domingo, 28 de julho de 2024

Dia do King!

Dinheiros!

Gosto de Roger e de Schmidt


"Nova oportunidade para o treinador do Benfica mostrar que o futebol não é um bicho de sete cabeças

O treinador do Benfica deu esta semana uma entrevista na qual voltou a mostrar-se como ele é, não me pareceu nem mais, nem menos consciente da realidade do Benfica do que nas épocas anteriores. E voltei a ficar convencido de que gosto de Roger. Parece-me uma pessoal frontal, apaixonada pelo que faz, convicta das suas ideias e que transmite com uma clareza que aprecio. Fala de futebol sem fantasmas, quando lhe perguntam.
À exceção de um ou outro episódio infeliz desde que está no futebol português, natural para quem ocupa um cargo com tamanha exposição, responsabilidade e a pressão que tal acarreta, Roger, para incómodo de muitos, reagiu e reage como qualquer um de nós reagiria se fosse insultado, cuspido e alvejado com garrafas de água: com choque e revolta.

«Roger, para incómodo de muitos, reagiu e reage como qualquer um de nós reagiria»

Mas Roger nunca deixou de dar a cara, mais ou menos sorridente dependendo do momento, nunca deixou de falar ao coração dos adeptos e sempre se assumiu como um deles, também.
Poderia fazer um esforço para o fazer mais vezes em português, sim, mas não será certamente isso que o define. Depois há Schmidt. Tem, desde a época de estreia, uma ideia de futebol que muito me agrada e que, sendo simplista, seria a ideal num mundo perfeito. Ganha quem joga melhor, quem ataca mais e defende melhor, quem marca mais golos. Só que não. O futebol profissional e as especificidades do futebol em Portugal determinam que os jogos na maior parte das vezes não se esgotam nos 90 minutos e no resultado final, continuam a ser jogados, noutros campos, por semanas, meses e alguns até anos. Mas o escrutínio a Schmidt, não a Roger, começa e termina principalmente no campo; e neste domínio todos temos um pouco de treinador de bancada, e eu também tenho.

«Não gostei de ver a última época da equipa»

Não gostei de ver a última época da equipa, que pareceu de permanente pré-época em plena competição, sem acerto na estratégia, no posicionamento de alguns jogadores e até, por vezes, no modelo de jogo. Schmidt foi menos competente do que na época anterior a colocar a equipa a jogar e ela perdeu qualidade e perdeu quase tudo. Mas Schmidt continua a ser também Roger e, como ele próprio disse na entrevista, existem condições «para recomeçar».

«Há muita gente com fome de afirmação»

Nesta nova temporada, há muita gente com fome de afirmação, como na primeira de Schmidt, em que o Benfica foi campeão. Trubin, Tomás Araújo, Morato, Beste, Carreras, Leandro Barreiro, Kokçu, Rollheiser, Schjelderup, Prestianni Marcos Leonardo, Pavlidis ou Renato Sanches (que estará a chegar por empréstimo do PSG), por exemplo, ainda precisam de se mostrar ou consolidar posição.
Os jogos de pré-época até agora transmitem boas sensações e uma personalidade em construção bem mais entusiasmante do que a de 2023/2024.
Não precisando de se afirmar como treinador, Roger Schmidt tem aqui mais uma oportunidade para provar que ele está certo e que o futebol, até mesmo o profissional e de alto nível, não é um bicho de sete cabeças."

St. Juste e Renato Sanches: parecem iguais, mas não são


"«Não há nada mais comum do que um indivíduo mal sucedido cheio de talento»

