na tarde de domingo, a equipa da polícia identificou 94 pessoas do grupo de negro vestido que provocou desacatos à porta do Estádio do Dragão. O que se passou no Porto não foi «um arrufo» como ouvi dizer logo no momento.
Disseram os jornais, nos dias seguintes, que este movimento nasceu em Inglaterra na década de 70 e que foi erradicado na década de 90. Em Portugal está a chegar. Dizem também os jornais que os três grandes clubes portugueses têm as suas falanges de casuals, embora aqui o verbo ter não faça qualquer espécie de sentido porque ninguém acredita que um clube, grande ou pequeno, queira ter uma coisa destas.
Temo que os 94 identificados pela PSP do Porto voltem a poder entrar em estádios de futebol, sozinhos ou em grupo, com a maior das naturalidades. É uma aberração quando as famílias, cautelosas, prudentes, deixam de ir à bola porque se recusam a partilhar bancadas com hooligans que nunca deixam de ir à bola.

FOI o Benfica menos desengraçado da época que se apresentou no domingo e venceu, tranquilamente, o Nacional. Matic, por exemplo, reapareceu a espaços depois de uma longa, longa ausência. O próprio jogo é amanhã com a Académica, em Coimbra. Veremos se as melhoras aparentes de domingo passado foram só aparentes, ou não."

Leonor Pinhão, in A Bola

Hoje, 31 de Outubro

"Hoje apetecia-me reflectir sobre o que vai mal. E pensar no que podemos e devemos fazer para melhorar. E procurar a essência para além do cansaço das circunstâncias. E assinalar os interesses e manobrismos que pervertem valores e princípios inalienáveis. E desmistificar a iconografia do (aparente ou efémero) sucesso que sacrifica a ética incondicional. E falar do que vai bem e vai mal no meu Benfica, sem que isso seja malquisto por quem não suporta a crítica. E recomendar prudência a sensatez a Blatter. E, estando a escrever, arrasar o famigerado Acordo Ortográfico que me consome consoante as consoantes. Mas hoje, 31 de Outubro, é o Dia Mundial da Poupança. Por isso, fico por aqui. Até para poupar os eventuais leitores. Em vez de palavras consumidas, o silêncio do espaço que resta nesta crónica. Melhor dito, os silêncios. Da alegria, do desgosto, da concordância, da discordância, da liberdade, da eloquência, da serenidade, do desespero, da esperança, da convicção, da ignorância, da verdade, da coragem, do medo. Da vida e do desporto."

Bagão Félix, in A Bola

Um presidente para a História

"Comemorámos, na passada semana, o décimo aniversário do nosso belo Estádio.
À sua construção não pode deixar de estar associado o nome de Luís Filipe Vieira - que dias depois tomou posse como presidente do Benfica, transformando-o de alto a baixo, e erguendo-o até a um grau compatível com o seu gloriosos passado. Terão faltado apenas mais um ou dois campeonatos de Futebol para que Vieira fosse hoje unanimemente considerado o melhor presidente de sempre deste Clube. Faltou, por exemplo, que em Maio passado um remate de um tipo de crista tivesse embatido no poste, em vez de entrar na baliza de Artur. Faltou que, na temporada anterior, um fiscal-de-linha pouco atento tivesse visto um fora-de-jogo de Maicon, no lance que decidiu o título.
Em suma, faltou sorte numas ocasiões, e verdade desportiva noutras, para alcançarmos os títulos que o trabalho realizado tanto justificava. São contingências, às quais não podemos também subtrair o facto de, ao longo desta década, termos enfrentado o mais forte rival de toda a nossa história. Em dez anos, o FC Porto conquistou três taças europeias, e nos últimos cem jogos do Campeonato registou apenas uma derrota. Tem sido um opositor feroz, que, além de uma inegável capacidade desportiva, numa hesitou em utilizar meios ilícitos para conseguir o que queria. É contra ele que nos temos batido, e, ainda assim, equilibrando os pratos de uma balança que em 2003 apresentava um claríssimo défice.
Campeonatos à parte, seria fastidioso enunciar toda a obra de Luís Filipe Vieira. Do Estádio ao Centro de Estágio, da Benfica TV ao Museu, dos títulos nacionais e europeus nas modalidades ao 6.º lugar no ranking da UEFA, do investimento na Formação ao incremento do número de sócios. Mas aquilo que, enquanto benfiquista, mais lhe agradeço, é ter-nos permitido voltar a acreditar no futuro. Em 2003, vencer era uma utopia. Hoje, ganhar ou perder depende de pequenos detalhes, e a nossa memória tem de ser suficientemente ampla para reconhecer a diferença."

Luís Fialho, in O Benfica

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Pintando Nicolau

"(José Maria Nicolau)
Enraizado no imaginário popular, José Maria Nicolau difundiu como poucos o sentimento da 'mística'.

José Maria Nicolau, já de si, era um nome de género redondo. Uma promessa sacrossanta. Nicolau era o dinástico, de perfume czarista, com um ditongo folgado no fim, que puxava por ele em cada estrada de Portugal:
'Vai, Nicolaaaaau!'
Nicolau ia. Como nenhum outro. Viam-no passar os moinhos de vento. As oliveiras e os favais. As casas rústicas. Os aguadeiros e os proprietários abastados. Os sobreiros e as vinhas. Os solares de granito. Os cantoneiros e as pegas. As lavadeiras e as meninas das herdades a cheirar a verbena. Os polícias e os pedintes. Os guardas fiscais e os contrabandistas. Os amantes. Os amoladores e os padres. Os carroceiros. As mulas e as moscas. A canalha, vestindo-lhe a pele, a conduzir pelas veredas um aro ferrugento com uma vara de sabugueiro.
'Vai, Nicolaaaaau!' Nicolau ia.
Como nenhum outro. E, quase sem se dar por isso, foi-se-lhe imperiosamente constelando o peito.

Lenda ou realidade?
O imaginário lusitano espelhava-se nele, que era epopeia a pedal. As costureirinhas disputavam-no, folhetinescas, pespontando-lhe os músculos com olhos-agulha, à Greta Garbo. Os mesmos músculos que era querer. Os mesmos músculos que eram asas e transformavam em nuvem veloz a sua máquina de 14 quilos.
José Maria descansava ao sábado. Nesse dia, sairia à rua com uns sapatos engraxados, talvez os únicos que lhe não conheciam a bicicleta. Nesse dia, teria à mesa, sobre uma toalha quadriculada, vermelha e branca, arroz de tomate e carapaus fritos.
Junto à janela da marquise, forrada a cortinas com rendas de bilros, talvez morasse um canário, de camisola amarela, chamado Ciclista.
No dia seguinte, José Maria arrumava os sapatos e a lata de graxa por mais uns dias. 'Vai, Nicolaaaaau!' Nicolau ia. Como nenhum outro. Correndo nas veias de um Portugal a preto e branco às cavalitas da cor vermelha do ditongo."

