sexta-feira, 23 de agosto de 2024

Fly...

O aqui e agora de Schmidt e Amorim


"Se Roger Schmidt não encontra explicação para a derrota em Famalicão, condene-se; se Rúben Amorim não encontra explicação para a derrota na Supertaça, absolva-se

Vivemos no tempo do aqui e agora, sem tempo para pensar ou refletir, sem tempo para perceber que somos prisioneiros do momento, do imediato, sem tempo de olhar em frente, para lá de dois passos, sem tempo de parar ou descansar, sem tempo de escutar ou debater, mas com tempo de sobra para sabermos que de tudo sabemos, com tempo de sobra para que de uma microanálise possamos tirar grandes conclusões, com tempo de sobra para procurar quem diz o que queremos ouvir, com tempo de sobra para não perder tempo com quem diz o que só queremos ignorar.
Esta experiência do aqui e agora, do brilho e das trevas, é ainda mais histérica e sensacional quando olhamos para o futebol, no qual vendas ou contratações, decisões táticas de treinadores ou explicações de presidentes, um remate falhado ou um penálti assinalado por um árbitro são piores que ofensas. Não haverá volta a dar quando se tenta convencer quem convencido está, quando as sentenças são produzidas em julgamentos instantâneos e sumários, sem apelo nem agravo. Não há volta a dar quando se tenta parar o vento com as mãos.
Vem isto a propósito deste início de época, no qual o Benfica começou a perder e tudo já perdeu, o Sporting começou a perder por um acidente que só razões metafísicas poderão justificar mas voltou ao caminho de um sucesso que o esperará, o FC Porto entrou a ganhar e a tudo resistirá.
Se Roger Schmidt não encontrou explicação para a derrota com o Famalicão, condene-se. Se Rúben Amorim não encontrou explicação para a derrota com o FC Porto na Supertaça, absolva-se. Pouco importa que ambos tenham explicado depois as derrotas em conferência de Imprensa. Valide-se a decisão da primeira instância.
Se o Benfica vende David Neres, cujas qualidades Schmidt elogiou, condene-se. Se o Sporting vende Mateus Fernandes, cujas qualidades Amorim elogiou, absolva-se. De nada ou pouco valerá apresentar justificações para quem vai sempre validar o que já julgou.
Não é de agora, e todos sabem, que quando se ganha tudo está bem e pouco ou nada mais importa; e que quando menos se ganha muito ou tudo o resto importa.
Isto não quer dizer, entendamo-nos, que alguém se possa eximir das responsabilidades, que haja escrutínio ou cobrança, críticas negativas ou até protestos, que se questione ou discorde, chame-se Rui Costa ou Roger Schmidt.
O que já parece mais difícil encontrar é quem seja julgado nos termos das mesmas leis. E, entendamo-nos noutro assunto, não é Rúben Amorim, de quem temos de admirar a capacidade de dizer muito mesmo sem poder dizer tudo, que está aqui em causa. Nem Roger Schmidt, que esta época, mesmo que poucos tenham dado por isso, parece esforçado em recuperar a comunicação que tantos convenceu quando ganhou. O que está aqui em causa somos todos, a nossa incapacidade de fazermos o mesmo julgamento para situações idênticas e de não ouvirmos Schmidt como, por exemplo, ouvimos Amorim.
Sendo o futebol um negócio e uma indústria do aqui e do agora, nós, jornalistas, deles somos vítimas, mas também culpados. Muitas vezes aqui errei. Só temo que não fique por aqui."

Olhem que o plantel está pior


"Falta pouco mais de uma semana para o fecho do mercado de transferência e nenhum dos candidatos ao título parece ter melhores soluções