Vou repetir-me: de talento desperdiçado está o mundo cheio. Não só no futebol como em todas as áreas. Ou, parafraseando um dos meus autores preferidos: «Não há nada mais comum do que um indivíduo mal sucedido cheio de talento.» A frase de Joe Strummer soa bem melhor em inglês, já agora: «There is nothing more common than unsuccessful men with talent». Entre traduções e jogadores de futebol vão dois nomes: St. Juste e Renato Sanches.
Os dois partilham a infelicidade das lesões. Os americanos dizem que há apenas duas certezas no mundo: a morte e os impostos. Durante algum tempo, dir-se-ia morte impostos e um golo de Ronaldo. Ou de Messi. Nos últimos anos, dir-se-ia «morte, impostos, Max Verstappen, o ManCity campeão e uma lesão de St. Juste/Renato Sanches». Portanto, perante este cenário, que deve o Sporting fazer? Que deve o PSG decidir? Que deve o Benfica pensar? St. Juste e Renato Sanches podem parecer casos iguais, deviam ser casos iguais, mas na realidade não são. O Sporting tem um jogador que passa demasiado tempo inativo e, por aí, pode ter um custo demasiado significativo. St. Juste continua a ter talento - e uma velocidade - que o distinguem, mas a sua irregularidade física preocupa qualquer treinador e diretor-desportivo.
O desporto é muito dado a comparações, tal como escrevi da última vez neste espaço. E a condição de Renato Sanches é semelhante à de St. Juste. A perspetiva a partir de Lisboa sobre ambos é que é diferente. No fundo, quando se olhar para o médio português e o neerlandês, é caso para se afirmar que o Sporting está mais perto do PSG neste assunto. Porém, a proximidade geográfica tem os seus efeitos e o que pode ser entendido como uma decisão racional e lógica de um lado, pode não ser percecionado da mesma maneira do outro. Ainda que, no fundo, sejam a mesma decisão.
Clarificando: pode o Benfica arriscar ter no seu plantel um futebolista que nos últimos anos passou mais tempo na enfermaria do que no relvado? Disse eu há uns parágrafos que St. Juste e Renato Sanches pareciam casos iguais, mas não o são. Simplesmente porque a afetividade não é coisa de somenos. Na vida, muito menos no desporto. Nenhum clube pode deixar cair um dos seus ainda para mais quando não há custos envolvidos. E Renato Sanches é um desses do Benfica. Todas as decisões deviam ser racionais, lógicas, mas se não houver um pingo de emoção de vez em quando, o futebol, e a vida, já agora, não fazem sentido. E é nessa perspetiva que o Benfica devia encarar a chegada de Renato Sanches, um futebolista em dificuldades. Críticos dirão que é caridade. Outros dirão que um clube também deve ter coração. Renato é um desses jogadores que enche o mundo de talento.
Mesmo que a lógica lhes diga que é isso que deviam fazer, aos 26 anos, é demasiado cedo para que até os benfiquistas desistam dele."

Silêncio!


"O direito ao silêncio é garantido aos arguidos para evitar a autoincriminação. Contudo, em muitos casos, o silêncio pode ser mais revelador do que qualquer palavra dita."

As vitórias da humildade


"Três momentos mostraram à saciedade as mudanças de paradigma, a aposta no desenvolvimento gradual mas consistente do atleta, na vertente individual e coletiva