Luís Lapão, in Mística

10: o último cromo

"Corria a época 1971/1972. E o investimento decidido na maturidade dos seis anos já vividos era certo e seguro. Cromos.
Não havia semana em que, percorrido o trajecto de casa ao café da freguesia, não depositasse sobre o velho balcão de madeira os poucos tostões mendigados à bondade materna e paterna em troca dos preciosos rebuçados, que, cuidadosamente desembrulhados, revelavam, um após outro, os jogadores principais das equipas em competição no campeonato português de futebol.
A caderneta era então, compreensivelmente, um tesouro que aumentava à medida que cada espaço, antes em branco, era preenchido por um novo jogador, quase sempre só conseguido depois de muitos mais repetidos ou negociado criteriosamente com outros investidores amigos.
Claro está, como sempre sucede com as implacáveis regras do mercado, também eu ia sofrendo as contingências da oferta e procura. E um jogador raro poderia valer uma mão-cheia de outros, rebuçados à parte, evidentemente, degustados, por cautela, logo após a aquisição.
Tamanho empenho justificou, por isso, que o tempo gasto e as despesas feitas fossem tidos por bem empregues. Devo reconhecer, no entanto, uma dolorosa excepção. É que, finda a época desportiva, houve um último cromo que nunca se revelou. E, o que é pior, da minha equipa, e, nessa medida, um dos mais desejados. O número 10 do Benfica. Todos os demais estão lá: 1- José Henrique; 2 - Malta da Silva; 3 - Humberto Coelho; 4 - Rui Rodrigues; 5 - Adolfo; 6 - Jaime Graça; 7 - Nené; 8 - Eusébio; 9 - Artur Jorge; 11 - Simões. Mas o número 10... Esse faltou sempre. E, pergunto-me ainda hoje, qual o rosto que lhe caberia por direito. Vítor Baptista ou Jordão, talvez...
Ainda assim, verdade é que 1971/1972 acabou por se mostrar uma boa época para o Benfica. Feitas as contas, o clube da Luz sagrou-se campeão nacional, venceu a Taça de Portugal, e na Taça dos Campeões Europeus apenas foi eliminado nas meias finais pelo poderoso Ajax. Para o registo da história ficaram também resultados memoráveis, saídos dos embates contra alguns dos principais adversários: 0-3 sobre o Sporting, na 12-ª jornada do campeonato, 6-0 contra o FC Porto, para a Taça de Portugal, e 5-1 contra o Feynoord, no percurso da Taça dos Campeões.
Já quanto à minha velha caderneta, não lhe reconheço menos valor pela ausência de um único cromo. E guardo-a. Guarda-a como um tesouro imenso, capaz de me devolver à memória, de cada vez que a folheio, pedaços de um infância feliz, que o tempo faz passar. Guardo-a também com esperança. Afinal, quem sabe um dia não virei a conseguir aquele último cromo. O cromo do número 10 do Benfica."

Nuno Melo, in Mística

A febre do iogurte

(Tala Simpatia - Iogurte Lisboa)
Os troféus por votos constituem um documento único da popularidade do clube. A Taça Simpatia - Iogurte Lisboa é um ex libris do nosso património.

Na velha Luz, antes do clássico com o FC Porto para o 'Nacional' de 1965/1966 deu-se um histórico rendez-vous. Protagonistas uma senhora taça e um senhor 'capitão'.
A senhora taça trazia vestidas caravelas, cruzes de Cristo e esferas armilares. O senhor 'capitão', acostumado que estava a senhoras taças, nunca vira outra igual.
De fina estampa, como Mona Lisa, a senhora Taça foi desde então despertando a codícia entre quem a visitava. Ir a Belém ver os Jerónimos ou à galaria do clube ver a Taça Simpatia - Iogurte Lisboa passou a ser uma experiência uníssona.
Mas para que tal acontecesse foi primeiro necessário que os portugueses desatassem que nem uns danados a comer iogurte, na expectativa de sublimarem os seus apetites clubísticos. A receita era simples: os consumidores do produto votavam no emblema da sua simpatia e habilitavam-se a garantir 'uma joia da ourivesaria portuguesa para consagração do clube mais querido de Portugal'. Foi assim que a Associação de Futebol de Lisboa, obviamente mais vocacionada para os enredos da bola, se viu dedicada a um verdadeiro romance popular, sob a chancela da já extinta Sociedade de Alimentação Estrela Lisbonense.
Por estranho que pareça, a iniciativa, sem paralelo nos dias de hoje, repercutia uma tradição antiga. Entre 1924 e 1972, a conquista de troféus por votos foi uma constante no palmarés benfiquista, testemunhando de forma única a popularidade do clube e constituindo actualmente um património peculiar da nossa memória.
O legado compõe-se de 81 troféus e, para além da indústria láctea, foram inúmeros os seus promotores, como a imprensa, o teatro e a música, entre outros. Acrescente-se que a senhora Taça Simpatia - Iogurte Lisboa não é caso único de glamour, pois todo o conjunto é rico em estética, design e materialidade.
Caído em desuso, talvez não fosse inoportuno reabilitar o costume, hoje brutalmente facilitado com as redes sociais. Mas garantindo que não se trocassem as senhoras taças, de caravelas vestidas, cruzes de Cristo e esferas armilares, pelas rameiras de pechisbeque que, nos últimos anos - muitas vezes sob encomenda de associações e federações desportivas -, têm vestido a máscara de tesouros.
Carecendo gritantemente do que de mais precioso dava o velho iogurte: vigor e longevidade."

Luís Lapão, in Mística

A nossa Europa

"Na Europa acentua-se o fosso entre meia dúzia de clubes endinheirados ou propriedade de súbitas oligarquias predatórias e os outros que se esforçam por competir, pese embora a desigualdade de meios. Basta olhar para os nossos principais clubes, não obstante todos os desejos, sonhos ou ilusões.
Benfica e Porto só por acumulação de muitas circunstâncias favoráveis poderão almejar vencer a Liga dos Campeões. A sua liga é, de facto, a Liga Europa. E aí a (ingrata) questão que se lhes coloca (e a nós adeptos) é entre um lugar de apuramento na poule da Champions para cobrar um bom pecúlio financeiro ou, não o arrecadando, ter a possibilidade de chegar longe na 2.ª divisão europeia.
Desde que a Taça UEFA virou Liga Europa em 2009/10, Portugal teve 3 finalistas em 8 possíveis (Benfica, Braga e o vencedor Porto) e foi 8 vezes semifinalista (além dos clubes já referidos, o Sporting). É este o palco natural do nosso futebol.
Na Champions das mesmas épocas, o melhor que se conseguiu foi uns quartos-de-final com o Benfica (2012/13) e uns oitavos-de-final com o Porto (2009/10 e 2012/13). Todavia, no ranking (actual) da UEFA, o Benfica ocupa a 6.ª posição e o Porto a 9.ª, ao mesmo tempo que novos colossos de agora ainda não são relevantes nessa lista (p. ex.: PSG é o 20.º, Manchester City o 27.º e Mónaco nem consta dos 453 clubes!).
A democratização clubística no acesso português à Europa é de aplaudir, mas, em regra, segue-se-lhe o reverso da medalha. Sem o Sporting e o Braga, o perigo de retroceder no ranking dos países pode implicar menos e mais difíceis presenças na Champions. Um círculo vicioso."

Bagão Félix, in A Bola

Nico, Nico, Nico...!!!



PS: O título do post é uma tentativa mal feita de homenagear uma famosa música de intervenção... que recorda o assassinato do activista sul-africano Steve Biko!!!

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Lixívia 8

Tabela Anti-Lixívia:
Benfica......17 (-5) = 22
Sporting.....17 (-1) = 18
Corruptos...22 (+4) = 18
Braga.........12 (+2) = 10

Jornada estranhamente pacifica em relação às arbitragens. Na Luz, num jogo tranquilo, não houve erros graves: no lance com o Cavaleiro no início da partida, na minha opinião devia ter sido marcado jogo perigoso, portanto livre indirecto dentro da área; perto do final da partida, a Bola na Mão do Claudemir, não foi deliberada... Ficou por mostrar um amarelo ao Djaniny, por falta sobre o Maxi... mais tarde acabou por levar um, por outra falta sobre o Maxi, devia ter sido o segundo. O árbitro tentou deixar jogar, o meu problema é que o tal critério largo, só existiu para um lado, quando os jogadores do Nacional iam ao chão, o critério passava a ser apertado...!!! Mas comparado com aquilo que estamos habituados a levar, foi uma 'grande arbitragem'!!!

Em Braga em mais uma derrota do Juju, com o inqualificável Benquerença a apitar, daquilo que vi, o grande erro, foi um fora-de-jogo mal assinalado ao Diogo Valente, com este completamente isolado perante o Eduardo...!!!