Ainda há tempo, mas não é muito. Faltam 11 dias para o fecho do mercado de transferências em Portugal e os três crónicos candidatos ao título nacional parecem ter plantéis mais fracos. Ou, se preferir, não estão mais fortes.
Claro que esta é uma perspetiva teórica, um ponto de situação com a janela de transferências ainda aberta, que não significa automaticamente que o rendimento será pior, sequer os resultados. As circunstâncias são bastante diferentes, mas as três equipas chegam pressionadas aos últimos dias de mercado. Umas mais do que outras, naturalmente.
O Sporting parece o candidato mais consolidado. Não só pelo estatuto de campeão - que ajuda a olhar para o plantel numa perspetiva mais positiva -, mas também porque tem o plano de ataque ao mercado mais adiantado. Não é claro que Kovacevic faça esquecer Adán, assim como será preciso tempo para que o potencial de Debast compense a influência de Coates – e Neto – dentro e fora do campo, mas a confirmar-se a chegada de um avançado como Ioannidis ou Vítor Roque, é difícil dizer que o plantel às ordens de Rúben Amorim fica mais fraco. A chave para esta equação no ataque, até porque Paulinho já anda a fazer golos no México e a SAD liderada por Frederico Varandas assumiu o risco de arrastar até ao final de agosto a contratação de uma alternativa a Gyokeres.
O FC Porto aparenta ser o plantel que mais valor perdeu relativamente 2023/24. Até ver, claro, e sem qualquer condenação antecipada ao insucesso, que não é assim tão invulgar fazer mais com menos. É o efeito assumido dos problemas financeiros, que faz com que a nova SAD, liderada por Villas-Boas, não possa comprar muito, e nunca antes de garantir algum encaixe com vendas como a de Evanilson. A dura consequência é que saiu não só o avançado brasileiro, com também Taremi e Pepe. As despedidas de Fábio Cardoso e Jorge Sánchez têm peso incomparavelmente menor, mas somam-se a um balanço ainda sem entradas reais. Para já, Vítor Bruno tem de contentar-se com os regressos de David Carmo e Fran Navarro, sem esquecer a promoção de Vasco Sousa, que já tem mostrado que pode ser opção muito válida para o meio-campo.
O Benfica não tem os condicionalismos financeiros do FC Porto, mas chega ao sprint final do mercado com muitas interrogações. Pavlidis parece capaz de dar outras garantias no ataque - e por isso Arthur Cabral pode sair, como Tengstedt – admitindo-se que Beste tenha maior utilidade do que Bernat, mas – Leandro Barreiro que perdoe - só mesmo Renato Sanches plenamente recuperado pode colmatar a saída de João Neves. Mas o que não deixa quaisquer dúvidas quanto ao downgrade é a saída de Rafa e Neres, por colmatar.
Vêm aí dias agitados. Para todos."

Treta...


"Mais uma tanga do Correio da Manhã/CMTV. Jogador extremamente irregular e caro, e a sua ligação ao empresário Catió Baldé encerra de vez o rumor."

Sven-Goran Erikson


"UMA LIÇÃO E UMA INSPIRAÇÃO

Erikson revolucionou o futebol do Benfica e o próprio futebol português assim que aqui chegou no verão de 1982 para treinar o Glorioso, deixando muitas lições e inspirações para os treinadores vindouros, lições e inspirações essas que ainda hoje se mantêm atuais.
O incrível comportamento que tem tido enquanto cidadão vítima de doença terminal, que assumiu com coragem e frontalidade comoventes, deixa-nos lições e inspirações a todos nós, simples seres humanos.
Ontem tomámos conhecimento de uma mensagem que não posso deixar de aqui partilhar:
"Acho que todos temos medo do dia em que iremos morrer, mas a vida é também sobre a morte. Espero que se lembrem de mim como uma pessoa positiva que tentou sempre fazer o máximo. Não fiquem tristes, sorriam. Obrigado a toda a gente, treinadores, jogadores, adeptos. Foi fantástico. Cuidem de vocês e das vossas vidas. Vivam-nas... adeus."
Jamais o esquecerei, Mister, como uma pessoa positiva, mas, peço desculpa, não dá para sorrir perante uma mensagem que termina com "adeus".
Sorte nossa que o pudemos homenagear, à Benfica no passado mês de abril."

Raramente se enganam!!!


"João Félix assina pelo Chelsea.
“Para os parvalhões das redes sociais o Record raramente se engana”. - Bernardo Ribeiro
João Félix entra na parte do azar!? 😏"

Foco na Supertaça


"A atividade desportiva do Benfica no fim de semana é o destaque nesta edição da BNews, com ênfase na Supertaça de futebol no feminino e na receção ao Estrela da Amadora.

1. Troféu para conquistar
Benfica e Sporting disputam, amanhã, às 20h45, no estádio do Restelo, a Supertaça de futebol no feminino. As Inspiradoras buscam o quarto triunfo na competição, o terceiro consecutivo.

2. Somar três pontos
O Benfica recebe o Estrela da Amadora a contar para a 3.ª jornada da Liga Betclic. A partida é no sábado, às 20h30, no Estádio da Luz.

