"COM O CAMPEONATO NACIONAL
DECIDIDO HÁ SEMANAS,
O ÁRBITRO TERMINOU O JOGO
ANTES DO TEMPO.
Na temporada 1964/65, o Benfica
entrou no Campeonato Nacional
de forma fulgurante, goleando
o Lusitano de Évora (5-0)
e o Sporting (3-0). Os empates nas três
jornadas seguintes levantaram algumas
dúvidas sobre se os encarnados estariam
em condições de se sagrarem tricampeões nacionais. A resposta foi imediata:
entre a 6.ª e a 13.ª jornada, as águias
dissiparam qualquer incerteza, aplicando
sete goleadas.
Com um futebol avassalador, nem
mesmo a derrota frente ao FC Porto (0-1)
travou o rumo dos benfiquistas. Com
uma vantagem confortável de 6 pontos
sobre o 2.º classificado, precisamente os
azuis e brancos, na jornada seguinte, o
Benfica recebeu e venceu o Varzim por
5-0, ficando a apenas uma vitória do
título.
Dois dias depois, o Vitória SC, adversário na última jornada, convidou o
Benfica a participar numa festa de
homenagem organizada por um grupo
local de simpatizantes dos encarnados.
O clube lisboeta, no entanto, advertiu que não
podia confirmar a presença da sua equipa de
honra, uma vez que ainda iria disputar as
meias-finais da Taça dos Clubes Campeões
Europeus, ante o Gyor, e poderia haver necessidade de um terceiro jogo. Além disso,
o Benfica encontrava-se em negociações com
o Ajax para uma deslocação aos Países Baixos. Três semanas depois, confirmou-se:
o encontro com os neerlandeses teria lugar
no mesmo dia da última jornada do Campeonato Nacional e por isso os principais jogadores defrontariam o Ajax.
Os adeptos e os dirigentes vimaranenses
não esconderam a desilusão, e a assistência
acabou por ficar abaixo do
esperado. Ainda assim, o jogo
entre o Vitória SC e o Benfica,
que se apresentou com um
misto de suplentes e reservas,
foi bastante disputado e animado. Os golos surgiram no 2.º
tempo, com o conjunto da casa
a inaugurar o marcador, mas
Iaúca respondeu com 2 golos
que garantiram o triunfo encarnado. No primeiro, após um
drible fantástico de Pedras,
rematou de forma fulminante
para restabelecer a igualdade.
No segundo, aproveitou um
passe em profundidade de Malta
da Silva e, perante o adiantamento do guarda-redes, fez um
chapéu.
A partida decorria sem incidentes até que o árbitro apitou
para o final… 4 minutos antes dos
90. De imediato, público, dirigentes e jogadores vimaranenses protestaram. O árbitro apercebeu-se
do erro apenas quando os assistentes se juntaram a si no centro
do campo, informando-o de que
ainda faltava tempo por jogar.
Com adeptos já no relvado
e alguns jogadores do Vitória
a caminho dos balneários, decidiu-se que não havia condições para retomar o
jogo, dando o encontro por terminado. No dia
seguinte, os jornais não perdoaram o equívoco e satirizaram: “Campeão em férias…
4 minutos antes da hora.”
Saiba mais sobre esta conquista na área 6
– Campeões Sempre, do Museu Benfica –
Cosme Damião."
António Pinto, in O Benfica

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