"Aposta falhada nos três defesas do Benfica; aposta falhada na titularidade de (pelo menos) Ivanovic; aposta certeira da estratégia do Atlético: adiar o golo das águias e tentar um próprio. E a grande defesa de Rodrigo Dias no penálti de Otamendi...
Acabou por ser um daqueles jogos de ‘risquinho ao meio’: na primeira metade vimos o Atlético a jogar como se estivesse na Tapadinha e contra um adversário da Liga 3; na segunda, o Benfica, depois de quatro alterações ao intervalo, impôs-se sem grande dificuldade, fruto de um onze mais rotinado e também porque, como era previsível, a equipa de Alcântara começou a sentir o desgaste físico. O resultado é justíssimo, com o toque adicional de termos assistido, durante 45 minutos, ao Atlético a tentar assumir o papel de tomba-gigantes. Não o conseguiu, mas tentou. Tentou muito, embora sem efeitos que se traduzissem no marcador.
O Benfica apresentou a novidade de iniciar o encontro com aquilo a que Mourinho prefere que se chame de três defesas (Tomás Araújo, Otamendi e António Silva) e um quarto homem bastante recuado (Barrenechea), mas entrou no Restelo como um pardalito de telhado, esvoaçando entre o Restelo e a Tapadinha, quando deveria ser a águia-real que, em tempos não muito distantes, já foi. Havia a atenuante de estar a jogar apenas com sete titulares habituais (os três centrais, mais Dedic, Barrenechea, Aursnes e Pavlidis). Ainda assim, os primeiros 45 minutos dos encarnados oscilaram entre o medíocre e o fraco, com poucas ocasiões de perigo e com Ivanovic e João Rego — sobretudo o primeiro — a desperdiçarem a oportunidade de impressionar José Mourinho.
O Atlético, porém, mostrou-se imune a essas fragilidades do adversário. Seguro a defender a baliza de Rodrigo Dias e destemido sempre que se aproximava de Samuel Soares, equilibrou a partida até ao intervalo e até dispôs de ligeira supremacia nos remates perigosos. Quem esperava que os alcantarenses estacionassem um autocarro de dois andares — ou dois mais pequenos — à frente da baliza percebeu rapidamente que não seria assim. O Atlético não se limitou a defender; procurou o golo (e esteve perto), consciente de que teria mais hipóteses enquanto houvesse forças para disputar cada lance frente a jogadores fisicamente muito superiores.
Se a intenção de José Mourinho era testar o sistema de três centrais num jogo teoricamente mais acessível, é provável que não tenha ficado satisfeito. Ao intervalo retirou Tomás Araújo, lançou Dahl e regressou à linha habitual de quatro defesas, reorganizando a equipa num 4x2x3x1. A culpa não era, evidentemente, de Tomás Araújo, muito longe disso. O que ficou claro, pela exibição da primeira parte, é que era necessário ‘sacudir’ a equipa. E Mourinho fez bem não só em abandonar o trio defensivo, como também em dispensar a presença simultânea de dois avançados clássicos.
Depois do intervalo, com Dahl, Barreiro, Ríos e Schjelderup em campo, o Benfica melhorou: teve mais bola, mais ritmo e mais velocidade. Ainda assim, até muito depois da hora de jogo, continuou a criar poucas oportunidades claras de golo. O Atlético, ressentindo-se da diferença de rotação, recuou cada vez mais, e tornou-se evidente que, mesmo com o Benfica longe do seu melhor nível, dificilmente conseguiria evitar o golo.
O marcador acabaria por mexer em dois lances de bola parada: canto de Aursnes, cabeceamento de Ríos, 0-1 (73’); penálti de Pavlidis, após falta sobre Barreiro, 0-2 (77’). O Atlético defendeu quase sempre muito bem a baliza de Rodrigo Dias, com uma tenacidade notável, falhando apenas nos lances de bola parada. O Benfica ainda dispôs de outro penálti para fazer o 3-0, mas Otamendi atirou para o lado direito de Rodrigo Dias e o guarda-redes, esticando-se até ao limite, defendeu o remate do campeão do mundo — o grande momento da noite para os alcantarenses."

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