No jogo da jornada, nem foi preciso o Soares Dias, vestir a camisola, os Lagartinhos, neste caso o Maurício estendeu a passadeira aos Corruptos... um penalty tão claro, como escusado!!! Só não percebi como é que o Maurício não levou amarelo (mais tarde levaria o 2.º!!!)...
Se em termos de arbitragem o jogo foi calmo, noutros dois 'campos' as lavandeiras tiveram trabalho!!!
- Não vi o jogo, ouvi grande parte do relato, mas vendo os resumos, só vi um remate perigoso dos Corruptos, além dos golos, e um remate de bem longe... por outro lado, vi o Helton a ser um dos melhores em campo!!! Independentemente da posse de bola, não percebo como é que o resultado foi considerado por quase todos, como justíssimo, sem discussão... Dando a entender que os Corruptos, que não têm jogado vintém, tivessem feito uma grande exibição!!! Tudo isto numa altura, onde uma derrota dos Corruptos, iria elevar o tom das criticas públicas ao treinador...
- Violência: se os Lagartinhos, pseudo-skins, pseudo-Man In Black !!! Mereciam um valente enxerto de porrada... daqueles épicos, não tenho a mínima dúvida!!! Agora, não posso deixar de estranhar a forma como o assunto foi (e está a ser) tratado. Primeiro não vi nenhum espaço noticioso das televisões a abrir com esta notícia, se o Benfica tivesse envolvido, tínhamos programas especiais de 24 horas!!! E depois, parece que os agressores foram somente os Lagartos (ou Casuals... não existe diferença), as imagens são claras, elementos bem identificados com os Corruptos, bem conhecidos, agrediram violentamente outras pessoas, e não foi em legitima defesa, isso também é claro. Então a PSP que se deu ao trabalho de identificar e deter os tais 100 Lagartos, não conseguiu identificar um único super-dragay?!!! Se calhar não precisa, porque já os conhece todos, aliás eles até são tratados pelas autoridades do Porto, como colegas, portanto até faz sentido...!!!
O comunicado do Sporting, tem alguns pontos cómicos, mas outros nem por isso... E conhecendo histórias de como os adeptos do Benfica foram tratados, em recentes visitas ao antro da Corrupção e arredores, leva-me a acreditar em tudo o que lá está escrito. Sendo extremamente grave, perceber, que quando acusamos a PSP e os Stewarts dos Corruptos, de protegerem, e colaborarem com os mais violentos e criminosos adeptos Corruptos, é uma acusação válida, totalmente verdadeira... os episódios onde as tarjas dos visitantes são roubadas e entregues às claques Corruptos, é talvez um assunto insignificante, mas bastante esclarecedor do nível de impunidade que aquela gentalha vive... Vivemos numa autêntica republica das bananas!!!

Anexos:
Benfica
1.ª-Marítimo(f), D(2-1), Jorge Sousa, Prejudicados, (2-2), (-1 ponto)
2.ª-Gil Vicente(c), V(2-1), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
3.ª-Sporting(f), E(1-1), Hugo Miguel, Prejudicados, (0-2), (-2 pontos)
4.ª-Paços de Ferreira(c), V(3-1), Paixão, Nada a assinalar
5.ª-Guimarães(f), V(0-1), Bruno Esteves, Prejudicados, Sem influência no resultado
6.ª-Belenense(c), E(1-1), Jorge Tavares, Prejudicados, (2-0), (-2 pontos)
7.ª-Estoril(f), V(1-2), Manuel Mota, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
8.ª-Nacional(c), V(2-0), Jorge Ferreira, Nada a assinalar

Sporting
1.ª-Arouca(c), V(4-1), Rui Costa, Nada a assinalar
2.ª-Académica(f), V(0-4), Soares Dias, Beneficiados, Sem influência no resultado
3.ª-Benfica(c), E(1-1), Hugo Miguel, Beneficiados, (0-2), (+1 pontos)
4.ª-Olhanense(f), V(0-2), Benquerença, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
5.ª-Rio Ave(c), E(1-1), Xistra, Prejudicados, (2-1), (-2 pontos)
6.ª-Braga(f), V(1-2), Paulo Baptista, Nada a assinalar
7.ª-Setúbal(c), V(4-0), Duarte Gomes, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
8.ª-Corruptos(f), D(3-1), Soares Dias, Nada a assinalar

Corruptos
1.ª-Setúbal(f), V(1-3), João Capela, Beneficiados, Impossível contabilizar
2.ª-Marítimo(c), V(3-0), Jorge Ferreira, Beneficiados, Sem influência no resultado
3.ª-Paços de Ferreira(f), V(0-1), Rui Costa, Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
4.ª-Gil Vicente(c), V(2-0), Hugo Pacheco, Prejudicados, (3-0), Sem influência no resultado
5.ª-Estoril(f), E(2-2), Rui Silva, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
6.ª-Guimarães(c), V(1-0), Proença, Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
7.ª-Arouca(f), V(1-3), Vasco Santos, Beneficiados, Impossível contabilizar
8.ª-Sporting(c), V(3-1), Soares Dias, Nada a assinalar

Braga
1.ª-Paços de Ferreira(f), V(0-2), Bruno Paixão, Nada a assinalar
2.ª-Belenenses(c), V(2-1), Xistra, Beneficiados, Impossível contabilizar
3.ª-Gil Vicente(f), D(1-0), Vasco Santos, Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Estoril(c), V(3-2), Capela, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Arouca(f), V(0-1), Marco Ferreira, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
6.ª-Sporting(c), D(1-2), Paulo Baptista, Nada a assinalar
7.ª-Nacional(f), D(3-0), Soares Dias, Nada a assinalar
8.ª-Académica(c), D(0-1), Benquerença, Beneficiados, Sem influência no resultado

Jornadas anteriores:

Épocas anteriores:

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

2 pontos perdidos

Benfica B 2 - 2 Tondela

Empate perfeitamente evitável... esta não foi das melhores exibições da equipa B, mas mesmo assim jogámos o suficiente para vencer. Alguns erros infantis na defesa, acabaram por ser fatais... então o 2.º golo do Tondela foi ridículo: 1.º é o Jardel a passar a bola para um adversário, mas o Varela conseguiu safar... menos de 10 segundos depois, foi o Steven a perder a bola infantilmente, e desta vez o Varela não conseguiu defender!!! Tudo isto com o Tondela a jogar com 10 !!!
Nos últimos minutos, com o Vasco Santos feliz da vida, foi impossível dar a volta: eram cantos transformados em pontapés de baliza, agarrões constantes não assinalados, numa jogada houve 4 faltas junta da meia-lua do Tondela nenhuma foi marcada...!!! E a cereja em cima do bolo, já nos descontos, tivemos a expulsão do Lindelof, que não agride adversário nenhum... Até podia dizer que o árbitro caiu na fita do adversário, mas o teatro foi tão mal feito, que o Vasquinho só 'caiu' porque quis!!!
No meio disto tudo, o melhor em campo acabou por ser o Varela, que nos contra-ataques do Tondela esteve quase sempre bem...

Objectivamente (Formação)

"Estou verdadeiramente entusiasmado com a ascensão mediática de alguns miúdos da Formação do Benfica que começam a ter o reconhecimento público do seu mérito.
Ivan Cavaleiro é o nome de quem todo o Mundo fala de momento. As suas fotos vão enchendo páginas de jornais e as notícias que as complementam falam do interesse dos grandes «tubarões» da Europa do Futebol.
Nós já sabemos que é assim que se passa à fama e é assim que se começam carreiras de sucesso. Ninguém tenha dúvidas que a imprensa faz e desfaz vedetas. O bom é saber depois gerir e aproveitar todas estas situações e tirar partido delas.
Ivan Cavaleiro é um enorme jogador. Desde há muito que nele se vê talento. As oportunidades de aparecer na primeira equipa não têm aparecido mas parece que agora é de vez. João Cancelo, Sandicino Silva, Romário Baldé, Renato Sanchez, Gonçalo Guedes, Fábio Cardoso e muitos outros que se têm destacado no magnífico trabalho da Formação potenciada pelo Armando Jorge Carneiro, vão aparecer e a insistência do presidente Luís Filipe Vieira «nesta tecla» espero e desejo que seja bem persistente para que qualquer que seja o treinador do SL Benfica entenda que é pela Formação que deve passar o futuro do Glorioso.
São estas as boas notícias para os benfiquistas que não andam muito contentes com o desempenho e os resultados da equipa principal. Podemos concentrar-nos agora na esperança e na aposta da verdadeira Mística dos que entram no Clube por amor desde tenra idade. A maioria destes jovens vibram pelo Benfica desde que entraram nas escolinhas obrigando os pais a sacrifícios redobrados para os acompanharem aos treinos.
Vemo-los muitas vezes no Estádio, treinando, vivendo esse sonho de um dia entrarem no team de Honra.
É bom ver que muitos deles podem agora concretizar esse desejo de tantos anos."

