segunda-feira, 8 de dezembro de 2025
FPF e VT Markets: a parceria que ninguém consegue explicar
"Esta semana ficámos a saber que a FPF fez uma parceria com a plataforma de trading VT Markets com um slogan ambicioso: 'Invista na excelência'. A FPF utilizou ainda uma comparação entre a «forma credível e de alto desempenho» como opera a plataforma VT Markets e a capacidade de Portugal em produzir futebolistas de classe mundial. A forma como foi apresentada, faz com que esta parceria pareça ser perfeita. Contudo há um pormenor que não se pode ignorar: a VT Markets não tem licença para operar em Portugal nem na União Europeia!!
Ignorar os alertas
Esta parceria, anunciada com pompa e circunstância, causa uma enorme estupefação a quem lida diariamente com corretoras e com os mercados financeiros. Quem trabalha neste setor sabe que os reguladores têm uma enorme preocupação em salvaguardar e proteger os consumidores e investidores, garantir a estabilidade e a eficiência do mercado e prevenir riscos. Como tal, estabelecem um conjunto de pressupostos que têm de ser alcançados pelas entidades que querem ter uma licença ativa num país da União Europeia. Ora é aqui que surge o primeiro entrave. A FPF assinou a parceria no dia 15 de outubro de 2025. Nesta data já eram públicos os alertas dos reguladores do Reino Unido, Dinamarca, Bélgica e Itália. Todos eles alertaram os investidores para não investirem através da plataforma VT Markets, sendo que o regulador do Reino Unido alertou, inclusivamente, para o risco de fraude. Aqui surgem as primeiras questões: A FPF sabia destes alertas? Se sim, preferiu ignorá-los? Ou será que entendeu que as licenças na Austrália ou na África do Sul são suficientes para legitimar uma operação totalmente irregular na Europa?
FPF:
Resposta inconclusiva
A FPF teve a necessidade de emitir um comunicado para responder às dúvidas colocadas pela comunicação social. Nesse comunicado, refere que esta parceria «cumpre escrupulosamente os requisitos legais e de compliance». Aqui a questão que não se percebe é que requisitos serão estes, que contrariam o entendimento dos supervisores europeus, que têm como principal função proteger os cidadãos de riscos financeiros. Será que o departamento de compliance da FPF tem mais experiência, dimensão, capacidade e conhecimento que os compliances dos supervisores europeus do Reino Unido, Dinamarca, Bélgica ou Itália?
FPF: Marca global
Esta questão ganhou novos contornos quando se verificou que existe uma página da VT Markets em português, com imagens de Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Félix e Cancelo. Com poucos cliques qualquer utilizador pode abrir uma conta de trading rapidamente. Será que os jogadores em causa autorizaram a exploração da sua imagem para este fim? Os jogadores sabem que esta plataforma não está licenciada na Europa? Reconhecendo a dimensão da sua marca, será que FPF tem a noção que esta parceria não se limita ao Médio Oriente ou ao Norte de África (conforme mencionado no comunicado), mas a todos os consumidores portugueses e europeus?
FPF: Os grandes riscos
A FPF tem estatuto de utilidade pública desportiva e rege-se pelas leis portuguesas. Tem um peso mediático e uma responsabilidade social que extravasam as suas funções no futebol em Portugal. Ao concretizar esta parceria está a carimbar a VT Markets (que não está autorizada a operar na UE) com o seu selo de credibilidade. Em simultâneo, poderá estar a expor os fãs e seguidores da FPF a uma plataforma que contem riscos indesejados aos olhos dos reguladores europeus. Aqui, mais uma vez, ficam perguntas sem resposta: Se os consumidores aderirem a esta plataforma por confiar na FPF, qual é a entidade a quem estes devem recorrer para defender os seus direitos e interesses? E a quem devem recorrer para os informar, esclarecer dúvidas ou para intervir em casos de práticas abusivas? Qual o mecanismo de proteção dos investidores em caso de insolvência? É o da Austrália? Da África do Sul? O mecanismo português não será de certeza porque, conforme foi referido anteriormente, esta plataforma não tem licença para operar em Portugal. Por fim, existe outro risco importante e que a FPF possivelmente deve ter tido em conta, que é o risco reputacional. Neste caso, a VT Markets traz consigo todo um conjunto de riscos e receios que estão na origem dos alertas de vários reguladores europeus.