No desporto (como na vida, afinal), gostamos de partilhar sucessos e de multiplicar alegrias. Nem sempre o encaramos com fair play, com o distanciamento necessário para percebermos que o adversário é fundamental para legitimar o nosso triunfo ou para nos ajudar a preparar o novo desafio.
Com 39 anos de carreira no jornalismo, venho de um tempo inicial pouco inteiro no que diz respeito ao investimento concertado, planeado e sustentado no talento e na sua maximização. Um tempo em que o alto rendimento se confinava ao futebol e em que os sucessos (esporádicos mas retumbantes) noutras modalidades se diluíam na ditadura do desporto-rei e na criação de um quase unanimismo em relação aos gostos e às preferências de acompanhamento dos portugueses.
E, justamente na semana em que, nas páginas do maior e mais prestigiado título da comunicação social portuguesa na área do desporto, lanço este Livre e Direto, três momentos mostraram à saciedade as mudanças de paradigma, a aposta no desenvolvimento gradual mas consistente do atleta, seja na vertente individual, seja na componente coletiva.
E sempre demonstrando que, por trás do sucesso individual, está uma equipa multidisciplinar, está um olhar global, um estudo atento das oportunidades e da evolução de carreira. Sendo que, à frente de tudo isso, está o Talento, esse conceito para muitos tão estranho, difuso e difícil de reconhecer, mas que, no alto rendimento desportivo, não se pode (pelo menos não se deve…) medir apenas pelo resultado imediato, pela vitória de hoje. Ele, o Talento, é apenas a mais-valia que nos coloca perto do objetivo, que nos faz diferentes, que nos torna verdadeiramente competitivos no momento do desafio e inultrapassáveis na hora da dignidade.
Nuno Borges venceu o ATP de Bastad. E isso bastaria para o catapultar para as chamadas de primeira página. Mas bateu Rafael Nadal no último jogo, e fê-lo com desassombro, com inequívoca demonstração de supremacia. Mas fê-lo, também, com Humildade. A que ficou bem patente no modo como entrou no court e na forma como, consumada uma vitória histórica, fruto de imenso e muito profissional trabalho, dele saiu. Apenas isso já basta para fazer dele um Campeão.
O Ténis português reforça a sua posição internacional e projeta um nome para os cinquenta primeiros do ranking mundial. Mas o jogador maiato, que aos 27 anos conseguira já atingir os oitavos de final do Open da Austrália, vale muito mais do que isso: vale pelo modo como respeitou Nadal, um monstro do outro lado do court, como, sem subserviência mas com imenso savoir faire, aproveitou a oportunidade para ganhar espaço informativo, ainda mais credibilidade no circuito e lastro de confiança para os próximos desafios.
Tal e qual João Almeida. Um predestinado numa das mais complexas modalidades, que acrescenta uma dimensão individual única a uma capacidade coletiva muitas vezes desvalorizada, mas tão importante quanto decisiva.
Almeida, um dos habituais desafiadores do Giro, girou prioridades para o Tour e sempre se afirmou um lugar-tenente de confiança para o seu chefe de fila. Quem integra a equipa de Tadej Pogacar sabe bem o que isso significa, sobretudo na Grande Boucle: trabalhar no cumprimento da estratégia que melhor potencie o putativo candidato à vitória.
Só que o corredor português foi ainda mais longe. Revelou-se o apoio indispensável para que o esloveno conquistasse a sua terceira vitória em cinco anos em França, mas marcou indelevelmente a sua presença com um quarto lugar extraordinário, apenas ao alcance de uma reduzida fina flor. A prova traçada a filigrana, de modo quase desenhado ao detalhe, levou João Almeida a um momento de exaltação como muito poucos no desporto português.
E com o denominador comum a Nuno Borges: a Humildade com que reconheceu, ao longo de 21 dias de prova, a sua principal missão, e com que celebrou o seu próprio sucesso, mesclando-o com o fundamental trabalho de equipa, cujo resultado final deve ser sempre superior à simples soma do esforço de cada um.
E é justamente de trabalho de equipa que se fala quando se olha para a brilhante campanha da Seleção Portuguesa de sub-20 no Europeu de andebol. Uma quase imaculada prova (com seis vitórias, um empate e apenas a derrota da final, frente à Espanha).
Quem segue a extraordinária evolução do andebol em Portugal, nos últimos vinte anos, talvez não estranhe o surgimento de tanto talento. Depois, porém, é necessário dar-lhe horizontes, integrá-lo no coletivo e garantir-lhe capacidade de superação.
Carlos Martingo, a sua equipa técnica e o grupo de jovens jogadores agora vice-campeões europeus são a garantia de duas coisas: de que o trabalho científico, programado, organizado e com objetivos bem definidos compensa sempre; e de que, juntando aos fantásticos momentos da equipa A de Portugal, liderada pela capacidade única de Paulo Pereira, teremos futuro assegurado numa modalidade em que Solidariedade também rima com Humildade.

Cartão branco
A sua equipa dirigiu apenas três encontros na fase final do Europeu de futebol. Como se fosse admissível pedir mais, em função dos apertados critérios da Comissão de Arbitragem da UEFA.
Artur Soares Dias (com Paulo Soares e Pedro Ribeiro) pode estar orgulhoso do percurso em terras e estádios alemães. Quem segue atentamente a arbitragem internacional de futebol sabe o quão complicadas são as estradas para se chegar a este nível e a esta dimensão de qualidade.
Tiago Martins tem também, como VAR, mérito incontestável.
Voltarei ao tema mas, por hoje, fica o agradecimento público de quem reconhece nestes quatro árbitros portugueses competência, dedicação e paixão.
Afinal, tudo o que é necessário para triunfar.