João Diogo, in O Benfica

O anjo da guarda de Jesus

"O número de jogos em que Oscar Cardozo vem salvando a pele de Jorge Jesus, marcando golos que vão adiando o agravamento de uma crise latente no Benfica, assume relevância especial por dois motivos: porque já não era suposto ele estar nesse lugar de salvador da pátria e porque acentuam o erro na resolução do incidente da final da Taça.
Desde que lhe foi permitido retomar o lugar na equipa, o paraguaio, sem deslumbrar nem empolgar, vai marcando o ponto, jogo após jogo, resolvendo situações de extrema dificuldade ofensiva que a equipa de Jesus vem revelando, como se colocasse em causa toda a estratégia e processos de um treinador que fez nome pela agressividade e capacidade "artística" dos seus atacantes. A inferior estética do varão paraguaio tem sido, ao longo dos anos motivo para muitos analistas colocarem em causa a sua importância e até os seus méritos como melhor goleador estrangeiro da história do clube, tendo atingido nesta semana uma cifra de 34 golos nas provas da UEFA que dificilmente será igualada.
O Benfica tem uma tradição de exigência teórica nunca satisfeita, sempre em busca do avançado ideal. Lembrando Jardel que não foi contratado ao Grémio porque só marcava golos e não sabia jogar (sic). Lembrando Jimmy Hasselbaink que não vestiu a camisola encarnada porque era demasiado barato (idem). Lembrando os nórdicos Magnusson e Manniche que passaram à história por serem altos e toscos.
O que aconteceu neste ano, depois do incidente do Jamor, foi que muitos benfiquistas festejaram o fim da carreira do paraguaio, exorbitando um problema disciplinar que podia e devia ter sido resolvido em 24 horas com uma multa e pedido de desculpas público. Mas todos achavam que assim se viam livres de um jogador que apenas marca golos e raramente se destaca em notas artísticas ou jogadas de mágica. Até Jesus parecia inebriado com a substituição do paraguaio por um leque de artistas da bola oriundos da brilhante escola sérvia.
O que a dura realidade veio demonstrar, porém, é que sem o velho e desengonçado Oscar, bem afundado em problemas andaria Jorge Jesus por estes dias. Ninguém o pode garantir, mas talvez as vitórias em Guimarães e no Estoril e os empates com Belenenses e Olympiacos nunca tivessem acontecido, e o Benfica contasse menos 5 pontos na Liga e menos um na Champions. Para Jorge Jesus, Oscar tem sido um anjo da guarda, para a equipa um, abono de família, para os adeptos, sempre, um mal-amado."

Campeoníssimo Simões

"Falta pouco mais de um mês. Em Dezembro, António Simões comemora 70 anos de idade. Ícone do Benfica, actualmente na equipa técnica do Irão, o antigo jogador do nosso Clube continua na posse de um invejável recorde. Em mais de meia centena de finais da Liga dos Campeões (antiga Taça dos Clubes Campeões Europeus), continua a ser o mais jovem vencedor de sempre.
Simões é um dos grandes motivos de orgulho do Benfica, da sua história centenária. Detentor de dez faixas de Campeão Nacional, outros títulos, muitos troféus, imensas honrarias, emprestou classe ao colectivo, interveio como dirigente, particularmente para pôr termo a um dos mais dramáticos períodos da sua vida do Glorioso.
Sobre ele, escrevi um dia: ele era o Rato Mickey, na sua principal alcunha, imagem de agilidade em corpo minguado; ele poderia ser o Speedy Gonzalez, conceito de rapidez, de velocidade; ele poderia ser também o Astérix, noção de combatente, de indomável; ele poderia ser ainda o Lucky Luck, ideal de oportunidade, de precisão; e porque parecia driblar mais rápido do que a própria sombra, ele só poderia ser o Simões; que ao poema chamava finta.
O tributo à finta, a consagração do poema, a justa homenagem ao grande Simões, por ocasião do seu 70.º aniversário, não pode passar ao lado do universo benfiquista, dos responsáveis do Clube. Porque Simões é mais do que antigo grande jogador de Futebol, detém um registo que aumenta a auto-estima da nação vermelha."

João Malheiro, in O Benfica

10 anos

"1. Passam hoje 10 anos e parece que foi ontem. Foi um dos dias mais memoráveis da nossa vida colectiva: a inauguração do novo Estádio.
Meses antes, fora a emocionada despedida do antigo, de tão gloriosas recordações. Seguira-se a um período de discussão: justificava-se ou não um novo Estádio? A opção pelo sim viria a revelar-se muito importante para a recuperação do Clube. E ao Estádio juntar-se-iam pavilhões, piscinas, um campo sintético para as escolas, zona comercial, fazendo do nosso complexo um caso único no País. Lá dentro, nasceria a Benfica TV e, cá fora, o nosso Museu Cosme Damião. Sem contar com o Seixal... Pelas nossas instalações passam diariamente milhares de pessoas, enquanto as dos nossos rivais estão desertas ao longo da semana. Além disso, dá gosto andar por ali e ver o cuidado com que toda a extensa zona é tratada diariamente, com árvores plantadas, canteiros bem arranjados, enfim, pequenos pormenores que, normalmente, escapam a quem passa mas são importantes para dar ambiente a toda aquela zona. Faz hoje 10 anos, foi dia de festa, animada pela voz do saudoso Fialho Gouveia. Muito cresceu o Clube entretanto, mesmo sem que o Futebol nos dê as alegrias que merecíamos...

2. Claro que prefiro que o FC Porto perca no relvado, mas há outras derrotas que merecem ser assinaladas, tanto mais que quase passaram despercebidas quando foram anunciadas, muito escondidamente, numa pequena coluna de jornal. O assunto foi, na altura, muito falado mas, depois, esquecido: a questão dos anúncios da Cabovisão mandados colocar pela Liga atrás das balizas. Alguns clubes protestaram na altura mas tudo acabou por serenar e a publicidade, lá está. Mas o FC Porto foi mais longe e apresentou um protesto. Agora, o Conselho de Justiça da Federação indeferiu o recurso pois entendeu que a Liga respeitou uma regulamentação aprovada em 2005 pelos clubes. Dias depois, nova derrota, desta feita no caso-Kléber que o FC Porto foi buscar ao Marítimo 'à má fila', como se costuma dizer. Os insulares protestaram (entenderam ter direito a cinco milhões de euros), o Tribunal Arbitral da Liga não lhes deu razão mas, agora, uma vara civil do porto anulou aquela decisão e tudo volta à estaca zero. Enfim, naquele clube, que se diz super organizado, também há derrotas destas..."

Arons de Carvalho, in O Benfica

A Catedral

"A novíssima Catedral está a comemorar os 10 anos. A Catedral é um dos pilares em que assenta a glória do Glorioso e não é apenas um majestoso palco para a competição desportiva - no Futebol, que se joga no maior Estádio de Portugal - não andamos a brincar -, e das modalidades que se disputam em dois modernos e confortáveis pavilhões. Para além disso, a Catedral é um verdadeiramente centro de culto do Benfiquismo. No 10.º ano da Catedral decorre o primeiro ano do Museu Cosme Damião, um repositório eloquente da mais dotada e criativa tecnologia museológica. Lá está a História do Clube, integrada na História da sociedade, e lá estão, em dado passo do percurso histórico, os seis anteriores campos do Sport Lisboa e Benfica - Campo da Feiteira, Campo de Sete Rios, Campo de Benfica, Estádio das Amoreiras, Estádio do Campo Grande, Estádio do Sport Lisboa e Benfica (Luz).
Lá estão também a gesta dos simples e ignorados Benfiquistas a erguerem o estádio do Clube do seu coração, com sacas de cimento e trabalho voluntário. E as grandes enchentes, as grandes vitórias, as jornadas inesquecíveis. Para mim, as enchentes inesquecíveis são tanto os 135 mil espectadores na vitória do Benfica sobre o fcp (4 de Janeiro de 1987 - hat-trick de Rui Águas), como a enchente do fantástico exemplo de cidadania, de civismo e de Benfiquismo das últimas eleições do SLB, as mais concorridas de todos os tempos.
O espaço físico da Catedral contempla o relvado, os pavilhões, o espaço de cultura do Museu, os espaços de convívio e de lazer, como restaurantes e cafés, mas também as zonas comerciais e as lojas do fantástico merchandising do Benfica. 
Não há dúvidas: o Benfica é mais que um Clube. E a Catedral é o seu lugar de culto."