FPF tem de ser exemplar
A FPF é uma instituição que tem um enorme peso social. Por esse motivo, tem de tentar ser um exemplo em tudo o que faz. Nesta parceria a FPF não foi exemplar. Ficam muitas questões por responder, embora não me pareça que exista muito interesse em esclarecer a opinião pública. Este caso serve apenas para começar a concordar com a afirmação de Pedro Proença na sua tomada de posse quando referiu que «vamos fazer o que ainda não foi feito». De facto, o que FPF fez neste caso, nunca tinha sido feito…
A Valorizar:
Marco Silva
O Fulham perdeu, mas fez uma grande exibição. A equipa de Marco Silva esteve a perder por 1-5, mas por pouco não empatou frente ao Man City. O destaque está na forma como o fez: com critério, personalidade, organização e com muito controlo emocional.
A desvalorizar:
APAF
Um comunicado com uma ameaça de greve, mas que por trás teve uma clara intenção de fragilizar o Presidente da Liga de clubes. Não é desta forma que se contribui para a evolução do futebol português."
Mourinho está a comprar tempo
"Para já, o treinador do Benfica conseguiu anular os rivais no confronto direto; se é curto ou não, dependerá da perspetiva de cada um... e do que o FC Porto fizer hoje em Tondela
José Mourinho não poderia dizer outra coisa tendo em conta que ainda há muitas jornadas pela frente, mas a possibilidade de o Benfica ficar a oito pontos do FC Porto na eventualidade de os dragões vencerem hoje o Tondela deixará as águias a precisar de um deslize alheio monumental para a conquista do título. Acredito no entanto que, com a experiência acumulada em mais de 20 anos de carreira, essa não é, para já, a prioridade do técnico dos encarnados: em primeiro lugar, porque não é algo que depende de terceiros; segundo, porque à medida que o tempo vai passando é notório que o grande objetivo de Mourinho é ganhar tempo, fazer acertos do ponto de vista tático com aqueles que tem e esperar que janeiro lhe traga matéria-prima para começar a construir um Benfica à sua medida.
O que conseguiu, para já, pode ser analisado de duas formas: por um lado estancou feridas, por outro não conseguiu ferir os principais adversários. Analisando os dois confrontos com FC Porto e Sporting, pode dizer-se que o Benfica conseguiu anular os dois rivais, mas não os vergou. Se para um treinador com tanto lastro e objeto de estudo isto poderá parecer pouco, também é justo dizer que está numa luta desigual face a Rui Borges e Francesco Farioli – o tempo (ou a falta dele) é uma variável a ter muito em conta.
Muitos talvez estivessem, a esta hora, à espera de ver uma equipa com mais vertigem, mas isso seria ignorar o que aconteceu nos últimos anos: Mourinho tornou-se um treinador mais prático, em muitos casos trabalhando com menos recursos humanos ou financeiros nas equipas que dirigiu face aos concorrentes internos. No Benfica não se pode dizer que está num clube com menos dinheiro que leões e dragões, mas dirige um plantel mais desequilibrado. E mesmo assim foi a melhor equipa em campo, durante mais tempo, frente ao bicampeão em título.
Isto pode parecer pouco, porque o FC Porto conseguiu-o em Alvalade, mas é na soma de detalhes que José Mourinho tenta erguer alguma coisa minimamente sólida. Como por exemplo a subida de rendimento de Richard Ríos, o travão a movimentos inconsequentes de Dedic e melhor entendimento entre Sudakov e Aursnes.
Tudo isto ainda é curto? É provável, dependendo se o FC Porto realinhar os chacras: o rolo compressor parece estar menos oleado, ainda assim é suficientemente robusto para poder dobrar o ano civil com um estatuto que há muito andava desaparecido na Invicta: aquele que ilumina o caminho."
Atividade do fim de semana
"Esta edição da BNews é dedicada aos jogos de várias equipas do Benfica ao longo do fim de semana.
1. Triunfo merecido
A Equipa B do Benfica venceu, por 2-0, frente à Oliveirense.
2. Vitória tardia, mas justa
Em futebol no feminino, o Benfica ganhou, por 3-2, ante o SC Braga.
3. Outros resultados (masculinos)
Em basquetebol, vitória benfiquista no reduto da Ovarense por 70-96. Em andebol, empate 30-30 na visita ao FC Gaia. Em hóquei em patins, triunfo, por 2-5, no rinque do HC Braga. Em voleibol, sucesso na receção ao CA Madalena (3-0). No polo aquático, desaire na deslocação ao Fluvial Portuense (28-4). Os Iniciados de futebol ganharam por 2-1 ao Farense. Esta manhã, os Juvenis, também frente ao Farense, mas na condição de visitante, empataram por 1-1.
