"No início do concerto, o maestro
Silva caiu sobre o pódio, sem
pulso. O homicida disparou um
dardo envenenado de uma pequena zarabatana. Os suspeitos eram o trompetista profissional Carlos Camacho, que
esteve no palco minutos antes do homicídio, e Raul Bártolo, que também esteve no
palco na mesma altura, porque tinha
amigos no Coliseu. Quem matou o maestro?… Ninguém, pois o relato é o sonho
ficcional de Alexandre de Sousa, jornalista e personagem principal no cânone de
Mistério Ilustrado.
O Mistério Ilustrado foi uma secção policial na revista O Benfica Ilustrado, orientada por Álvaro Trigo. Consistia na publicação de crimes fictícios ligados ao mundo
desportivo, acompanhados por fotografias
encenadas, produzidas pela equipa responsável por esta secção. Os fãs disponham de 30 dias, desde a publicação do
texto, para enviarem uma carta indicando
quem cometeu o crime e como.
A secção começava com Alexandre de
Sousa a recontar um caso em que participou ou de que ouviu falar. Apresentava o
crime, as testemunhas e, por fim, o interrogatório aos criminosos. Os mistérios eram variados, como o homicídio de um promissor jogador de futebol que ia assinar com o Benfica, o
rapto de José Águas com Otto Glória como testemunha, ou o roubo da carteira de José Lisboa. As fotografias e as histórias por vezes contavam com a participação de atletas de várias
modalidades, como o José Lisboa, no caso do
mistério apontado acima, ou o Alberto Ló.
Durante o período de publicação do Mistério
Ilustrado, foram realizados seis campeonatos:
o primeiro torneio, o segundo torneio, o terceiro torneio, a Taça de 1960, o Circuito da Europa
(consistindo nas aventuras de Sousa
em diversas capitais europeias) e a
Taça de 1963. Os concorrentes foram
agrupados dois a dois, e desse par
quem passava para a próxima fase
era o que tinha a resposta “mais
certa” e mais bem fundamentada.
O processo repetia-se até sobrarem
dois concorrentes. O vencedor
ganhava uma taça, o finalista recebia
dois livros de mistério, os dois semifinalistas e os cinco primeiros solucionistas obtinham um livro.
O último Mistério Ilustrado, que
não foi solucionado, foi publicado na
edição n.º 91 de O Benfica Ilustrado.
O quadro O Desporto na Antiguidade
(fictício) foi roubado de um proeminente museu de arte localizado em
Berlim Ocidental. O ladrão passou-o
ao jovem Charles Dupond, artista
ambulante, que o transportou para
Paris. Dupond levou um tiro, disparado de um Renault-Dauphine vermelho, perto do rio Sena. Os suspeitos eram Marie Claude Parizet, que
afirmou que o quadro ainda estava
em Berlim, pois ninguém ia ter
coragem de passar pela fronteira, e
Hans Kleinfeldt, que discordou de
Parizet, porque ninguém “se lembraria de abrir a parte da frente de
um automóvel só para ver se lá iria uma tela
volumosa”. Quem roubou o quadro e matou
Charles Dupond?
Se quer mergulhar mais a fundo no mundo
literário benfiquista, convidamo-lo a explorar
a área 16 – Outros Voos, no Museu Benfica
– Cosme Damião."

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