quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Oxímoros

"Um oxímoro é uma figura de estilo literário que junta duas palavras ou expressões que, em termos lógicos, se contradizem ou excluem, formando um paradoxo. Camões usou muito esta forma, sendo que o seu mais conhecido oxímoro é o contentamento descontente. Na linguagem corrente há outros exemplos interessantes. Como um ilustre desconhecido, um silêncio ensurdecedor, uma obscura claridade, uma lúcida loucura. Ou, ainda, um eterno instante, tal qual o golo de Kelvin ao minuto 92 que para uns, é eterna alegria e para outros, eterno desgosto.
Gosto desta figura literária que junta opostos para exprimir a turbulência dos paradoxos da vida. Como disse Agostinho da Silva, «não sou do ortodoxo nem do heterodoxo; cada um deles só exprime metade da vida; sou do paradoxo que a contém no total».
Pus-me a pensar em oximoros (ou quase oxímoros) que se possam aplicar ao futebol. E logo me lembrei do primeiro e mais provocativo jogo de duas palavras que têm dificuldade em coexistência neste meio: ética futebolística.
Há outras expressões paradoxais muito curiosas no jargão futebolístico. É o caso dos golos de bola parada, hoje tão ou mais decisivos dos que os de bola corrida. Ou a táctica de que, afinal, a melhor defesa é o ataque. Ou que aquele jogador ataca de costas para a baliza. Por vezes, ouço também dizer que se joga futebol aéreo quando não há espaço (o que dirão os pilotos de aviação?). Ou que o guarda-redes não sabe jogar fora dos postes. Ás vezes há um aparente oxímoro horário quando, à noite, se diz que foi a defesa da tarde! Finalmente, um que agora está muito na moda: descansar com a bola..."

Bagão Félix, in A Bola

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