terça-feira, 30 de dezembro de 2025

Foram todos obrigados a voltar e apagar a imagem da primeira parte


"Primeira parte podia ter deitado tudo a perder, e certamente deitou alguma coisa. Na segunda Mourinho insistiu nos mesmos onze mas ter-lhes-á explicado melhor o que fazer. Golaço de Aursnes e Pavlidis um furo acima dos outros em missão bem ingrata

A figura do Benfica: Pavlidis (7)
Faltou-lhe o golo para coroar mais uma ótima exibição na frente de ataque encarnada. Quer dizer, ele marcou, mas não valou porque estava em posição de fora de jogo. Passou a primeira parte quase toda a ver jogar, mas nas duas vexzes em que apanhou a jeito esboçou reações do Benfica ao melhor Braga que andava pelo campo. Na segunda entrou logo a ameaçar na área e decidiu assumir de vez as descidas ao meio-campo e as receções de costas para a baliza, servindo os colegas que agora sim, finalmente, lhe iam aparecendo nas imediações. No meio de múltiplos movimentos destes que ajudaram à supremacia encarnada, serviu Aursnes para o golaço da noite, tabelou com Tomás Araújo e o defesa quase marcou aos 56 minutos e aos 70 quase conseguia servir Dahl para mais um tento dos visitantes.

5 Trubin Com nada a fazer nos golos sofridos que contaram, poderia contudo ter feito algo mais no que foi anulado ao SC Braga logo aos 18 minutos. Em compensação, teria sido o garante do empate se Grillitsch não estivesse fora de jogo aos 85 minutos. Que defesa! De resto, poucas intervenções, sobretudo na segunda parte.

6 Dedic No descalabro da primeira parte estava a ser o elemento-mais do Benfica, capaz de carrilar minimamente o jogo pela direita. Muito atento aos 15 minutos, a cortar um livre traiçoeiro de Ricardo Horta, e aos 27, a dobrar um dos erros de Dahl lá do lado contrário ao dele. Manteve o balanceamento ofensivo no segundo tempo, aqui já com mais companhia.

6 Tomás Araújo Viu cartão amarelo muito cedo, logo à passagem do quarto de hora, mas isso não o condicionou no trabalho que realizou ao longo de todo o jogo, limpando com assertividade a área na maioria das ocasiões. Esteve, como três quartos da defesa, menos bem no segundo golo bracarense e na segunda parte ia conseguindo redimir-se, quando tabelou com Pavlidis e obrigou Hornicek a grande defesa.

6 Otamendi A autoridade habitual na larguíssima maioria dos momentos, com exceção do segundo golo bracarense, quando foi à queima ser fintado por Pau Victor em plena pequena área. Como já tanto tem sucedido, fez de meia oportunidade um golo e colocou o Benfica a ganhar com o enésimo cabeceamento fulgurante da carreira, respondendo a livre de Sudakov. Aos 89 marcou outro golo através de um corte sublime junto à baliza encarnada.

4 Dahl É certo que melhorou no segundo tempo, teve menos oscilações defensivas, rematou com perigo aos 70 minutos e aos 74 chegou a mesmo a marcar, só que não valeu. Na primeira parte, porém, acumulou um conjunto de equívocos, posicionais e de abordagem aos lances, que criou calafrios quanto baste ao Benfica e originou dois erros fatais: o penálti do empate e a facilidade com que foi ultrapassado por Zalazar no segundo golo bracarense. Noite para esquecer... ou não.

5 Barrenechea Foi tentando, sem grande sucesso, colocar lucidez no processo defensivo encarnado durante a primeira parte, mas também ele foi apanhado na teia de adversários que rodopiavam pelo meio-campo, baralhavam marcações e zonas de pressão e dificultavam, ainda, a saída para o ataque. Neste particular Barrenechea melhorou, como todos, durante a segunda metade e no capítulo da agressividade positiva ainda respirava saúde na reta final do encontro.

5 Ríos Foi, além de Dedic, o homem que deitou mão ao jogo para arrumar melhor a casa, ainda na primeira parte. Aos 40 minutos já tinha dois remates, algo que tentaria mais vezes, sem êxito, até final. No arranque do período de compensação da primeira metade, o erro capital, ao não aliviar o cruzamento de Zalazar que lhe foi parar aos pés, perdendo para Pau Víctor, que ultrapassaria Tomás Araújo e Otamendi antes de bater Trubin.

7 Aursnes De menos a mais, como a generalidade dos colegas, sendo que o menos de Aursnes dificilmente não fica acima da mediana da amostra e o mais facilmente se coloca na extremidade direita da escala de valores. Atento às dobras, como sempre, foi algo passivo na forma como deixou Zalazar cruzar para o cabeceamento de Dorgeles que acabou na mão de Dahl. Aos 53 minutos teve o melhor momento do jogo — que golaço em remate colocadíssimo da entrada da área! — e aos 80 perdeu a oportunidade de ser o herói encarnado quando falhou, de pé esquerdo, dentro da área, um 3-2 que parecia fácil.