3. Outros jogos
A equipa B defronta o Vizela no Benfica Campus (domingo, 18h00); os Sub-19 visitam o Casa Pia (sábado, 17h00); os Sub-17 deslocam-se ao reduto do Sacavenense (domingo, 11h00); e os Sub-15 têm encontro forasteiro marcado com o Académica de Santarém (domingo, 16h00).

4. Foto oficial
Está realizada a sessão fotográfica oficial do plantel da equipa masculina de andebol do Benfica.

5. Torneio de pré-época
A equipa feminina de andebol do Benfica participa no Torneio de Santo Ovídio e está na final após vencer os três jogos do grupo A. No segundo jogo bateu o CDE Gil Eanes, por 22-26, e no terceiro, esta manhã, ganhou ao Leça, por 10-27. A final é hoje, às 17h30, com o CB Porriño, de Espanha.

6. Renovação de contrato
A futsalista Angélica Alves continua de águia ao peito.

7. Presença forte
Nas mais recentes convocatórias das seleções nacionais Sub-19 e Sub-17 femininas, o Benfica está representado por 15 jovens futebolistas."

O corpo, a alma e a calma


"Pedro Abrunhosa canta um refrão assim e que pode ser uma imagem do momento do Benfica. Depois de uma derrota, e uma exibição, preocupante, só uma boa exibição e uma vitória clara poderiam acalmar os ânimos. Do jogo, ficou a vitória clara e uma “meia boa exibição”, pois o Benfica continua a entrar nos jogos com uma irritante expectativa de que mais tarde ou mais cedo a vitória chegará. Assim, ao intervalo os assobios eram inevitáveis, mas acordaram a equipa que subiu a agressividade e velocidade, mas foi sendo traída pela ansiedade no último toque, passe ou remate. A equipa, e os adeptos, “jogam” sobre brasas à segunda jornada e é aqui que a calma é precisa para que a alma que os jogadores mostraram não traia o corpo na hora de definir. Escrevi na semana passada que mais do que os três pontos, o Benfica tinha perdido margem de manobra, mas nenhuma equipa, e esta é jovem, resiste a pressão máxima durante uma época inteira! Nós, os adeptos, podemos ajudar, manter a calma, porque, externamente, a pressão vai continuar seguramente. Não sei se o leitor reparou que há duas semanas a magna questão do comentário era o excesso de extremos do Benfica, que teria 10 jogadores para as três posições de apoio a Pavlidis. Nos últimos dias, bastaram a saída de Neres e a lesão de Di María para que os mesmos conseguissem, sem se rir de si próprios, dizer o oposto, que afinal o que é preciso é mesmo contratar mais extremos?! As audiências que só o maior clube português consegue dar assim o determinam e ao adepto só resta mesmo manter a calma..."

Vítor Roque e Portugal na periferia da Europa


"Surpresa com notícias de que o avançado brasileiro preferia o Bétis ao Sporting? Só para quem não conhecer a realidade do futebol

Os adeptos de futebol em Portugal, sobretudo os do Sporting, parecem ter ficado em choque com o facto de Vítor Roque ter alegadamente preferido o Bétis aos leões.
Em primeiro lugar, não é esse o principal motivo para o avançado brasileiro de 19 anos não vir para o Sporting. O clube de Alvalade fez uma proposta a título definitivo (20 milhões de euros mais bónus) que o Barcelona considerou baixa e não aceitou, até porque pagou o dobro há seis meses, ao Athletico Paranaense. O Bétis consegue o jogador por empréstimo sem opção de compra, deixando em aberto, no futuro, eventual regresso a Camp Nou ou uma transferência por valores que agradem mais ao Barça e para um clube que agrade mais ao jogador.
Mas mesmo que, em condições iguais, Vítor Roque preferisse o Bétis ao Sporting, isso seria assim tão surpreendente?
Não, claro que não. Em Portugal olha-se para FC Porto, Benfica e Sporting e vê-se clubes que podem competir com os maiores da Europa. Mas mais de metade da época é passada a jogar em estádios pequenos e num campeonato com pouca visibilidade.
Certo, o Sporting vai jogar na Liga dos Campeões e o Bétis não. Mas para um jogador de 19 anos que procura relançar a carreira depois de seis meses frustrantes em Barcelona, não será a montra da La Liga mais atraente que oito jogos na Champions (10, se o Sporting chegar ao play-off), nos quais, atendendo à concorrência de Gyokeres, corria o risco de nem ser titular?
Estamos ao lado de Espanha, mas é bom que entendam que, no futebol, eles estão no centro da Europa e nós na periferia. E com o tamanho do nosso mercado, do nosso País, dificilmente isso irá mudar."