Cartão amarelo
Teimar em manter aberto o mercado de transferências na Europa até ao final de agosto é continuar a inquinar a competição e, sobretudo, a desrespeitar o trabalho de treinadores e jogadores.
As incertezas resultantes de transferências milionárias são limite à concentração e à total disponibilidade para a integração nas respetivas equipas. Os condicionalismos psicológicos que daí resultam fazem com que atletas e técnicos dispersem a sua concentração em momentos em que, no arranque das principais competições, isso já não é admissível."

Não façam Deus rir


"Os 30 anos do tetra, o penúltimo Mundial ganho pelo Brasil, foram celebrados por estes dias, com documentários e homenagens, que deviam dar que pensar à torcida brasileira

A imagem de Raí, capitão do Brasil, a levantar e a beijar a taça de campeão do mundo, logo após o apito final do Mundial de 1994 dos Estados Unidos, sob o olhar dos titulares Ricardo Gomes, Ricardo Rocha, Muller e Careca, este último a viver um final de carreira de sonho, foi vista por espectadores do mundo inteiro, incluindo Carlos Alberto Parreira, na televisão da casa dele.
O que está errado no parágrafo acima? Tudo.
Raí, acabado de conquistar o campeonato francês pelo Paris Saint-Germain (numa altura em que isso não era tão comum), para onde se transferira depois de, nos anos anteriores, ter sido a estrela de um São Paulo campeão do Brasil, da Libertadores e da Intercontinental, perdeu, por razões de equilíbrio tático, a titularidade para Mazinho e, na sequência, a braçadeira para Dunga, a meio do Mundial.
Já a lenda benfiquista Ricardo Gomes, que até era o capitão antes de Raí, lesionou-se às vésperas da competição, o que o impediu de compor, ao lado de Ricardo Rocha, com fugaz passagem pelo Sporting, a dupla de centrais dos canarinhos. Rocha, aliás, também se lesionou, mas já na estreia em solo yankee, com a Rússia. Por isso, o duo de zagueiros titular do tetra brasileiro juntou as terceiras escolhas Márcio Santos e Aldair (outro ex-Benfica).
Muller, por sua vez, perdeu, no último encontro das eliminatórias para o Mundial, a titularidade para o rival Romário, que se consagraria melhor jogador do torneio, ao lado do amigo Bebeto, que ocuparia a vaga de um Careca já a dar sinais de decadência, e, por isso, nem sequer foi convocado por Parreira.
O mesmo Parreira que viu, in loco e não pela TV, Dunga levantar a taça, ao lado de Mazinho, Aldair, Márcio Santos, Romário e Bebeto, porque a sua anunciada demissão, a meio da atribulada fase de qualificação, foi abortada à última hora por iniciativa do leal grupo de jogadores que comandava.
Os 30 anos do tetra, o penúltimo Mundial ganho pelo Brasil, foram celebrados por estes dias, com documentários e homenagens, que deviam dar que pensar à torcida brasileira porque a situação da seleção à época lembra a situação da seleção atual: 24 anos de abstinência de título mundial.
E porque provam que não adiantam nada as intermináveis especulações sobre se Dorival é o homem certo, se Neymar deve voltar mesmo jogando nas arábias, se Endrick e até Estêvão devem ser lançados desde já no onze para ganhar calo, se Danilo está cansado, se o trio de médios deve ser o da Copa América e tantos outros detalhes antes do próximo Mundial, por acaso, outra vez nos EUA.
No futebol, como na vida, nem tudo sai como planeado: como terá dito o cineasta daquele país Woody Allen, «quer fazer Deus rir? Conte-lhe os seus planos»."