João Paulo Guerra, in O Benfica

A nossa casa

"Celebra-se hoje o décimo aniversário do nosso belo e grandioso Estádio.
É o maior do País, já conquistou a sua identidade própria, sem deixar de honrar a memória da velha Luz, e terá, em Maio próximo, a prenda que merece: o jogo mais importante do ano em competições de clubes. Pois é. Já lá vai uma década desde o dia em que aquilo que parecia impossível se tornou realidade aos nossos olhos.
Ao longo destes dez anos, muitos foram perdendo a memória desse tempo. É natural, e muito bom sinal que assim seja. Efectivamente, o Benfica de hoje nada tem a ver com aquele que Manuel Vilarinho e Luís Filipe Vieira herdaram. Em 2003, estávamos em convalescença da mais grave doença de que padecemos num século inteiro de história. As inúmeras fragilidades que o nosso Clube revelava pareciam impedir-nos até de sonhar.
Os que, como eu, ainda se recordam desses momentos, lembram-se também de quase se beliscarem para acreditar que, contra ventos e marés, contra o cepticismo e a angústia, tinham por diante uma obra de tão bem emoldurar a nossa paixão.
Nesta década, de muitos foram os momentos de glória ali vividos. Poderíamos evocar o triunfo sobre o Sporting, em 2005, que praticamente valeu esse Campeonato; também a vitória sobre o Rio Ave em 2010, que lançou o País em festa; para além de grandiosas jornadas europeias, entre as quais dois Quartos-de-Final da Champions League, e duas Meias-Finais da Liga Europa (a última das quais selada com o acesso à Final).
Grandes nomes do Futebol mundial pisaram aquele relvado. Messi, todos os Ronaldos, Ibrahimovic, Iniesta, Zidane, Maldini, Pirlo, Kaká, Rooney, Robben, Del Piero ou Van Persie são apenas alguns. Do nosso lado, tivemos Di Maria, Aimar, Fábio Coentrão, Rui Costa, David Luíz, Ramires, Javi Garcia, Witsel, Miccoli, Nuno Gomes e Simão, para referir apenas figuras que já não constam do plantel actual.
Mais décadas se seguirão. Mais vitórias também. Por tudo aquilo que representa, a Nova Catedral é um marco indelével na história do Benfica."

Luís Fialho, in O Benfica

domingo, 27 de outubro de 2013

Cárdio-sossegado !!!

Benfica 2 - 0 Nacional

Não foi uma exibição deslumbrante - como podemos e devemos fazer... -, mas pelo menos foi um jogo cárdio-sossegado !!!
Continuamos a exibir debilidades estranhas - as perdas de bola do Matic são incompreensíveis... -, mas jogámos mais do que o suficiente para merecer os 3 pontos.
O Nacional rematou quase sempre de longe, com o Artur a mostrar segurança, mas não criou uma verdadeira oportunidade, talvez 3 cruzamentos dos Madeirenses tenham sido as jogadas mais perigosas. Depois das substituições o Benfica levou algum tempo a pegar no jogo, e a fazer circulação de bola, mas nos últimos minutos lá conseguimos ganhar a posse de bola... Faltou o 3.º golo, que até merecíamos...

Individualmente dois jogadores merecem o meu destaque:
- O Enzo, é neste momento o melhor jogador do Benfica, é aquele que está mais perto perto do seu potencial máximo, corre, luta, perde a cabeça de vez enquanto, ralha, incentiva, leva a equipa para a frente, exagera às vezes no transporte de bola, mas é o nosso principal desequilibrador ofensivo... Não foi só hoje, esta época tem sido o mais esclarecido, de longe;
- O Luisão está de volta !!! Eu critiquei várias vezes o Capitão, desconfiei da sua capacidade física, principalmente da velocidade, mas nos últimos jogos tem sido o nosso melhor defesa, em melhor plano do que o Garay... o que não é fácil.

São tão poucos os jogadores da Formação a aparecer na equipa principal, que quando aparece um, todos desejam que tenha sucesso. O Ivan só tem que agradecer todos os incentivos, e continuar a trabalhar... Hoje, foi pena não ter marcado um golinho, e teve oportunidades. Tem tentado jogar simples - às vezes até exagera ao tentar jogar sempre de primeira -, e tem corrido muito... pessoalmente acho que o Cavaleiro não é um extremo, o lugar do Ivan é solto atrás do Cardozo, mas não tem comprometido nas tarefas defensivas, quando aparece na área, é sempre um perigo, hoje, teve azar já que as bolas perigosas acabaram por cair sempre para o pé esquerdo... Nos últimos minutos que esteve em campo, com mais confiança, já arriscou alguns dribles...

A entrada do Amorim, também deu para observar a provável estratégia do Benfica para Atenas, com 3 centro-campistas - Matic, Amorim (ou Fejsa), e Enzo -, foi pena o Nico fisicamente ter rebentado, o que obrigou o Enzo a ir para a direita, e o Nico para 2.º avançado... mas creio que aquele triângulo que se viu quando o Amorim entrou, vai ser usado na Grécia, com o Enzo a ser o jogador mais ofensivo, e o Cavaleiro a jogar como falso extremo, a apoiar o Cardozo (normalmente com esta estratégia, o Cardozo fica sempre muito sozinho na frente, o Ivan tem as características ideias para evitar isso...).

Além do 10.º aniversário da nova Catedral, hoje foi um dia com várias homenagens: Nuno Gomes, o primeiro marcador da nossa nova casa, aos putos Campeões do Mundo de Sub-20 de Hóquei Patins (Diogo Rodrigues, Alexandre Marques, Diogo Alves e Diogo Neves), à nossa Sofia Oliveira, Campeã do Mundo de Katás em Karaté, e ainda aos nossos Campeões Nacionais do Voleibol...

Dobrar a pontuação !!!

Galitos 48 - 96 Benfica
10-22, 20-20, 2-29, 16-25

Não conseguimos chegar aos 100 pontos, mas dobrámos a pontuação... Jogo fácil - 3.º período demolidor!!! -, que não dá para tirar grandes ilações. Destaco somente o regresso do Seth aos pontos, aparentemente totalmente recuperado da lesão...

sábado, 26 de outubro de 2013

Bom augúrio

O. Barcelos 0 - 3 Benfica

Excelente início de Campeonato, com uma vitória fora, num recinto sempre difícil, contra uma equipa que este ano parece-me mais forte, em relação às últimas épocas. O facto do Ricardo Silva, o nosso ex-guarda-redes ter sido o melhor em campo do Barcelos, não me surpreende em nada... o contrário é que seria de estranhar!!!
Creio que a nota de maior destaque tem que ser os 0 golos sofridos !!! Algo raro, nas últimas épocas!!! O Trabal esteve muito bem, como era de esperar, mas deu para notar uma forma diferente de defender da equipa do Benfica. Às vezes, até me pareceu, que o Benfica estava demasiado passivo a pressionar, mas com as novas regras do limite de faltas, é importante não dar demasiados LD's aos adversários!!! E como os apitadores foram Pinto & Pinto, o excesso de agressividade do Benfica seria logo penalizado!!!
A nota negativa, tem que ser mais uma vez, os 3 LD's falhados pelo Benfica!!! O primeiro pelo Miguel Rocha, e 2 pelo João Rodrigues...

É verdade que a tal dupla Pinto & Pinto, acabou por não ter influência no resultado - hoje -, o jogo acabou com 14-15 em faltas, até parece que houve equilibro nos apitos, mas isso não passa de uma ilusão... além de alguns cartões azuis perdoados a jogadores do Barcelos, hoje, tal como em jogos anteriores, houve inúmeras faltas não assinaladas a favor do Benfica, principalmente em situações de 'tabela': o Benfica faz muito bem o 2x1, um jogador passa a bola a um companheiro, e desmarca-se imediatamente, recebendo a bola mais à frente... qual a maneira mais fácil de travar estas jogadas?! Bloqueando ou agarrando o jogador que faz o 1.º passe!!! Isto acontece inúmeras vezes nos jogos do Hóquei do Benfica, já o ano passado era assim, e pela amostra, vai continuar a acontecer... Esta é a forma como, principalmente nos jogos fora, o Benfica tem sido travado (Valongo por exemplo...), depois arranja-se os álibis dos ambientes difíceis, da atitude, etc., etc,... A qualidade da patinagem dos jogadores no Hóquei é essencial - como é óbvio -, se os jogadores são impedidos de se desmarcarem, não é fácil marcar golos... Hoje, a diferença de valor entre as equipas foi suficientemente grande, para não existir surpresas, mas...

