"É ilógico, injusto e inconsequente. Senão, pendemos à luz do senso comum que parece ser palavra de ordem, nos nossos dias. É ilógico porque se baseia na discriminação nos diferentes, em minoria, com o pressuposto de que são inferiores á maioria, que se define como padrão. Ora, significa isto que, como a Terra é redonda, o mesmo indivíduo pode ser padrão, dominante, num lugar e diferente, minoritário, noutro, pelo que, evidentemente, se conclui que o racismo é medida relativa que nasce duma atitude antagónica face à diferença.
O racismo é injusto porque, ao estabelecer um padrão e discriminar os que mais se afastam dele, mais não faz que acrescentar direitos a uns suprimindo-os a outros. Daqui resulta uma sociedade condenada a viver com tensões internas e a produzir riqueza e pobreza duma vez só, isto é, uma sociedade contraditória que tem, ao mesmo tempo, a capacidade de criar valor para os seus membros, mas que, em nome dum preconceito absurdo, destrói automaticamente uma parte substancial dessa riqueza condenado todos, privilegiados e excluídos, a um nível de bem-estar inferior.
Finalmente, é inconsequente por muitas razões. Vejamos duas: em primeiro lugar, os atletas icónicos, os grandes cientistas, artistas, escritores ou estadistas, quando ascendem a símbolos nacionais, sofrem uma espécie de 'apagão' da raça e ganham estatutos de exceção. Em segundo lugar, por muito que o racismo, a discriminação, a violência ou até a morte ainda grassem, a história da humanidade demonstra à sociedade que, à medida que a tecnologia e a educação avançam, diminuem as condições objetivas para o sucesso do racista. E este processo pode ter, como tem, avanços e recuos, mas segue uma única tendência histórica, e é esta.
O racismo merece, por isso, cartão vermelho, penálti ou o mais que houver, e, neste jogo, o VAR somos nós todos!"
Jorge Miranda, in O Benfica

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