4. Outros resultados (femininos)
No embate com o União Sportiva em basquetebol, triunfo do Benfica por 75-69. Em polo aquático, vitórias nas visitas ao Lousada XXI (2-31) e ao Fluvial Portuense (10-14). Em râguebi, derrota com o RC Bairrada/RC Tondela, por 22-26.
5. Jogos do dia
Às 14h00, o Benfica visita o Agronomia em râguebi. Os Juniores recebem o União Leiria às 15h00. Em andebol no feminino, embate na Luz com o CS Madeira às 16h30. Também na Luz, mas às 19h00, é a vez da equipa feminina de hóquei em patins receber o CENAP. À mesma hora, em voleibol no feminino, há dérbi com o Sporting no Pavilhão João Rocha."
Cliver Sánchez é craque. Apostem nele!
"Sem acreditação para a final da Libertadores, um jovem peruano de 15 anos subiu ao topo de uma montanha e relatou o Palmeiras-Flamengo. Era o início de um conto de fadas que emociona...
A saga de Cliver Huamán Sánchez, peruano de 15 anos que se lançou em viagem de 800 quilómetros ao longo de 18 horas de autocarro para relatar a final da Taça dos Libertadores da América, é muito mais do que uma curiosidade que viralizou. Em tempos de fakenews e desinformação despudorada, é um episódio inspirador do que significa amar verdadeiramente o jornalismo e o futebol. Um adolescente recupera, na inocência dos verdes anos, a essência desta profissão — a paixão genuína de contar uma história mesmo perante obstáculos (in)ultrapassáveis como a falta de uma acreditação para entrar no Estádio Monumental, onde o Flamengo ergueu o troféu após vencer o Palmeiras (1-0).
Com o sonho de fazer carreira no jornalismo desportivo, não desistiu e subiu até ao topo de Cerro Puruchuco, a montanha que circunda Lima e miradouro privilegiado para adeptos sem bilhete espreitarem o encontro. Improvisou, então, um estúdio ao ar livre e via TikTok — munido só de um telemóvel fixo num tripé e de um microfone, de fato com uma bandeira da cidade natal de Andahuaylas nas costas, à boleia do Pol Deportes, projeto pessoal que encanta nas redes sociais — produziu um hino ao romantismo que emociona.
No negócio da comunicação, é hoje em dia decisivo estar atento a métricas, cliques, visualizações e algoritmos, sob pena de as empresas não resistirem. Cliver lembra-nos, porém, que a base de tudo é a entrega, o brio, a vontade indómita de informar. E foi isso que mostrou aos quase 47 mil espectadores que o acompanharam em direto, enquanto o vídeo que mostra toda a façanha já soma mais de 12 milhões de visualizações no TikTok.
«Cumprimos a promessa de narrar a decisão da Libertadores», congratulou-se, eufórico, junto dos seguidores, incrédulo com a recetividade.
Sem tecnologia de última geração ou produção grandiosa a apoiá-lo, apenas ele — a sua voz, a sua emoção, a sua coragem — operou o milagre. Uma aventura de superação, de entrega, de amor puro. Não esteve no relvado que consagrou Danilo com um cabeceamento eterno, mas viveu cada momento como se estivesse. E transmitiu essa energia a milhares de pessoas.
«És o reflexo do peruano que se esforça todos os dias e que contribui para o desenvolvimento do país. Estou muito orgulhoso de ti. A vida e o futebol vão dar-te o lugar que mereces. Quero que estejas comigo na cabine e vais narrar alguns minutos», elogiou Peter Arévalo na transmissão da L1MAX, durante o intervalo do Sporting Cristal-Alianza Lima, quatro dias depois, na primeira mão das meias-finais do campeonato do Peru.
Uma jornada gloriosa para Cliver, que ainda recebeu de oferta uma edição especial da camisola do clube local oferecida por Julio César Uribe, antigo selecionador e internacional peruano. Também Paolo Guerrero, avançado de 41 anos que brilhou no Bayern, Hamburgo, Corinthians e Flamengo, entre outros, presenteou o jovem com uma camisola dos forasteiros. Na quarta-feira, assistirá no Bernabéu ao Real Madrid-Manchester City a convite do canal Latina Televisión, duelo de gigantes da fase de liga da Champions.