Vitória com rotação baixa !!!

Benfica 3 - 1 Esmoriz
25-19, 24-26, 25-19, 25-17

Perder um Set, com o Esmoriz, na Luz, não é bom indicador, mas o mais importante acaba por ser os 3 pontos.
Mais uma vez, a equipa melhorou bastante com a opção de recurso: meter o Gaspar na Zona 4, e o Ché a Oposto. Cada vez acredito mais, que esta devia ser a 1.ª opção, mesmo com todos os jogadores disponíveis.

PS1: Bonita data Professor... 30 anos de camisola vestida, é uma bonita idade.

PS2: Os caloteiros voltaram a perder, por este caminho ainda descem de Divisão!!!

Suicídio nos últimos minutos !!!

Braga 6 - 3 Benfica

Não vi o jogo, para ser sincero, esqueci-me!!! Estava com os amigos que queriam ver o Barça-Madrid, e quando me lembrei do Futsal, já estávamos no último minuto!!!
Mas para não cair na critica fácil, tentei recolher as informações mais básicas sobre o que se passou. Já se sabia que este seria um jogo uito difícil, já o ano passado perdemos este jogo. Para complicar as coisas, ficámos sem os nossos dois 'criativos', tanto o Serginho como o Hemni foram convocados para as suas Selecções, e o Benfica que lhes paga os ordenados, ficou sem eles para este jogo!!! Juntando a isto, temos o Gonçalo ainda sem ritmo depois de uma longuíssima paragem, e o Ricardo Fernandes regressou hoje após quase 1 mês de fora. Se estes contratempos são inevitáveis, não compreendi a ida para o banco do Marcão e a titularidade do Bebé (que teve infeliz...), se foi por limitação física, nem sequer deveria ter ido para o banco...!!!

O jogo parece que foi equilibrado, e bem disputado por ambas as equipas, a 6 minutos do fim, com o resultado em 2-2, o Benfica sofre um golo em contra-ataque, logo de seguida tentámos atacar em 5x4, e foi o descalabro!!! Este ano já melhorámos a defender as situações de 5x4, mas a atacar continuamos uma miséria!!! A perder por 6-2, o Brandi mesmo no final ainda marcou um golo do outro mundo, mas já veio tarde...

Todos nós sabemos que este Campeonato será decidido no Play-off, todos nós sabemos que esta equipa necessita de tempo para ganhar 'automatismos', mas depois de um início muito bom, nos últimos jogos tem havido algumas desconcentrações evitáveis... este jogo, a primeira derrota oficial da época, sem o Serginho, e o Hemni pode não servir de indicador, mas é importante todos se mentalizarem que o caminho tem que ser para cima, sempre a evoluir, andar para trás é para os caranguejos, não é para as Águias!!! 

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

10 anos



Cresci na antiga Catedral, não tenho nada contra o novo local de peregrinação - bem pelo contrário -, mas a primeira 'casa' tem sempre mais encanto...!!!
A vida da nova Catedral não tem sido fácil, o sofrimento hoje é maior, as vitórias acontecem com menor regularidade, a militância treme, o contexto social não ajuda, o comodismo das televisões é assustador...
Mas o Benfiquismo é imortal, e tenho a convicção absoluta que nos próximos 10 anos, vamos ter ainda mais motivos de alegria na nossa Catedral !!!

Sem medo de jogar bem

"Num jogo de muita chuva, foram vários os intervenientes a meter água. Naquele campo era impossível jogar bem, podia ser pedido muita alma, luta e entrega e isso houve por parte dos jogadores. Nos primeiros cinco minutos falhámos três golos, por outro lado, os gregos na primeira oportunidade não desperdiçaram.
Meteu água o árbitro que nos prejudicou várias vezes para nos oferecer um canto para golo, meteu água o Roberto mas meteu golo o Cardozo para evitar uma banhada. Isto dito, temos de exigir mais dos nossos.
Sabemos que podemos jogar melhor, marcar mais golos, e não permitir aos sucessivos adversários tantas oportunidades.
Não farei como a avestruz, em onze jogos oficiais não ganhámos cinco, e isso é preocupante porque sentimos que temos condições para voar mais alto. Jorge Jesus deu-nos algum do melhor futebol dos últimos anos, o plantel tem soluções de qualidade, venham agora as exibições e as vitórias.
Estamos mais perto de ganhar quando se joga bem e por isso clamo pelas boas exibições. Não se pode acabar um jogo com o Cinfães com medo de não ganhar.
Acredito que podemos conseguir na Grécia um bom resultado, mas acredito ainda mais que podemos iniciar no Campeonato e Taça uma série de vitórias rumo aos principais objectivos. Há talento, há vontade e há obrigação.
Já domingo contra o Nacional uma vitória é obrigatória, um exibição convincente era muito recomendável. Mais do que ganhar por muitos, era importante o Benfica ganhar e jogar muito bem.
O sorteio da taça dá um hiper interessante Benfica-Sporting. Quem, como o Benfica, quer chegar e vencer no Jamor, não se pode queixar de nada. Primeiro o Cinfães, depois o Sporting, e assim sucessivamente como as bolinhas quiserem."

Sílvio Cervan, in A Bola

Voar à chuva

"O tal jogo que Jorge Jesus considerou "importante mas não decisivo" terminou empatado. Em Atenas, logo se verá quem lucrou com a maior importância e a menor decisão, no conceito do treinador. Por ora, fica a ideia consensual nas fileiras do Benfica : a igualdade frente ao Olympiacos é um bom resultado. Mas, reconhecem os próprios, mais pela forma como as coisas decorreram do que por outra razão. No entanto, a questão que verdadeiramente deve colocar-se prende-se com um princípio : não era suposto, na Luz, serem os gregos a tentarem não perder o desafio em vez do inverso?
Diga-se desde já que, numa visão global, o resultado está certo. O Olympiacos venceu a primeira parte porque tacticamente foi melhor, o Benfica ganhou a segunda porque soube ser suficientemente combativo, num terreno com mais água que relva. Quanto às consequências que daqui derivam, já lá iremos. Primeiro, as duas componentes da partida.
Embora não entenda muito bem o que Jesus quis dizer com o "ADN ofensivo" mostrado pelos encarnados na primeira metade, fica o registo de uma entrada prometedora. Em cinco minutos, Cardozo já tinha obrigado Roberto a uma defesa difícil e Luisão cabeceado ao lado, num lance na pequena área. Simplesmente, a promessa ficou-se por aqui. Mitroglou respondeu de imediato com três (!) jogadas em que o golo rondou a baliza de Artur, o que deveria ter constituído um sinal sério para o Benfica.
A explicação residia no meio campo, porque a zona central das águias começou a ser "engolida" por um número superior de elementos gregos, deixando Matic e Enzo contra três e, ás vezes, quatro. O papel de Dominguez foi vital ao "barrar" o sérvio, notando-se ainda que os homens da casa se baralhavam com as diagonais de Weiss e, principalmente, de Fuster. Quem aproveitava - e bem - era Mitroglou. Convenhamos, o lance do golo grego até pareceu uma inevitabilidade.
Além do mais, Ola John e Gaitan (este numa noite definitivamente não) são pouco de defender, levantando outra vez a dúvida sobre se o argentino não será mais útil ao meio (o que até poderia levar a outro tipo de aproveitamento para Lima). Mais : só lá muito tarde - quase no final - é que Rúben Amorim e Rodrigo entraram. Enfim , Michel ganhou a Jesus num período do desafio em que, esperava-se, os encarnados conquistassem embalagem suficiente para controlar o resto da partida.
Acontece que "o resto" foi altamente problemático. Jesus lançou Ivan Cavaleiro na segunda metade, mas a chuva torrencial que marcou a meia hora seguinte não se compadeceu com quaisquer boas intenções do treinador encarnado. O jogo tornou-se uma autêntica bizarria (repare-se que houve dois momentos, um para cada lado, que seriam sempre golo, caso a bola não ficasse parada numa poça), com tudo dependente de lances de bola parada ou de algum erro individual, porque a tal "construção de jogo" passou a ser uma ficção. Dito e feito : Roberto falha num lance aéreo (o que nele nem é surpresa) e Cardozo não perdoa. 
Fica, contudo, o facto da equipa da Luz ter-se batido até aos limites para evitar uma derrota que, garantidamente, colocaria o Benfica numa situação de saída muito limitada.
Isto não significa que o cenário seja animador. Já sabíamos que Benfica e Olympiacos estavam a lutar pela única vaga disponível, porque a outra já era do PSG (parênteses : fiquei arrepiado com o "poker" de Ibrahimovic em Bruxelas, atenção Paulo Bento). Com este empate, Atenas vai tornar-se num inferno ainda maior do que sempre é. Os gregos sabem que um triunfo em casa lhes estende a passadeira, é só não estragarem na recepção ao Anderlecht. Portanto, calculo, desta vez Jesus vai mesmo assumir que o próximo encontro não se limita a ser importante. Se não é decisivo, é o quê?"