4 Leandro Barreiro Muito apagado, perdido na maior parte dos momentos do jogo, incapaz de protagonizar as aproximações habituais ao ponta de lança que tantos problemas já têm solucionado ao Benfica. Também foi obrigado a voltar para jogo, mas acabou naturalmente por ser um dos dois substituídos por Mourinho na hora do tudo ou nada. 6 Sudakov — Marcou o livre que deu o 1-0, iniciou o contra-ataque para o 2-2 e voltou a estar brilhante aos 66 minutos, na jogada de um dos golos anulados. Na segunda parte desprendeu-se da esquerda, atacou mais o meio e dá a sensação de que o Benfica ganha algo em tê-lo em zona mais criativa. Também saiu.

4 Ivanovic Posicionou-se na esquerda, mas não foi a tempo de entrar verdadeiramente no jogo.

5 Prestianni Ao contrário de Ivanovic, deu vivacidade ao último fôlego encarnado, jogando atrás de Pavlidis a partir dos 79 minutos."

Brinde de réveillón para fazer com copo meio vazio


"Duelo entre SC Braga e Benfica acabou empatado, até na frustração

O brinde da passagem de ano será acompanhado por expressões carrancudas, o copo de SC Braga e Benfica estará meio vazio de um champanhe sem sabor, depois de um empate a dois golos que não agrada a nenhum dos lados, mas que penaliza sobretudo as aspirações da equipa de José Mourinho na luta pelo título.
Se a vantagem arsenalista ao intervalo do duelo no Minho era mais do que merecida, a reação das águias dominou claramente a etapa complementar. No final prevaleceu o equilíbrio no resultado e na frustração, embora faça sentido pesar mais o prejuízo do Benfica, que pode acabar o ano a dez pontos da liderança da Liga, se o FC Porto vencer o Aves SAD.
Com Leandro Barreiro de volta às opções, Mourinho não hesitou em recuperar o luxemburguês para o onze, em detrimento de Prestianni, com a intenção clara de manter a pressão alta que tem sido imagem de marca do seu Benfica.
O SC Braga, com seis alterações na equipa titular – relativamente ao jogo com o Caldas, da Taça de Portugal -, precisou de alguns minutos para entrar verdadeiramente em campo, mas não tardou assim tanto a criar sérias dificuldades ao opositor, com uma espécie de 3x7x0 em organização ofensiva, com Víctor Gómez, Vitor Carvalho e Arrey-Mbi na primeira fase de construção, e liberdade total a partir daí. Sem referência ofensiva fixa, a equipa de Carlos Vicens tanto colocava Lelo como Ricardo Horta a dar largura à esquerda, e Zalazar e Dorgeles a fazer o mesmo na direita.
A equipa da casa teve um primeiro ensaio para o golo ao minuto 19, mas Ricardo Horta fez falta para ultrapassar o outro capitão, Nico Otamendi.
O Benfica fez o primeiro remate ao minuto 26, por Ríos, mas três minutos depois estava a festejar a vantagem, aproveitando um livre lateral que Sudakov colocou na cabeça de Otamendi.
O SC Braga não acusou o golpe inesperado, e deu a volta ao marcador ainda antes do intervalo. Um golo anulado a Pau Víctor deu lugar ao penálti do empate de Zalazar, mas depois foi mesmo o avançado espanhol, com muita classe, a dar vantagem à equipa da casa, aproveitando uma escorregadela de Ríos já em período de compensação.
O Benfica foi outro na segunda parte: definiu melhor os momentos de pressão e foi bastante mais competente na construção, com Enzo a recuar para linha dos centrais e Dedic e Dahl mais projetados, empurrando Aursnes e Sudakov para junto de Barreiro e Ríos. A equipa de José Mourinho virou o jogo no corredor central e chegou ao empate logo ao minuto 53, com um golaço de Aursnes. 
Com Sudakov habilitado a criar desequilíbrio entre linhas, as águias tiveram golo anulado ao minuto 66, num lance em que Pavlidis foi apanhado em posição irregular, depois de servido precisamente pelo ucraniano. Apenas oito minutos depois a cena repetiu-se, mas para anular uma finalização de Dahl, com João Gonçalves a assinalar falta de Ríos sobre Vitor Carvalho.
Aursnes ainda desperdiçou soberana ocasião para desequilibrar o resultado, ao minuto 80, mas por essa altura - já sem Sudakov em campo - o jogo tinha entrado numa anarquia tal que Ricardo Horta ainda viu o segundo cartão amarelo, e consequente vermelho, ao minuto 90+3.
A equipa de Carlos Vicens falhou o assalto ao quarto lugar da tabela classificativa, mas o Benfica fica (ainda) mais distante do seu objetivo de sempre. A formação orientada por José Mourinho arrisca-se a entrar em 2026 já com um atraso de dois dígitos para o líder FC Porto."