Os Jogos e o Mundo


"Estes Jogos não disfarçam, na sua deslumbrante ficção, a inquietação por uma época de confronto e de ameaça mundial. Mesmo assim temos o direito e até o dever de os celebrar

Como se esperava, Paris apostou numa festa de glamour e bom gosto para abertura dos Jogos Olímpicos mais inquietantes da história do movimento olímpico. Um cenário cor de rosa num mundo da cor do chumbo. A espetacularidade de Hollywood, mas sem o lado kitsch americano, num aproveitamento inimitável dos monumentos universais da capital francesa.
Pela primeira vez, na História dos Jogos, a abertura foi realizada fora do estádio olímpico. Ao longo de seis quilómetros, entre a ponte de Austerlitz e a ponte d’ Iena, noventa e quatro embarcações navegaram pelas águas do Sena, que vinte e cinco anos depois de uma promessa de Jacques Chirac, e mais de mil milhões de euros de investimento apresenta, enfim, um cartão verde, não sei se inteiramente fiável, para banhos e mergulhos.
Num cenário deslumbrante, uma cerimónia inesquecível. Definitivamente, Paris quer passar ao mundo a ideia do regresso à cidade do amor, a um novo romantismo futurista que procura salvar a cidade da erosão de uma forte descaracterização civilizacional e que provoca, nos visitantes, um olhar justificadamente desconfiado e até desiludido. Para isso, deslocou mais de 3000 “sem abrigo” para umas “férias” forçadas, oficialmente recolhidos das vistas mundanas, e criou condições idílicas para quinze dias de festa e fantasia.
Há, porém, um problema que subsiste. Estes Jogos não disfarçam, na sua deslumbrante ficção, a inquietação por uma época de confronto e de ameaça mundial. Apesar dos apelos do Papa e das mais tímidas declarações no âmbito do movimento olímpico, não existem tréguas em Gaza, nem na Ucrânia. A guerra esquece os Jogos e os Jogos tentam esquecer a guerra. Pior. Mais do que nos anos oitenta, os tempos mais marcantes dos boicotes olímpicos, a tensão das grandes potências mundiais, que inclui a América, a Rússia e a China, assume proporções críticas.
De todo este quadro de preocupação global resulta, inevitavelmente, uma atenção muito especial com a segurança. Dos atletas, mas também dos espectadores. Mais de 45 mil polícias tentam executar um plano único de controlo. Ontem, durante as mais de três horas que durou a cerimónia de abertura, todo o espaço aéreo francês esteve fechado e ao longo da última semana os locais mais emblemáticos da cidade foram espiolhados, diariamente, por agentes de segurança.
Entretanto, o presidente do comité organizador dos Jogos de Paris, Tony Estanguet, lembra que os Jogos Olímpicos são, sobretudo, a festa dos atletas que neles irão competir. Dez mil e quinhentos atletas de todo o mundo, aos quais deverá ser dado o direito ao sonho e à realização das suas proezas desportivas. E assim deveria ser. O problema é que, ao longo do último século, os Jogos ganharam um estatuto único e universal, e à medida que foram crescendo, pela sua aliança natural com o fenómeno mediático, tornaram-se numa força que os senhores do mundo não podiam deixar de usar e manipular.
Não foi, aliás, muito corajosa a resistência oferecida pelo movimento olímpico. A ideia fundamental da autonomia do olimpismo ficou definitivamente comprometida numa teia de cumplicidades e de negócios reluzentes.
Mesmo assim, sabendo que o lado mais puro e romântico dos Jogos Olímpicos não conseguiu resistir ao duro materialismo dos interesses, a verdade é que os Jogos continuam a ser o maior espetáculo do mundo. E é isso que, sem perdermos a consciência da realidade, temos o dever e o direito de celebrar.

DENTRO DA ÁREA
COMEÇAR BEM NA EUROPA
SC Braga e Vitória de Guimarães ganharam os seus jogos de abertura da época europeia. Nada que surpreenda, tendo em conta a pequena dimensão dos adversários. Ainda assim, um cometimento louvável. Os clubes portugueses precisas de afirmação internacional e as últimas épocas têm sido pobres. Aliás, Portugal vive num dilema sem solução. Quer mais representantes da Europa, mas quantos mais consegue mais longe fica do topo europeu.

FORA DA ÁREA
O DISCURSO DA MENTIRA
Trump acusou publicamente Kamala Harris de ser “uma louca esquerdista radical”. Podemos pensar que se trata de uma declaração que apenas denuncia medo. Sim, se tivermos um pensamento europeu, onde, apesar de tudo, o respeito pelo outro ainda conta. Não, na América. Trump sabe que este é o discurso que mais o favorece. Porque conhece o seu eleitorado e porque é imbatível na mentira."