Quem não souber o que é um conto de fadas, pergunte a Cliver Huamán Sánchez. Ele está a escrevê-lo ao vivo — e nós temos a sorte de o testemunhar."
Proteção do talento jovem: o desafio jurídico das transferências de menores no espaço europeu
"Num cenário cada vez mais competitivo e globalizado, o futebol profissional tem revelado jovens talentos que se destacam precocemente. Multiplicam-se os casos de atletas que, ainda em idade júnior, conquistam espaço nas equipas principais e assumem papéis decisivos em competições de alto nível, provando que a idade não é barreira para o sucesso.
Esse protagonismo inicial desperta, inevitavelmente, o interesse de emblemas estrangeiros que procuram assegurar, desde cedo, as futuras promessas.
Porém, esse ímpeto colide com uma das normas basilares da FIFA: o artigo 19.º do Regulamento sobre o Estatuto e a Transferência de Jogadores (RSTP), que, em regra, proíbe as transferências internacionais de jogadores com menos de 18 anos, admitindo apenas exceções estritamente delimitadas.
Tal proibição não é uma imposição burocrática, mas uma opção de política desportiva global, que visa prevenir fenómenos de exploração, migrações desportivas precárias e situações de desproteção social.
Entre as exceções previstas destacam-se: a mudança de residência dos pais para o país do novo clube por motivos alheios ao futebol; a residência do jogador a menos de 50 km da fronteira e inscrição em clube situado até 50 km dessa fronteira, não excedendo 100 km entre residência e clube. No contexto europeu, acresce ainda o cumprimento de requisitos atinentes ao percurso académico e a garantia de condições de treino de excelência, a possibilidade de transferência de jogadores entre os 16 e os 18 anos dentro da União Europeia ou do Espaço Económico Europeu.
É nesta exceção europeia que se trava um dos mais delicados e decisivos desafios do futebol contemporâneo. A convergência normativa entre o regime FIFA e os princípios fundamentais da livre circulação de trabalhadores e da igualdade no mercado interno europeu - consagrados na jurisprudência emblemática do Caso Bosman e reforçados pelo diálogo institucional entre a Comissão Europeia e a FIFA - permitiu desenhar um equilíbrio: a mobilidade antecipada torna-se possível, porém condicionada a um robusto sistema de garantias materiais e procedimentais que assegurem o interesse superior do jovem atleta.
Na prática, a proteção deste superior interesse traduz-se num modelo de controlo particularmente rigoroso e exigente: o clube que pretende inscrever o atleta menor deve apresentar, paralelamente ao pedido de transferência internacional, um dossier detalhado que comprove, de forma clara e objetiva, a garantia de formação desportiva de qualidade, integração escolar que assegure uma alternativa de carreira fora do futebol, condições de alojamento dignas e estáveis, assim como um sistema estruturado de tutoria e acompanhamento pessoal ao longo de todo o período de formação.
O processo de compliance é submetido a um duplo escrutínio hierárquico. Antes de chegar à FIFA, as federações nacionais certificam a integridade do pedido, sob pena de devolução imediata. Ultrapassada esta triagem preliminar e confirmada a conformidade integral com os requisitos regulamentares, o processo é remetido à Players' Status Chamber do Football Tribunal da FIFA, instância decisória competente para a deliberação final. A homologação proferida por este órgão confere plena validade jurídica à transferência internacional de menor, dotando-a de eficácia «erga omnes» no ordenamento desportivo internacional.
No entanto, cumpre não olvidar que as consequências da não conformidade poderão ser severas. O incumprimento poderá implicar não só indeferimento do pedido, mas também sanções disciplinares para os clubes, incluindo proibições temporárias de registo de novos jogadores.
A «porta europeia» não é, portanto, uma abertura de mercado, mas um corredor estreito reservado a clubes que demonstrem compromisso sério com a formação integral do atleta menor. Atua como um modelo que transcende o mero rendimento desportivo, impondo aos clubes padrões de responsabilidade social e ética, garantindo que os objetivos competitivos dos clubes coexistam com superior interesse do jovem atleta, equilibrando o direito à livre circulação com a salvaguarda dos seus direitos fundamentais. Nesta esteira, promove-se uma cultura de sucesso sustentável, onde o talento floresce num ambiente protegido, ético e socialmente responsável."
Emirates
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— SL Benfica (@SLBenfica) December 6, 2025