Benefícios do desporto


"Nesta altura do ano muitos pais decidem sobre inscrever ou não os seus filhos em atividades desportivas. Muitos hesitam e, um dos maiores argumentos é o receio que os filhos possam não ter tempo suficiente para se dedicar à escola ou se desfoquem da mesma. Mas não poderiam estar mais errados. Independentemente da modalidade, as crianças e os jovens devem praticar atividade física e mais do que isso, devem competir. O desporto e a competição trazem benefícios únicos, sendo um meio de alcançar o bem-estar físico e emocional, além de desenvolver fortes capacidades de liderança, como comunicação e organização. Lutar para vencer exige cooperação, concentração, coordenação e criatividade, todos objetivos que valem a pena ser perseguidos por si só.
Apresento aqui as que com base na literatura considero ser as cinco mais-valias para a prática de desporto competitivo para crianças e jovens. Primeiramente, contribui para o desenvolvimento da resiliência e resistência à frustração, a competição ensina os jovens a lidar com desafios, fracassos e adversidades. Eles aprendem que a derrota faz parte do processo, mas que é possível superar. Essa mentalidade resiliente prepara-as para ultrapassarem outras adversidades ao longo da sua vida. Contribui inequivocamente para fortalecimento de competências de concentração e foco, durante a competição os jovens são expostos a diversos estímulos, sendo obrigados a aprender a selecioná-los e a focar-se nos essenciais. Desenvolve autoconfiança e autoestima, à medida que os jovens veem as suas competências progredirem e alcançam objetivos desportivos, desenvolvem uma maior confiança nas suas capacidades. Essa autoconfiança pode influenciar positivamente as suas interações sociais, desempenho escolar e disposição para enfrentar novos desafios. Promove a gestão emocional e a gestão de tempo, ensina os jovens a gerir emoções ao lidarem sucessivamente com a pressão, com o fracasso, mas também com o sucesso, enquanto desenvolvem simultaneamente disciplina e organização para equilibrar treinos, estudos e outras responsabilidades. E por fim, contribui para o desenvolvimento das competências de trabalho em equipa e comunicação, os jovens aprendem a trabalhar em grupo, a ouvir os outros e a expressar as suas ideias de forma clara, competências sociais essenciais para o sucesso em qualquer contexto.
O desporto e a competição não retiram o foco da componente académica, pelo contrário, permitem às crianças e jovens desenvolver competências essenciais ao sucesso académico, mas também ao sucesso na sua vida profissional e pessoal."

Eleições antecipadas no Benfica


"Aqui está um tema que reaparece sempre que o Benfica tem um insucesso desportivo ou é (re)publicada uma notícia polémica. Antes de abordar este assunto, um pequeno contexto histórico que nos vai ajudar a analisar este cenário. benfiquistas aguardam para votar.
Tenho memória de 5 situações recentes em que foram convocadas eleições antes do final dos mandatos (certamente existirão mais na história centenária do clube):
- Jorge de Brito demite-se em Dezembro de 93 na sequência do Verão quente e das dificuldades financeiras do clube.
- Manuel Damásio cumpriu 2 mandatos no tempo de 1 devido à falta de resultados desportivos. Convocou eleições em 96, nas quais derrotou Vale e Azevedo, e depois novamente em 97 após demissão, mas aqui já não se recandidatou e Vale e Azevedo foi eleito vencendo Luís Tadeu por margem mínima.
- Vieira provocou a demissão em bloco dos órgão sociais em Junho de 2009 para encurtar o tempo de preparação a José Veiga que preparava uma candidatura em Outubro do mesmo ano.
- Tivemos eleições antecipadas em Outubro de 2021 na sequência da detenção e renúncia de Vieira.

