quarta-feira, 21 de março de 2012

Nosso campeão

"Não é fácil, nem meu objectivo, decifrar nestas linhas por que motivo nos sentimos colados aos feitos das gentes grandes que nascem dentro das fronteiras em que também nós viemos ao Mundo.
Poderá alguém propor que tal se deva à proximidade física, mas se assim fosse um português de Elvas mais depressa vibraria com um jogo de futebol do Badajoz que com qualquer um da Liga portuguesa. Pode ser da língua, poed ser da educação - quem teve aulas de história há pelo menos 20 anos bem sabe como nos manuais o nosso País era engrandecido perante Espanha, por exemplo.
Acredito que também as limitações com que nos vimos crescer, as dificuldades que sentimos ao longo da vida, tenham influência. Quando vimos Carlos Lopes ganhar a medalha de Ouro nos Jogos Olímpicos de 1984 sentimos o pulsar de um país nas veias.
Somos, por todas estas razões, um povo grato a quem nos eleva a bandeira. E a quem luta com as suas forças, transformando o seu suor e as suas lágrimas nos nossos sorrisos. E é por isso que hoje, 28 anos depois dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, eu quero agradecer ao António Leitão, magnífico atleta, que nos deixou esta semana. Descansa em paz, campeão.
..."

Nuno Perestrelo, in A Bola

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