segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Um certo livro de George Orwell...

"Não conheço pessoalmente João Ferreira. Dele tenho boa impressão como árbitro - não é um sobredotado mas justifica as insígnias da FIFA - e sei tratar-se de alguém que anda pelo Mundo de espinha direita.

Há uns anos, em Alvalade, ficou marcado por um Sporting-Paços de Ferreira ao validar um golo de forasteiro Ronny, obtido com a mão. Estive, nessa noite, no anfiteatro leonino e da bancada de imprensa também não descortinei qualquer irregularidade. Nem eu, nem a esmagadora maioria dos espectadores. O Paços marcou e seguiu-se um silêncio sepulcral entre os leões, que durou cerca de um minuto. Depois, ouviu-se uma vaia monumental. As rádios, após verem a repetição televisiva, tinham acabado de dar conta de que o golo tinha sido altamente irregular, coisa que toda a gente, nos dias seguintes, teve a oportunidade de confirmar. A indignação leonina («com a mão, andebol...», disse na altura Paulo Bento) levou a que João Ferreira ficasse susceptibilizado com o Sporting. Porém, depois dessa noite, já fez oito jogos dos leões. Mas não quis ir ontem a Aveiro, por sentir-se pressionado com notícias que davam conta de algum desconforto sportinguista quanto às nomeações para a segunda jornada. Que mal que fez! Em primeiro lugar porque não foi coerente, uma vez que, em 2009/10, colocado em causa, de viva voz, pelo treinador-adjunto do FC Porto, antes duma partida dos dragões com a Académica (a seguir ao episódio do túnel da Luz de que João Ferreira, quarto árbitro nessa noite, foi testemunha) para que foi noemado, não pediu escusa. Depois, porque, de facto, nenhum responsável leonino produziu on record, pelo menos, quaisquer declarações a contestá-lo. Finalmente, porque ao dizer que não queria ir a Coimbra puxou o tapete a Vítor Pereira e abriu a caixa de Pandora de onde saltou, de imediato, quem viu a sua estratégia de voltar a mandar na arbitragem abortada pela imposição dos novos estatutos da FPF e encontrou, neste episódio, uma oportunidade de ouro...

Os restantes árbitros, alegadamente solidários com João Ferreira, também disseram não a Aveiro, desrespeitando a indústria onde dizem querer ser profissionais. Com esta mentalidade, nem no INATEL deviam apitar (sem ofensa para os árbitros do INATEL...). Acredito que não era isto que João Ferreira pretendia. Mas foi esta a consequência do seu acto.

Em resumo, desgraçadamente, o controlo da arbitragem continua a ser, no futebol português, a jóia da coroa. O Apito Dourado deu a ver (e ouvir) como funcionava o sistema. Este embora ferido, procura recuperar o terreno perdido. E, se calhar, vai conseguir...

Iremos assistir a uma nova versão do clássico Animal Farm, de George Orwell, traduzido para português como O Triunfo dos Porcos? A frase emblemática desse livro é «todos são iguais, mas uns são mais iguais que os outros».



«Um tipo com um apito pode matar o melhor investimento, pode empolar o valor da uva mijona e aldrabar um dos mais poderosos negócios nacionais (o futebol)»

Moita Flores, presidente da CM Santarém, in 'Correio da Manhã'


Duríssimas palavras de Moita Flores que alertam, sobretudo, para o poder das equipas de arbitragem (a propósito, péssimo e preocupante arranque dos assistentes na Liga Zon-Sagres) no futebol. Aliás, só o controlo de tanto poder explica a guerra sem quartel que por aí anda, a propósito da presidência dos árbitros, quando esta passar da Liga para a FPF.

..."


José Manuel Delgado, in A Bola

Sem comentários:

Enviar um comentário

A opinião de um glorioso indefectível é sempre muito bem vinda.
Junte a sua voz à nossa. Pelo Benfica! Sempre!