O que aprendemos com todas estas situações?
Obviamente todas elas surgem de situações de instabilidade diretiva ou desportiva, mas os motivos podem ser diferentes. Pode ser uma medida estratégica para reafirmar a liderança e eliminar contestação (Vieira e Damásio). Acontecem também em situações em que a direção vigente se encontra altamente pressionada e sem condições para se manter em funções devido à pressão dos sócios (Jorge de Brito e Damásio) ou ainda por situações imprevistas e impensáveis como problemas com a justiça ou mesmo a morte (Vieira foi detido em 2021 e o Brigadeiro João Tamagnini Barbosa faleceu em funções em 1948). Resumindo, temos então 3 cenários para a convocação de eleições antecipadas: estratégia, instabilidade diretiva/desportiva e situações de força maior.

A situação atual
É um facto que a direção de Rui Costa tem tido um mandato instável. De 2021 para cá o Benfica foi campeão em 22/23 e venceu a supertaça 23/24, francamente pouco para um clube deste calibre. Em termos diretivos a coisa também não tem sido fácil com várias saídas que deixaram marca, Luís Mendes à cabeça. A situação financeira do clube também dá sinais de alguma fragilidade, apesar das crónicas vendas dos nossos melhores atletas, e a pressão e insatisfação dos sócios tem subido de tom e sente-se em todos os jogos e assembleias, o que torna a situação cada vez mais difícil de gerir.

Então neste contexto o cenário de eleições antecipadas no Benfica seria positivo, certo?
Não necessariamente. Se me disserem que Rui Costa antecipa as eleições e não se recandidata… então sim, nesse caso teremos forçosamente uma mudança. Mas, sejamos francos, este é um cenário altamente improvável por tudo aquilo que temos visto.
É preciso entender que historicamente praticamente todos os Presidentes do Benfica desde 1964 venceram as eleições após um primeiro mandato, a única excepção foi Vale e Azevedo em 2000 que perdeu para Manuel Vilarinho após um período de 3 anos de caos absoluto. Todos os outros Presidentes que se recandidataram para um segundo mandato venceram, fosse qual fosse o contexto geral do clube. Rui Costa vai para um segundo mandato, existe contestação mas pouco organizada e o seu nome continua a ter um enorme peso junto dos benfiquistas… bem, já perceberam onde quero chegar. lista de eleições no Benfica:

É fundamental que todos os que se opõem a esta direção tenham perfeita noção do caminho tremendamente difícil que espera qualquer adversário eleitoral do atual Presidente. Será necessário um grande trabalho de sensibilização para demonstrar que existe um caminho alternativo ao que temos percorrido nos últimos 21 anos, mas isso demora tempo. E esse tempo existe até Outubro de 2025, mas não se for encurtado significativamente. Por este motivo, é um enorme tiro no pé ver aqueles que clamam por mudança exigirem eleições antecipadas. Este cenário apenas beneficiaria a atual direção, que tem ao seu dispor uma máquina de propaganda muito eficaz, e iria reduzir dramaticamente o período de preparação e sensibilização que é necessário para que a tal mudança aconteça, tal como em 2009 com Vieira e José Veiga. Não que este fosse uma boa alternativa, mas entendem onde quero chegar. É olhar para o resultado prático.
Vamos então acalmar, respirar fundo, tocar a relva. Ninguém gosta de ver o Benfica neste ciclo negativo, mas é preciso continuar a debater o nosso clube de forma responsável e inteligente, apresentando factos e caminhos alternativos com cabeça e estratégia. Faixas insultuosas penduradas num viaduto não resolvem nada, lamento. Aliás, não só não resolvem como têm um efeito contrário ao pretendido no benfiquista comum, aquele que não se encontra numa trincheira e só quer ver a sua equipa ganhar. E estes também votam e são decisivos.
A mudança que tanto desejamos não se dá de hoje para amanhã, leva tempo e é preciso paciência. Saibamos lutar por aquilo que tanto desejamos de forma responsável. Até lá, mãos à obra, foco e militância benfiquista!"