A lição

"Gosto muito da Taça de Portugal, quando é jogada mano-a-mano, os grandes contra os pequenos, com os futebolistas dos pequenos a terem a humildade que, por vezes, os fazem, durante 90 minutos, serem gigantes; e os futebolistas dos gigantes, por vezes, durante 90 minutos, a sofrerem de um nanismo pouco compatível com o estatuto, o ordenado e os privilégios com que se pavoneiam.
Como adepto ferrenho do Benfica (o maior dos Gigantes), espero sempre que os nossos futebolistas saibam que só serão gigantes se souberem, sempre, partir para o jogo com a humildade de um David. Recordo o primeiro jogo que vi, ao vivo, para a Taça de Portugal: foi em Castelo Branco, no “mítico” pelado do Vale do Romeiro, no dia 04 de Janeiro de 1981. O Benfica de Castelo Branco recebia o Benfica. Lajos Baroti apresentou praticamente todos os titulares (trocou o Bento pelo Botelho) e lá se apresentaram gigantes como Chalana, Humberto, Alhinho, Bastos Lopes, Carlos Manuel, João Alves, Néné, Shéu… Enfim, uma constelação que teve como oponente um Benfica de Castelo Branco que tinha em Balacó (que faria carreira na primeira divisão, no Espinho e no Portimonense) a grande figura.
O Benfica ganhou, naturalmente, com três golos (um de Reinaldo, um de Carlos Manuel e outro do inevitável Néné). Eu, do alto dos meus dez anos, saí do campo maravilhado por ter visto, ao vivo, os meus heróis, naquele simples e honrado pelado. O meu único lamento era não ter visto em campo o maior dos meus ídolos, o Bento.
Não entendia o chorrilho de críticas com que os mais velhos se despediam de uma equipa que acabara de ganhar 3-0. Diziam esses mais velhos que ao Benfica se exigia muito mais do que um mero jogo para entreter; outros acusavam os jogadores de terem lá ido brincar… e eu, puto em aprendizagem, apenas me queixava de não ter visto o Bento. Aprendi, nesse dia, a lição de que os profissionais do Benfica não se podiam satisfazer com essa coisa parca e diminutiva de “fazer os mínimos contra adversários que dão o máximo”. Nesse dia, Baroti não se vangloriou de nada, não se gabou de nada e certamente percebeu que, apesar da vitória, se exigia muito mais do que o que a sua equipa mostrara.
Há lições que nunca se esquecem."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Vitória na Maia

ISMAI 28 - 36 Benfica

Vitória esperada, com demasiados golos sofridos... estes jogos após as partidas Europeias, principalmente fora - ambos -, são sempre propensos a desconcentrações, felizmente isso hoje não aconteceu. A destacar a melhoria ofensiva do Carneiro nos últimos jogos (após a novela Capitão!!!), os poucos golos do Costa hoje, e os 7 golos do Pedroso, só é pena nos jogos grandes não fazer a mesma coisa...!!!

A equipa está num bom momento, e só jogando o nosso melhor podemos ter esperança em vencer os Húngaros que nos calharam em sorte na Taça EHF...

Será que no Benfica se aperceberam?

"Os campeões fazem-se com resultados e quem disser que prefere uma derrota jogando bem a uma vitória jogando mal ou é hipócrita ou é um tonto rematado. Mas a psicologia do adepto tem outra vertente que transcende vitórias e derrotas e que é a da identificação com a equipa. Nesse aspecto o jogo de ontem foi muitíssimo curioso. Os benfiquistas não andam satisfeitos com a vida, a amargura do final da época passada não foi ultrapassada e na presente temporada não houve exibições que fizessem esquecer o Dragão, Amesterdão e o Jamor. Neste contexto difícil, com o Benfica em desvantagem e a jogar mal (primeira parte pobrezinha...), a verdade é que o Terceiro Anel percebeu a vontade dos jogadores e identificou-se com ela, vestiu a camisola e apoiou a equipa como ainda não o tinha feito em 2013/14. Quer isto dizer que há outras dimensões para além do ganhar e do perder, do jogar bem e do jogar mal. Não sei se os jogadores, técnicos e restantes responsáveis do Benfica se aperceberam do que aconteceu ontem: quando podiam ter voltado as costas, a equipa pediu e os adeptos deram-lhe a mão..."

José Manuel Delgado, in A Bola

PS: A pergunta do Delgado está mal feita!!! Tenho a certeza que os jogadores, os técnicos, e os dirigentes ouviram bem o apoio vindo da bancada, no meio do dilúvio... O curioso é que aparentemente mais ninguém se apercebeu (além do Delgado)!!! Não convém passar esta mensagem...!!!
Aposto que com outras equipas, em situação idêntica - a perder, e com muitas e variadas adversidades... -, no dia seguinte, as primeiras páginas, ficariam cheias de elogios à militância dos adeptos presentes... mas seria quase contra-natura publicar uma notícia com uma nota positiva sobre o Benfica. O Benfica é o Clube que vende mais jornais, e atrai mais audiências, mas só com notícias negativas, é uma daquelas tradições que é difícil quebrar!!!

Calha a todos

"Na noite de terça-feira lembrei-me do «para cá vai dando» de Jesus, vendo na Champions um ou dois jogadores do FC Porto. E pensei com os meus botões: calha a todos.

JORGE JESUS,  no fim do jogo em Cinfães para a Taça de Portugal, empurrou um jogador do Benfica! Vieram-me aborrecer com esta história - mais uma do género - alguns amigos de clubes rivais.
É verdade que empurrou. Não consegui descortinar quem foi o empurrado desta vez embora, pelas imagens, se perceba a intenção do treinador, aparentemente inocente ainda que à má-fila.
Com uma exibição sofrível, uma equipa maioritariamente composto por reservistas e jovens da equipa B conseguiu vencer o Cinfães por 1-0 e Jorge Jesus, terminado o desafio, mandou o pessoal todo agradecer  apoio prestado pela bancada pejada de benfiquistas.
Nada de anormal, até aqui. O empurrão ao dito jogador do Benfica também não foi assim tão grande anormalidade, para quem conhece as maneiras pouco diplomáticas do nosso treinador.
É apenas caso para se dizer que, fiel a si próprio, Jorge Jesus lá deu mais um encosto num dos seus pupilos. Até hoje, o empurrado não se queixou.
O árbitro do jogo foi Rui Costa, da Associação de Futebol do Porto. E este, sim, esteve muito infiel a si próprio, ao contrário do treinador do Benfica.
E porquê?
Porque o mesmo Rui Costa que validou o golo de Jackson Martínez que permitiu ao FC Porto trazer 3 pontos da viagem a Paços de Ferreira, invalidou o golo com que Steven Vitória teria aberto o marcador em Cinfães. A decisão de Cinfães seria sempre difícil de aceitar porque, na verdade, o jogador do Benfica fez um salto limpo e cabeceou com maior limpeza ainda para a baliza cinfanense.
Mas ainda mais difícil se torna de aceitar a invalidação do golo de Steven Vitória quando se recorda o golo de Jackson Martínez ao Paços de Ferreira. O colombiano empurrou descaradamente um adversário pelas costas, atirou-o ao chão e nem teve de saltar para, de cabeça, mandar com a bola para dentro da baliza pacense.
Na verdade, esteve das duas vezes mal o árbitro do Porto. Portanto, talvez seja incorrecto dizer que não foi fiel a si próprio.
Lá que foi fiel, foi. Há empurrados e empurrados, essa é que é essa.

