Benfica – reflexões de pré-epoca!


"Estamos no início da época desportiva de futebol profissional 2024/25 e a exibição na Eusébio Cup deixou todos os benfiquistas a sonhar com mais uma época ao mais alto nível, depois de algumas exibições contraditórias. Bastou uma exibição mais pálida ante o Brentford, em que apesar de algumas fases francamente boas, qual prenúncio do que se viu contra o Feyenoord, para de imediato surgir a conturbação adormecida que espera ansiosamente o momento para se libertar.
Somos todos inquestionavelmente benfiquistas, pese embora a verbalização da nossa fé. Mas enquanto uns clamam que as vitórias são o mais importante até nestes jogos e ao mais ínfimo pretexto, indiferentes ao ruído que podem causar, saltam a tecer comentários depreciativos sobre a equipa e sobre a incapacidade do treinador e suas teimosias quantas vezes, na realidade, inexplicáveis para todos, outros defendem que é precisamente nestes jogos que há que testar e fazer experiências que durante a época não se podem fazer.
Para já, uma coisa é certa: começámos com Schmidt a treinador! Ou porque sim (a Administração acredita no profissional), ou porque não havia outro remédio (a Administração não tinha dinheiro e/ou espaço nos prejuízos já de si agravados de 2023/24 para o despedir). Os meus círculos mais próximos sabem que eu alinho pela alternativa de reconhecer a sua competência e, com tantos adversários "a jurar pela nossa pele", quaisquer contestações mais ou menos inflamadas, só ajudam a destabilizar. Deixem lá Schmidt construir o plantel, fazer opções sobre quais os jogadores para enfrentar uma época de mais de 50 jogos, deixem lá a equipa consolidar e assimilar os novos ou antigos processos e… apoiemos os nossos, em vez de alegrarmos os nossos adversários a assistir "de cadeirinha" ao digladiar interno.
Para já, a imprensa assegura que João Neves vai até Paris possibilitando encher os cofres do Benfica que anualmente tem de suprir o seu "gap" financeiro estrutural (uns 60 M euros?) com estas transações, infelizmente na linha de tantas a privilegiar a vertente financeira em detrimento da valia do plantel, como a de Renato ou João Félix, sem esquecer Bernardo, G. Ramos, Cavaleiro e diversos outros. Então a propalada oferta de renovação feita ao João Neves (a ser verdade) que compara com outros ordenados bem chorudos, parece um autêntico convite à emigração do jogador, corroborando a convicção de que os cofres andam bastante em baixo e tudo isto sem se percecionar qualquer racionalização de custos.
Sobre o plantel, aguardemos mais uns dias porque ainda está longe de estar estabilizado. Seguramente irá haver mais algumas saídas e não farei futurologia sobre quais, mas quaisquer ofertas que apareçam sobre determinados jogadores seguramente ajudariam (i) Schmidt a clarificar o seu núcleo duro e (ii) a rechear os cofres/baixar custos, vendendo quem certamente pouco irá acrescentar durante a época. Com tantas incertezas, entretanto, Rui Costa e Schmidt decidiram de forma extemporânea perorar sobre o "estado da nação", seguramente ansiando tranquilizar os Sócios, mas com considerações desnecessárias. Fiquei surpreendido pela inoportunidade destas comunicações e atrevo-me a dizer que talvez fosse preferível aguardar uns tempinhos até se ter uma melhor visão e maiores certezas do que iremos ter para a época.
A verdade é que, na sequência de uma época desportivamente perdida, nada surpreenderia que este defeso fosse bem turbulento. Ou por causa do Europeu ou porque os Sócios quiseram ir a banhos, este período de transição entre duas épocas até foi bem mais calminho do que se poderia imaginar. Quase ninguém falou da realidade que a todos os benfiquistas deveria preocupar, ou seja, qual será o resultado económico da SAD em 2023/24 sem vendas de jogadores em junho, a indiciar que o ano irá fechar com grave prejuízo (o lucro apresentado no 1º semestre foi de 18 M euros, para o que contribuiu significativamente o lucro de 56,9 M euros da venda de atletas – G. Ramos, em particular). Fazendo contas "de merceeiro", qualquer um diria que o montante do prejuízo do ano pode atingir os 20 ou 30 M euros!
No entanto, como disse Jaime Antunes em recente entrevista, o prejuízo num exercício pode nem ser grave se os exercícios vindouros permitirem a sua recuperação (por estas ou outras palavras). Aqui precisamente reside o busílis da questão: o futuro e a capacidade de juntar resultados financeiros aos desportivos e vice-versa. Uma inopinada entrevista que até se entenderia se ele tivesse assumido o lugar de Luís Mendes (que se demitiu em vésperas das assembleias gerais de 15 de junho) que inexplicavelmente aguarda ser substituído nesta função crucial na Administração da SAD. Assim, apesar de diversas mensagens apaziguadoras, algumas até bem controversas face ao seu passado oposicionista, muitos ficámos sem perceber o objetivo da mesma, mas o tempo certamente virá clarificar a sua oportunidade.
Mas, neste defeso, algo deveria ter sido dito pelos dirigentes do Benfica sobre as amadoras, em que a época 23/24 ficou marcada por imensos sucessos no desporto feminino e alguns no masculino. Vemos enormes mudanças nos plantéis de algumas delas e o comum dos sócios e adeptos não percebe muitas das saídas que até podem ter uma explicação lógica. Pelo meio, no hóquei, vimos sair Nicolia e em vez de ter ao seu lado Rui Costa a homenageá-lo após 10 anos de enormes serviços ao Benfica, sentimos que sai pela "porta dos fundos". Também ouvimos Paulo Moreno, após uns 16 anos de Benfica tecer alguns comentários sobre a mentalidade dos atletas do andebol, que parecem mais turistas de desporto do que atletas profissionais. Não acham que está no momento de se dizer algo, ou a opção é esperar que todos esqueçam? 
Voltemos ao futebol, fazendo figas para que o início da época corresponda aos anseios de todos os benfiquistas. Porque depois da demissão de Luis Mendes, Rui Costa ficou claramente mais frágil. Agora, saiu Gustavo Silva, líder do Departamento Jurídico. Estamos de fora, desconhecemos as razões, mas sabemos que entrou pela mão de Luis Mendes e enquanto lá esteve terá reestruturado alguns contratos na área jurídica. A pergunta que fica: os lugares ocupam-se em função da competência ou das amizades internas?
Na altura da saída de Luis Mendes, escrevi que Rui Costa poderia (deveria) ter tido a iniciativa de ir para eleições e recompor as suas listas com novas gentes. Recentemente, Mauro Xavier, em entrevista que prenuncia uma candidatura, disse o mesmo. Como sabem todos os líderes, há momentos para "ficar quietinho" e outros em que o agir é fundamental para o futuro. Assim, como estamos, tudo depende do sucesso do futebol no princípio da época, dado que se correr "menos bem", Rui Costa poderá ver o seu eletivo ruir como um baralho de cartas!