Agarrados um ao outro 11 horas e 40 minutos como rochedos


"Martin Klein e Alfred Asikeinen protagonizaram uma luta greco-romana infinita

Tarvastu é uma cidade na Estónia que viu nascer Martin Klein, um dos melhores na luta greco-romana de todos os tempos. Ninguém percebeu muito bem por que é que, em 1912, nos Jogos Olímpicos de Estocolmo, Martin, que já tinha uma carreira firmada, resolveu renegar a pátria e surgir integrado na delegação da Rússia czarista. A verdade é que, com essa opção, acicatou muitos dos adversários que, pertencendo a países fronteiriços da Rússia encontraram em si próprios mais vontade ainda de lhe encostar as espáduas ao chão. Ora um deles foi precisamente Alfred Johan Asikainen, conhecido por Alpo, natural de Viipuri, uma cidade que não por acaso pertenceu à Finlândia e hoje faz parte do território russo, junto ao canal de Saimaa, no Golfo da Finlândia, a pouco mais de cem quilómetros de São Petersburgo. Ninguém em Viipuri gostava de russos e pelos vistos com razão, não tivessem eles tomado a cidade na primeira oportunidade que lhes surgiu. Mas, em 1912, as coisas ainda estavam apenas na corda bamba quando Klein e Asikeinen se defrontaram numa das meias-finais da modalidade que era a da sua paixão. Toda a gente que gostava de luta greco-romana se entusiasmou com o combate para homens de 75 kg. Estariam frente a frente dois candidatos à medalha de ouro e o confronto prometia. Prometia mesmo muito, mas cumpriu muitos mais do que alguém pudesse sequer ter imaginado.
Acrescente-se que o Império Russo tinha assumido desde 1809 a Finlândia como uma das suas províncias e só a forte simpatia do Comité Olímpico Internacional pela luta finlandesa pela independência pôde permitir que surgisse uma delegação à parte sob o título de Grão-Ducado da Finlândia. Os russos reclamaram como puderam mas viram as suas pretensões darem com os burrinhos na água, sobretudo porque os organizadores suecos também ficaram do lado dos seus vizinhos. E assim sendo, como que as partes se viraram ao contrário: Alpo defendeu as cores da Finlândia, fugindo do torniquete russo, e Martin largou as cores da Estónia para se apresentar sob a bandeira russa.
Foi numa tarde de calor abrasador, a mesma canícula que seria fatal para o português Francisco Lázaro na maratona, que Klein e Asikeinen começaram naquele esforço muitas vezes irritante de se agarrarem um ao outro procurando desequilibrar o opositor. Pareciam dois rochedos. Nem sequer abanaram durante os primeiros quinze minutos. Quinze minutos?!, perguntará o leitor e com toda a razão. Sim, ainda não havia um período de tempo a balizar os combates e estes prolongavam-se até que um dos lutadores imobilizasse o adversário. O público fixava os olhos naquela massa de músculos e tendões que pareciam ser um homem só embora nele batessem dois corações. E com isto decorreu uma hora sem que nenhum baixasse a guarda. A pouco e pouco, conforme os minutos passavam, o combate começava a tornar-se um problema. Asikeinen era visto como melhor lutador do que Klein – até porque fora campeão do mundo no ano anterior –, mas não conseguia demonstrar a tal propalada superioridade. Ao fim de duas horas e meia de suor os espetadores começaram a bocejar. Convenhamos que dois matulões num esfrega-esfrega contínuo não era assim tão interessante se nenhum deles fosse ao chão. Afinal era esse o objetivo da modalidade, ou não era? Numa teimosia bovina, resfolegavam ambos num esforço baldado. E foram resfolegando por aí fora até à exaustão. O combate entre Martin e Alfred ficou para a história dos Jogos Olímpicos conhecido como um jornalista britânico no local o classificou: «The Match That Wouldn’t End». Mas acabou. Ao fim de onze horas e quarenta minutos absolutamente terríveis e, aceitemos, enfastiantes. O bronze ficava para Asikeinen e Klein iria decidir contra o sueco Claes Johnson qual levaria para casa o ouro. Pois… Mas ninguém aguenta onze horas e quarenta minutos de combate sem sair deles um tanto amachucado. O rapaz nascido naEstónia, que somava à época 28 anos, viu-se e desejou-se para dormir nessa noite tal as dores que o exauriram por completo. A vitória sobre Alpo acabou por ser digna de Pirro, o rei do Epiro e da Macedónia, que depois da Batalha de Ásculo, travada em 279 a.C. contra os romanos, suspirou: «Outra vitória como esta e estamos acabados», tal fora a dimensão da destruição dos seus exércitos. Absolutamente de rastos, Martin Klein não compareceu na final e entregou a medalha de ouro de mão beijada ao seu adversário sueco. Já Asikeinen regressou a casa como um herói dando razão ao que Brecht escreveria uns anos depois: «Nem todos os que regressam a casa são vencedores mas não há vencedor que não regresse a casa»."