GOSTO do Simeone e não gosto do Spaletti. Na verdade, não gosto nem desgosto de nenhum porque não os conheço. Referia-me, como compreendem, ao jogo-jogado das suas respectivas equipas. Gosto do jogo do Atlético de Madrid e no que diz respeito ao do Zenit, por muito que tente, já não posso dizer a mesma coisa. Não gosto, nunca gostei.
Na noite de terça-feira no Porto, o Zenit, que é da Rússia, parecia uma equipa italiana das mais rasteiras a defender o precioso empate - sim, porque o empate também era precioso -, contra um adversário com menos um jogador em campo durante, praticamente, 90 minutos do jogo. O sul-americano Herrera foi expulso aos 6 minutos mas como o árbitro deu 6 minutos de tempo de compensação, fica ela por ela.
Spaletti sabia, como todos nós, que, perante a campanha avassaladora do Atlético de Madrid no mesmo grupo, o empate era um excelente resultado para o Zenit. Empatando anteontem no Dragão, a 6 de Novembro os russos disporiam da oportunidade de, em São Petersburgo, trocar de posição com os campeões portugueses, caso lhes ganhassem. Encantadora perspectiva para quem ao cabo das suas primeiras jornadas só levava um solitário pontinho.
E foi esse o jogo que o Zenit fez na terça-feira. Imagine-se, se possível, a carrada de nervos com que os adeptos do Zenit ficaram a ver a sua equipa a jogar descaradamente para o 0-0 perante um adversário em inferioridade numérica. Spaletti só pode ter ficado com as orelhas a arder.
Mas, pronto, acabou por ter sorte e ganhou o jogo ao Porto à beira do fim, tal como Simeone tinha feito no mesmo palco e à beira do fim com o seu Atlético de Madrid, ainda que com grande brilho.
Somada a segunda derrota em casa, fica o FC Porto, apesar de ter jogado muito bem, atrás do Zenit na tabela do grupo e vê-se obrigado a ir ganhar a São Petersburgo, isto se não contar com as ajudas dos madrilenos e dos declaradamente inaptos do Áustria de Viena.
«Para cá vão dando...», lembram-se? Foi uma frase, chocante, pois claro, com que Jorge Jesus, na temporada passada, definiu a utilidade de alguns jogadores do plantel do Benfica. Mas Jorge Jesus, impiedoso, tinha razão.
Na noite de terça-feira lembrei-me do «para cá vai dando» de Jorge Jesus vendo em acção, num jogo da Liga dos Campeões, um ou dois jogadores do actual plantel do FC Porto. E pensei com os meus botões: calha a todos.

CALHOU-NOS a Suécia. Preferia a França, por uma questão estatística. Já foram tantas as vezes que os franceses nos deram cabo da vida em Europeus e em Mundiais que, para fazer funcionar a estatística, estava na altura de os surpreendermos com uma vingança ao nosso melhor estilo. Isto é, com um final feliz para as nossas cores contra todas as apostas, incluindo as nossas.
Com a Suécia, passa-se exactamente o contrário. Em confrontos directos, temos sido nós, os portugueses, os sistematicamente felizes no historial com os suecos. E rezam as estatísticas que, por essa mesma razão, está na altura de acontecer o inverso, o que não dava jeito nenhum.
No final de Maio, parti para a final da Taça de Portugal com o Vitória de Guimarães exactamente neste estado de espírito estatístico. Precisamente por ter lido num jornal na manhã do jogo que o Vitória de Guimarães nunca tinha conquistado o troféu e que, por meia dúzia de vezes, tinha sido o finalista vencido da Taça de Portugal.
Está na altura, pensei eu. E estava mesmo.
Conclusão: todos os cuidados são poucos nos dois jogos com os suecos.
Nos seus últimos com compromissos a Selecção Nacional não esteve nada bem. Não é, propriamente, num ambiente de euforia que a equipa de Paulo Bento vai partir para este tudo ou nada. Convém que seja assim e não é por causa da maldita estatística. É por uma questão intrinsecamente nossa, mais do tipo fadista.
Explico-me melhor. Os rapazes precisam de ser espicaçados no brio ou nada feito. Em termos de brio foi zero a nossa Selecção nestes últimos jogos do torneio de qualificação para o Mundial.
O único remédio para a questão sueca é desatarmos todos a dizer mal da Selecção. Muito mal mesmo. Do treinador, dos jogadores, dos dirigentes, enfim, de todos. A ver se acordam. Eu acredito que vai ser assim que vamos eliminar a Suécia. E que estaremos presentes no Mundial do Brasil. «Contra tudo e contra todos», como dirá Paulo Bento no momento oportuno.

1-1 com o Olympiakos e muitos assobios no fim do jogo para a equipa do Benfica que, ontem, só começou a correr quando Cardozo, sempre ele, aproveitou uma má saída de Roberto, sempre ele, para empatar. Resumindo, foi um jogo sem qualquer espécie de novidade. O paraguaio marcou um golo e o espanhol ofereceu outro golo. Onde é que já vimos isto? Cardozo viria à flash interview dizer que o resultado foi positivo atendendo às circunstâncias. Concordo inteiramente. Com o empate de ontem o Benfica pode ter ficado mais longe da Liga dos Campeões mas ficou mais perto da Liga Europa, prova para a qual, atendendo às circunstâncias, estamos mais calhados. E sem drama."

Leonor Pinhão, in A Bola

PS: Hoje discordo da Leonor em alguns pontos:
- A estatística de Portugal com a Suécia, é extremamente negativa para Portugal, é uma ilusão pensar que quando jogamos com os altos, louros e toscos vencemos facilmente!!!
- Ontem, o Benfica não começou a correr com o golo do Cardozo... foi evidente que durante toda a 2.ª parte, a equipa, com pouca cabeça é verdade, deu tudo o que tinha... Aliás, acho mesmo que após o golo do Cardozo, não voltámos a criar tanto perigo... mais por falta de frieza, do que de vontade.
- Houve assobios no fim, é verdade... mas a nota de maior destaque, foi o apoio incondicional principalmente durante a 2.ª parte, de todo o público Benfiquista presente.
- A Leonor também não evitou, infelizmente, uma graça, com o Roberto. Este post do Antitripa, explica bem o como, e o porquê, da existência destas campanhas...

Oxímoros

"Um oxímoro é uma figura de estilo literário que junta duas palavras ou expressões que, em termos lógicos, se contradizem ou excluem, formando um paradoxo. Camões usou muito esta forma, sendo que o seu mais conhecido oxímoro é o contentamento descontente. Na linguagem corrente há outros exemplos interessantes. Como um ilustre desconhecido, um silêncio ensurdecedor, uma obscura claridade, uma lúcida loucura. Ou, ainda, um eterno instante, tal qual o golo de Kelvin ao minuto 92 que para uns, é eterna alegria e para outros, eterno desgosto.
Gosto desta figura literária que junta opostos para exprimir a turbulência dos paradoxos da vida. Como disse Agostinho da Silva, «não sou do ortodoxo nem do heterodoxo; cada um deles só exprime metade da vida; sou do paradoxo que a contém no total».
Pus-me a pensar em oximoros (ou quase oxímoros) que se possam aplicar ao futebol. E logo me lembrei do primeiro e mais provocativo jogo de duas palavras que têm dificuldade em coexistência neste meio: ética futebolística.
Há outras expressões paradoxais muito curiosas no jargão futebolístico. É o caso dos golos de bola parada, hoje tão ou mais decisivos dos que os de bola corrida. Ou a táctica de que, afinal, a melhor defesa é o ataque. Ou que aquele jogador ataca de costas para a baliza. Por vezes, ouço também dizer que se joga futebol aéreo quando não há espaço (o que dirão os pilotos de aviação?). Ou que o guarda-redes não sabe jogar fora dos postes. Ás vezes há um aparente oxímoro horário quando, à noite, se diz que foi a defesa da tarde! Finalmente, um que agora está muito na moda: descansar com a bola..."

Bagão Félix, in A Bola