PS. O Benfica no seu futebol TEM de ter uma estrutura altamente profissional. Pergunto: quem autorizou a equipa profissional do Benfica a jogar em Águeda? Porque Pavlidis poderia, na sua queda, ter fraturado a espinha nas escadas para um balneário subterrâneo junto à linha lateral. Mas como correu tudo bem com "apenas" um dedo fraturado, siga…"

O que mais se quer


"1. Nicolás Otamendi está em Paris com a equipa argentina que disputa o torneio olímpico de futebol. Otamendi elogiou o Benfica por lhe permitir a realização de um sonho. 'É uma competição que nunca joguei. O Benfica compreendeu e deu-me autorização para vir, considerando a minha idade e a minha vontade. Eles sabem que a seleção nacional é sempre uma prioridade. Sacrifiquei as minhas férias para poder estar no Jogos Olímpicos', disse Otamendi.

2. Otamendi tem 36 anos e no seu currículo um título de campeão do mundo, duas Copas América para lá dos títulos de campeão em Portugal, em Inglaterra e no seu país natal, pelo Vélez Sarsfield. Falta-lhe uma medalha de ouro olímpico. O Benfica compreendeu a ambição do seu capitão e permitiu-lhe, nove dias depois da concluída a Copa América, 'saltar' para os Jogos Olímpicos. Estas notícias, por muito respeito que devemos ao grande profissional que é Otamendi, não deixaram de inquietar os adeptos do Benfica.

3. Será que Nicolás Otamendi vai regressar em boa condição à nossa casa que é, na realidade, a casa dele? E quando é que isso acontecerá? E vai, finalmente, gozar as férias depois dos Jogos ou regressa a Lisboa mal termine a prestação argentina nos Jogos de Paris?

4. As questões são muitas e legítimas. Como é legítima outra questão que se prende ao destino da equipa argentina em Paris: devemos nós, benfiquistas, torcer para que o nosso Otamendi se sagre campeão olímpico e acrescente mais uma honraria ao seu palmarés individual? Ou, pelo contrário, devemos receber com satisfação uma saída precoce dos argentinos do torneio de modo a termos Otamendi o mais cedo possível a trabalhar no Seixal?

5. Nesta sua entrevista pré-Jogos, Otamendi proferiu uma frase - 'o Benfica sabe que a seleção nacional é sempre uma prioridade' - que causou inevitável impacto entre os benfiquistas. Para os adeptos e sócios do Benfica não há outra 'prioridade' que não seja o Benfica. Devemos e podemos exigir o mesmo aos nossos atletas nacionais e estrangeiros? Sim, dizem muitos com convicção. Depende das circunstâncias, dirão outros mais maleáveis em função, justamente, das ditas 'circunstâncias'.

6. Serão, por certo, as circunstâncias do arranque oficial da época do Benfica que ditarão a sentença das bancadas sobre as declarações de Otamendi. As circunstâncias são os resultados factuais.

