sexta-feira, 9 de março de 2012

A hora de Nélson Oliveira

"Vi Nélson Oliveira jogar pela primeira vez na Fase Final do Mundial de Sub-20 e fiquei impressionado com a sua velocidade, pujança física, criatividade e espírito de sacrifício. Há muito tempo que não via um jogador tão jovem a evidenciar qualidades já tão amadurecidas e inequívocas. Em boa parte, por causa dele lamentei que o título não viesse para Portugal. Toda a equipa o merecia, mas ele foi um elemento decisivo para um êxito no qual muito poucos quiseram acreditar desde o início. Costuma ser assim em Portugal: só quando o comboio já vai adiantado na viagem é que se começa a acreditar que chega ao destino, e ainda por cima a horas. Agora tenho-o visto jogar com as cores do nosso Benfica e não me equivoco se disser que, se não houver contrariedades e imponderáveis, estamos em presença de um dos maiores jogadores portugueses e internacionais desta década, que será a da sua consagração e triunfo.

Nélson Oliveira é um ponta-de-lança natural, possante e inspirado, com sentido de golo e um poder concretizador invulgares. Jorge Jesus sabe-o bem e está a abrir-lhe o caminho para que a sua posição se consolide, e o mesmo está agora a acontecer com Paulo Bento na Selecção Nacional, cujas portas acabam de lhe ser franqueadas. Por isso acredito que Nélson veio para ficar e que vai ter uma palavra importante a dizer ainda nesta época do Benfica, ajudando a fazer esquecer estas pequenas derrapagens que custaram cinco preciosos pontos num momento em que não se pode dar a mínima margem de manobra à má sorte, sobretudo quando se tem a melhor equipa do Campeonato e se está a praticar, de longe, o melhor futebol.

E é justamente quando o cansaço começa a pesar nos músculos que é preciso trazer sangue novo, ainda por cima nacional e da melhor lavra. Nélson Oliveira tem no rosto, mesmo olhando-o à distância, a determinação dos campeões e sabe que as grandes oportunidades só se têm uma vez na vida. A dele chegou agora e não vai ser esbanjada."


José Jorge Letria, in O Benfica


PS: Esta crónica foi escrita antes dos jogos com os Corruptos e o Zenit.

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