quarta-feira, 13 de agosto de 2025

A continuação de um legado


"ANTÓNIO FARIA INSPIROU-SE EM TOMÁS PAQUETE PARA SE TORNAR UM ATLETA BRILHANTE

Há pessoas que nos marcam sem sequer o saberem e sem sequer nos conhecerem. Não são especiais por serem perfeitas ou por alcançarem algo grande. São especiais porque nos fazem acreditar que nós também conseguimos, que podemos sonhar alto. Ensinam que as quedas são parte do percurso. O facto de insistirmos em nos levantarmos é que nos torna diferentes. A essas pessoas chamamos de ídolos. Pode ser um atleta, um cantor, ou até alguém da nossa família, o que importa não é o palco onde brilham, mas a luz que acendem dentro de nós!
António Faria, ainda muito novo, ganhou admiração por um dos melhores atletas nacionais. O desejo de lhe seguir os passos fez com que optasse pelo atletismo, organizando corridas em que desafiava os amigos. Nessas corridas revelava quem era o seu ídolo: “Cá vai o Tomás Paquete ganhar isto, rapazes!”
Começou por participar nos Campeonatos da Mocidade Portuguesa, onde revelou talento para a modalidade. Em 1950, os dirigentes do Benfica convidaram-no a participar num treino à experiência. Ganhou os 100 m, com 11,4 segundos, e assinou pelo Clube. Na época de estreia, sagrouse campeão nacional em principiantes nas provas de 100 m e de 4×100 m. Dois anos depois, após ter conquistado os títulos individuais, tanto regional como nacional, nos 100 m e nos 200 m em juniores, foi promovida a sua estreia no escalão de seniores. O sonho de estar lado a lado com Tomás Paquete numa prova estava próximo.
Em 24 de julho, no Campeonato Regional, os dois atletas encontraram-se na final dos 200 m. Numa disputa acérrima, Faria beneficiou de um ligeiro desequilíbrio de Paquete para vencer. Não era ainda como tinha idealizado. Ambos integraram a equipa de 4×100 m, “proporcionando ao numeroso público uma antevisão de quanto pode ter de extraordinário o próximo campeonato de 100 metros”. Uma semana depois, voltaram a estar lado a lado, sendo a final dos 100 m um dos aliciantes da competição. Paquete, considerado o principal candidato, confirmou o estatuto, cruzando a meta em 10,7 segundos. Faria ficou em 2.º, terminando 2 milésimos de segundo depois. A imprensa justificou o desaire do jovem atleta por estar a cumprir o serviço militar.
António Faria não era de desistir. Em 7 de agosto, estava pronto para voltar a discutir o título nessas distâncias no Campeonato Nacional. Na final dos 200 m, “dominada por Tomás Paquete durante a maior parte do percurso, António Faria impôs-se no final”, e ganhou a prova. Ficava a faltar a distância que lhe tinha escapado na semana anterior. Apesar de ser mais arriscado por ser uma distância curta, apostou na mesma estratégia. Paquete dominou e, nos últimos metros, António Faria ultrapassou-o. O atleta estava radiante. Ganhar a um ídolo é a maior demonstração de admiração. A partir de Tomás Paquete, António Faria construiu um sonho que se materializou em algo real ao vencê-lo.
Saiba mais sobre as suas várias conquistas na área 3 – Orgulho Eclético, do Museu Benfica – Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

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