7. Tomem, assim, nota do mais importante dos factos. Domingo, 11 de Agosto, 18h00, em Famalicão. È o nosso arranque na Liga 2024/25. O Benfica entrará em campo com um capitão. Que saia de campo com uma vitória. Isso é o que mais se quer."

Leonor Pinhão, in O Benfica

Edite Cruz, a Rainha do Patim


"Em 1949, a atleta benfiquista brilhou no rinque da Associação Académica da Amadora e conquistou um importante título em patinagem artística

"Em 8 de Outubro de 1933 nascia, em Lisboa, Edite Cruz. Aos seis anos, ingressou no Benfica, onde começou a frequentar ao aulas de ginástica, mas foi na patinagem artística que se destacou. Em agosto de 1945, com apenas 11 anos, Edite Cruz foi eleita Princesinha do Patim, num festival de patinagem artística organizado pela Associação Académica da Amadora. Em 1949, essa associação resolveu reavivar a iniciativa e eleger a Rainha do Patim de 1949. Não se pouparam esforços 'para que a eleição da Rainha do Patim tivesse ambiente festivo e agradável'', incluindo uma boa instalação sonora e um projetor de luz que foram colocados à disposição das concorrentes.
Em 18 de junho de 1949, no rinque da Associação Académica da Amadora, 'vistosamente ornamentado e repleto de público', apresentaram-se as quatro candidatas ao título: Maria Elvira de Sousa Braga e Maria Alice Ferreira, representantes do Hóquei Clube de Portugal, Maria Virgínia de Aguiar Santos, pelo Sporting, e Edite Cruz, pelo Benfica.
'As condições essenciais a que todos os correntes tinham de obedecer eram: mérito absoluto, valor técnico, graciosidade e bom gosto'. Edite Cruz foi a terceira patinadora a apresentar-se. Dançou A Última Valsa, deslizando suavemente, cautelosa e certa no desenho das figuras. Depois de todas as apresentações e da reunião do júri para decidir a classificação dos atletas, a eleição de Edite Cruz como Rainha do Patim foi unânime. A atleta benfiquista foi a concorrente que mais figuras desenhou durante a sua apresentação, e a segurança e elegância eram pontos inegáveis a seu favor: 'O primeiro lugar não teve discussão, pois Edite está uma grande patinadora, mercê de trabalho apurado e de uma dedicação ao seu desporto favorito, sem limites'.
Além do título de Rainha do Patim, Edite Cruz recebeu duas taças. O certame contou também com a participação de uma orquestra e artistas de rádio que contribuíram para a animação da festa 'que teve ainda a valorizá-la um animado baile'.
Saiba mais sobre Edite Cruz na área 2 - Joias do Ecletismo, do Museu Benfica - Cosme Damião."

Marisa Manana, in O Benfica

Tenham respeito pelos atletas olímpicos


"Começam hoje, sexta 26 de julho, os Jogos da XXXIII Olimpíada. Os eventos decorrem na região de Paris até 11 de Agosto e juntam mais de 10 mil atletas de quase todo o mundo. Para os praticantes e adeptos das modalidades extrafutebol, esta é a maior competição mundial, o sonho de tantos anos. Vai haver muito para assistir, já que serão cerca de 330 eventos de 32 diferentes modalidades, horas e horas de transmissões televisivas e online. Nos países onde a cultura desportiva ainda não está enraizada, talvez o acontecimento passe um pouco ao lado. Ou talvez o grande público só tenha ficado a saber mais sobre os atletas da Missão Olímpica portuguesa nas última semanas, graças às tradicionais reportagens e perfis, quase sempre pouco criativos e preguiçosos. No resto dos quatro anos da Olimpíada (que neste caso foram três, depois de Tóquio 2021), a atenção e o mediatismo estão quase sempre nos relvados de futebol onze, esquecendo a tradição olímpica e os excelentes resultados portugueses no atletismo, na canoagem, no judo, no tiro, na vela ou na equitação, entre outras modalidades.
Este é aquele momento do ano em que alguns aproveitam a boleia do Euro 2024 para deixar a bandeira nacional pendurada na janela. E já não é nada mau, tendo em conta a falta de apoios com que vive a maioria dos atletas olímpicos em Portugal. Num desses trabalhos jornalísticos de última hora, a fechar um qualquer jornal da tarde ou da noite, falava-se de Camila Ribeiro, recente campeã europeia de natação nos 200 metros costas. É atleta do clube Louzan Natação/EFAPEL e essa informação nunca foi referida na notícia. O mesmo se passaria se fosse atleta do SL Benfica (e temos lá muitos) ou de qualquer outra agremiação. Parece que há vergonha em referir quem tem a maior responsabilidade, a seguir aos atletas e às suas famílias, na carreira destes predestinados do desporto que conseguem chegar aos Jogos Olímpicos. Não tenham vergonha de dizê-lo, as federações são importantes, mas não são quem move o desporto em Portugal. E, já agora, basta da conversa das expectativas de medalhas. Se não lhes prestam atenção no resto do tempo, fiquem sossegados e apreciem apenas a qualidade dos 10500 melhores atletas do planeta."

Ricardo Santos, in O Benfica