segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Solidariedade no futebol

"As sociedades portuguesa, europeia e mundial atravessam crise económica/financeira de mil demónios, com as gravíssimas sequelas sociais de ela cair sobre os costados de quem, sem mais furos para apertar no cinto, já tem o estômago encostado às costas. Os ricos sentem-se protegidos, os remediados minguam em aceleradíssimo ritmo e os pobres alastram, já na miséria ou vendo-a ao virar da esquina.

Também no futebol se vê tal destrambelho, mas dele vieram dois exemplos de a solidariedade não ter de andar por avenidas de terrível amargura. Em Espanha, greve geral ao início da Liga, encabeçada por milionários do Barcelona e do Real Madrid que não esquecem os 200 futebolistas com ordenados em atraso. Em Portugal, árbitros de 1.ª categoria unidos no intelectual desagravo ao colega João Ferreira. Já lhes critiquei corporativismo. Não o vejo neste caso. Porque o árbitro cometeu grave erro, já lá vai mão cheia de anos!, é inadmissível sobre ele lançar suspeitas de errar de propósito, ou por incompetência. A este longo prazo, nenhum escaparia a veto de quase todos os clubes.

E, se é aceitável árbitro dos distritais para jogo da I Liga, a questão mor não está no nível de competência... já agora: qual foi o do Sporting, ontem, em Aveiro?"


Santos Neves, in A Bola

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